sábado, 3 de julho de 2010

Hora dos Causos

Na 180° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 27 de junho de 2010, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 KHZ AM oferecemos o causo: O medo de onça, de Rolando Boldrin. O livro utilizado faz parte do KIT PONTOS DE LEITURA conquistado pelo ALACAZUM quando do I CONCURSO PONTOS DE LEITURA 2008: HOMENAGEM A MACHADO DE ASSIS DO GOVERNO FEDERAL.

O medo de onça


Dentre todos os mentirosos que eu conheci, o mais engraçado deles era o Zé Farol. Esse tinha um jeito especial de inventar suas histórias incríveis.
Como todo mentiroso, causo de onça era o que não faltava ao Zé Farol. Tinha um punhado de mentira, cada uma melhor do que a outra.
Nesse causo que passo a contar agora, ao contrário de todo mentiroso que começa contando vantagem, ele começou falando pra gente assim:
ZÉ FAROL- Óia gente. Esta que eu vou contar agora foi fogo, por que eu sempre tive muito medo de onça. E num é que justamente uma das grande foi a que apareceu um dia que eu fui caçá? Apois bem: quando eu vi a marvada, carpi os pé. Larguei espingarda, larguei tudo ali mêmo e saí desembestado mata afora.
OUVINTE; E daí, Zé? Conseguiu se livrar da onça?
ZÉ FAROL: Que nada. Pois num é que a mardita garrô corrê atrás de mim feito uma doida. E eu lá no meio daquele mato... correndo. E a onça atráis, pega num pega... tava chegando nos meu carcanhá.
OUVINTE 2- Conta logo, Zé! Quero vê como ocê se livrô dessa bitela...
ZÉ FAROL- Carma, gente. Eu chego lá. Pois bem, corre que corre, a onça quase me arcançando... De repente, eu trupiquei nus gravetos e tium... Caí de boca no chão. Daí, eu desesperado me virei de barriga para riba, par móde num morrê cumo um covarde bruço pro chão. A onça veio vindo... vindo... me oiando... me oiando... e quando chegou pertinho de mim, que tremia... ela ponhô a pata direita em riba do meu peito... abriu aquele boção bem na minha cara e roncô bem arto... anssim... GREEEEEEEEE (Zé imitando a onça). O baruio do ronco bravo dela acho que dava pra ouví no arraiá.
TODOS- (muito interessados) - E daí, Zé? O que que ocê fez?
ZÉ FAROL- Me borrei tudo! Me sujei na carça.
OUVINTE 1- Pois agora gostei de vê, Zé. Agora ocê provou que num mente. Pois com uma onça dessas com a pata no meu peito, até eu borrava. Me sujava as carça também.
ZÉ FAROL- (calmo) - Não gente. Eu tô falando que me borrei, mas foi agora quando eu imitei o ronco arto da onça: GREEEEEEEEEEEE

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