domingo, 6 de abril de 2014

Cinzento, poesia de Florbela Espanca

Na  346° edição do Alacazum palavras  para entreter, apresentação da escritora e locutora Celeste Martinez, que  foi   ao ar no dia 30 de março de 2014, das 8 às 9 h, transmissão ao vivo 87,9 Rio Una FM, apreciamos a poesia: Cinzento, da poetiza portuguesa Florbela Espanca.

Cinzento


Poeiras de crepúsculos cinzentos.
Lindas rendas velhinhas, em pedaços,
Prendem-se aos meus cabelos, aos meus braços,
Como brancos fantasmas, sonolentos...

Monges soturnos deslizando lentos,
Devagarinho, em misteriosos passos...
Perde-se a luz em lânguidos cansaços...
Ergue-se a minha cruz dos desalentos!

Poeiras de crepúsculos tristonhos,
Lembram-me o fumo leve dos meus sonhos,
A névoa das saudades que deixaste!

Hora em que o teu olhar me deslumbrou...
Hora em que a tua boca me beijou...
Hora em que fumo e névoa te  tornaste....


Florbela Espanca 

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