segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Na 204° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER

Na 204° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 16 de janeiro de 2011, transmissão pela Rádio CLube de Valença 650 Khz AM, apreciamos na abertura do programa o texto: Palavras de Celeste Martinez, contextualizando o tema referente a leitura do livro: A árvore que canta, o pássaro que fala e a fonte que rejuvenesce de Maté.

PALAVRAS

Muito além de um reino óptico onde as palavras são alimento para o sonho, existe alguém. E próximo a cada um de nós existe um desejo pronto a eclodir. Ponho-me frente ao reluzente vidro polido e ora é a mim que identifico noutras personagens indefinidos.


O mundo foi reduzido a uma janela que jamais se fechará e nem devolverá Alice de sua aventura.

Tentáculos de ilusão acaricia-nos por inteiro. Dia e noite. Noite e dia. E a primeira e única lição é não cerrar os olhos. Entregar-se!

Sim, muito além da relatividade - tempo e espaço - existe: " uma longa conversa sem fim, que deverá durar mil e uma noites".

Nesse idílio em que palavras tomam formas oníricas, em que palavras, são lavras do idelével após pronunciadas... Aí neste reduto, não-identificado, perceptível apenas aos imperativos, forjam-se ILÍADAS E ODISSÉIAS. Mata-se o Minotauro. Liberta-se Helena. E Ulisses mais uma vez retorna para sua Penélope.

Não conheço os teus olhos, nem qual cor eles reluzem ao fixar uma palavra minha em teu espelho de cristal. Ambos conhecemos a visualidade do sistema e sua maneira binária em decodificar palavras em signos.

Lá se vai um pensamento em busca de repouso. Pousa em tua lembrança e lá faz silenciosa morada por alguns segundos. Após voa. Junta-se a nuvens - inter-conexões-. Conexões e des-conexões. Entre uma conexão e outra.

E bebo o verbo que de tua boca transborda imperativamente: Faça! Vá! Fique! Prossiga! Deseje!

Deixo-os ficar por alguns segundos à margem de minha abstração. Dissolvo-os! Coagulo-os! Destilo-os pormenorizadamente através de minhas retinas e emfim deslumbro a figura paradísiaca do bem estar que só Sherazade é capaz de produzir em sua terapia da palavra.

Este é o espaço, além do reino óptico, onde me encontro. Janela escancarada para o INSTANTE.

Antes do antes. O Agora! O Já! A ação do verbo em transformar o beijo em mais uma palavra e a palavra em desejo.

Sim, muito além do reino da relatividade, existe " uma longa conversa sem fim que deverá durar mil e uma noites"



Celeste Martinez - escritora

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