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ORAR POR ELE. POIS A NATU REZA POR NÓS. E NÓS POR ELA.
Reconhecido pelo governo federal como Ponto de Leitura no Brasil, passando a fazer parte da Rede Biblioteca Viva.Integra o Programa Nacional do Livro e Leitura (PNLL)conforme publicação no Diário Oficial da União, portaria n° 92 de 18 de dezembro de 2008.Por um País de leitores cidadãos!
21 horas e 30 minutos
Mãe, fala “boa noite, Grace”.
Boa noite, Grace.
Boa noite.
Sempre que sinto medo minha mãe me recita uma poesia.
Hoje estou com muito medo. Acabo de perder um amigo.
Estamos no hospital, estou com leucemia. Aqui todos têm câncer.
Minha mãe disse que viemos só para uma consulta de rotina, coisa boba, e acabei sendo internada. Meu nariz estava sangrando.
Tenho nove anos e um irmão de cinco. Ele é muito traquina. Hoje ele pegou o triciclo e percorreu toda a ala pediátrica. Atropelou enfermeiros, pacientes e arrancou olhares curiosos de todos.
Meninos sempre são mais levados que as meninas, eu acho.
A minha médica é superlegal e carinhosa. Ela tem uma pulseira linda, com um coração e muitos pingentes, ela diz que ganhou de um velho amigo. Acho que foi do seu ex-marido, ela estava triste.
Estou sentindo muitos calafrios e estou chamando o Hugo a toda hora. As crianças dizem assim, aqui, quando vomitam muito, é divertida a expressão. É a quimioterapia. Vou ficar careca. Eu sei onde comprar uma peruca.
A doutora diz que sou muito corajosa.
Minha mãe foi levar o meu irmão pra ficar alguns dias com a minha tia, em outra cidade, ele está muito gripado.
Ela sempre se despede de mim com um selinho. Te amo mãe!
Meu nariz está sangrando, chamei o Hugo outra vez, e outra, e outra.
Uma hora e meia de choques e mais choques. O meu coração parou, a médica inconformada foi obrigada a marcar o horário do meu óbito.
Mãe, você recita lindamente as poesias, mesmo de longe, escutei sua voz e o medo passou.
Mãe, fala “Boa noite, Grace”.
Boa noite, Grace.
Boa noite.
Obs: O poema já foi publicado em: Escritoras Suicidas e Um Olhar.
Curiosidade: A História de Sadako Sazaki
Quando a bomba de Hiroshima foi lançada, Sadako Sasaki estava prestes a completar dois anos. Apesar de se encontrar apenas a três kms do “ground zero” (ponto de impacto), escapou aparentemente ilesa. Na fuga com a mãe e o irmão, foi encharcada pela chuva radioativa que caiu ao longo do dia.
Até aos doze anos, Sadako parecia uma criança saudável. Estudava e brincava como outras crianças e uma das coisas de que mais gostava era de correr. Um dia, durante uma corrida na escola sentiu-se mal e caiu, ficando estendida no chão. Sadako estava com leucemia. Muitas outras crianças de Hiroshima começaram a apresentar os mesmos sintomas decorrentes da radiação provocada pela bomba. Quase todas morriam e Sadako ficou assustada, pois não queria morrer.
Ouvindo falar na lenda dos pássaros, segundo a qual aquele que dobrar mil aves de origami será curado das suas doenças, Sadako resolveu tentar. Enfraquecida, não teve força para dobrar os mil pássaros, e em 25 de outubro de 1955 faleceu rodeada pela família.
Seus amigos dobraram os tsurus restantes a tempo para seu enterro. Mas eles queriam mais, desejaram pedir por todas as crianças que estavam morrendo em conseqüência da explosão da Bomba Atômica. Então formaram um clube e começaram a pedir dinheiro para um monumento.
Estudantes de mais de três mil escolas no Japão e de nove outros países contribuíram, e em cinco de maio de 1958, o Monumento da Paz das Crianças foi inaugurado no parque da Paz de Hiroshima. Todos os anos no Dia da Paz (06/08) pessoas do mundo inteiro enviam tsurus de papel para o Parque. As crianças desejam espalhar ao mundo a mensagem esculpida à base do monumento de Sadako:
Este é nosso grito
Esta é nossa oração:
Paz no mundo
Dessa forma a sua mensagem de Paz está sendo transmitida ao mundo todo.
A Biblioteca Nacional tem mais de nove milhões de livros e muitos destes exemplares estão sendo digitalizados.
Galeno Amorim, jornalista e escritor, acaba de tomar posse, assumindo também o posto de homem forte do Ministério da Cultura para o setor de livro e leitura no país. Além da Biblioteca Nacional, o órgão no qual Amorim atuará vai incentivar a produção de livros mais baratos.
Visite o Blog do Galeno:http://www.blogdogaleno.com.br/
Da: Celeste Martinez (www.alacazum.blogspot.com)
Olá, Tereza Yamashita. Visite o meu blog. Escrevi um texto sobre o dia Internacional da Mulher e contextualizei com tua poesia.
Eu já não me lembrava mais. Celeste, obrigada pela recordação e parabéns pelo seu trabalho na rádio. A crônica foi publicada no site das Escritoras Suicidas.
[mulheres criam sapos e sonham com príncipes]
(pequena crônica tipo conto de fadas)
Recife
Não a Veneza americana
Não a Mauritssatd dos amadores das Índias Ocidentais
Não o Recife dos Mascates
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois -
Recife das revoluções libertárias
Mas o Recife sem história nem literatura
Recife sem mais nada
Recife da minha infância
A Rua da União onde eu brincava de chicote-queimado e partia as vidraças
[da casa de Dona Aninha Viegas
Totônio Rodrigues era muito velho e botava o pincenê na ponta do nariz
Depois do Jantar as famílias tomavam a calçada com cadeiras, mexericos,
[namoros, risadas
A gente brincava no meio da rua
Os meninos gritavam:
Coelho sai!
Não sai!
A distância as vozes macias das meninas politonavam:
Roseira dá-me uma rosa
Craveiro dá-me um botão
(Dessas rosas muita rosa
Terá morrido em botão...)
De repente
nos longes da noite
um sino
Uma pessoa grande dizia:
Fogo em Santo Antônio!
Outra contrariava: São José!
Totônio Rodrigues achava sempre que era São José.
Os homens punham o chapéu saíam fumando
E eu tinha raiva de ser menino porque não podia ir ver o fogo
Rua da União...
Como eram lindos os nomes das ruas da minha infância
Rua do Sol
(Tenho medo que hoje se chame do Dr. Fulano de Tal)
Atrás de casa ficava a Rua da Saudade...
...onde se ia fumar escondido
Do lado de lá era o cais da Rua da Aurora...
...onde se ia pescar escondido
Capibaribe
- Capibaribe
Lá longe o sertãozinho de Caxangá
Banheiros de palha
Um dia eu vi uma moça nuinha no banho
Fiquei parado o coração batendo
Ela se riu
Foi o meu primeiro alumbramento
Cheia! As cheias! Barro boi morto árvores destroços redomoinho sumiu
E nos pegões da ponte do trem de ferro os cablocos destemidos em jangadas
[de bananeiras
Novenas
Cavalhadas
Eu me deitei no colo da menina e ela começou a passar a mão nos meus
[cabelos
Capibaribe
- Capibaribe
Rua da União onde todas as tardes passava a preta das bananas com o xale
[vistoso de pano da Costa
E o vendedor de roletes de cana
O de amendoim
que se chamava midubim e não era torrado era cozido
Me lembro de todos os pregões:
Ovos frescos e baratos
Dez ovos por uma pataca
Foi há muito tempo...
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errado do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada
A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem
Terras que não sabia onde ficavam
Recife...
Rua da União...
A casa de meu avô...
Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de eternidade
Recife...
Meu avô morto.
Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro como a casa de meu avô
Rio, 1925
Manuel Bandeira
Discos Marcus Pereira – MPA 9317 – Tracks: 11 Playing time: 30:05
1 Recife – Quinteto Violado & Zélia Barbosa – (Antônio Maria) (2:05)
2 De Chapéu De Sol Aberto – Quinteto Violado & Zélia Barbosa – (Capiba) (2:15)
3 Um Sonho Que Durou Três Dias – Quinteto Violado & Zélia Barbosa – (Irmãos Valença) (2:14)
4 Saudade – Quinteto Violado & Zélia Barbosa – (Luís Bandeira) (3:02)
5 Trio Elétrico – Trio Tapajós – (Trio Elétrico Tapajós) (6:06)
6 Tubarão Na Onda – Banda Municipal Do Recife – (Luiz Gonzaga De Figueiredo) (1:57)
7 Aí Vem Os Palhaços – Banda Municipal Do Recife – (Ademir Araújo) (2:40)
8 Batendo Biela – Banda Municipal Do Recife – (Geraldo Santos) (2:28)
9 Evocação No 1 – Quinteto Violado & Zélia Barbosa – (Nelson Ferreira) (2:20)
10 Hino De Batutas De São José – Quinteto Violado & Zélia Barbosa – (João Santiago) (2:31)
11 Valores Do Passado – Quinteto Violado & Zélia Barbosa – (Edgar Morais) (2:27)
.
Este disco faz parte da Série Musica Popular, publicada pelo Marcus Pereira, cujo conjunto foi considerado " um dos 300 discos impostantes".
Fonte:http://300discos.wordpress.com/2010/11/
Na 208° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 27 de fevereiro de 2011, transmissão pela Rio Una FM 87,9 apreciamos o poema abaixo descrito.
Apelo aos meus dessemelhantes em favor da paz
Ah, não me tragam originais
para ler, para corrigir, para louvar
sobretudo, para louvar.
Não sou leitor do mundo nem espelho
de figuras que amam refletir-se
no outro à falta de retrato interior.
Sou o Velho Cansado
que adora o seu cansaço e não o quer
submisso ao vão comércio da palavra.
Poupem-me, por favor ou por desprezo,
se não querem poupar-me por amor.
Não leio mais, não posso, que este tempo
a mim distribuído
cai do ramo e azuleja o chão varrido,
chão tão limpo de ambição
que minha só leitura é ler o chão.
Nem sequer li os textos das pirâmides
os textos dos sarcófagos,
estou atrasadíssimo nos gregos,
não conheço os Anais de Assurbanipal,
como é que vou -
mancebos,
senhoritas,
-chegar à poesia de vanguarda
e às glórias do 2.000, que telefonam?
Passam gênios talvez entre as acácias,
sinto estátuas futuras se moldando
sem precisão de mim
que quando jovem (fui-o a.C., believe or not)
nunca pulei muro de jardim
para exigir do morador tranqüilo
a canonização do meu estilo.
Sirvam-se de exonerar este macróbio
do penoso exercício literário.
Não exijam prefácios e posfácios
ao ancião que mais fala quando cala.
Brotos de coxa flava e verso manco,
poetas de barba-colar e velutínea
calça puída, verde: tá!
Outoniços, crepusculinos, matronas, contumazes:
tá!
O senhor saiu. Hora que volta? Nunca.
Nunca de corvo, nunca de São-Nunca.
Saiu pra não voltar.
Tudo esqueceu: responder
cartas; sorrir
cumplicemente; agradecer
dedicatórias; retribuir
boas-festas; ir ao coquetel e à noite
de autógrafos-com-pastorinhas.
Ficou assim: o cacto de Manuel
é uma suavidade perto dele.
Respeitem a fera. Triste, sem presas, é fera.
Na jaula do mundo passeia a pata aplastante,
cuidado com ela!
Vocês, garotos de colégio, não perguntem ao poeta
quando ele nasceu.
Ele não nasceu.
Não vai nascer mais.
Desistiu de nascer quando viu que o esperavam garotos de colégio de lápis em punho
com professores na retaguarda comandando: Cacem o urso-polar,
tragam-no vivo para fazer uma conferência.
Repórteres de vespertinos, não tentem entrevistá-lo.
Não lhe, não me peçam opinião
que é impublicável qualquer que seja o fato do dia
e contraditória e louca antes de formulada.
Fotógrafos: não adianta
pedir pose junto ao oratório de Cocais
nem folheando o álbum de Portinari
nem tomando banho de chuveiro.
Sou contra Niepce, Daguerre, contra principalmente minha imagem.
Não quero oferecer minha cara como verônica nas revistas.
Quero a paz das estepes
a paz dos descampados
a paz do Pico de Itabira quando havia Pico de Itabira
a paz de cima das Agulhas Negras
a paz de muito abaixo da mina mais funda e esboroada
de Morro Velho
a paz
da
paz