No País dos Ianques, de Adolfo Caminha
"...Tinha cessado a faina geral de suspender âncora. Os marinheiros estavam todos em seus postos, alerta à primeira voz, silenciosos, enfileirados a bombordo e a boreste3, alguns convenientemente distribuídos na popa, na proa e nas cobertas do cruzador.Noite escura e chuvosa, cheia de nevoeiro e tristeza, fria, sem estrelas, cortada de clarões longínquos. Tão escura que se não distinguia um palmo diante do nariz, tão feia que os bicos de gás da cidade, soturna e quieta, bruxuleavam palidamente com a sua luz trêmula e vacilante...E contudo estávamos a 19 de fevereiro, em plena estação calmosa, no rigor do verão."
Psicologia de um vencido, de Augusto dos Anjos
“Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Produndissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme -- este operário das ruínas --
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!”
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