PARTEIRA DE ESPINHOS, MÃE DE TEUS FILHOS
Salvo o sabor que a boca deduz,
a sedução é um tormento
aos póros úmidos.
A pele diz de si a seu amante.
A cor faz-se bela como é.
Do tempero, o reino que apimenta.
Suco vermelho de malagueta
no colo pulsante que atordoa...
Ah! E o perfume?
Rasga a penumbra,
enebria o crepúsculo,
faz a lua trêmula no espaço
como se reflete no mar.
E se cheira assim, que avance
rosa, crisálida, nasciso, margarida.
O jardineiro inquieto sorri,
meio abismado com a cena:
A flor lia Dostoiévski como
compunha uma lira.
A porta estandarte balançava
o lábaro e esperava Rainer Maria Rilke.
Pronto. A noite estava completa em Berlim,
fitada entre espinhos de quiabento,
filosofia de guris que com propriedades de um
Dom Quixote faziam moinhos de vento.
O sertão vai muito além dos retalhos,
das esteiras, do cangaço, do xique-xique.
Os sertanejos - filhos de parteiras - sabem partir pra bem perto:
Das mães parideiras para o mundo!
2 comentários:
Profundo.
"Os sertanejos - filhos de parteiras - sabem partir pra bem perto:
Das mães parideiras para o mundo!"
Muito bom o seu blog.
Estou seguindo, é coisa d eprimeira. É merecido. Parabéns.
escarceu-pre-datado.blogspot.com
Jádison Coelho, muito obrigada por sua visita ao blog ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER. Realmente a poesia do Moacir Eduão Farias tem uma dramaturgia e expressividade belíssima.
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