segunda-feira, 25 de abril de 2011

Na 215° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER

Na 215° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 17 de abril de 2011, transmissão pela Rio Una FM 87,9 apreciamos na abertura do programa a fábula: As aves de rapina e os pombos de Monteiro Lobato, retirado do livro: Sítio do Pica-Pau Amarelo.

As aves de rapina e os pombos


A guerra dos rapinantes - quando isto foi? Há séculos. Há mil anos. Mas foi guerra tão terrível que até hoje se fala nela.
Brigaram as aves de rapina - águias, abutres, gaviões, milhafres, por causa de um veadinho novo. E separaram-se em campos contrários, rompidos em guerra franca. Durante meses o azul do céu virou arena de luta. Ora duelos singulares; ora ataques de um bandido contra outro; ora um grupo que agredia um inimigo escoteiro.
E adeus, paz do azul! Volta e meia era um corpo que caía, espedaçado a unhaços; ou penas que desciam em aspirais, ou gotas de sangue a pingar.
As aves pacíficas da terra, assustadas com aqueles horrores, deliberam intervir. E escolheram como mensageiro a pomba.
-Vá você que é sinaleira da paz, e reduza à razão aqueles loucos furiosos.
A pombinha foi conferenciar com os chefes, e com tanta eloquência falou que eles a ouviram e assinaram um tratado, comprometendo-se a nunca mais se devorarem uns aos outros.
Mas o que depois disso sucedeu degenerou em calamidade para os apaziguadores. Harmonizados entre si, os rapinantes pouparam-se uns aos outros, mas deram de empregar toda a força dos bicos e todo o fio das unhas contra as pobres pombas. E foi uma chacina sem tréguas que dura até hoje e durará eternamente.
E as pombinhas entraram a murmurar, num queixume triste:
-Que tolice a nossa de restabelecer a harmonia entre os rapinantes! A boa política mandava fazer justamente o contrário- dividi-los ainda mais....

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