André Bernardo
Revista Superinteressante – 04/2010
Não. E dessa vez nossa resposta foi direta por um motivo simples: pombos são agentes transmissores de mais de 20 doenças.
A mais grave delas, a criptococose, mata 30% em casos de diagnósticos tardios.
Por isso, especialistas recomendam o uso de luvas e máscara na hora de limpar forros, telhas e calhas ou qualquer outro lugar com acúmulo de fezes de pombos - e os dejetos devem ser umedecidos antes de recolhidos, para evitar a inalação de fungos.
Ok, pombos são realmente "ratos com asas", expressão popularizada pelo ex-prefeito londrino Ken Livingstone.
Então, como se livrar deles?
Pior que não adianta sair matando - até porque toda e qualquer tentativa de agressão aos pombos pode configurar crime ambiental, de acordo com a Lei Federal n° 9605, de 1998.
Como explica a veterinária Carla Molento, da UFPR, se forem exterminados 10 em cada 100 pombos de uma população, há uma acomodação - aqueles que iam morrer de fome, frio ou doenças sobrevivem, e a população permanece estável.
Matar pombos em Copacabana só vai ajudar os de Ipanema. Contra pombos, melhor que o ódio é a indiferença.
"É preciso que a população seja esclarecida sobre os riscos de alimentar essas aves e, em consequência disso, reprima quem distribui alimentos para elas. Só cessando essa distribuição é possível controlar o número de pombos em uma região", explica Molento. Ou seja: sinta-se livre para reprimir quem espalha migalhas pela vizinhança. ORA, POMBAS
Pelo mundo, algumas estratégias para lidar com as aves:
ONDE: São José do Rio Preto, SP.
AÇÃO: quem for flagrado dando comida às aves nas vias públicas poderá ser multado.
ONDE: Helsinque, Finlândia.
AÇÃO: placas de aviso em toda a cidade desencorajam turistas a dar comida aos pombos.
ONDE: Veneza, Itália.
AÇÃO: é proibido jogar arroz nos noivos em festas de casamentos, principalmente na tradicional praça de São Marco.
ONDE: Londres, Inglaterra.
AÇÃO: monumentos eletrificados. O pombo que tentar se aliviar na estátua de Winston Churchill vai levar um choque.
Fontes Arif Cais, zoólogo do departamento de zoologia e botânica da Unesp de São José do Rio Preto/SP; Carla Forte Maiolino Molento, veterinária da UFPR; Fernando da Costa Ferreira - diretor do Centro de Controle de Zoonoses da prefeitura do Rio de Janeiro; Flávio de Queiroz Telles Filho - médico infectologista da UFPR; e Margarete de Almeida Gottardo de Almeida, microbiologista da Famerp.
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