sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Agenda internacional ALACAZUM

O comunicador Sérgio Teixeira envia a transmissão do programa radiofônico RADIONOVELA-www.radionovela.com.pt
Aos Domingos das 20h às 21h POPULAR FM 90.9MHz (Lisboa) ou em www.popularfm.com

Na emissão do passado Domingo, dia 21 de Setembro, tivemos pedidos musicais dos nossos ouvintes, escutámos duetos misturando as línguas Portuguesa e Inglesa e ainda recordámos temas de novelas de grande sucesso.
Ouve aqui a emissão do dia 21 de Setembro de 2008.
http://www.zshare.net/audio/19234519c6d84073/

Para fazer o download do ficheiro mp3 carrega aqui.
http://www.zshare.net/download/19234519c6d84073/

Agenda internacional ALACAZUM

O poeta português Euclides Cavaco convida para um cálice de poesia.

Olá amigos especiais

HORIZONTES DA POESIA , é o tema declamado que deu título ao meu mais recente livro lançado em Portugal este Verão e a ser lançado no Consulado de Portugal em Toronto no próximo dia 2 de Outubro e em London dia 19.Veja-o e ouça-o em poema da semana ou aqui neste link:http://www.euclidescavaco.com/Recitas/Horizontes_de_Poesia/index.htm

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

97° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER


Na 97° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, que foi ao ar no dia 21 de setembro de 2008 (via on line) reapresentamos a 96° edição, cujo tema foi: Kafka.

Obrigada pela audiência e até o próximo domingo com mais palavras para entreter.
ALACAZUM PARA VOCÊ!!!!!!!!!

Enquete

A enquete realizada na 97° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, entre os dias 14 a 21 de setembro de 2008, fez o seguinte questionamento:
Qual é a ave símbolo do Brasil?
Oferecemos 4 opções:
1-Bem-te-vi
2-Arara
3-Sabiá-laranjeira
4-Beija-flor(colibri)
62% dos internautas optaram pelo ítem n° 02 (Arara)
12% pelo ítem n° 3 (Sabiá-laranjeira)
e 25% pelo ítem n° 4 (Beija-flor ou Colibri)
A ave símbolo do Brasil é o Sabiá-Laranjeira
Obrigada pela participação.
ALACAZUM PARA VOCÊ!

Agenda Internacional ALACAZUM

O escritor português Euclides Cavaco, convida a tomar um cálice de poesia. Ele diz:

" Numa temática um pouco mais romântica do que os poemas anteriores deixo-vos hoje este poema declamado OLHOS DO AMOR que poderão ver e ouvir em poema da semana ou aqui neste link: http://www.euclidescavaco.com/Recitas/Olhos-do_Amor/index.htm

terça-feira, 16 de setembro de 2008

96° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER

Na 96° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, que foi ao ar no dia 14 DE SETEMBRO de 2008 (via on line), fizemos um breve relato sobre a vida do escritor tcheco Franz Kafka. Apreciamos a leitura inicial do conto: A Metamorfose. Apreciamos também alguns fragmentos de várias obras contidas no Caderno Cultural A TARDE de 4 de junho de 1994, tradução de Hélio Pólvora e Modesto Carone. Na enquete desta semana, cuja indagação foi a seguinte: Protagonista da obra: A metamorfose de Franz Kafka, não tivemos acertadores. Isto lega reflexões: Ou desacostumamos nas referências dos protagonistas dos textos estudados, assim como o nome dos autores das obras ou realmente a obra de Kafka não tem tido uma aceitação na vida dos internautas. Oferecemos como dica de leitura o livro: A Metamorfose, livro do Ministério da Educação- governo do presidente Luis Inácio Lula da Silva, tradução de Modesto Carone. Refletimos sobre a necessidade de analíse dos textos de Kafka através de fragmentos do artigo escrito Jorge Luis Borges (escritor argentino) além de desfrutar-mos da beleza musical das bandas: Era, Dead Can Dance, Mayhem e Lorena Mckennit.

Obrigada pela audiência e até o próximo domingo com mais palavras para entreter.
ALACAZUM PARA VOCÊ!!!!!!!!!

Agenda Internacional ALACAZUM

Recebemos correspondência eletrônica do Sérgio Teixeira, comunicador do programa radiofônico: RADIONOVELA - www.radionovela.com.pt
Na emissão do passado Domingo, dia 14 de Setembro, tivemos solicitações dos nossos ouvintes e recordámos novelas de grande sucesso, tais como, Pantanal, Tieta, Jura, O Rei do Gado, Beleza Pura, Alma Gêmea entre outras...
As vozes de Mafalda Veiga, Rui Veloso, Toranja, Edson Cordeiro, Cazuza, Caetano Veloso e João Pedro Pais passaram pelo Radionovela.

Ouve aqui a emissão do dia 14 de Setembro de 2008.
http://www.zshare.net/audio/1884191632baadbf/

Aos Domingos das 20h às 21h POPULAR FM 90.9MHz (Lisboa) ou em www.popularfm.com

Franz Kafka

Franz Kafka (língua tcheca: František Kafka), nasceu em Praga, no dia 3 de julho de 1883 - Klosterneuburg e faleceu no dia 3 de junho de 1924. Foi um dos maiores escritores de ficção da Língua alemã do século XX. Kafka nasceu numa família de classe média judia em Praga, Áustria-Hungria (agora República Tcheca). O corpo de obras suas escritas— a maioria incompleta e publicadas postumamente— destacam-se entre as mais influentes da Literatura ocidental.

(...)Filho mais velho de Herrmann Kafka, um abastado comerciante judeu, e de sua esposa Julie, nascida Löwy. Nascem depois dele dois meninos, que irão morrer pouco tempo após o nascimento, fato que segundo alguns psicólogos especialistas na obra de Kafka, será um fator determinante para o sentimento de culpa presente em seus livros; e três meninas, entre elas Ottilie, sua irmã favorita, com quem ele chega a morar algumas vezes.

Kafka cresce sob as influências de três culturas: a judaica, a checa e a alemã.
No ano de 1902 conhece Max Brod, seu grande amigo, e no ano de 1922 pedirá a ele para que destrua todas as suas obras após sua morte.

Fonte: Wikipédia

Advogado por imposição do pai ( com quem manteve uma relação conflituosa), não bebia, não fumava, era vegetariano, praticava natação e passava as férias em colônia naturalistas. Também as relações amorosas de Kafka foram conflituosas. Em 1912, ficou noivo de Felice Bauer, e tanto a atormentou com a confissão sincera de suas dúvidas sobre o casamento, que ela rompeu o noivado, reatado em 1916 e rompido definitivamente um ano depois. Em seguida, já com 36 anos,Kafka ficou noivo de Júlia Wohryzek, mas no ano seguinte apaixona-se por Milena Jesenká, que era casada, retribuía-lhe o amor, porém não queria separar-se do marido. Depois, já doente, apaixona-se por Dora Diamant, judia polonesa de 18 anos, com quem decide montar casa em Berlim. (da Redação)

Fonte: Caderno Cultural A TARDE de 4 de junho de 1994.

Referências de estudo para a 96° edição ALACAZUM

Para a 96° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, cujo tema foi Franz Kafka, consultamos os seguintes materiais:
Cronistas do absurdo de Leo Gilson Ribeiro - Kafka, Buchner, Brechet e Ionesco
A Metamorose - Literatura em minha casa- Ministério da Educação
Caderno Cultural A TARDE de 4 de junho de 1994
Sitios: Wikipédia, O pensador, Almanaque Folha on line

Kafka e Praga: o tempo- espaço "kafkiano"

Vale a pena lembrar que no primeiro quarto do nosso século, Praga era uma cidade de intensa vida cultural e muita agitação política. Kafka costuma frequentar reuniões anarquistas no Klub Mladých ( Clube dos jovens) e chega a elaborar um projeto de organização de uma comunidade de trabalhadores não-proprietários, na qual gostava de viver. (...) Praga, onde se misturava o pesado odor do passado imperial com o sopro dos novos ventos republicanos, era considerada o paraíso dos burocratas. O instituto onde Kafka trablhava era uma dessas empresas hierarquizadas onde a burocracia servia ao absurdo e não aos seres humanos. Mais de trinta mil fábricas da Bôemia encaminhavam os seus empregados acidentados ao instituto, onde estes infelizes eram transformados em números e fichas que percorriam o interminável ritual de passagem de uma sala para outra, pelos longos corredores, subindo e descendo cansativas escadas, para que, no fim, repousassem nos arquivos bolorentos, enquanto os acidentados esperavam, às vezes, vários anos por uma indenização. Além da constante percepção de desumanidade da complexa máquina burocrática, Kafka é marcado de uma maneira inconfudível pela atmosfera misteriosa de uma Praga gótica, sua ruazinhas estreitas e sinuosas, casarões, pátios, praças, igrejas, sinagogas, escritórios sinistros cheios de papéis empoeirados, cais do rio Moldava, jardins barrocos, lendas e tradições.

Fonte: Caderno Cultural A TARDE de 4 de junho de 1994

Século XX

Para se compreender melhor a obra de Franz Kafka faz-se necessário situar-se no espaço e no tempo. O que foi o século XX vivido por Franz Kafka?

O século XX foi o período de cem anos iniciado em 1 de janeiro de 1901 e terminado em 31 de dezembro de 2000 que se notabilizou pelos inúmeros avanços tecnológicos, conquistas da civilização e reviravoltas em relação ao poder. No entanto, esses anos podem ser descritos como a "época dos grandes massacres", já que nunca se matou tanto como nos conflitos ocorridos no período.

(...) No século XX assistiu-se a uma mudança notável na maneira como um vasto número de pessoas vivia, como resultado de inovações tecnológicas, médicas, sociais, ideológicas e políticas. Termos como ideologia, guerra mundial, genocídio e guerra nuclear entraram em uso comum e tornaram-se uma influência na vida quotidiana das pessoas. A guerra alcançou uma escala sem precedentes e alto nível de sofisticação; somente na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), aproximadamente 57 milhões de pessoas morreram, principalmente devido a melhorias significativas do armamento. As tendências de mecanização de bens, serviços e redes de comunicação global, que haviam sido iniciadas no século XIX, continuaram em crescimento cada vez mais acelerado no século XX. No que diz respeito ao terror e ao caos, o século XX assistiu a muitos atentados à Paz mundial.

(...) A arte moderna desenvolveu novos estilos como o expressionismo, cubismo e realismo.

A disponibilidade e a qualidade da medicina melhoraram de forma espantosa.
Doenças epidêmicas continuaram a se espalhar, aliadas a modernas formas de transporte. Uma pandemia de influenza, a Gripe Espanhola, matou 25 milhões entre 1918 e 1919, enquanto a Aids ainda não tem cura e os tratamentos permanecem muito caros para uso em larga escala nos países em desenvolvimento.

Fonte: Wikipédia

A obra "Kafkiana"

Em vida, Kafka publicou apenas os seguintes trabalhos:
1- Contemplação (1913)
2- O foguista (1913)
3- A metamorfose (1915)
4- A sentença (1916)
5- Na colônia (1919)
6- O médico (1919)
7- Um artista da fome (1924)
O resto da sua obra foi publicado postumamente, por iniciativa do seu velho e fiel amigo (também escritor) Max Brod. Foram estas:
1- O processo
2- O castelo
3- América
4- Durante a construção da muralha da China
5- Descrição de uma luta
6- Carta a meu pai
7- Cartas a Milena
8- Cartas a Felice e outra correspondências da época do noivado foram publicadas pela editora Schocken em 1967. Quando vivo, Kafka teve seus livros publicados em pequenas tiragens de 800 a 1.000 exemplares. Na década de 20, sua obra era conhecida somente em reduzidos círculos de literatos em Praga e Berlim.

Fonte: Caderno Cultural A TARDE de 4 de junho de 1994

Kafka cinematográfico

Segue alguns trabalhos realizados na área cinematográfica,cujo conteúdo foi a obra "Kafkiana"

The Trial - Orson Welles (1963)
The Castle - Rudolph Noelte (1968)
Informe para una academia - Carles Mira (1975)
The metamorphosis of Mr. Samsa - Caroline Leaf (1977)
Informe per a una acadèmia - Quim Masó (1989)
Kafka - Steven Soderbergh (1991)
Amerika - Vladimir Michalek (1994)
Das Schloss - Michael Haneke (1996)
La metamorfosis - Josefina Molina (1996)
The Trial - David Hugh Jones (1996)
Metamorfosis - Fran Estévez (2004)

Fonte: Wikipédia

Enquete


A enquete realizada na 96° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, entre os dias 7 a 14 de setembro de 2008, fez o seguinte questionamento:

Protagonista da obra: "A Metamorfose" de Franz Kafka?

Oferecemos 4 opções:
1- Karl Rossmann
2- Gregor Samsa
3-O agrimessor K.
4-Joseph K.

O resultado foi o seguinte:
28% dos internautas optaram por Karl Rossmann
71% dos internautas optaram por Joseph K.

Infelizmente nenhum dos internautas acertaram a enquete. Karl Rossmann é protagonista da obra: "América" e Joseph K. protagonista da obra: "O processo". A obra: " A Metamorfose" tem como protagonista Gregor Samsa. Obrigada pela visita!

Era

A música que brindou o último momento do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, em sua 96° edição, foi: "The Mass" com a banda Era.

Lorena Mckennit

Para sensibilizar o ouvite-leitor quando da leitura dos textos, utilizamos as seguintes músicas, como fundo musical (BG): "The lark in the green air" e "Between the shadows" da Lorena Mckennit

Escrita atemporal

Jorge Luís Borges


Conheci a obra de Franz Kafka em 1917 e agora confesso que fui indigno da obra de Franz Kafka. Eu o li em uma revista expressionista, profissionalmente moderna, que havia se consagrado a inventar a falta de pontuação; a falta de rimas, a falta de maiúsculas e o abuso de metáforas simuladas e aparatosas palavras compostas próprias dos jovens desse tempo e talvez dos jovens de todos os tempos. Entre esse estalido impresso, figurava um apólogo, contraposto à corrente, que levava a assistência de Franz Kafka e que considerei inexplicavelmente insípido. Recordo que li uma fábula sua, escrita de maneira simples, e me apareceu incompreensível sua publicação. Passei frente à revelação e não a percebi. Também devo confessar que aderia plenamente a este estilo barroco e que buscava imitá-lo. Mais tarde seus livros chegaram às minhas mãos é então me dei conta da minha insensibilidade e do meu erro imperdoável.


A grandeza de Kafka é evidente e seu gênio indiscutível. É o escritor menos controvertido deste século e talvez o primeiro, ainda que em nada, ou quase nada, se pareça a este século. A leitura de outros escritores nos leva a pensar na época em que escreveram. Se tomamos o caso de Shakespeare, temos que pensar continuamente que escreveu para o palco e não para a leitura; temos que pensar na política, na decadência da Espanha, da Armada Invencível. Se tomamos o caso de Dante, não podemos esquecer sua teologia nem seu amor por Virgílio. Se tomamos o caso de Walt Whitman, não podemos prescindir do sonho da democracia que professava. Tampouco podemos ler Hugo sem nos afastarmos da história da França. Kafka é uma exceção a essa regra tão comum na história da literatura. É um escritor a quem podemos ler atemporalmente. Kafka nasceu em Praga, é de origem judia, é boêmio, mas não se sente tchecoslovaco. Vive e sofre as conseqüências da Primeira Guerra Mundial, mas nada disso se reflete em sua obra. Seu trabalho poderia ser definido como uma parábola ou uma série de parábolas, cujo tema central é a relação moral do indivíduo com a divindade e com o universo. Kafka via sua obra como um ato de fé e não buscava através dela desalentar os homens.


Surgiu e morreu como um clássico no que se refere ao formal. Quanto ao conteúdo, recordo que meu amigo, o poeta Carlos Mastronardi, me disse uma vez que no final das contas Kafka não havia feito outra coisa a não ser renovar o paradoxo de Zenão de Eléia: uma flecha não pode chegar a sua meta porque antes tem que passar por um ponto intermediário, antes por outro ponto intermediário, e assim sucessivamente temos um número infinito de pontos onde a flecha em cada momento está imóvel no ar, e somando imobilidades não se chega nunca ao movimento. Curiosamente, descobri depois uma versão chinesa desse mesmo paradoxo. Está no livro de Chuang Tzu e é a história dos reis de Ian. Supõe-se que cada rei, ao morrer, rompe o cetro e entrega a metade restante a seu sucessor; o sucessor faz o mesmo e por isso a dinastia é infinita. No caso de Kafka, podemos pensar que um de seus temas é a infinita postergação. Essa postergação está sentida de um modo patético, e nisso radica a suprema novidade de Kafka, tomar esse tema que antes havia sido um tema das matemáticas e levá-lo a uma expressão da vida.


Um remoto imperador, infinitamente remoto no tempo e no espaço, faz com que infinitas gerações levantem um muro infinito que dê a volta em seu império infinito para deter o curso de exércitos infinitamente distantes. Como Virgílio, que a ponto de morrer encarregou seus amigos de reduzir a cinzas o manuscrito inconcluso da Eneida, Franz Kafka encomendou a Max Brod a destruição dos romances e narrativas que asseguravam sua fama. A afinidade destes ilustres episódios é, se não me engano, ilusória. O delicado Virgílio não podia ignorar que contava com a piedosa desobediência de seus amigos: o obsessivo Kafka, com a de Brod. No mais, o autor que realmente deseja a desaparição de sua obra não encomenda essa tarefa a outro. Sem dúvida Virgílio e Kafka não desejavam profundamente a destruição de seus escritos: só queriam desligar-se da responsabilidade que uma obra sempre nos impõe. Kafka, como Chesterton, teria preferido a redação de páginas felizes, mas sua fidelidade não condescendeu em escrevê-las.
1883-1924. Estas duas datas delimitam a vida de Franz Kafka. Ninguém pode ignorar que ele foi marcado por importantes acontecimentos históricos: a Primeira Guerra mundial, a invasão da Bélgica, as derrotas e as vitórias, o bloqueio dos impérios centrais pela frota britânica, os anos de fome, a revolução russa, que foi portadora de uma generosa esperança e que é hoje o imperialismo, o degelo, o tratado de Brest-Litoskv e o tratado de Versailles que engendrou a Segunda Guerra Mundial.


Ele foi igualmente marcado por uma série de fatos íntimos observados na biografia que Max Brod escreveu: os desentendimentos com o pai, a solidão, os estudos de Direito, as horas no escritório, a profusão de manuscritos, a tuberculose. E também as grandes aventuras barrocas da literatura: o expressionismo alemão, as proezas verbais de Johannes Becher, de William Yeats e de James Joyce.


O destino de Kafka consiste em transformar os acontecimentos e as agonias em fábulas. Narra pesadelos sórdidos em um estilo límpido. E não deixa de ser notável que ele tenha sido leitor das Escrituras e admirador fervoroso de Flaubert, de Goethe e de Swift.
Ele era judeu, mas a palavra judeu, se bem me lembro, não figura em seus escritos – que são intemporais e, desta maneira, eternos.


Kafka é o maior escritor clássico deste tumultuado e estranho século.


Escritor e poeta argentino, Jorge Luis Borges (1899-1986) publicou Ficções, O Aleph, História Universal da Infâmia, Informe de Brodie (contos) e Fervor de Buenos Aires (poesia), dentre outros; texto escrito por ocasião do centenário de nascimento de Franz Kafka. (Folha de São Paulo, 10.12.8)

Fonte: Jornal A Tarde, Salvador, BA(30/01/99)

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Dead Can Dance

Brindando o primeiro momento do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, em sua 96° edição, após leitura do texto: O abutre" de Franz Kafka, tradução de Hélio Pólvora, escutamos a música: The Writing on my fathers hand" com a banda australiana Dead Can Dance, formada no ano de 1981, cujo gênero musical é medieval e da renascença européia.

O abutre

Um abutre me bicava os pés. Já havia despedaçado os sapatos e as meias e agora bicava-me os pés. Sempre que dava uma bicada, ele voava ao redor, em círculos agitados, e logo recomeçava a tarefa. Um senhor que passava olhou-nos algum tempo e me perguntou porque eu tolerava o abutre.

- Estou indefeso - disse-lhe. Ele veio e entrou a bicar-me, eu quis espantá-lo e até pensei em torcer-lhe o pescoço, mas estes animais são muito fortes e queria saltar-me à cara. Preferi sacrificar os pés, que agora estão quase em pedaços.

- Não se atormente mais - disse o senhor. Um simples tiro e era uma vez um abutre.

- O senhor acha? - perguntei. Quer cuidar do caso?

- Com muito gosto - disse o senhor. Preciso apenas ir em casa pegar o rifle. Pode esperar mais meia-hora?

- Não sei - respondi-lhe, e por um instante fiquei rigido de tanta dor que sentia. Depois acrescentei: - Por favor, queira tentar, pelo menos.

- Certo, disse o senhor. Volto logo.

O abutre havia escutado tranquilamente a nossa conversa enquanto o seu olhar ia do senhor para mim. Percebi então que havia compreendido tudo: voou um pouco longe, retrocedeu em busca do necessário impulso e, como um atleta que arremessa o dardo, mergulhou o bico em minha boca profundamente. Ao tombar de costas, senti como que, uma libertação. Senti que no meu sangue, que enchia todas as profundezas e transbordava de todas as ribas, o abutre se afogava - inapelavelmente.




Texto de Franz Kafka, tradução de Hélio Pólvora- crítico literário e tradutor. Pertence a academia de letras da Bahia.

Dica de leitura

Na 96° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER oferecemos como dica de leitura o livro: "A Metamorfose" de Franz Kafka, tradução de Modesto Carone. "Uma manhã, ao despertar de sonhos angustiantes, Gregor Samsa, achou-se em sua cama, transformado num gigantesco inseto. Ele é caixeiro-viajante, vive com os pais onde com orgulho mantem a sua família num bom nível de vida. Até que certa manhã ao se deparar transformado em um inseto; perdendo o horário do trabalho e sendo abordado a todo instante na porta do seu quarto tanto pelos familiares quanto pelo patrão que o vai visitar; Gregor Samsa finalmente abre a porta do quarto e feita a terrível descoberta, inicia-se um constrangimento que culminará em sua morte". Vale conferir! A metamorfose" de Franz Kafka. O livro utilizado nesta edição foi uma publicação do Ministério da Educação, governo do presidente Luis Inácio Lula da Silva e pode ser encontrado na Biblioteca Pública Municipal da cidade de Valença-Bahia.

Modesto Carone

Modesto Carone é escritor, ensaísta e professor de literatura, tendo lecionado nas universidades de Viena, São Paulo e Campinas. Suas traduções de Kafka, a partir do original alemão, foram iniciadas em 1983. Incluem: Um artista da fome, A construção, A metamorfose, O veredito, Na colônia Penal, Carta ao pai, O processo (prêmio jabuti de tradução em 1989), Um médico rural, Contemplação, O foguista, O castelo e Narrativas do espólio.

Mayhem

Brindando o segundo momento do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, em sua 96° edição, após breves textos de Franz Kafka, tradução de Modesto Carone, escutamos a música:"Silvester Anfang" na interpretação da banda noruegueza Mayhem, formada no ano de 1984 em Oslo. Gênero musical Black Metal.

Prometeu

Há quatro lendas referentes a Prometeu:

- de acordo com a primeira, ele foi amarrado a um penhasco no Cáucaso por ter revelado aos homens os segredos dos deuses, e os deuses enviaram águias que se alimentavam de seu fígado, perpetuamente renovado;

- de acordo com a segunda, Prometeu, angustiado pela dor que lhe causavam as incessantes bicadas das águias, recostou-se cada vez mais sobre o penhasco, a ponto de tornar-se parte dele;

- de acordo com a terceira, sua inconfidência foi esquecida ao cabo de milhares de anos, assim como também os deuses, as águias, e ele próprio;

- de acordo com a quarta, todos acabaram por se enfadar com histórias tão sem sentido. Os deuses cansaram, as águias cansaram, a ferida se cansou - e cicatrizou normalmente.

Restou, apenas, a massa inexplicável do penhasco. A lenda tentou explicar o inexplicável. Como ele teve origem num elemento de verdade, teria mesmo que acabar no inexplicável.

Texto de Franz Kafka, tradução de Modesto Carone. Retirado do caderno cultural A TARDE de 4 de junho de 1994.

A partida

Mandei tirar meu cavalo do estábulo. O criado não me entendeu. Fui pessoalmente ao estábulo, selei o cavalo e montei-o. Ouvi uma trompa soar à distância, perguntei ao criado o que significava aquilo. Ele não sabia de nada, nem tinha ouvido nada. Deteve-me no portão e perguntou: "Para onde está indo, senhor?" "Não sei", respondi, "só sei que é para fora daqui, fora daqui. Sempre e sem parar fora daqui - só desse modo posso alcançar meu objetivo". "O senhor conhece então o objetivo?", ele perguntou. "Sim, respondi, " eu já falei: fora daqui é o meu objetivo". "O senhor, não está levando nenhuma provisão", disse ele. "Não preciso de provisão. A viagem é tão longa que eu posso morrer de fome se não conseguir nada no caminho. Nenhuma provisão pode me salvar. Por sorte esta é uma viagem verdadeiramente imensa"


Texto de Franz Kafka, tradução de Modesto Carone. Retirado do caderno cultural A TARDE de 4 de junho de 1994.

Pequena Fábula

"Ah", disse o rato "a cada dia que passa o mundo se torna mais estreito. No começo ele era tão amplo que me dava medo, eu continuava correndo e me sentia feliz por ver à distância, finalmente, as paredes da direita e da esquerda, mas essas longas paredes, dirigem-se tão rápidas uma para a outra, que já estou no último quarto e lá no canto fica a ratoeira para onde eu corro" - "Você só precisa mudar de direção", disse o gato e devorou-o.


Texto de Franz Kafka, tradução de Modesto Carone. Retirado do caderno cultural A TARDE de 4 de junho de 1994.

Desista!

Era de manhã bem cedo, as ruas limpas e vazias, eu ia para a estação ferroviária. Quando confrontei um relógio de torre como meu relógio, vi que já era muito tarde do que eu acreditara, o susto desta descoberta fez-me ficar inseguro no caminho, eu ainda não conhecia bem esta cidade, felizmente havia um guarda por perto, corri até ele e perguntei-lhe sem fôlego pelo caminho. Ele sorriu e disse: " De mim você quer saber o caminho?" "Sim", eu disse, "uma vez que eu mesmo não posso encontrá-lo". "Desista, desista", disse e virou-se com um grande ímpeto, como as pessoas que querem estar a sós com o seu riso.

Texto de Franz Kafka, tradução de Modesto Carone. Retirado do Caderno Cultural A TARDE de 4 de junho de 1994.

Lorena Mckennit

Brindando o terceiro momento do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, em sua 96° edição, após leitura inicial do conto: A Metamorfose de Franz Kafka, escutamos a música: "Prologue" na interpretação de Lorena Mckennit.

Fragmento do conto: A Metamorfose

I

Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso. Estava deitado sobre suas costas duras como couraça e, ao levantar um pouco a cabeça, viu seu ventre abaulado, marrom, dividido por nervuras arqueadas, no topo do qual a coberta, prestes a deslizar de vez, ainda mal se sustinha. Suas numerosas pernas, lastimavelmente finas em comparação com o volume do resto do corpo, tremulavam desamparadas diante dos seus olhos.

- O que aconteceu comigo? - pensou.

Não era um sonho. Seu quarto, um autêntico quarto humano, só que um pouco pequeno demais, permanecia calmo entre as quatro paredes bem conhecidas. Sobre a mesa, na qual se espalhava, desempacotado, um mostruário de tecidos - Samsa era caixeiro-viajante -, pendia a imagem que ele havia recortado fazia pouco tempo de uma revista ilustrada e colocado numa bela moldura dourada. Representava uma dama de chapéu de pele e boá de pele que, sentada em posição ereta, erguia ao encontro do espectador um pesado regalo também de pele, no qual desaparecia todo o seu antebraço.

O olhar de Gregor dirigiu-se então para a janela e o tempo turvo - ouviam-se gotas de chuva batendo no zinco do parapeito - deixou-o inteiramente melancólico.

- Que tal se eu continuasse dormindo mais um pouco e esquecesse todas essa tolices? - pensou, mas isso era completamente irrealizável, pois estava habituado a dormir do lado direito e no seu estado atual não conseguia se colocar nessa posição. Qualquer que fosse a força com que se jogava para o lado direito, balançava sempre de volta à postura de costas. Tentou isso umas cem vezes, fechando os olhos para não ter de enxergar as pernas desordenadamente agitadas, e só desistiu quando começou a sentir do lado uma dor ainda nunca experimentada, leve e surda.

- Ah! meu Deus! -pensou, - Que profissão cansativa eu escolhi. Enta dia, sai dia - viajando. A exitação comercial é muito mairo que na própria seda da firma e além disso me é imposta essa canseira de viajar, a preocupação com a troca de trens, as refeições irregulares e ruins, um convívio humano que muda sempre, jamais perdura, nunca se torna caloroso. O diabo carregue tudo isso!

Sentiu uma leve coceira na parte de cima do ventre; delocou-se devagar sobre as costas até mais perto da guarda da cama para poder levantar melhor a cabeça; encontrou o lugar onde estava coçando, ocupado por uma porção de pontinhos brancos que não soube avaliar; quis apalpá-lo com uma perna, mas imediatamente a retirou, pois ao contato acometeram-o calafrios.

Deslizou de volta à antiga posição.

- Acordar cedo assim deixa a pessoa completamente embotada - pensou. - O ser humano precisa ter o seu sono. Outros caixeiros-viajantes vivem como mulheres de harém. Por exemplo, quando volto no meio da tarde ao hotel para transcrever as encomendas obtidas, esse senhores ainda estão sentados para o café da manhã. Tentasse eu fazer isso com o chefe que tenho: voaria no ato para a rua. Aliás, quem sabe não seria muito bom para mim? Senão me contivesse, por causa dos meus pais, teria pedido demissão há muito tempo; teria me postado diante do chefe e dito o que penso do fundo do coração. Ele iria cair da sua banca! Também, é estranho o modo como toma assento nela e fala de cima para baixo com o funcionário - que além do mais precisa se aproximar bastante por causa da surdez do chefe. Bem, ainda não renunciei por completo à esperança: assim que juntar o dinheiro para lhe pagar a dívida dos meus pais - deve demorar ainda de cinco a seis anos - vou fazer isso sem falta. Chegará então a vez da grande ruptura. Por enquanto, porém, tendo de me levantar, pois meu trem parte às cinco.

E olhou para o despertador que fazia tique-taque sobre o armário.

Dead Can Dance

Brindando o quarto momento do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, em sua 96° edição, após leitura inicial do conto: " A Metamorfose" de Franz Kafka, escutamos a música: "Monter Tongue", na interpretação da banda Dead Can Dance.

- Pai do céu! - pensou. Eram seis e meia e os ponteiros avançavam calmamente, passava até da meia hora, já se aproximava de um quarto. Será que o despertador não havia tocado? Via-se da cama que ele estava ajustado certo para quatro horas: seguramente o alarme tinha soado. Sim - mas era possível continuar dormindo tranquilo com esse toque de abalar a mobília? Bem, com tranquilidade ele não havia dormido, mas é provável que por causa disso o sono tenha sido mais profundo. E agora, o que deveria fazer? O próximo trem partia às sete horas; para alcançá-lo precisaria se apressar como louco, o mostruário ainda não estava na mala e ele próprio não se sentia de modo algum particularmente disposto e ágil. E mesmo que pegasse o tem não podia evitar uma explosão do chefe; pois o contínuo da firma tinha aguardado junto ao trem das cinco e fazia muito tempo que havia comunicado sua falta. Era uma criatura do chefe; sem espinha dorsal nem discernimento. E se anunciasse que estava doente? Mas isso seria extremamente penoso e suspeito, pois durante os cinco anos de serviço Gregor ainda não tinha ficado doente uma única vez. Certamente o chefe viria com o médico do seguro de saúde, censuraria os pais por causa do filho preguiçoso e cercearia todas as objeções apoiado no médico, para quem só existem pessoas inteiramente sadias mas refratárias ao trabalho. E neste caso estaria tão errado assim? Com efeito, abstraindo-se uma sonolência realmente supérflua depois do longo sono, Gregor sentia-se muito bem e estava até mesmo com uma fome especialmente forte.

Enquanto refletia sobre tudo isso na maior pressa, sem poder se decidir a deixar a cama - o despertador acabava de dar um quarto para as sete -, bateram cautelosamente na porta junto à cabeceira da sua cama.

- Gregor - chamaram; era a mãe.- É um quarto para as sete. Você não queria partir?

Que voz suave! Gregor se assustou quando ouviu sua própria voz responder, era inconfundivelmente a voz antiga mas nela se imiscuía, como se viesse de baixo, um pipilar irreprimível e doloroso, que só no primeiro momento mantinha literal e clareza das palavras, para destruí-las de tal forma quando acabavam de soar que a pessoa não sabia se havia escutado direito. Gregor quisera responder em minúcia e explicar tudo, mas nestas circunstâncias se limitou a dizer:

- Sim, sim, obrigado, mãe, já vou me levantar.

Com certeza por causa da porta de madeira não se podia notar lá fora a alteração na voz de Gregor, pois a mãe se tranquilizou com essa explicação e se afastou arrastando os chinelos. Mas a breve conversa chamou a atenção dos outros membros da família para o fato de que Gregor, contrariando as expectativas, ainda estava em casa - e já o pai batia, fraco mas com o punho, numa porta lateral.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

95° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER


Na 95° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, que foi ao ar no dia 7 DE SETEMBRO de 2008 (via on line), finalizamos a leitura dos poemas do domingo anterior do Ferreira Gullar, Lucila Nogueira e Waly Salomão. Novamente abordamos os gêneros narrativos: crônica, conto e poesia, privilegiando autores brasileiros. Foram eles: Cezar Dias, Ricardo Azevedo, Arnaldo Antunes, Betty Vidigal, Ana Cristina Cézar, Glauco Mattoso. Oferecemos como dica de leitura, o livro: Tubarão com a faca nas costas, de Cezar Dias. A cada leitura intercalamos com a bela música brasileira e seus maravilhosos interpretes: Nana Caymmi, Gal Costa, Zé Ramalho, Rolando Boldrin e Zeca Baleiro. Como BG, a música; Sol de primavera, com Beto Guedes. Sem esquecer o cuidado com o planeta terra nas dicas para um planeta sustentável e a importância da água em nossa vida. E para que as informações a respeito do valor nutricional e histórico da banana ficassem melhor evidenciadas, belas e saborosas bananas foram levadas aos estúdios da Rádio Clube de Valença e depois degustadas.
E aproveitando que o domingo foi o 7 de setembro, fizemos alusão a data da Independência do Brasil e também o cumprimento dos 2 anos de existência do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER onde ilustramos através de informações a respeito do ciclo de vida dos insetos.
Obrigada pela audiência e até o próximo domingo com mais palavras para entreter.

ALACAZUM PARA VOCÊ!!!!!!!!!

Agenda Internacional ALACAZUM

O escritor português Euclides Cavaco convida para tomar um cálice de poesia. Ouça em poesia da semana. Aqui no link: http://www.euclidescavaco.com/Recitas/Cortesia_Fadista/index.htm



O comunicador Sérgio Teixeira do programa radiofônico: Radionovela, retornou hoje com especial: Roque Santeiro, pela Popular FM 90.9 MHZ(Lisboa) das16 às 17 horas(hora de Brasília) ou das 20 às 21 horas (hora de Portugal) ou em http://www.popularfm.com/
RADIONOVELA - http://www.radionovela.com.pt/

Dicas para um planeta sustentável

Os aparelhos eletrônicos que ficam dia e noite em modo stand by são mais uma nova invenção em nome do conforto, só que esqueceram de dizer que isso consome energia sem necessidade. Puxe a tomada de todos os aparelhos quando não estiverem em uso. E tenha certeza que o valor da sua conta de luz vai cair bastante. Outra coisa: tem atitude mais grosseira que lançar latas ou outros dejetos pela janela do carro ou mesmo enquanto se caminha nas calçadas? Muitas vezes no deparamos em nossa cidade com veículos de outros estados que cometem esta atitude. Sabe o que acontece com estes detritos lançados aleatoriamente pelas ruas? Eles são arrastados pela chuva, entopem os bueiros, chegam aos rios e repressas, causam enchentes e prejudicam a qualidade de água que consumimos. Levando-se em conta que a cidade fica com uma aparênca horrorosa. Vamos cuidar da saúde coletiva e do planeta terra.



Apreciamos ainda nas introduções de cada momento do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER em sua 95° edição, a bela música: "Sol de Primavera" com Beto Guedes.

Beto Guedes é compositor e interprete da bela música popular brasileira, nascido em Minas Gerais.

Bananas


Na 95° edição do programa radiofõnico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, apresentamos a banana, um fruto da bananeira, uma planta herbácea, da família Musacea, gênero Musa. A banana é mencionada em documentos escritos, pela primeira vez na história, em textos budistas de cerca de 600 a.C.. Sabe-se que Alexandre, o Grande comeu bananas nos vales da Índia em 327 a.C.. Só encontramos, porém, plantações de banana organizadas a partir do século III d.C. na China. Em 650, os conquistadores Islâmicos trouxeram a banana para a Palestina. Foram, provavelmente, os mercadores árabes que divulgaram a banana por grande parte de África, provavelmente até à Gâmbia. A palavra banana teve origem na África Ocidental e, adoptada pelos portugueses e espanhóis passou também a ser usada, por exemplo, na língua inglesa.
A variedade levada aos estúdios da rádio Clube foi a Musa Paradisiaca ou a tradicional Banana-Prata( conforme fotografia acima). Os 3 maiores produtores de bananas (2005) são a Índia, Brasil e China. O valor nutritivo: macro nutrientes, minerais e vitaminas. Rica em potássio.


Brindando o quinto momento do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, em sua 95° edição, após leitura dos poemas do Glauco Mattosos, Ana Cristina Cézar e Betty Vidigal, escutamos a música: "Flor da Pele", na interpretação do cantor Zeca Baleiro.

Betty Vidigal


Tímida, mas afirmativa, a poeta paulistana Betty Vidigal diz que já fazia versos antes de saber ler e escrever. Ela estudou física, lecionou design, mas se reconhece mesmo na luta com as palavras.
Betty é diretora da UBE - União Brasileira de Escritores e colabora com o jornal O Escritor, da UBE, e com a revista portuguesa Voz Lusíada.

Mulher de Marte

Não me olhes com esses olhos de perigo:
Cuidado comigo.
Se mergulho nos teus olhos, não consigo
deixar de provocar-te.
É um vício antigo,
E esse meu lado disfarçado, ambíguo,
tão diferente do meu jeito usual de
fazer tudo direito
É, dos meu defeitos,
talvez a pior parte.
Sei que dizem que as mulheres são de Vênus
Mas sei que eu, pelos menos,
SOU DE MARTE.
Betty Vidigal

Ana Cristina Cesar



Nasceu no Rio de Janeiro. Viveu um ano em Londres, em 1968. Escreveu para revistas e jornais alternativos, saiu na antologia 26 Poetas Hoje, de Heloísa Buarque. Publicou, pela Funarte, Mestrado em comunicação, lançou livros em edições independentes: Cenas de Abril e Correspondência Completa. Dez anos depois, outra vez a Inglaterra, onde, às voltas com um M.A. em tradução literária, escreveu muitas cartas e editou Luvas de Pelica. Ao retornar, descobriu São Paulo e fixou residência no Rio. Trabalhou em jornalismo, televisão e escreveu A Teus Pés. Suicidou-se no dia 29 de outubro de 1983.
Biografia constante do livro A Teus Pés, Quarta Edição, da série Cantadas Literárias da Editora Brasiliense.


CIÚMES




Tenho ciúmes deste cigarro que você fuma
Tão distraidamente.
Ana Cristina Cesar



Abril/68

Glauco Mattoso é poeta, ficcionista, ensaísta e articulista em diversas mídias. Pseudônimo de Pedro José Ferreira da Silva (paulistano de 1951), o nome artístico trocadilha com "glaucomatoso" (portador de glaucoma, doença congênita que lhe acarretou perda progressiva da visão, até acegueira total em 1995), além de aludir a Gregório de Matos, de quem é herdeiro na sátira política e na crítica de costumes.

Soneto 200 ao pé da letra

Mulheres são mulheres:
traduzindo,
são como as traduções:
se são fiéis não são belas;
se belas, infiéis;
E quanto ao tradutor, nenhum é lindo.
Algumas belas damas vivem rindo
apenas desempenham seus papéis.
Têm sempre um par de homens a seus pés,
mas cada um chupando um dedo mindo.
E os outros dedos, quem os vai chupar?
E a sola? Tão sedosa, quem lambeu?
E o peito? O tornozelo? O calcanhar?
De minha parte digo: não sou eu
não sou de belas damas desdenhar,
mas mais do que a Julieta, sou Romeo.
Glauco Mattoso


Brindando este quarto momento do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER em sua 95° edição, após leitura do texto: "Banal" do Arnaldo Antunes, escutamos a música: "Entre a serpente e a estrela" do compositor e interprete Zé Ramalho.


Arnaldo Augusto Nora Antunes Filho nasce no dia 2 de setembro, em São Paulo, SP, Brasil, filho de Arnaldo Augusto Nora Antunes e Dora Leme Ferreira Antunes. Arnaldo, o quarto do sete filhos do casal, tem como irmãos Álvaro, Maria Augusta (Uche), José Leopoldo (Léo), Cira, Sandra e Maria Renata.



Banal
Eu estou tranquilo na avenida paulista e me assalta um pensamento: E se me roubarem a carteira?
Eu estou sentado sossegado numa praça, e se me derem um tiro?
Meus caros, eu não estou nem aí;
Eu vou ficar andando na rua. Eu não deixo de andar na rua. Eu não vou sair da rua.
Quem é mais culpado pela vida besta, o medo de morrer ou o medo de sofrer?
Mundo perdido. Eles ficam curtindo o verde-amarelo do Roberto Carlos, a poesia do Affonso Romano e o programa da Hebe.
Já outro dia eu estou lendo o jornal e vejo o João Nogueira dizendo que " o rock está fazendo a mesma revisão que o PDS, que não é propriamente uma revisão, mas uma autópsia".
Eu, que sou um bom sujeito, gosto de samba, participei com os Titâs, na praça da apoteose, do famoso show "Samba-rock", organizado pelo Waly Salomão, declarei no jornal que muita gente precisava "ouvir de perto a escola de samba da Mangueira pra ver o que é rock", tenho de aguentar issa?
O mundo antenizado já é ponto pacífico. A convivência não traumática com as diferenças. Em que tempo vivem esses caras?
Mas eu saio na rua. Vou continuar tomando chuva e pegando sol na rua;
Mesmo que um cara chamado Ronaldo Bôscoli guinche contra mim nas páginas de um jornal sensacionalista carioca, com a infâmia típica da ignorância.
Todo mundo sabe o que esses caras representam.
Tem gente que se preocupa: - Olha, eles estão se articulando de novo, os chatos-boys, os reacionários, os populistas, os xenófobo-nacionalista, os fascistas, os repressores, os recalcados, os auto-piedosos, os parasitas, os que querem tirar o carro da frente dos bois, os que vão sempre dizer que não têm culpa.
Mas a força não se tem à força como sabia Yoda.
Como continua sabendo e ensinando Clementina de Jesus, janeiro de 1987, no programa Perdidos na Noite. Fausto Silva: - Dona Clementina, a senhora acha que o pagode agora tá voltando a fazer sucessso? Resposta: - Pelo menos aqui, sim. - Aqui: porque o público a estava aplaundindo de pé.
Depois cantou: "Não vadeia, Clementina/ Fui feita pra vadiar/ Vou vadiar, vou vadiar, vou vadiar";
Existe coisa mais subversiva do que essa música de três versos? Subversiva à direita, à esquerda, ao mito do trabalho, à ordem social, à linguagem do poder. Sarney diria: "Bakunin". Mas contra o sol da pureza não há peneira ideológica.
Por isso eu fico na rua.
Por isso eu não fico no armário esperando o dia seguinte.
Eu quero é ouvir as coisas mais básicas ditas na lata. É legal o Obina Shok cantar versos tão primários como "Vida é alegria/ Vida me dá prazer/ Vida é o amor". Faz lembrar o Jorge Ben que cantava: " Deus é a vida, a luz e a verdade/ Deus é o amor, a confiança, a felicidade..." Muita gente há de achar banal. Pois é banal mesmo. Poderosamente banal;
A força se tem ou não se tem, como sabe He-Man.
Que ponte aérea poderia haver, que trouxesse um pouco dessa banalidade positiva a São Paulo e levasse um pouco de profundidade ao Rio?
A relação entre as feras: Bom dia, meu senhor, minha senhora, como vai, obrigado, me desculpe, dá licença, de nada.
A música dos carros toca para todos.
Arnaldo Antunes

Formigas

Na 95 ° edição do ALACAZUM, foi introduzido a cada intervalo informações a respeito do ciclo de vida dos insetos, fazendo analogia aos 2 anos de existência do programa. Neste terceiro intervalo falamos sobre as formigas. Desde a etapa em que são ovos até se tornarem adultas, as formigas demoram entre 6 a 10 semanas. Algumas trabalhadoras podem viver até 7 anos enquanto que as rainhas conseguem viver mais de 15 anos.
As formigas, o grupo mais popular dentre os insetos, são interessantes porque formam níveis avançados de sociedade, ou seja, a eusocialidade. Todas as formigas, algumas vespas e abelhas, são considerados como insetos eusociais, fazendo parte da ordem Hymenoptera. As formigas estão incluídas em uma única família (Formicidae), sendo que existiam 12.351 espécies descritas (Formicidae) em meados de março de 2008, distribuídas por todas as regiões do planeta, exceto nas regiões polares. De acordo com Ted R. Schultz, em "In search of ant ancestors", as formigas são indiscutivelmente o gênero animal de maior sucesso na história da terrestre constituindo 15 à 20% de toda a biomassa terrestre.
Acredita-se que o surgimento das formigas na Terra deu-se durante o período Cretáceo (há mais de 100 milhões de anos) e pensa-se que elas evoluíram a partir de vespas que tinham aparecido durante o período Jurássico.


Brindando o terceiro momento do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, em sua 95° edição, após leitura da crônica: "Tubarão com a faca nas costas" do escritor Cezar Dias, escutamos a música: "As rosas não falam" na interpretação da cantora bahiana Gal Costa.

Dica de Leitura


Na 95° edição do programa radiofônica ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, oferecemos como dica de leitura o livro: "Tubarão com a faca nas costas" do escritor Cezar Dias. É uma coleção de crônicas baseadas em histórias vividas pelo autor ou contadas por seus amigos e conhecidos. As crônicas selecionadas foram escritas, na maioria, uma por semana, durante vários meses, como forma do autor se exercitar no gênero. Vale conferir! Para as pessoas residentes na cidade de Valença, Bahia, o livro pode ser encontrado na Biblioteca Pública Municipal.
Cezar Dias nasceu em 1970 em Santa Cruz do Su - RS. Em 1974, mudou-se para Caxias do Sul, onde morou até 1991, quando foi para Porto Alegre estudar letras. Foi professor da rede pública e hoje trabalha no Conselho Estadual de Educação de seu estado. Começou escrevendo poemas, depois também contos e crônicas. "Tubarão com a faca nas costas" é seu primeiro livro, mas o autor já tem vários textos publicados. Foi selecionado cinco vezes para o "Poema no ônibus", projeto da prefeitura de Porto Alegre. Também teve um conto selecionado para o livro "101 que contam", publicado pela editora Nova Prova.

Crônica (quase) policial

Passa uma mulher por mim. Vem sorrindo pela rua, com os filhos a sua volta, um bando. Acho a cena bonita, mesmo assim me faz lembrar - ô memória! - de uma coisa feia: um crime ocorrido em Viamão, alguns anos atrás.

Um rapaz de 18 anos, depois de rejeitado pela companheira de 36 , matou, por vigança, cinco filhos dela - dois meninos e três meninas- e feriu gravemente a mais velha.

As crianças, com idades entre 2 e 9 anos, foram atacadas a faca, enquanto a mãe trabalhava; isso é, o assassino confesso aproveitou-se da ausência da mãe e da confiança ingênua de suas vítimas para pôr em prática o que tem de menos humano. O alegado motivo - o que de mais humano temos: o amor. Esse rapaz não soube lidar com o amor. Ou talvez eu esteja enganado, talvez ele não tenha sabido lidar com o que, em muitas pessoas, o amor provoca: um sentimento exagerado de posse.

Acho as proibições perigosas, mas penso que não deveria ser permitido a quem ama - na verdade, não deveria ser permitido a ninguém, mas sobretudo a quem ama - ter acesso a tão grave crime. O coração deveria possuir um dispositivo automático que, ao menor sinal de perigo, bombeasse para todas as veias tino suficiente para expulsar, via poros, tal sandice; ou, quem sabe, alguma válvula que fizesse o corpo paralisar-se para que, durante o tempo necessário, a voz interior que todos nós deveríamos ter para este fim recitasse poemas de amor de Drummond e de Vinícius de Moraes ou cantasse as canções de Tom Jobim e de Chico Buarque. Coisasa que não existem!

Agora, fico me perguntando: terá aquela mãe se salvado da vida que lhe foi legada? Como ela faz para sobreviver com decência à perda não de um filho, o que já seria uma tragédia, mas à de cinco, e tão pequenos?

E qual a punição daria conta de tamanha violência cometida pelo ex-companheiro? A vida passada numa cadeia, onde a cada dia só se piora? A morte, que descarta de modo definitivo qualquer chance de redenção além de não trazer de volta nenhuma das crianças? A degradação moral do assassino a ponto de ele mesmo não se reconhecer mais gente e a mãe ter consciência do que sofre o algoz dos seus filhos? Acho que nenhuma, acho que nem todas juntas.

Mas o sábio poeta Fernando Pessoa, sob a pena do seu heterônimo Alberto Caeiro, escreveu: " haver justiça é como haver morte". E parece que sempre será assim.
Cezar Dias

Abelhas



Na 95° edição do ALACAZUM, foi introduzido a cada intervalo, informações a respeito do ciclo de vida dos insetos, fazendo analogia aos 2 anos de existência do programa, completado no dia 3 de setembro de 2008.
Abelha é a denominação comum de vários insetos pertencentes à ordem Hymenoptera, da superfamília Apoidea, aparentados das vespas e formigas. O representante mais conhecido é a Apis mellifera, oriunda do Velho Mundo, criada em larga escala para a produção de mel.
As espécies de abelhas nativas das Américas (Novo Mundo) não possuem ferrão. A maioria destas pertence à tribo Meliponini.
Uma abelha visita 10 flores por minuto em busca de polén e néctar e produz 5 gramas de mel por ano. Para produzir 1 Kg de mel as abelhas precisam visitar 5 milhões de flores. Enquanto a abelha rainha vive me média 4 anos, as operárias não duram mais de 1 mês e meio.


Brindando o segundo momento do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER em sua 95° edição, após leitura do conto: " O bambá e o jarro de leite" de Ricardo Azevedo, escutamos a música: "Vide Vida Marvada" na interpretação de Rolando Boldrin.

Ricardo Azevedo


Ricardo Azevedo, escritor e ilustrador paulista nascido em 1949, é autor de mais cem livros para crianças e jovens. Tem livros publicados na Alemanha, em Portugal, no México, na França e na Holanda. Bacharel em Comunicação Visual pela Faculdade de Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado e doutor em Teoria Literária pela Universidade de São Paulo. Pesquisador na área de cultura popular. Professor convidado do curso de especialização em Arte Educação no PREPES-PUCMG desde 2003. Tem artigos publicados em livros e revistas abordando problemas do uso da literatura de ficção na escola.

O gambá e o jarro de leite
O gambá vivia escondido num buraco em cima de uma árvore. Toda noite, depois que o fazendeiro ia dormir, o danado saía da toca e desandava a fazer coisa errada. Roubava e comia as frutas do pomar. Entrava na cozinha e bebia cachaça. Brigava com o gato. Arrombava a porta do galinheiro, chupava oa ovos e ainda matava um monte de galinhas.
Um dia, o gambá encontrou um jarro cheio de leite e logo teve uma idéia. Mandou fazer um paletó, botou o jarro na cabeça e foi embora para a cidade.
"Vou trocar o jarro por duas dúzias de ovos", pensou o gambá. "D0s ovos vão nascer vinte e quatro pintinhos. Os pintinhos vão crescer e virar vinte e quatro frangos. Vou vender meus frangos e com o dinheiro compro um boi e três vacas".
O gambá sorria andando pela estrada de terra com o garrafão no alto da cabeça.
"Do boi e das três vacas vão nascer muitos e lindos bezerrinhos. Vou criar os bezerros para vender e depois comprar mais bois e mais vacas. Quando a minha criação de gado ficar bem grande, vendo tudo e compro uma fazenda".
O gambá sonhava.
"Minha fazenda vai ser das grandes".
E o bicho andava, e andando via a fazenda na sua frente.
"Alí", apontava ele com o dedinho no espaço, "vai ser o pomar cheio de frutas deliciosas". "Mais pra lá", mostrava ele com a outra mão, "vou construir um curral. Em cima daquele morro, assim, vai ser o pasto para a criação de gado. Minha casa vai ficar bem ali, perto do lago. Vou ter ovos, pois pretendo construir um galinheiro".
O gambá ria sozinho:
"Vou ficar rico. Vou ter um baú cheio de dinheiro".
E ria mais:
"Fora isso, vou mandar plantar bastante cana para fazer cachaça só para mim!".
E o malandro já se imaginava de botas de couro e chapéu de abas largas, fumando charuto e andando para lá e para cá, mandando e desmandando na sua fazenda imensa.
Sonhou tanto que acabou tropeçando numa pedra. O jarro escorregou e se espatifou no chão.
O gambá ficou parado olhando o leite derramado. Depois, voltou para o seu buraco em cima da árvore, pegou uma violinha de dez cordas e cantarolou:
Minha gente eu tive um sonho
Quis do nada fazer renda
Sonhei que de um simples jarro
Eu tirava uma fazenda
Sem trabalho nem esforço
Só na manha e na moleza
Quis ter dinheiro e fortuna
Que ser rico é uma beleza!
Mas foi tudo uma miragem
Bem no meio do caminho
Bem no meio da viagem
Uma pedra fez seu ninho
Que tristeza, minha gente
Por causa de um tropeção
Lá se foi minha esperança
Meu sonho quebrou no chão
Adeus, frutas do pomar
Adeus, gado e galinheiro
Adeus, fazenda e cachaça
Adeus, baú de dinheiro
Agora vivo a cantar
Que chorar não me consola
Perdi fazenda e dinheiro
Mas guardei minha viola!
Ricardo Azevedo

7 de setembro

Na 95° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que aconteceu justamente no dia 7 de setembro foi conveniente recordar esta data na história do Brasil.
"Denomina-se Independência do Brasil ao processo que culminou com a emancipação política desse país do reino de Portugal, no início do século XIX. Oficialmente, a data adotada é 7 de setembro de 1822, quando ocorreu o episódio do chamado "Grito do Ipiranga". Segundo a história oficial, às margens do riacho Ipiranga (atual cidade de São Paulo), o Príncipe Regente D. Pedro, bradou perante a sua comitiva: "Independência ou Morte!". Alguns aspectos da versão oficial, no entanto são contestados por alguns historiadores."



Brindando o primeiro momento do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER em sua 95° edição, após leitura dos poemas de Ferreira Gullar, Waly Salomão e Lucila Nogueira, escutamos a música: "Saudade de Itapoã" na belíssima voz da cantora bahiana Nana Caymmi.

Lucila Nogueira

Lucila Nogueira, nasceu no dia 30 de março de 1950, é de origem luso-galega. Escritora, poeta, ensaísta, tradutora, editora, contista e professora de literatura brasileira, literatura portuguesa e teoria literária na graduação do curso de letras da Universidade Federal de Pernambuco. Foi a primeira brasileira a participar do festival Internacional de Poesia em Medelin. Ocupa a cadeira 33 da academia de letras de Pernambuco.

E o vaidoso fabricante de versos perguntou, em tom superior:
- E esses óculos escuros à noite, para que são?
E eu lhe respondi em silêncio:
- Porque sua maldade é eterna. E porque os poetas vêem melhor na escuridão.

E eu coloquei meus óculos escuros
Contra a mediocridade dos neons
Contra a agressão das almas monstruosas
E a crueldade oculta nas manhãs
- na penumbra amnésica anteparo
O cotidiano fogo dos dragões.
E eu ajustei meus óculos escuros
Mas vi gente comendo carne humana
Crianças assaltando à mão armada
Cheirando cola ou sendo trucidadas
Enquanto os vaidosos declamavam
A sua dor tão dicionarizada.
E eu sai à rua de óculos escuros
Porque me cega a cena da injustiça
Porque a lei só legítima a força
Descobriu a platéia o fundo falso
Do palco onde encerrou-se o último ato
E se esqueceram de fechar o pano.
E eu uso sempre os óculos escuros
Porque o mundo é uma faca nas pupilas
Trapézio inteiro de aramae farpado
Sobre a rede de areia movediça
A pele triturada e sem aplausos
Prossigo encantadora de serpentes
E eu saio à noite de óculos escuros
Porque meu corpo acende nessa hora
Meus óculos são véu de pirilampos
Me resguardam de dentro para fora
Escondem o emu sol subterrâneo
- são a nave em que chego até os homens.
Lucila Nogueira

Waly Salomão


Waly Dias Salomão nasceu em 1943, em Jequié, Bahia, filho de pai sírio muçulmano e mãe beata sertaneja baiana. O primeiro livro de poemas, Me segura qu’eu vou dar um troço, foi lançado em 1971. Os poemas presentes no título de estréia foram escritos durante a temporada na prisão, rabiscados na cela que ocupava no Carandiru. A diagramação ficou por conta de Hélio Oiticica. A partir da década de 70, o poeta se tornou uma referência constante na produção artística do país. Criou, junto com Torquato Neto, a emblemática revista Navilouca (1974), marco da poesia alternativa (marginal) brasileira.
“Meus títulos sempre são uma provocação, uma isca para o leitor. Minha poesia está cada vez mais construída e elaborada – e menos montada sobre a verve verbal. Me considero quase a antítese da escritura automática dos surrealistas”, afirmava.
Ars Poética/ Operação Limpeza
Assi me tem repartido extemos, que não entendo... (Sá de Miranda)
I
SAUDADE é uma palavra
Da língua Portuguesa
A cujo enxurro
Sou sempre avesso
SAUDADE é uma palavra
A ser banida
Do uso corrente
Da expressão coloquial
Da assembléia constituinte
Do dicionário
Da onomástica
Do epistolário
Da inscrição tumular
Da carta geográfica
Da canção popular
Da fantasmática do corpo
Do mapa da afeição
Da praia do poema
Pra não depositar
Aluvião
Aqui nesta ribeira.
II
Sub-reptícia sucurijuba
A reprimida resplandece
Se meta-formoseia
Se mata
O que parecia pau de braúna
Quiçá pedra de breu
Quiçá pedra de breu
CINTILA
Re-nova cobra rompe o ovo
Da casca velha
SIBILA
III
SAUDADE é uma palavra
O sol da idade e o sal das lágrimas.
Waly Salomão

Ferreira Gullar




Ferreira Gullar é o pseudônimo de José Ribamar Ferreira. Nasceu em São Luís do Maranhão em 10 de setembro de 1930. Aos vinte e um anos, já premiado em concurso de poesia promovido pelo Jornal de Letras, e tendo publicado um Iivro de poemas - Um pouco acima do chão (1949) , transferiu-se para o Rio de Janeiro.


Levando suas experiências poéticas às últimas conseqüências, considerou esgotado esse caminho em 1961, e voltou-se para o movimento de cultura popular, integrando-se no CPC da UNE, de que era presidente quando sobreveio o golpe militar de 1964. A partir de 1962, a poesia de Gullar reflete a necessidade moral de lutar contra a injustiça social e a opressão. Ele recomeça sua experiência poética com poemas de cordel e, mais tarde, reelabora a sua linguagem até alcançar a complexidade dos poemas que constituem Dentro da noite veloz, editado em 1975. Em 1964, publica o ensaio Cultura posta em questão e, em 1969, Vanguarda e subdesenvolvimento, em que propõe um novo conceito de vanguarda estética.


Forçado a exilar-se do Brasil em 1971, escreve em 1975, em Buenos Aires, o seu livro de maior repercussão, Poema sujo, publicado em 1976 e considerado por Vinicius de Moraes "o mais importante poema escrito em qualquer língua nas últimas décadas": Para Otto Maria Carpeaux, "Poema sujo... é a encarnação da saudade daquele que está infelizmente longe de nós, geograficamente, e tão perto de nós como está perto dele, na imaginação do poeta, o Brasil que lhe inspirou esses versos. Poema sujo mereceria ser chamado "Poema nacional" ; porque encarna todas as experiências, vitórias, derrotas e esperanças da vida do homem brasileiro. É o Brasil mesmo, em versos "sujos" e, portanto, sinceros".



(do livro Muitas Vozes - José Olympio Editora.)

Façam a festa
cantem e dancem
que eu faço o poema duro
o poema murro
sujo
como a miséria brasileira
não se detenham:
façam a festa
Bethânica Martinho
Clementina
Estação primeira de Mangueira Salgueiro
Gente de Vila Isabel e Madureira
todos
façam
a nossa festa
enquanto eu soco este pilão
este surdo
poema
que não toca no rádio
que o povo não cantará
(mas que nasce dele)
não se prestará a analíses estruturalistas
não entrará nas antologias oficiais
obsceno
como o salário de um trabalhador aposentado
o poema
terá o destino dos que habitam o lado escuro do país
- e espreitam.
Ferreira Gullar

ENQUETE

A enquete realizada na 95° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, entre os dias 31 de agosto a 7 de setembro de 2008, fez o seguinte questionamento:

Em que ano foi oficialmente inaugurada a história do rádio no Brasil?

Oferecemos 4 opções:

1- 1863
2- 1887
3-1896
4-1922
  • O resultado foi o seguinte:
  • 19% dos internautas optaram pelo ano de 1863
  • 14% pelo ano de 1887
  • 14% pelo ano de 1896
  • 52% pelo ano de 1922

Parabéns aos internautas que optaram pelo ano de 1922. A história do rádio no Brasil foi oficialmente inaugurada no dia 7 de setembro de 1922. Completando neste 7 de setembro, 86 anos de história do rádio no Brasil. O primeiro programa foi o discurso do presidente Epitácio Pessoa que foi transmitido para receptores instalados na cidade de Niteroi, Petropolis e São Paulo através de antena instalada no corcovado. Neste mesmo dia, a noite também foi transmitido direto do Teatro Municipal a opera: "O Guarani" de Carlos Gomes. Era o começo da primeira estação de rádio do Brasil: a rádio Sociedade Rio de Janeiro fundada por Roquete Pinto e depois doada ao governo no ano de 1936.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

FELIZ ANIVERSÁRIO ALACAZUM!!!!!!!!!!!!!

O programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, cujo objetivo é fomentar o hábito da leitura utilizando o rádio como veículo de inclusão social, agradece a você caro ouvinte-leitor e parceiros culturais por acreditarem na proposta cultural e estarem conosco nestes 2 anos de existência.

3 setembro de 2008, aniversário do ALACAZUM!
ALACAZUM PARA VOCÊ! VIVA A RESISTÊNCIA!

terça-feira, 2 de setembro de 2008

94° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER

Na 94° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, que foi ao ar no dia 31 de agosto de 2008 (via on line) abordamos os gêneros narrativos: crônica, conto e poesia, privilegiando autores brasileiros. Foram eles: Myriam Fraga, Rosângela Góes Figueiredo, Sílvio Romero, Celeste Martinez e Adroaldo Ribeiro Costa. Oferecemos como dica de leitura, o livro: As viagens "Il Milione" de Marco Polo. A cada leitura intercalamos com a bela música brasileira e seus maravilhosos interpretes: Miúcha e Tom Jobim, Elba Ramalho, Cassia Eller, Alceu Valença e Demônios da Garoa. Como BG, a banda estadunidense, R.E.M. Sem esquecer o cuidado com o planeta terra nas dicas para um planeta sustentável e a importância da água em nossa vida. E para que as informações a respeito do valor nutricional e histórico da laranja ficassem melhor evidenciadas, belas e saborosas laranjas foram levadas aos estúdios da Rádio Clube de Valença e depois degustadas. Obrigada pela audiência e até o próximo domingo com mais palavras para entreter.

ALACAZUM PARA VOCÊ!!!!!!!!!

Dicas para um planeta sustentável

No ambiente de trabalho você pode contribuir não utilizando os copos de plástico. Mude isso: Simplesmente leve de casa um copo ou utilize uma garrafa para água. Carro não é o meio de transporte ecologicamente mais correto. Use-o com moderação. Ande mais em transporte coletivo ou prefira uma bicicleta.

Fonte: Planeta sustentável


Apreciamos ainda nas introduções de cada momento do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, em sua 94° edição, a bela música: "Losing my religion" da banda musical R.E.M.

O R.E.M. é uma banda estadunidense de rock formada em Athens, na Geórgia no ano de 1980. Seu nome faz referência ao estágio de sono REM.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Agenda internacional ALACAZUM

O escritor português Euclides Cavaco convida a uma reflexão sobre quão frágil é a vida. Ouça em poema da semana. Aqui neste link:

http://www.euclidescavaco.com/Poemas_Ilustrados/Breve_Passagem/index.htm

O comunicador Sérgio Teixeira, do programa radiofônico: Radionovela, direto de Lisboa, Portugal, avisa que retornará neste domingo, dia 7 de setembro das 16 às 17 horas(hora de Brasília) ou das 20 às 21 horas (hora de Portugal) pela Popular FM 90.9 MHz (Lisboa) ou em http://www.popularfm.com/

RADIONOVELA - http://www.radionovela.com.pt/