terça-feira, 5 de julho de 2011

Poesia de Celeste Martinez

A MORTE DE SARDANÁPALO (Delacroix, 1827-1828 - Louvre, Paris)

Na 226° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 3 de julho de 2011, transmissão Rio Una FM 87,9 apreciamos a poesia de Celeste Martinez, idealizadora, produtora e apresentadora do ALACAZUM.

Amanhã,

Uma cega minoria

Se erguerá ao amanhecer

E como viúvas negras

Pelas ruas vazias desfilará.

Amanha,

Os vermes das calçadas

Mendigos descartáveis

Crianças sem rótulos

Colocarão suas meias-máscaras

Rasgadas pela fome

E num gesto de súplica

Agredindo a própria carne

Se auto-mutilarão.

Amanhã,

Futuro que não chega

Independente do Cristo

Que se abre em redenção

Fechará os braços às cobaias deste tempo presente.

Amanhã,

O esquálido fazedor de mutantes

Ressurgirá o suntuoso quadro de DELACROIX

“A MORTE DE SARDANAPALO”

E então

O amanhã

No hoje

Será muito tarde.

Celeste Martinez

Publicado no livro: Valenciando- Antologia de escritores de Valença- Salvador: Secretaria da Cultura e Turismo 2005

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