segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Crônica para Gustavo Gomes que ama o ALACAZUM





Domingo, 24 de fevereiro de 2013. Manhã. Plantada frente ao espaço de frios do supermercado aguardo atendimento.  Entre as outras pessoas que esperam uma em particular, fisionomia conhecida. Animo-se a saudar e perguntar sobre fatos do cotidiano. Surpreende-me a recepção e a dinâmica do diálogo. Esta pessoa escuta o meu programa de rádio: O ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER. De repente seus olhos, desviam-se, buscando. Um garoto aproxima-se.
- Gustavo, esta é quem faz o ALACAZUM. Disse o homem olhando para o filho e apontando para mim.
O pequeno, apenas posicionou avidamente os olhos em minha direção e soltou um belo sorriso.
- Lembra filho: “Não vê, mas escuta”.
O homem referia-se ao quadro em que ofereço uma caixa de chocolate e para exercitar os sentidos, sacudo o objeto, proferindo tais palavras.
Outro amplo sorriso desabrochou no belo rosto infantil. Para ampliar o diálogo e colher a opinião do menino que até aquele momento só presenteava expressões, pergunto-lhe:
- Você gosta das histórias que conto?
Balançou a cabeça afirmativamente.
- E por que nunca ligou para concorrer à caixa de chocolate? Perguntei-lhe novamente.
- Sempre está ocupada a linha. Respondeu o pai.
- A audiência é disputadíssima. Complementei.
Voltei meus olhos com apuro para o pequeno Gustavo que permanecia próximo e curioso. Ele nada sabe do emudecimento do ALACAZUM por quatro domingos no mês de fevereiro de 2013. O pequeno não sabe de minha angustia por aguardar um veredicto de absolvição ou condenação. Nada comentei. Omiti minhas dores. Não faria bem para o instante onde fui presenteada com elogios, sorrisos e esperança.
- Eu já passei pelo ALACAZUM. Disse repentinamente Gustavo olhando para mim.
- Ah, você já passou em frente à sede da  emissora de rádio? Perguntei-lhe.
-Não. Intervém o pai. Ele está falando da PIZZARIA OS MARTINEZ . Pede-me sempre para ir lá. Não estou com tempo. Um dia iremos. Complementou.
- É hoje. Falou imperativamente o menino.
- Viu como ele fala? Disse o homem olhando para mim.
Observei mais uma vez Gustavo com seus belos olhos, distanciando-se, dada às mãos com o seu pai.
- Até logo! Disse-me.
Dos meus olhos arrotou uma muda tristeza em forma de invisíveis lágrimas. Mordi os lábios para que não saíssem. Não podia permitir que a angustia me abraçasse, ali, diante do frigorífico de carnes. Entre a tristeza expressa no aperto que se estreitava em minha garganta e a constatação alegre da importância do programa ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER na vida das crianças, adolescentes e adultos da cidade de Valença BA; optei pela segunda.
OS:  Nesta noite, o Gustavo, ( 6 anos de idade) aparece na PIZZARIA O MARTINEZ acompanho por seus pais: Adilson e Horiana. 

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