Na 315° edição do Alacazum palavras para entreter que foi ao ar no dia 25 de agosto de 2013, das 8 às 9 h da manhã de domingo, transmissão ao vivo Rio Una FM 87,9 apreciamos a poesia da Dona Lucinha Teles ouvinte-leitora do Alacazum e que vive na cidade de Valença -Ba.
Liberdade e Solidão
Vivia num sítio bem cuidado, uma senhora viúva, cujo filho trabalhava em uma cidade grande e bem distante. Esta senhora criava um pássaro raro que encantava todos que o ouvia. A porta da gaiola estava sempre aberta, porém o pássaro jamais fugira.
Um sabiá que em dias ensolarados, vinha fazer dueto com o pássaro, certa vez perguntou:
- Porque você tem toda a liberdade para fugir e continua preso nesta gaiola? É tão bom voar e sentir o vento da tarde e a brisa da manhã roçando nossas penas, beber água fira e cristalina do riacho, comer frutos silvestres e insetos que voam ao nosso redor. Vamos! Experimente como tudo isto é bom!
O pássaro respondeu:
- Já tive tudo isso que você me falou e, no entanto, não me sentia livre, vivia com medo que algum caçador me aprisionasse ou algum dos nossos predadores me engolisse vivo. No dia em que aqui cheguei, encontrei o amor e carinho com que esta senhora me trata.
Como posso me sentir prisioneiro, se tenho toda a liberdade ao meu alcance? A liberdade é um sentimento e nós é que sabemos se somos livres ou prisioneiros de alguma coisa ou de alguém.
Acontece que nesse mesmo dia, chegaram o filho com a mulher e os netos dessa senhora par visitá-la.
Ao chegar naquele lugar deserto e silencioso, o filho acostumado ao barulho e os perigos da cidade grande e, vendo a mãe tão alegre e feliz, também lhe fez uma pergunta:
-Mamãe, como pode uma pessoa viver nesta solidão? - E a mãe com toda a sabedoria dois idosos respondeu:
- Meu filho, eu não vivo na solidão. Olhe ao nosso redor. Eu ouço os sons da natureza, converso com o sol, com a lua e as estrelas, com o vento, com as árvores e até com a chuva, e, todos eles me respondem com alegria. Tenho os meus animais, principalmente o meu pássaro azul que é a mais dócil e meiga companhia. Que me alegra com seu canto matinal e ao anoitecer, me acompanha nas minhas orações.
Eu tenho muito mais companhia que você meu filho, que vive cercado de pessoas que não se cumprimentam, não se olham nos olhos. A solidão esta dento de nossos corações. Nós é que nos tornamos solitários e prisioneiros de nós mesmos. Olhe para os seus filhos soltos e livres brincando na grama do jardim. Veja quantas coisa eles já descobriram. Será que eles estão se sentindo solitários e prisioneiros?
E o filho, olhando o rosto sereno e alegre de sua mãe, deitou-se no seu colo e ouvindo o canto mavioso do pássaro azul, que fazia dueto com o sábia, agora seu companheiro de gaiola, pensou como era sábia e feliz aquela senhora. E adormeceu tranquilo!
Lucinha Teles
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