DO DIA EM QUE FALEI DE UMA VEZ
Primeiro eu pensei: Será que devo falar alguma coisa? Porque isso não é coisa muito fácil, visto que o assunto é delicado e constrangedor. E, moço, tu é tão bonito com esse cabelo jogado pra t...rás, e essa bermuda xadrez... sem falar no teu perfume maravilhoso que fica no ar. Sério, eu realmente não estaria incomodada em passar o resto dos meus dias aqui, na sua presença.
E é que, sabe moço, não é muito fácil abordar alguém do nada pra dizer uma coisa assim. É preciso escolher as palavras e o momento exato... Daí que o momento exato é quando começa a incomodar, causar calafrios e fazer a gente pensar que nunca mais vai parar de doer. Sim, eu disse doer, moço. Tá doendo muito.
Te vi se aproximando, mas não sabia que seria assim... com tanta força, sabe? Sei que a culpa não é tua, afinal quem ficou atrás de ti fui eu, certo? Então eu precisava arcar com as consequências que viessem, mas volto a dizer: tá incomodando.
Eu podia ficar em silêncio, guardar isso pra mim, pensar em outra coisa, fingir que nada disso está acontecendo e esperar passar. Dizem que quando a gente ignora, a sensação se esvai mais rapidamente. Só que não. Eu não consegui. Porque, cara, não dá mais pra aguentar...
E olha, eu sei que eu nem lhe conheço e pode parecer repentino e até constrangedor, que eu tenha lhe cutucado aqui, do nada, nessa fila de banco, só pra falar isso, assim. Mas, voltando ao ponto, vou dizer de uma vez, sem mais rodeios, tá foda, não posso ficar sem falarr, é demais, então assim sem querer ser invasiva, absurda ou irritante: O moço poderia chegar um pouco pra lá? Tá pisando no pé... Obrigada.
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