Criado no Butão, pequeno país do Himalaia, com o apoio do PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, o FIB é baseado na Ciência Hedônica, que busca descobrir e conduzir o bem estar social. O índice é calculado a partir de um questionário global, que é adaptado por cada nação à sua realidade. As dimensões do índice não só ajudam a avaliar o nível de felicidade de uma população, como servem de referência para o governo melhorar a oferta de seus serviços. “Normalmente o governo produz segurança, justiça e empregos, mas o mais importante é a meta de felicidade. Por isso, precisamos de indicadores que guiem para esse objetivo. Apesar de a felicidade ser experimentada pessoalmente, ela tem que ser produzida coletivamente. Um movimento pró felicidade através do estado é extremamente importante. Também devemos aprender com outras nações, comparando suas práticas na geração de bem estar”, disse Karma Ura, vice-presidente do Conselho Nacional do Butão.
O diagnóstico mundial da felicidade está no
, elaborado pelos economistas John Hellwell, Richard Layard e Jeffrey Sachs e que aponta, por exemplo, que a distribuição de renda é diferente da distribuição da felicidade em todo o mundo. “Foi realizado um número surpreendente de experiências que mostram que você faz mais para si próprio dando algo para outro do que dando para si mesmo. Imagine como podemos usar isso para mudar as situações além do nosso círculo familiar, da nossa comunidade e da nossa nação”, disse Hellwell, professor de economia pela University of British Columbia do Canadá, que veio ao Rio de Janeiro para participar do seminário. “A felicidade não é uma competição por recursos escassos, mas uma situação de vantagem mútua, porque você melhor a felicidade dos outros e melhora a sua própria”, complementou.
Se para Guimarães Rosa “infelicidade é uma questão de prefixo”, para o FIB é uma questão de estagnação social. Caso precisasse escolher uma única sensação que resulta em felicidade, Susan Andrews, coordenadora do FIB no Brasil, elegeria “pertencimento”. “O mais importante é a sensação de conexão com a sua comunidade. Isso traz muito mais bem estar do que dinheiro no bolso”, afirmou. Na verdade, o dinheiro pode estar atrelado ao bem-estar. Mas como consequência, não como causa. Pessoas felizes, de acordo com Susan, têm melhor desempenho no trabalho, ajudam mais seus colegas, faltam menos, são líderes melhores, mais sociáveis, têm maior auto estima e ganham mais. “Felicidade é um bom negócio”, brincou.
Segundo Susan, na mesma época em que o PIB dos Estados Unidos triplicou, os americanos usaram 21 vezes mais plásticos, viajaram 25 vezes mais de avião, dobraram o número de carros na garagem, mas um em quatro americanos estava infeliz ou depressivo. A quantidade de divórcios e de suicídio entre adolescentes triplicaram, enquanto crimes violentos quadriplicaram. Susan está certa de que o PIB não é uma boa métrica para medir progresso. “O ser humano tem um ponto de saturação com o plano material. Por isso, às vezes mais não é melhor, mais é demais. Por isso que a felicidade americana caiu. Passamos por um momento em que as pessoas estão sedentas por valores”, afirmou.
FIB NO BRASILAlém de ser um indicador, o FIB também desenvolve metodologias locais para a promoção do bem-estar e do empoderamento social. Nos últimos três anos, foram aplicados projetos pilotos nas cidades de Angatuba, Itapetininga e Campinas, em São Paulo; Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, e no núcleo rural Rajadinha, em Brasília. Nestas experiências, lideranças locais capacitadas, apelidadas de “felicitadores”, seguem a velha máxima “pensar global, agir local”, para melhorar as condições das comunidades em que estão inseridas. O Rio de Janeiro já bons exemplos em que se inspirar.
Fonte: Planeta Sustentável
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