Na 412° edição do
programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, apresentado
pela escritora Celeste Martinez , transmissão ao vivo pela emissora
de rádio comunitária, Rio Una FM 87,9 no dia 19 de julho de 2015,
das 8 às 9 h, apreciamos o conto de Hans Andersen, retirado do livro; Tesouro da Juventude, livro ofertado pela diretora Carla Bittencout, da escola Municipal Maria Emília Gene Pirajá, em Barra Grande, Maraú, Bahia
Brinquedo de
Gigantes
Em tempos muito
longínquos havia na Alemanha gigantes nas montanhas. Numa delas um
grande castelo, chamado Burg Niedeck e situado num dos pontos mais
altos da Alsácia, servia de residência ao mais poderoso dos
gigantes, que ali vivia com a esposa e família. Este gigante tinha
uma filha chamada Frederica, tão alta como a torre da igreja do
lugar vizinho.
Era uma criatura
extremamente curiosa, amiga de meter o nariz por toda a parte e
indagar de tudo e observar tudo que lhe tivesse proibido de tocar.
Deixavam-ba andar pelas montanhas e brincar nas florestas e ela
procurava sempre descer ao vale onde moravam os habitantes do país,
os quais na sua maioria, eram lavradores dedicados à cultura dos
cereais e da vinha, a que os gigantes não se podiam dedicar. Estes
viviam do trabalho daqueles. Dizia a tradição que no dia em que um
campones descobrisse o caminho para o castelo de Burg Niedeck,
desapareceriam, como por encanto, todos os gigantes; mas Burg Niedeck
estava situado num ponto quase inacessível e dificilmente se poderia
lá chegar. Nunca ninguém tentara ir até ali.
Certo dia estava
Frederica entretida a brincar a pouca distância do castelo, banhada
pelos esplêndidos raios de sol.
O frondoso vale era
fresco e verdejante e, não havendo ninguém que a impedisse, começou
a descer a montanha.
De repente, e não
sem grande surpresa, viu um camponês lavrando a terra com um arado
cujos ferros brilhavam feridos pela luz do sol e ao qual estavam
atrelados dosi lindos cavalos.
Do peito de
Frederica escapou um grito de admiração e alegria, e ajoelhou-se
junto ao grupo que tanto espanto lhe causava.
- Que linda coisa!
Pensou ela.
- Vou levar para
casa, para brincar.
Contentíssima,
estendeu o lenço no chão, levantou com muito cuidado o arado e os
cavalos e fez o mesmo com o lavrador, metendo tudo dentro do lenço;
depois agarrou-o pelas quatro pontas e subiu, a corrrer, a montanha
com inexcedível agilidade e alegria. O pai estava à porta da casa
e, quando a viu, chegar, perguntou:
- Olá, menina, que
te faz tão contente?
- Olha, papai –
disse Frederica, estendendo o lenço. Encontrei um novo brinquedo;
uma coisa que é uma maravilha.
E agarrou o arado,
nos cavalos e no no camponês, mas o velho gigante franziu o sobrolho
e moveu, contrariado a cabeça.
- Que fizeste! Só
tens ideias tolas – ralhou ele- O camponês não é um brinquedo,
nem essa máquina. Nunca ouviste dizer que assim que um lavrador
chegue a Burg Niedeck, acabam para sempre os gigantes? Vai
imediatamente levá-los para o vale e veremos se assim o encanto não
desaparece.
Frederica foi, com
tristeza, levar para o vale o arado, os cavalos e o lavrador. Mas
naquela mesma noite desapareceram para sempre todos os gigantes.