![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMXtifqx9XtH1j67l9XVUUoeGdhXNvqM66aXWwPdTRLxawAz2-LhElHw7IenZhiVhE6kIgA8klsoPKu9Pl9XSvq7keQ86_0zrlKPyfk2RjtcIcw9gU33ddIOI-v_YSUWr-g5J5vPiHbOhq/s320/fagner+e+chico+buarque.jpg)
Traduzir-se
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almiça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte-
será arte?
Ferreira Gullar
Nenhum comentário:
Postar um comentário