sábado, 10 de janeiro de 2009

Flor Perigosa

AH! QUEM, TRÊMULO E PÁLIDO, MEDITA
NO TEU PERFIL DE ÁSPIDE TRISTE, TRISTE,
NÃO SABE EM QUANTO ABISMO ESSA INFINITA
TRISTEZA AMARGA SINGULAR CONSISTE.
TENS TODO O ENCANTO DE UMA FLOR, O ENCANTO
SECRETO DE UMA FLOR DE VAGO AROMA...
MAS NÃO SEI QUE DE MORNO E DE QUEBRANTO
VEM, LASSO E LANGUE, DESSA NEGRA COMA.

ÉS DAS ORIGENS MAIS DESCONHECIDAS,
DE UMA LONGÍNQUA E NEBULOSA INFÂNCIA.
A VISÃO DAS VISÕES INDEFINIDAS,
DE ATRA, SINISTRA, MÓRBIDA ELEGÂNCIA.

COM FLOR, ENTRETANTO, ÉS BEM AMARGA!
PÓLENS CELESTES O TEU SER INUNDAM,
MAS NINGUÉM SABE A ONDA NERVOSA E LARGA
DOS INSETOS MORTAIS QUE TE CIRCUNDAM.

QUEM TEU AROMA DE MULHER ASPIRA
FICA ENTRE ÂNSIAS DE TÚMULO FECHADO...
SENTE VERTINGENS DE VULÇÃO, DELIRA
E MORRE, SUTILMENTE ENVENENADO.

TEU OLHAR DE FULGÊNCIAS E DE TREVA,
ONDE AS VOLÚPIAS A PECAR SE AJUSTAM,
GUARDA UM MISTÉRIO QUE ENVILECE E ELEVA,
CAUSA DELÍQUIOS E EMOÇÕES QUE ASSUSTAM.

ÉS FLOR, MAS COMO FLOR ÉS PERIGOSA,
DO MAIS SOMBRIO E TÉTRICO PERIGO...
FENÔMENOS FATAIS DE LUZ ANCIOSA
VÃO PELAS NOITES SEGREDAR CONTIGO.

VÃO SEGREDAR QUE ÉS FEIA E QUE ÉS ESTRANHA
SENDO FEIA, MAS SENDO EXTRAVAGANTE,
DE ENORME, DE ESQUISITA, DE TAMANHA
INFLUÊNCIA DE ECLIPSE RADIANTE...

SEI! NÃO NASCESTE SOB A LUZ QUE ONDEIA
NA BELEZA E NOS ASTROS DA SAÚDE;
MAS SENDO ASSIM, MORBIDAMENTE FEIA,
O TEU SER FEIA TORNA-SE VIRTUDE.

ÉS FEIA E DOENTE, SURGES DESSE MISTO
DA EXÓTICA, DA INSANA, DA FUNESTA
AURÉOLA IDEAL DOS MÁRTIRES DE CRISTO
NAQUELA DOR ABSURDAMENTE MESTA.

VENS DE LÁ, VENS DE LÁ – FUNDOS REMOTOS
ADELGAÇADOS COMO OS VÉUS DE UM RIO...
ABRINDO DO MAGOADO E VELHO LÓTUS
DO SENTIMENTO, TODO O SOL DOENTIO...

VENS DE LÁ, VENS DE LÁ – FUNDOS REMOTOS
ADELGAÇADOS COMO OS VÉUS DE UM RIO...
ABRINDO DO MAGOADO E VELHO LÓTUS
DO SENTIMENTO, TODO O SOL DOENTIO...

CRUZ E SOUSA




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