Na 211° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 20 de março de 2011, transmissão pela Rio Una FM 87,9 apreciamos o belíssimo poema de Konstantivos Kaváfis (1863- 1933 ) não publicou nenhum livro em vida, à exceção de dois pequenos volumes de poemas com 16 e 24 folhas, respectivamente. Sua única obra é póstuma e reune os 154 pomes que ele reescreveru repetidas vezes enquanto viveu. De poesia moderna da Grécia (seleção, tradução do grego, préfacio, textos críticos e notas de José Paulo Paes) Ed. Guanabara, 1986.
Á ESPERA DOS BÁRBAROS
O que esperamos na ágora reunidos?
É que os bárbaros chegam hoje.
Por que tanta apatia no senado?
Os senadores não legislam mais?
É que os bárbaros chegam hoje.
Que leis hão de fazer os senadores?
Os bárbaros que chegam as farão.
Por que o imperador se ergueu tão cedo
e de coroa solene se assentou
em seu trono, à porta magna da cidade?
É que os bárbaros chegam hoje.
O nosso imperador conta saudar
o chefe deles. Tem pronto para dar-lhe
um pergaminho no qual estão escritos
muitos nomes e títulos.
Por que os diis cônsules e os pretores
usam togas de púrpura, bordadas,
e pulseiras com grandes ametistas
e anéis com tais brilhantes e esmeraldas?
Por que hoje empunham bastões tão preciosos
de ouro e prata finamente cravejados?
É que os bárbaros chegam hoje,
ais coisas os deslumbram.
Por que não vêm os dignos oradores
derramar o seu verbo como sempre?
É que os bárbaros chegam hoje
e aborrecem arengas, eloquências.
Por que subitamente esta inquietude?
(Que seriedade nas fisionomias")
Por que tão rápido as ruas se esvaziam
e todos voltam para casa preocupados?
´Por que é já noite, os bárbaros não vêm
e gente récem-chegada das fronteiras
diz que não há mais bárbaros.
Sem bárbaros o que será de nós?
Ah! eles eram uma solução.
Konstantinos Kaváfis (1863-1933)
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