Dicas de leitura
Inspirações da Tarde, de Bernardo Guimarães
"Oh! filha melancólica dos ermos,
Consolo extremo, e amiga no infortúnio
Fiel e compassiva;
Saudade, tu que única inda podes
Nest'alma, erma de amor e de esperança,
Um som vibrar melodioso e triste,
Qual vento, que murmura entre ruínas,
Os gemebundos ecos acordando;
Vem, ó saudade, vem; - a ti consagro
De minha lira as magoadas cordas.
Quando o sopro da sorte impetuoso
Nos ruge n'alma, e para sempre a despe
Do pouco que há de amável na existência;
Quando tudo se esvai, - ledos sorrisos,
Suaves ilusões, prazeres, sonhos,
Ventura, amor, e até a mesma esp'rança,
Só tu, meiga saudade,
Fiel amiga, jamais nos abandonas!
Jamais negas teu bálsamo piedoso"
As Casadas Solteiras, de Luís Carlos Martins Pena
“Cena I
Jeremias e o povo.
Jeremias — Bem fiz eu em vir à festa de São Roque. Excelente dia passei e melhor noite passarei — e vivam as festas! Perca-as quem quiser, que eu não. Para elas nasci, e nelas viverei. Em São Roque, na Penha, na Praia Grande, na Armação... Enfim, em todos os lugares aonde houver festa, se estiverem duas pessoas, uma delas serei eu. Que belo que isto está! Barracas, teatrinho de bonecas, onças vivas, fogo de artifício, máquinas, realejo e mágicos que adivinham o futuro... Logo teremos um nesta barraca... Ora, esses estrangeiros são capazes das maiores extravagâncias para nos chuparem os cobres! Se há tanta gente que acredita neles... Estou que não caibo na pele!
Vozes — Aí vem a barca! Aí vem a barca!Jeremias — A barca! (Correm todos para a borda do mar, exceto Jeremias.)Vejamos, primeiro, quem vem da cidade, para depois aparecer. Tenho cá minhas razões... (Sai pela direita. Nesse momento aparece a barca de vapor, que atraca à praia e toca a sineta. Principiam a saltar os passageiros, e entre eles, John e Bolingbrok, que se encaminham para a frente.)”
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