domingo, 16 de agosto de 2015

Brinquedo de Gigantes



 
Na 412° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, apresentado pela escritora Celeste Martinez , transmissão ao vivo pela emissora de rádio comunitária, Rio Una FM 87,9 no dia 19 de julho de 2015, das 8 às 9 h, apreciamos o conto de Hans Andersen, retirado do livro; Tesouro da Juventude, livro ofertado pela diretora  Carla Bittencout, da escola Municipal Maria Emília Gene Pirajá, em Barra Grande, Maraú, Bahia



Brinquedo de Gigantes

Em tempos muito longínquos havia na Alemanha gigantes nas montanhas. Numa delas um grande castelo, chamado Burg Niedeck e situado num dos pontos mais altos da Alsácia, servia de residência ao mais poderoso dos gigantes, que ali vivia com a esposa e família. Este gigante tinha uma filha chamada Frederica, tão alta como a torre da igreja do lugar vizinho.
Era uma criatura extremamente curiosa, amiga de meter o nariz por toda a parte e indagar de tudo e observar tudo que lhe tivesse proibido de tocar. Deixavam-ba andar pelas montanhas e brincar nas florestas e ela procurava sempre descer ao vale onde moravam os habitantes do país, os quais na sua maioria, eram lavradores dedicados à cultura dos cereais e da vinha, a que os gigantes não se podiam dedicar. Estes viviam do trabalho daqueles. Dizia a tradição que no dia em que um campones descobrisse o caminho para o castelo de Burg Niedeck, desapareceriam, como por encanto, todos os gigantes; mas Burg Niedeck estava situado num ponto quase inacessível e dificilmente se poderia lá chegar. Nunca ninguém tentara ir até ali.
Certo dia estava Frederica entretida a brincar a pouca distância do castelo, banhada pelos esplêndidos raios de sol.
O frondoso vale era fresco e verdejante e, não havendo ninguém que a impedisse, começou a descer a montanha.
De repente, e não sem grande surpresa, viu um camponês lavrando a terra com um arado cujos ferros brilhavam feridos pela luz do sol e ao qual estavam atrelados dosi lindos cavalos.
Do peito de Frederica escapou um grito de admiração e alegria, e ajoelhou-se junto ao grupo que tanto espanto lhe causava.
- Que linda coisa! Pensou ela.
- Vou levar para casa, para brincar.
Contentíssima, estendeu o lenço no chão, levantou com muito cuidado o arado e os cavalos e fez o mesmo com o lavrador, metendo tudo dentro do lenço; depois agarrou-o pelas quatro pontas e subiu, a corrrer, a montanha com inexcedível agilidade e alegria. O pai estava à porta da casa e, quando a viu, chegar, perguntou:
- Olá, menina, que te faz tão contente?
- Olha, papai – disse Frederica, estendendo o lenço. Encontrei um novo brinquedo; uma coisa que é uma maravilha.
E agarrou o arado, nos cavalos e no no camponês, mas o velho gigante franziu o sobrolho e moveu, contrariado a cabeça.
- Que fizeste! Só tens ideias tolas – ralhou ele- O camponês não é um brinquedo, nem essa máquina. Nunca ouviste dizer que assim que um lavrador chegue a Burg Niedeck, acabam para sempre os gigantes? Vai imediatamente levá-los para o vale e veremos se assim o encanto não desaparece.
Frederica foi, com tristeza, levar para o vale o arado, os cavalos e o lavrador. Mas naquela mesma noite desapareceram para sempre todos os gigantes.

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