Folhas negras caem, rufam em profusão. O vento encrespa a água. Tempo, enruga
faces. Um vale revela
canyons, grutas:
em silêncio, exploramos o interior
destas montanhas: uma chuva fina, estranha,
começa a cair
e súbito dissipa-
o ruído áspero
de uma vespa.
Este é o céu, claro, como metal. E aquilo,
a fumaça abandonada por um trem, talvez. Flores
se dissolvem nos olhos, e nos debruçamos sobre velhas lendas
conferindo as pegadas de um animal desconhecido
A trilha termina num riacho
A água se surpreende com este vento todo
que vem do Oeste
e que agita a sinfonia das árvores.
Neblina nítida, colinas, um vapor neste espelho.
Num ponto qualquer da paisagem captamos
seus olhos verdes, mudos, fixos na relva úmida
Um animal e você contemplam do mirante
este milagre
a baía vazia
-a areia do dia exibindo sua rasante-
rochedos e distâncias, como antes,
animada pelas danças do vento
fazendo desta ausência
presenças manifestas em tudo:
chuva
que desaba
entre os olhos
abertos
da serpente.
Um flash
de luz
entre os bambus
:
o silêncio do sonho
traduzindo
uma imagem-movimento
que se desfaz
entre a verdade dos instantes.
Rodrigo Garcia Lopes
Para Henry David Thoreua
Un poema de Alina Diaconú
Há 5 dias
Nenhum comentário:
Postar um comentário