João nasceu numa família muito pobre. O pai e a mãe não sabiam ler e escrever. Davam duro, de sol a sol, para não deixar faltar a comida na mesa. A família vivia num casebre simples, bem parecido com as favelas dos dias atuais. Nem escritura do imóvel eles possuíam.
Ao completar sete anos, idade de ir para a escola, João foi trabalhar na roça com os pais. O menino se virava como dava: foi vendedor de refresco, catou papel pelas ruas, oferecia banana nas casas da vizinhança. Quando cresceu, foi trabalhar como feirante.
Até que um dia os livros entraram na vida dele. Desde então, João começou a ler e a escrever sem parar. Aos 16 anos, publicou seu primeiro livro. Sempre na escola pública, João primeiro descobriu os clássicos. Leu Dostoiévski ainda jovem e permitiu que cada um dos autores fosse, aos poucos, entrando em sua vida.
Quando se deu conta, já havia entrado pra Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco, em São Paulo, a mais famosa do País. Ficou moço e mesmo assim não deixou de ler. E tampouco de evoluir, seja como pessoa, seja na carreira profissional que abraçou.
Hoje em dia, João é juiz de Direito. Dos bons. Publicou outros livros com os poemas que escreveu pela vida afora. Um outro é sobre Direito, sua especialidade. Embora, com o passar dos anos, o tempo tenha ficado escasso para ele, até hoje é um leitor inveterado.
Às vezes, dizem que João faz pequenas revoluções por onde passa. Nas varas judiciais por onde já trafegou, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, João - que há um bom tempo se tornou o Doutor Gandini - criou inúmeros projetos que têm feito a Justiça paulista operar melhor. Sempre que pode, tem estado à frente de projetos sociais que contemplam os menos favorecidos.
Poeta e juiz, João é um caso singular do extraordinário poder de transformação dos livros.
BRASIL QUE LÊ- A REVISTA DO OBSERVATORIO DO LIVRO E DA LEITURA
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