Balõezinhos
Na feira livre do
arrebaldezinho
Um homem loquaz
apregoa balõezinhos de cor:
- “ O melhor
divertimento para as crianças!”
Em redor dele há um
ajuntamento de menininhos pobres,
Fitando com olhos
muito redondos os grandes balõezinhos muito redondos
No entanto a feira
burburinha
Vão chegando as
burguesinhas pobres,
E as criadas das
burguesinhas ricas,
E mulheres do povo,
e as lavadeiras da redondeza.
Nas bancas de peixe,
Nas barraquinhas de
cereais,
Junto às cestas de
hortaliças
O tostão é
regateado com acrimônia.
Os meninos pobres
não vêem as ervilhas tenras,
Os tomatinhos
vermelhos,
Nem as frutas,
Nem nada.
Sente-se bem que
para eles ali na feira os balõezinhos de
cor são a única
mercadoria útil e verdadeiramente indispensável
O vendedor
infatigável apreoa:
- O melhor
divertimento para as crianças”
E em torno do homem
loquaz os menininhos pobres
fazem um círculo
inamovível de desejo e espanto.
Manuel Bandeira
Nenhum comentário:
Postar um comentário