segunda-feira, 22 de abril de 2013

Poema VI de Hilda Hilst

Na 298° edição do Alacazum palavras para entreter que foi ao ar no dia 14 de abril de 2013 das 8 às 9 da manhã de domingo, transmissão ao vivo Rio Una FM 87,9 apreciamos a poesia da Hilda Hilst

Poema VI

Tudo vive em mim.
Tudo se entranha na minha tumultuada vida.
E por isso não te enganas, homem, meu irmão,
quando dizes na noite, que só a mim me vejo.
Vendo-me a mim, a ti.
E a esses que passam nas manhãs, carregados de medo, de pobreza,
o olhar agudo, todos eles em mim,
porque o poeta é irmão do escondido das gentes
descobre além da aparência, é antes de tudo LIVRE e por isso conhece.
Quando o poeta fala
fala do seu quarto, não fala do palaque,
não está no comício, não deseja riqueza, não barganha,
sabe que o ouro é sangue
tem os olhos no espírito do homem, no possível infinito.
Sabe de cada um a própria fome.
E por que é assim, eu te peço:
Escuta-me. Olha-me. Enquanto vive um poeta
o homem está vivo.

Hilda Hilst

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