Na 243° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 30 de outubro de 2011, domingo, das 8 às 9 da manhã, transmissão Rio Una FM 87,9 apreciamos um dos tantos causos do Rolando Boldrin, retirado da revista BRASIL almanaque de cultura popular.
Gervário e o sino
O caboclo Gervásio, lá dos fundões do interior de São Paulo, é um tipo amalandrado. Trabalha duro na roça, ama a mulher, mas gosta de tomar a marvada no fim do dia. A comadre é que não gosta muito das bebedeiras do marido, mas toda vez ele vai dando um jeito de dobrar a coitada. Teve um dia que Gervásio foi saindo pé ante pé, rumo ao bar mais perto de casa. A mulher já foi logo avisando:
- Ocê vai, Gervário, mas meia-noite eu fecho a porta.
- Pode confira, docinho. Antes da meia-noite eu tô aqui.
Ele se foi. Só que emenda conversa com um, conta um causo de pescador pra outro, o tempo foi indo. Quando viu, já era tarde demais. O sujeito vai pra casa, chega perto da porta devagar e, quando vai bater, o sino da igreja toca uma vez. E dá-lhe aquele barulho imponente que só igreja do interior tem, que ecoa nas montanhas lá longe. Ele arrisca bater na porta mesmo assim.
-Eu não falei que ocê não entrava depois da meia-noite? Já é uma da manhã, seu bebum.
-É nada, mulher. Bateu 10 horas agorinha mesmo.
- Que nada, homem! O sino bateu uma vez só, não ouviu?
- E ocê queria que ele batesse o "0" como?
Podia estar bêbado, mas Gervásio era malandro que só vendo.
Un poema de María Paula Alzugaray
Há 2 meses
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