terça-feira, 28 de setembro de 2010

JANELAS ABERTAS

Na 190·°edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 26 de setembro de 2010, transmissão pela Rádio CLube de Valença 650 KHZ AM,cujo tema: A janela, o trem e a televisão" baseado no texto do professor Aloisio Franca da Rocha FIlho, publicado em Caderno Cultural A TARDE do dia 18 de novembro de 1995, apreciamos o belíssimo texto do Thyson Pereira que vive na cidade de Valença Bahia, cujo texto foi publicado em jornal local: Valença Agora


Quando a consciência não deseja mais compartilhar de certas escolhas que vivemos rejeitando, ficamos perdidos, entregues ao vento, mordidos, afastados, correndo perigo, algo maléfico de outros corroendo dentro de nós, nos fazendo regredir e procurar aquilo que nós deixamos no caminho.

Quando tomamos tal decisão, é o verdadeiro tempo perdido, a falta de convicção, da confiança em si mesmo, do amor próprio. Inevitavelmente nos vemos em um meio ainda maior de dúvidas, de coisas oferecidas sem nenhuma garantia; propostas vazias e cheias de interrogações. A idéia do dinheiro está muito clara nos dias de hoje, se você tem como se manter, você é visto com relevância, mas se não tem, fica a margem para uma dependência que vem acompanhada de uma imposição quase indireta – para muitos – de ser usado como um objeto desesperado.

A sociedade se movimenta de diversas formas e ao mesmo tempo de uma única forma. As pessoas vão e vem e muitas delas não sabem para que ou porque estão ali, em determinados lugares, desempenhando determinadas funções que lhe são impostas. Existe um desgaste por trás de algo que parece, a princípio, ser uma saída, um desgaste que tira o brilho das pessoas e impede que elas encontrem o espírito humano e mantenham – no caso de alguns – a visão de sonhar com um futuro melhor, um futuro que as leve a uma dimensão de vida alternativa, dentro dos seus planejamentos e objetivos.

As pessoas são de certa forma, usadas, e depois abandonadas com um salário de sobrevivência, mas o salário que ganham no final do mês não é suficiente para sua satisfação pessoal, de bem-estar, de levar os filhos à praia sem que estejam com a cabeça no trabalho e presas a responsabilidades que as sugam completamente. Sendo assim, vivem em um ciclo de vida artificial, onde trabalham, sustentam a família, vêem as notícias semanais, levam seus filhos para alguma diversão ou namorado/a, sempre presos a obrigações que os matam aos poucos.

Todos nós temos capacidade de desenvolver certas habilidades, porém, muitos não têm ou não buscam o acesso à cultura, a arte, que é um caminho para descobrir novos horizontes, para despertar a vontade de criar, pois, cada um tem o poder de criar, envolver, brilhar, mas falta estímulo, e na maioria das vezes, o mundo ao qual estão presas, as faz se distanciarem e dar as costas para tais oportunidades.

É um mundo de aparências, de viver para os outros e não para si mesmo. Todos são capazes de começar de novo. Para os jovens, vejo dois lados, que é o caminho que puxa para a necessidade de mostrar que realmente se tornaram adultos e que precisam desesperadamente estar no nível daquilo que eles vêem na TV, na própria sociedade. O outro lado é de esperar, esperar o momento certo para começar, analisar o que realmente faz sentido e o que realmente vale a pena, se fechar para esse mundo de desespero e se abrir para as coisas novas, para as coisas simples que se encontram tão perto de nós e que às vezes, não percebemos. Quando se está preso em um ciclo de obrigações e imposições é difícil, mas possível encontrar tempo para está aberto à cultura, para a possibilidade, que seja, de tentar escrever um poema, de pesquisar um bom livro, de procurar um bom filme, de tentar diversas coisas, que sim, podemos executar e nos envolver.

Em Valença, existem pessoas interessadas, que desempenham esse importante papel que mantém viva essa alternativa de vida, essa fuga das coisas escassas e desgastantes. Existem jovens e adultos que buscam estar abertos à diversidade da arte, das oficinas, das peças de teatro, de ocupações culturais. Com tudo, percebemos que o interesse externo é tão pouco quando poderia ser mais.

“ESCOLHAS” por Thison Pereira, integrante da “Oficina Luz Palavra e Som”

da Oficina Luz Palavra e Som, que articula cinema, música e produção textual,

no Centro de Cultura Olívia Barradas.

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