terça-feira, 31 de março de 2009

121° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER

Na 121° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 29 de março de 2009- dia em que se comemorou o aniversário de fundação da cidade de São Salvador da Bahia de Todos os Santos, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 KHZ AM, apreciamos muitas poesias, dicas ecológicas, fábula, informações sobre a fruta abacaxi, contamos com a presença do jovem Thyson Pereira, apreciador da arte e principalmente da sétima arte, onde nos brindou com a leitura de poema e colaborou na interpretação da fábula: "o lobo e o cão"- fábula de Esopo, a produção musical ficou a cargo de Gugui Martinez. Contamos ainda com a presença da estudante de cinema Violeta. A audiência continua crescendo e a participação do ouvinte-leitor impressiona pela boa vontade em colaborar com informações.

ALACAZUM PARA VOCÊ!

Cruz e Sousa


João da Cruz e Sousa, considerado o mestre do simbolismo brasileiro, nasceu em Desterro, hoje cidade de Florianópolis - SC, no dia 24 de novembro de 1861.

INEZ

Este poema foi lido na 121° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER

Tem teu nome a estranha graça
De uma galga verde, estranha.
Certo langor te adelgaça,
Certo encanto te acompanha.

És velada, quebradiça
Como teu nome é velado.
Certa flor curiosa viça
No teu corpo edenizado.

Chamam-te INEZ dos quebrantos,
A galga verde, a felina,
Amaranto de amarantos,
Das franzinas a franzina.

Teus olhos, langues aquários
Adormentados de cisma,
Vivem mudos, solitários
Como uma treva que abisma.

Tua boca, vivo cravo
Sanguíneo, púrpuro, ardente,
De certa forma tem travo
Embora veladamente.

És lírio de velho outono,
Meiga INEZ, e de tal sorte
Que já vives no abandono,
Meio enevoada da morte.

Teu beijo, do rosmaninho
Tem o sainete amargoso...
Lembra a saudade de um vinho
Secreto, mas venenoso.

Por um mistério indizível
Não te é dado amar na terra.
Vem de longe o indefinível.
Que os teus silêncios encerra!

Deus fechou-te a sete chaves
O coração lá no fundo...
Mas deu-te as asas das aves
Para irradiares no mundo.



Cruz e Sousa


Manuel Bandeira


Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho nasceu no Recife no dia 19 de abril de 1886, na Rua da Ventura, atual Joaquim Nabuco, filho de Manuel Carneiro de Souza Bandeira e Francelina Ribeiro de Souza Bandeira.

Canção do vento e da minha vida

Tomaso Marcolla "Vento" aquarela

Este poema foi lido na 121° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER



O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.

O vento varria as luzes
O vento varria as músicas,
O vento varria os aromas...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De aromas, de estrelas, de cânticos.

O vento varria os sonhos
E varria as amizades...
O vento varria as mulheres...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres.

O vento varria os meses
E varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.


Manuel Bandeira




Carlos Drummond de Andrade


Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira do Mato Dentro - MG, em 31 de outubro de 1902.

A Lagoa

Lagoa de Jacarepiá

Este poema foi lido na 121° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER

Eu não vi o mar.
Não sei se o mar é bonito,
Não sei se ele é bravo.
O mar não me importa.

Eu vi a lagoa.
A lagoa, sim.
A lagoa é grande
E calma também.

Na chuva de cores da tarde que explode
A lagoa brilha
A lagoa se pinta
De todas as cores,
Eu não vi o mar.
Eu vi a lagoa.



Carlos Drummond de Andrade

O que escutamos na 121° edição do ALACAZUM?

Na 121° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, que foi ao ar no dia 29 de março de 2009, transmissão pela Rádio Clube de Valença AM 650 Khz, escutamos as seguintes músicas:


1-Bitkids- A felicidade existe
2-Abba- Dancing Queen
3-O Rappa- 7 vezes
4-Vivaldi- o outono
5-Astor Piazzola- Otono porteño
6-Zélia Duncan- Quase sem querer
7-Beatles- Yellow Submarine
8-Mateus Aleluia- Salvador negroamor
BG- Serrinha
BG- Ed Lincon – São Salvador

Dica ecológica

Para preservar a água do planeta, não é preciso deixar a sujeira reinar. Com mais consciência e pequenas mudanças de comportamento no seu dia-a-dia, é possível diminuir — e muito — a quantidade de água que você gasta ao longo do ano. Então, comece agora e ajude a Terra a continuar sendo um planeta cheio de água.


Reutilize o papel


O que isso tem a ver com economizar água? É simples: para que 1 quilo de papel seja fabricado, são usados 540 litros de água. Ou seja, para fabricar 500 folhas (cerca de dois quilos), são necessários mais de mil litros de água. Então, use a folha dos dois lados. Assim, você precisará de menos papel e economizará água.



Fonte: Planeta Sustentável

Boletim PNLL n° 148 de 22 a 29 de março de 2009

Academia Brasileira de Letras lançou no dia 19 o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) incorporando o Acordo Ortográfico vigente a partir de 1º de janeiro deste ano. São cerca de 350 mil vocábulos organizados por ordem alfabética. De acordo com o presidente da ABL, Cícero Sandroni, "esta edição se apresenta aumentada em seu universo lexical, corrige falhas tipográficas e oferece informações ortoépicas sobre possíveis dúvidas resultantes do emprego de algumas das normas ortográficas".

Ministro faz acordo para aumentar o número de bibliotecas

Na reta final das ações que irão zerar ainda em 2009 os municípios brasileiros sem bibliotecas, o ministro Juca Ferreira conquistou o apoio de três entidades: a Unesco, a fundação de Bill Gates e a federação internacional de bibliotecários. No acordo, além das entidades participarem do esforço do governo, fechou-se também que a parceria incluiria o treinamento de pessoas destinadas a trabalhar em bibliotecas digitais, com acervos computadorizados e integrados.

103 milhões de livros didáticos são entregues em todo Brasil

Depois de cinco meses de trabalho, o Ministério da Educação entregou 103 milhões de livros didáticos a 140 mil escolas públicas brasileiras. Como registra a revista Veja, a operação envolveu milhares de viagens, inclusive, de carretas, barcos e carroças - "não há no Brasil nenhum programa oficial que envolva uma distribuição tão extensa nem demande logística tão complexa". A matéria lembra ainda que "além da logística, outro aspecto que merece atenção no programa brasileiro diz respeito ao sistema de escolha dos livros, que preserva o direito do professor de optar pelos títulos que julgar melhores". Já o site do MEC informa que também serão distribuídos exemplares do novo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa às escolas públicas.


Leitura


Com o objetivo de fornecer ao MinC e ao MEC subsídios teóricos e práticos para a condução de programas de formação de mediadores de leitura, foi realizado em São Paulo, nos dias 12 e 13 de março, um seminário que reuniu autoridades, educadores, escritores, professores e vários especialistas. Eles debateram, entre outras questões, como trabalhar a leitura também fora da escola, o desafio de se formar um professor-leitor, o esforço do PNLL e a formação de mediadores nas áreas rurais.

Quadro: Desafio


Na 121° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, que foi ao ar no dia 29 de março de 2009- Data em que se comemora o aniversário de fundação de Salvador- Bahia, oferecemos como desafio para a conquista de uma caixa de chocolate, oferecimento da ouvinte-leitora Rosa (costureira) que vive na rua 2° travessa Tancredo Neves, na cidade de Valença-Bahia, a seguinte pergunta: Quantos anos completa a cidade de São Salvador da Bahia de Todos os Santos. A participação do público foi bastante expressiva.



ANIVERSÁRIO DE SÃO SALVADOR DA BAHIA DE TODOS OS SANTOS

São Salvador da Bahia de Todos os Santos é uma cidade brasileira, capital do estado da Bahia e primeira capital do Brasil. Fundada no dia 29 de Março de 1549 por Tomé de Sousa. Completando 460 anos de fundação .A Cidade do São Salvador da Bahia de Todos os Santos foi a capital, e sede da administração colonial do Brasil até 1763. O lema da sua bandeira- e assim a pomba voltou a arca- Os habitantes são chamados de soteropolitanos, gentílico criado a partir da tradução do nome da cidade para o grego: Soterópolis, ou seja, "cidade do Salvador". Salvador é uma metrópole nacional com quase três milhões de habitantes, sendo a cidade mais populosa do Nordeste, a terceira mais populosa do Brasil e a oitava mais populosa da América Latina (superada por São Paulo, Cidade do México, Buenos Aires, Lima, Bogotá, Rio de Janeiro e Santiago).


A cidade de Salvador era antigamente chamada de Bahia, inclusive por moradores do próprio estado. Também já recebeu alguns epítetos, como o de "Capital da Alegria", devido aos enormes festejos populares, como o seu carnaval, e "Roma Negra", por ser considerada a metrópole com maior percentual de negros localizada fora da África. Salvador em termos de religião é conhecida por ter 365 igrejas católicas, uma para cada dia do ano. E a cidade do Pelourinho, Igreja do Bomfim, do Elevador Lacerda, dos Filhos de Gandi, do farol da barra, do carnaval, das bela praias.

Abacaxi



Na 121° edição do ALACAZUM informamos sobre o abacaxi.

O abacaxi , origina-se da América tropical e subtropical ao que parece do sul do Brasil.. Provavelmente, as atuais variedades cultivadas descendem de abacaxizeiros selvagens ali existentes. Não se sabe, todavia, quando, onde e como essa domesticação se verificou, mas, a 4 de novembro de 1493, Colombo e seus marinheiros descobriram o abacaxizeiro em Guadalupe (região do Caribe), nas Pequenas Antilhas.

Abacaxi ou ananás é uma planta monocotiledônea da família das bromeliáceas, subfamília Bromelioideae. Os abacaxizeiros cultivados pertencem à espécie Ananas comosus, que compreende muitas variedades frutíferas. Há também várias espécies selvagens, pertencentes ao mesmo gênero.

O pé de abacaxi é planta semiperene, que alcança um metro de altura. Primeiro produz um único fruto, situado no ápice; depois, com a ramificação lateral do talo, aparecem outros frutos, de modo que a fase produtiva pode prolongar-se por vários anos. Quando adulto, é constituído de raízes, talo (caule), folhas, frutos e mudas.


A inflorescência é uma espiga, formada de flores completas, cada uma localizada na axila de uma bráctea. O fruto é composto, do tipo sorose, e resulta da coalescência de um grande número de frutos simples (100 a 200), do tipo baga, denominados frutilhos, os quais estão inseridos num eixo central, coração ou miolo, em disposição espiralada e intimamente soldados uns aos outros. No ápice do fruto existe um tufo de folhas – a coroa – resultante do tecido meristemático apical que a planta possui desde a sua origem. A conexão do fruto com o talo da planta é feita através de um pedúnculo.


A casca do abacaxi é formada pela reunião das brácteas e sépalas das flores. Logo abaixo da casca, inseridos na periferia de depressões em forma de taça, podem ser encontrados restos de pétalas e de estames, enquanto de cada uma dessas depressões aparece um vestígio de estilete. Na superfície de um fruto descascado de um modo pouco profundo, os restos de estiletes dão idéia de espinhos. Por outro lado, quando o descascamento é feito de modo mais profundo, a superfície mostra-se toda perfurada, por ficarem expostas as lojas dos ovários dos frutilhos. Dentro de tais lojas, em se tratando de fruto de variedade cultivada, geralmente são encontrados apenas óvulos abortados, pois a formação de sementes é rara, por serem as flores auto-estéreis.

Fonte: wikipédia

Propriedade do abacaxi

1- Diurético.
2- Riquíssimo em vitamina C entre suas propriedades nutricionais estão o BETACAROTENO (pro vitamina A)
3- Vitaminas do complexo B e minerais como potássio, manganês e cálcio.
4- Contem uma poderosa enzima a BROMELINA que pode ajudar na redução de inflamações de muitas causas e ajudar na digestão
5- Tem pouca caloria ( 52 calorias em cada 100 gramas)
6- Ajuda a dissolver coágulos sanguineos
7- Reduzir inflamações
8- Acelera a cicatrização de tecidos e na digestão
9- É anti viral, anti bacteriano e um bom alimento para prevenir a osteoporose e as fraturas ósseas.

Suco de casca de abacaxi com hortelã

1- Cascas de um abacaxi grande
2- Folhas de Hortelã a gosto
3- Gelo


Deixe as cascas do abacaxi de molho em água filtrada, dentro da geladeira, por um dia. Depois é só bater as cascas do abacaxi com hortelã e gelo e adoçar a gosto. Coe antes de beber. Se quiser pode acrescentar um copo (tipo americano) com suco natural de acerola.

Expressão Popular: Descascar abacaxi

Na 121° edição do ALACAZUM informamos sobre a expressão popular: "Descascar Abacaxi", cujo significado é resolver um problema.
A expressão, veio da dificuldade de se descascar um abacaxi. Enquanto outras frutas são facilmente descascadas, a exemplo da laranja, tangerina, maçã, pêssego, etc, o abacaxi, necessita uma faca. Dessa maneira o ditado passou a designar um problema de difícil solução. Em Pernambuco, está expressão designa a pessoa que dança mal.

Fábula de Esopo: o lobo e o cão

Esta fábula foi lida na 121° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER



Encontraram-se na estrada. Um cão e um lobo. E este disse:
-Que sorte amaldiçoada! Feliz seria, se um dia como te vejo me visse. Andas gordo e bem tratado, vendes saúde e alegria. Ando triste e arrepiado, sem ter onde cair morto! Gozas de todo o conforto, e estás cada vez mais moço. E eu, para matar a fome, nem acho às vezes um osso! Esta vida me consome... Dize-me tu, companheiro: Onde achas tanto dinheiro?

Disse-lhe o cão:
“Lobo amigo! Serás feliz, se quiseres deixar tudo e vir comigo. Vives assim porque queres... Terás comida à vontade, terás afeto e carinho, mimos e felicidade, na boa casa em que vivo!

Foram-se os dois. Em caminho, disse o lobo, interessado:
Que é isto? Por que motivo tens o pescoço esfolado?
-É que, às vezes, amarrado me deixam durante o dia...

-Amarrado? Adeus amigo! (disse o lobo) Não te sigo! Muito bem me parecia que era demais a riqueza... Adeus! Inveja não sinto: Quero viver como vivo! Deixa-me antes com a pobreza! Antes livre, mas faminto, do que gordo, mas cativo!


Transfiguração



Este poema foi lido na 121° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER


Venho de longe, trago o pensamento
Banhado em velhos sais e maresias;
Arrasto velas rotas pelo vento
E mastros carregados de agonias.

Provenho desses mares esquecidos
Nos roteiros de muito abandonados
E trago na retina diluídos
Os misteriosos portos não tocados.

Retenho dentro da alma, preso à quilha
Todo um mar de sargaços e vozes,
E ainda procuro no horizonte a ilha

Onde sonham morrer os albatrozes...
Venho de longe a contornar a esmo,
O cabo das tormentas de mim mesmo.


Paulo Lébeis Bomfim, nasceu na cidade de São Paulo, no dia 30 de setembro de 1926. É um poeta brasileiro, membro da Academia Paulista de Letras, conhecido como "O Príncipe dos Poetas Brasileiros".

Gabriela Mistral



  • Gabriela Mistral foi o pseudónimo escolhido por Lucila de María del Perpetuo Socorro Godoy Alcayaga, nascida em Vicuña, no dia 7 de abril de 1889 e falecida na cidade de Nova Iorque, no dia 10 de janeiro de 1957.
  • Foi uma poetisa, educadora, diplomata e feminista chilena.

Fonte: wikipédia

Dá-me a tua mão

Este poema foi lido na 121° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER

Dá-me a tua mão e dançaremos;
Dá-me tua mão e me amarás.
Como única flor seremos,
Como uma flor, e nada mais...
O mesmo cantaremos,
E ao mesmo passo bailarás.
Como uma espiga ondularemos,
Como uma espiga, e nada mais.
Te chamas Rosa e eu Esperança,
Mas teu nome esquecerás,
Porque seremos apenas uma dança
Numa colina e nada mais...


Gabriela Mistral

João Cabral de Melo Neto







João Cabral de Melo Neto nasceu na cidade de Recife - PE, no dia 09 de janeiro de 1920, na rua da Jaqueira (depois Leonardo Cavalcanti), segundo filho de Luiz Antônio Cabral de Melo e de Carmem Carneiro-Leão Cabral de Melo.

Fonte:http://www.releituras.com/joaocabral_bio.asp


Retrato: por Percy Deane

segunda-feira, 30 de março de 2009

Tecendo a manhã



Poema lido na 121° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER



"Um galo sozinho não tece a manhã:

ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito
que ele e o lance a outro:
de um outro galo que apanhe o grito
que um galo antes e o lance a outro;
e de outros galos que com muitos outros galos
se cruzam os fios de sol de seus gritos de galo
para que a manhã,
desde uma tela tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela,
entre todos,
se erguendo tenda,
onde entrem todos,
no toldo (a manhã) que plana livre de armação.
A manhã,
toldo de um tecido tão aéreo que,
tecido, se eleva por si: luz balão".

João Cabral de Melo Neto

Lenilde Freitas



Natural de Campina Grande (PB), poeta e tradutora, com formação acadêmica em literatura.

Fonte:http://www.algumapoesia.com.br/poesia3/poesianet251.htm

A palavra

Poema lido na 121° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER
A palavra
essa rédea
me governa.
A palavra
essa lâmina
me reparte.
Ai de mim
que sou tantas
e tão sem arte
é a que
em um chão de sílabas
se prosterna.
Ai de mim
que sou tantas
a procurar-te
palavra
que não és
e és eterna.
Lenilde Freita

sexta-feira, 27 de março de 2009

Hora do Planeta:Sábado, 28 de março, às 20h30


Participe! Sábado, 28 de março, às 20h30. Apague as luzes da sua sala!
por 1 hora

Por que participar?


O ano de 2009 é crucial para o futuro do planeta, pois os países precisam assinar um acordo internacional com medidas para combater o aquecimento global.Será um ano de mobilização para que os países finalmente assinem, na 15ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em dezembro, na Dinamarca, um acordo para reduzir drasticamente as emissões de gases do efeito estufa. No Brasil, o desmatamento das nossas florestas – principalmente Amazônia e Cerrado –, é responsável por 75% das emissões de CO2, o principal causador do aquecimento global. No entanto, as emissões de outras fontes, como agricultura, energia elétrica, entre outras, não devem ser menosprezadas dentro de um caminho de desenvolvimento limpo.

Visite:http://www.wwf.org.br/informacoes/horadoplaneta/

Na 120° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER

Na 120° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 22 de março de 2009, transmissão pela Rádio Clube de Valença AM 650 Khz. Por ser o dia 22 de março- Dia Mundial da Água, frisamos alguns fatos em relação a este precioso líquido. Além de contos, desafio musical, dicas ecológicas, desfrutamos da bela música. A produção do programa ficou a cargo do Gugui Martinez.

Adalgisa Nery



Adalgisa Maria Feliciana Noel Cancela Ferreira, conhecida como Adalgisa Nery, nasceu na cidade do Rio de Janeiro no dia 29 de outubro de 1905 e faleceu na mesma cidade no dia 7 de junho de 1980. Foi uma poetisa e jornalista brasileira.


Fonte: Wikipédia

Repouso


Este poema foi lido na 120° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER
Dá-me tua mão
E eu te levarei aos campos musicados pela
Canção das colheitas
Cheguemos antes que os pássaros nos disputem os frutos
Antes que os insetos se alimentem das folhas entreabertas.
Dá-me tua mão
E eu te levarei a gozar a alegria do solo agradecido,
Te darei por leito a terra amiga
E repousarei tua cabeça envelhecida
Na relva silenciosa dos campos.
Nada te perguntarei,
Apenas ouvirás o cantar das águas adolescentes
E as palavras do meu olhar sobre tua face muito amada.

Adalgisa Nery

De AS FRONTEIRAS DA QUARTA DIMENSÃO (1951)

Márcia Barbieri


Márcia Barbieri é formada em Letras (Português/Francês) pela UNESP, participa do curso de mestrado em Literaturas Africanas. É professora de Língua Portuguesa na rede estadual de ensino.

A rotina do tempo

Este conto da Márcia Barbieri foi lido na 120° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER

Os meus dias também são longos e me arrasto. Carrego uma mochila de pedras nas costas, porque assim evito a tentação de apalpar a tristeza com as mãos.Mas, diferente da maioria das pessoas, os dias sempre siameses não me incomodam. Nem me importa a previsibilidade dos matemáticos, porque apesar de toda lógica, eles não podem evitar a perfeição da medida aúrea que esgana o tempo. Também diferente de alguns, jamais deixei de ler um livro porque conhecia o seu final, ninguém consegue retratar as minúcias e são exatamente elas que me atraem.Quando me olhas e achas que tenho orgulho, não se engane. Minha cabeça erguida não é pretensão, é medo, é refúgio, é fuga dos vôos rasantes dos dragões que se desprendem de mim.O amor são dedos vasculhando na ferida e dói. Às vezes, minha dor são pássaros negros, de olhos furados e canto triste. Eles são insanos e cavalgam sem piedade no meu corpo.Sossegue querido, cada centímetro da minha pele conhece o seu desespero. Relaxe, hoje é terça, venha e povoe mundos dentro de mim enquanto as crianças colhem pipas e ilusões na ventania.

A terceira margem do rio

Este conto foi lido na120° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER



Nosso pai era homem cumpridor, ordeiro, positivo; e sido assim desde mocinho e menino, pelo que testemunharam as diversas sensatas pessoas, quando indaguei a informação. Do que eu mesmo me alembro, ele não figurava mais estúrdio nem mais triste do que os outros, conhecidos nossos. Só quieto. Nossa mãe era quem regia, e que ralhava no diário com a gente — minha irmã, meu irmão e eu. Mas se deu que, certo dia, nosso pai mandou fazer para si uma canoa.


Era a sério. Encomendou a canoa especial, de pau de vinhático, pequena, mal com a tabuinha da popa, como para caber justo o remador. Mas teve de ser toda fabricada, escolhida forte e arqueada em rijo, própria para dever durar na água por uns vinte ou trinta anos. Nossa mãe jurou muito contra a idéia. Seria que, ele, que nessas artes não vadiava, se ia propor agora para pescarias e caçadas? Nosso pai nada não dizia. Nossa casa, no tempo, ainda era mais próxima do rio, obra de nem quarto de légua: o rio por aí se estendendo grande, fundo, calado que sempre. Largo, de não se poder ver a forma da outra beira. E esquecer não posso, do dia em que a canoa ficou pronta.
João Guimarães Rosa

Alacazum: Palavras para Entreter


Muitas vezes os meios eletrônicos de comunicação são vistos como ameaça à cultura letrada, como nos mundos distópicos de Admirável Mundo Novo e Farenheit 451. Mas veículos como o rádio e a televisão, para não falar da Internet, são também usados para divulgação científica e de obras literárias. O programa radiofônico Alacazum: Palavras para Entreter, por exemplo, transmite, todos os domingos, para o interior baiano, uma programação destinada ao fomento da prática leitora. São quadros com indicação de obras, leitura de textos de gêneros variados, blocos temáticos sobre expressões populares, agenda cultural itinerante e entrevistas. O projeto integra o Eixo 3 (Valorização do Livro e da Leitura) do PNLL.

Fonte: Boletim n° 147 do dia 16 a 22 de março de 2009

Ministro Juca Ferreira apresenta o PNLL para representantes internacionais

No último dia 11 de março, o ministro da Cultura Juca Ferreira recebeu em seu gabinete representantes da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), da Federação Internacional das Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA) e da Bill & Melinda Gates Foundation. Na ocasião, apresentou o PNLL e as iniciativas brasileiras para democratizar o acesso ao livro, fomentar a leitura e fortalecer a cadeia produtiva do livro. Ferreira, registra o Portal do MinC, "destacou a política de bibliotecas, a parceria com o Ministério da Educação e a modernização das bibliotecas como aspectos centrais do PNLL".

Ações do MEC dão materialidade ao Livro e à Leitura

Durante o Seminário Formação de Mediadores de Leitura, Marcelo Soares, diretor de Política de Formação, Materiais Didáticos e de Tecnologias para Educação Básica do Ministério da Educação, citou diversas ações que possuem interface com o PNLL e que foram instituídas para materializar a política relacionada ao livro e à leitura no Brasil. Destacou ainda que o grande desafio no momento é criar uma estratégia de formação do professor/leitor.



Bibliotecas em todas as cidades do Brasil



Durante o debate, que abriu o segundo dia do Seminário Formação de Mediadores de Leitura, foi divulgado que o ministro da Cultura Juca Ferreira e o presidente Lula anunciam ainda este ano que foi zerado o número de municípios brasileiro sem biblioteca. Segundo Fabiano dos Santos, responsável pelo programa Mais Cultura do MinC, o presidente está bastante engajado e cobra quase que diariamente os resultados do projeto. A boa notícia foi repercutida, entre outros, por Affonso Romano de Sant´Anna em seu Blog.

A leitura inserida na vida das pessoas



O ministro Juca Ferreira comentou que os três ambientes prioritários para o desenvolvimento da leitura são a família, a escola e a biblioteca. Também abordou a relação profunda e extremamente particular entre o leitor e o livro, pois só se aprende a ler lendo. Destacou a ação do Ministério frente à necessidade premente de modernização das bibliotecas como novos centros de cultura, que se consubstanciam no programa Mais Cultura. E reforçou a criação de uma instituição específica para a área, a Fundação ou Instituto Nacional do Livro.

Fonte: Boletim PNLL n° 147

Quadro: Desafio Musical

Na 120° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 22 de março de 2009, oferecemos como desafio musical a música: A minha alma, composição do Marcelo Yupa, ex-integrante do grupo musical RAPPA, que foi interpretado pelo público ouvinte-leitor do ALACAZUM.

A minha Alma

Poema musicado apresentado na 120° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER do dia 22 de março de 2009



A minha alma tá armada e apontada
Para cara do sossego!
(Sêgo! Sêgo! Sêgo! Sêgo!)
Pois paz sem voz, paz sem voz
Não é paz, é medo!
(Medo! Medo! Medo! Medo!)
As vezes eu falo com a vida,
As vezes é ela quem diz:
"Qual a paz que eu não quero conservar,
Prá tentar ser feliz?"
As grades do condomínio
São prá trazer proteção
Mas também trazem a dúvida
Se é você que tá nessa prisão
Me abrace e me dê um beijo,
Faça um filho comigo!
Mas não me deixe sentar na poltrona
No dia de domingo, domingo!
Procurando novas drogas de aluguel
Neste vídeo coagido...
É pela paz que eu não quero seguir admitido
É pela paz que eu não quero seguir
É pela paz que eu não quero seguir
É pela paz que eu não quero seguir admitido
O Rappa
Composição: Marcelo Yuka

O que escutamos?

Na 120° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 22 de março de 2009, transmissão pela Rádio Clube de Valença AM 650 Khz, escutamos as seguintes músicas:


1-Alumbramento- tem boi na linha- DJAVAN
2-Força Estranha- ROBERTO CARLOS
3-Tente outra vez- RAUL SEIXAS
4-Telegrama- ZECA BALEIRO
5-O lamento das águas sagradas- CORDEL DO FOGO ENCANTADO
6-JIMI HENDRIX
7-A terceira margem do rio- CAETANO VELOSO
BG- MISIRLOU
Música escolhida para o quadro do sorteio: SORTE TEM QUEM ACREDITA NELA- FERNANDO MENDES
Música escolhida para o quadro do desafio musical: A MINHA ALMA- RAPPA
Música final: A MINHA ALMA- MARIA RITA

Bule Bule





Antonio Ribeiro da Conceição, é o nome artístico de Bule Bule, nascido no dia 22 de outubro de 1947 na cidade de Antonio Cardoso no Estado da Bahia, Brasil. É músico, escritor, compositor, poeta, cordelista, repentista, ator e cantado.

Raso da Catarina

Localizado no norte da Bahia, o raso da Catarina compreende a região entre os municípios de Jeremoabo, Paulo Afonso, Macururé e Canudos. É considerada a área mais inóspita do semi-árido brasileiro. Local onde viveu Virgulino Ferreira, “O Lampião”.


Percorrer o raso da Catarina é sentir de perto a arte na sobrevivência do sertanejo em plena caatinga; é compreender um ambiente hostil ao homem onde na maior parte do ano apresenta temperaturas acima de 40°C durante o dia e em torno de 14°C durante a noite; uma vegetação agressiva e um solo praticamente incultivável. Entretanto o sertanejo é insistente. Ele consegue viver nesta área em concentrações populacionais muito pequenas, às vezes restrito apenas ao seu grupo familiar.


Peço pra não acabar o raso da Catarina

Poema lido na 120° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER do dia 22 de março de 2009

Peço a Deus verdadeiro que olhe o mundo velho
Pra quem segue o Evangelho, quem é poeta e vaqueiro
Agricultor, carvoeiro da região nordestina
Vão mandar uma ruína polui nosso lugar
Peço pra não acabar o raso da Catarina
O lixo atômico chegando, começa logo o arraso
A coivara do atraso fica logo incendiando
Os rios vão se acabando, morre árvore grossa e fina
Peço pra não acabar o raso da Catarina
Todo bode do Uauá, vai deixar de existir
Vão deixar de progredir, as cabras de Curaçá
Toda árvore secará, toda caça se extermina
Ah! Sagrada mãe divina, mande este povo rezar
Peço pra não acabar o raso da Catarina
Chorando o mandacaru, disse assim o xique-xique:
Vão nos colocar à pique, já vem aí o mandú
Que mata até urubu, mata ave de rapina
Desta área nordestina, só escapa quem voar
Peço pra não acabar o raso da Catarina
A alma de lampião resolveu dar um passeio
Mas achou o raso feio, não quis nem pisar o chão
Rezou uma oração sobrevoando a campina
Apontou a carabina, somente pra ameaçar
Peço pra não acabar o raso da Catarina.
Adeiane Weissheimer e Bule Bule

Moacir Scliar


Moacyr Jaime Scliar, nasceu na ciddade de Porto Alegre no dia 23 de março de 1937, é um dos mais conhecidos escritores brasileiros da atualidade.
Fonte: Wikipédia
Imagem: Wikipédia

quarta-feira, 25 de março de 2009

Quadro: A hora do Conto

Zap – Moacir Scliar



Não faz muito que temos esta nova TV com controle remoto, mas devo dizer que se trata agora de um instrumento sem o qual eu não saberia viver. Passo os dias sentado na velha poltrona, mudando de um canal para outro – uma tarefa que antes exigia certa movimentação, mas que agora ficou muito fácil. Estou num canal, não gosto – zap, mudo para outro. Não gosto de novo – zap, mudo de novo. Eu gostaria de ganhar em dólar num mês o número de vezes que você troca de canal em uma hora, diz minha mãe. Trata-se de uma pretensão fantasiosa, mas pelo menos indica disposição para o humor, admirável nessa mulher. Sofre minha mãe. Sempre sofreu: infância carente, pai cruel, etc. Mas o seu sofrimento aumentou muito quando meu pai a deixou. Já faz tempo; foi logo depois que nasci, e estou agora com 13 anos. Uma idade em que se vê muita televisão, e em que se muda de canal constantemente, ainda que minha mãe ache isso um absurdo. Da tela, uma moça sorridente pergunta se o caro telespectador já conhece certo novo sabão em pó. Não conheço nem quero conhecer, de modo que – zap – mudo de canal.
“Não me abandone, Mariana, não me abandone!” Abandono, sim. Não tenho o menor remorso, em se tratando de novelas: zap, e agora é um desenho, que eu já vi duzentas vezes, e – zap- um homem falando. Um homem, abraçado à guitarra elétrica, fala a uma entrevistadora. É um roqueiro. Aliás, é o que está dizendo, que é um roqueiro, que sempre foi e sempre será um roqueiro.
Tal veemência se justifica, porque ele não parece um roqueiro. É meio velho, têm cabelos grisalhos, rugas, falta-lhe um dente. É o meu pai. É sobre mim que fala.
-Você tem um filho, não tem? Pergunta a apresentadora, e ele, meio constrangido – situação pouco admissível para um roqueiro de verdade -, diz que sim, que tem um filho, só que não o vê há muito tempo. Hesita um pouco e acrescenta: você sabe, eu tinha de fazer uma opção, era a família ou o rock.
A entrevistadora, porém, insiste (é chata, ela): mas o seu filho gosta de rock? Que você saiba, seu filho gosta de rock?
Ele se mexe na cadeira; o microfone, preso à desbotada camisa, roça-lhe o peito, produzindo um desagradável e bem audível rascar. Sua angústia é compreensível; aí está, num programa local e de baixíssima audiência – e ainda tem de passar pelo vexame de uma pergunta que o embaraça e à qual não sabe responder.
E então ele me olha. Vocês dirão que não, que é para a câmara que ele olha; aparentemente é isso, aparentemente ele está olhando para a câmara, como lhe disseram para fazer; mas na realidade é a mim que ele olha, sabe que em algum lugar, diante de uma tevê, estou a fitar seu rosto atormentado, as lágrimas me correndo pelo rosto; e no meu olhar ele procura a resposta à pergunta da apresentadora: você gosta de rock? Você gosta de mim? Você me perdoa? –mais ai comete um erro, um engano mortal: insensivelmente, automaticamente, seus dedos começam a dedilhar as cordas da guitarra, é o vicio do velho roqueiro, do qual ele não pode se livrar nunca, nunca. Seu rosto se ilumina – refletores que se acendem? – e ele vai dizer que sim, que seu filho ama o rock tanto quanto ele, mas nesse momento –zap – aciono o controle remoto e ele some. Em seu lugar, uma bela e sorridente jovem que está – à exceção do pequeno relógio que usa no pulso – nua, completamente nua.




Dica Ecológica

Para economizar energia: chuveiro com regulador digital de potencia.
É a potencia do chuveiro que determina a temperatura da água. Nesse caso há 16 opções e não apenas 3 como na maioria dos modelos. O ajuste pode ser feito a cada banho por meio do controle remoto. Ressalva: comparado a uma ducha convencional o chuveiro libera um volume de água até 6 vezes menor. A economia de energia pode chegar a 20% no verão e a economia média da conta: 10 reais por mês para uma família de 4 pessoas.

Quanto custa: R$ 580 reais aproximadamente

O retorno do investimento é em 5 anos


Fonte: Planeta Sustentável

Declaração Universal dos Direitos da Água

Art. 1º - A água faz parte do patrimônio do planeta.Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos.

Art. 2º - A água é a seiva do nosso planeta.Ela é a condição essencial de vida de todo ser vegetal, animal ou humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura. O direito à água é um dos direitos fundamentais do ser humano: o direito à vida, tal qual é estipulado do Art. 3 º da Declaração dos Direitos do Homem.

Art. 3º - Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia.

Art. 4º - O equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende, em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam.

Art. 5º - A água não é somente uma herança dos nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como uma obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.

Art. 6º - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.

Art. 7º - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis.

Art. 8º - A utilização da água implica no respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado.

Art. 9º - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.

Art. 10º - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.

Expressão Popular: Tem boi na linha










www.capitaodomingos.com/page_1142545470232.html

A primeira tentativa para se implantar uma estrada de ferro no país, ocorreu no ano de 1835, quando o regente Diogo Antonio Feijó, promulgou uma lei concedendo favores a quem quisesse construir e explorar uma estrada de ferro ligando Rio de Janeiro às capitais de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia. Não houve interesse na ocasião, em tão arriscada empreitada. Contudo em 1852, surgiu a figura de Irineu Evangelista de Sousa, mais tarde, Barão de Mauá, que subscreveu a quase totalidade do capital necessário para construir a ligação entre a praia da estrela (no fundo da baía de Guanabara) e raiz da serra.

Assim em 30 de abril de 1854, foi inaugurada a primeira estrada de ferro do Brasil – a estrada de ferro Petropolis, ou estrada de ferro Mauá- percorrendo o trecho em apenas 23 minutos e reduzindo o tempo de viagem em 4 horas. Portanto, a viagem a Petropolis, começava por via marítima, até porto Mauá, em Mapé, depois por trem até raiz da serra e seguia por diligencia, na estrada normal da serra da estrela. Esse trem inaugural composto por 3 carros de passageiros e um de bagagem foi rebocado por uma locomotiva fabricada na Inglaterra e batizada com o nome de “Baronesa”, cujo nome foi em homenagem feita à esposa do barão de Mauá.

A estrada de ferro Petropolis ou Mauá, foi portanto, a primeira estrada de ferro a ser implantada no Brasil, a terceira na America Latina.No local onde funcionou a sua sede, ainda é possível encontrar a velha estação, a casa do vigia e seu píer, aonde chegava a família real seguindo em direção a Petropolis e ao interior do Brasil.

Acontece que a linha férrea não tinha cerca de arame ao longo de seu leito porque os engenheiros que a projetaram provavelmente acharam que isso não seria necessário, e diante dessa facilidade os bovinos criados nas fazendas existentes ao longo do percurso não encontravam qualquer dificuldade para deitar-se entre os trilhos, a fim de ruminarem em paz. Resultado: durante o trajeto até a Raiz da Serra, ou vice-versa, a composição ferroviária era forçada a parar toda vez que encontrava algum, ou alguns bois na linha, e diante desse impasse funcionários da empresa ferroviária se viam forçados a descer do comboio e agir para que o animal e seus companheiros de rebanho fossem enxotados de onde estavam e liberassem o caminho, permitindo ao trem o prosseguimento da viagem interrompida.


Essa situação despropositada inspirou a composição musical de Djavan, Aldir Blanc e Paulo Emilio. Intitulada Tem Boi na Linha, seus versos dizem o seguinte: Café com pão no vera cruz / jejum limão em japeri / a bolsa e a vida dançam nesse trem / te cuida! / Sacola, cabaço, futuro, tutu / tem boi na linha, seu honório gurgel / lá vai barão pras filipetas / comendador entrou no pau / turiaçu sem gororoba / fez desse trem cabriolé / negão quebrou a gabiroba O mar bateu, você me pegou / pra confirmar o sol desmaiou / a onda vai, meu coração carrega / eh, eh cordovil / cavalo de ferro, tchhhh... / cavalo de ferro, tchhhh... / cavalo de ferro, tchhhh... / Udp-um, udp-dois, udp-três, udp-mil e udputisgrila udfêdapê / cascudo, pedrada, cuspida, pisada / vai pra anchieta, seu vigario geral / engavetou, descarrilou / descarrilei, quebrei também / ai, santa cruz, não sou jesus / não sou jesus em santa cruz / somos zumbis / todos os santos / meu vai-e-vem / parece o vaivém do trem / parece o vaivém do trem / parece o vaivém do trem Foi a ocorrência desse fato curioso que deu origem à expressão popular “tem boi na linha”, através da qual o povo explica aquelas situações esquisitas em que não se consegue avançar no pretendido em virtude de alguma coisa que esteja impedindo sua realização.

FERNANDO KITZINGER DANNEMANN

Contribuição do ouvinte-leitor: Fábio Leite do loteamento Bahia 2

Fábio Leite que escutou a edição 119° do ALACAZUM cujo desafio musical teve relação com a música escrita por Roberto Carlos e Erasmo Carlos para Caetano Veloso quando no exílio em Londres, o Fábio enviou contribuição com outra música escrita por Caetano Veloso para o amigo Roberto Carlos: Força Estranha.



Eu vi um menino correndo
Eu vi o tempo
Brincando ao redor
Do caminho daquele menino...
Eu pus os meus pés no riacho
E acho que nunca os tirei
O sol ainda brilha na estrada
E eu nunca passei...
Eu vi a mulher preparando
Outra pessoa
O tempo parou prá eu olhar
Para aquela barriga
A vida é amiga da arte
É a parte que o sol me ensinou
O sol que atravessa essa estrada
Que nunca passou...
Por isso uma força
Me leva a cantar
Por isso essa força
Estranha no ar
Por isso é que eu canto
Não posso parar
Por isso essa voz tamanha...
Eu vi muitos cabelos brancos
Na fonte do artista
O tempo não pára e no entanto
Ele nunca envelhece...
Aquele que conhece o jogo
Do fogo das coisas que são
É o sol, é o tempo, é a estrada
É o pé e é o chão...
Eu vi muitos homens brigando
Ouvi seus gritos
Estive no fundo de cada
Vontade encoberta
E a coisa mais certa
De todas as coisas
Não vale um caminho sob o sol
E o sol sobre a estrada
É o sol sobre a estrada
É o sol...

Contribuição do ouvinte-leitor ALACAZUM

Na 120° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 22 de março de 2009- dia mundial da água, contamos com a participação da professora Socorro, que vive no bairro da graça, ela ofertou importantes informações a respeito da água. A primeira foi retirada da revista dos missionários saletinos, ano 92, n° 768, de março e abril de 2008, cujo artigo D. Helder Câmara reflete sobre o protesto feito por Dom Luiz Flávio quando da possibilidade de transposição do rio São Francisco. A idéia de transposição das águas existe desde a época de D. Pedro I. A greve de fome feita pro Dom Luiz Flávio fez gerar relatório de impacto ambiental divulgado pelo Ministério da integração nacional quando foi relatado 44 impactos ambientais previstos, devido a obra.

Outra contribuição da ouvinte-leitora, professora Socorro foi retirada da revista planeta, ano 37, edição 438 de março de 2009, cujo tema é: ÁGUA DOCE- O OURO DO SÉCULO XXI e aborda justamente a exploração excessiva que reduz os estoques e o controle do uso de água, como forma de poder. O Brasil é privilegiado com relação aos recursos hídricos: 12% da água doce superficial do planeta terra correm em rios nacionais. Esse percentual é o dobro de todos os rios da Austrália e da Oceania; 42% superior aos da Europa; e 25% a mais do que os do continente Africano. A boa situação do país também se repete com relação as águas subterrâneas, os aqüíferos. Ao todo o pais dispõem de 27 aquiferos, sendo o principal, o Guarani, neste caso localizado sob as regiões centro-oeste, sul e sudeste.


Rio São Francisco

O rio São Francisco, também chamado de Opará, como era conhecido pelos indígenas antes da colonização, ou popularmente de Velho Chico, é um rio brasileiro que nasce na Serra da Canastra no estado de Minas Gerais, a aproximadamente 1200 metros de altitude, atravessa o estado da Bahia, fazendo a divisa ao norte com Pernambuco, bem como constituindo a divisa natural dos estados de Sergipe e Alagoas. Por fim, desagua no Oceano Atlântico, na região nordeste do Brasil.

A transposição do rio São Francisco se refere ao polêmico e antigo projeto de transposição de parte das águas do rio São Francisco, no Brasil, nomeado pelo governo brasileiro como "Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional". O projeto é um empreendimento do Governo Federal, sob responsabilidade do Ministério da Integração Nacional – MI.

Outras informações: http://pt.wikipedia.org/wiki/Transposi%C3%A7%C3%A3o_do_rio_S%C3%A3o_Francisco

terça-feira, 24 de março de 2009

Água

Na 120° edição do ALACAZUM falamos sobre o dia mundial da Água e algumas informações sobre sua provável origem.
Há evidencias de que a terra tem de quatro e meio a cinco bilhões de anos. Darwin demonstra que os seres vivos se modificaram no decorrer dos tempos e podemos supor que a terra também tenha tido sua própria evolução. No inicio a crosta terrestre e a atmosfera eram muito diferentes das atuais. Na atmosfera provavelmente existiria uma grande quantidade de hidrogênio, metano, amônia e água. O hidrogênio é o mais simples dos elementos e também o mais abundante do universo. O Metano (CH4) é um gás que se queima facilmente e que por isso é usado como combustível doméstico. A amônia (NH3) é muito comum em liquidos de limpeza. O vapor d’ água é considerado um dos mais importantes componentes da antiga atmosfera. Uma hipótese admite que toda água hoje existente na terra escapou do seu interior como resultado da atividade vulcânica. Ainda hoje o vapor d’água perfaz cerca de 10% do peso total do material expelido nas erupções vulcânicas. Esse vapor se condensa e cai como chuvas fortes. Atualmente até as chuvas são nocivas. Contaminar a água é como contaminar a própria vida já que o ciclo biológico reprodutivo e alimentício dos seres humanos e das diversas espécies de flora e fauna acaba afetado. Quanta água uma pessoa necessita para viver? Sabe-se que uma pessoa deve ingerir diariamente uma quantidade de água que represente pelo menos 3% de seu peso o que significa que a média necessária de água por pessoa é aproximadamente 2 litros por dia.

Quadro: Despertando os sentidos



Na 120° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER oferecemos informações complementares do quadro: despertando os sentidos do passado domingo, quando estimulamos os sentidos através do som de degustar maçãs, naquele momento discutimos o emprego dos verbos: morder, abocanhar e degustar. A maçã é uma fruta das regiões temperadas. Além de saborosa tem considerável valor nutritivo. Contém vitamina B1 B2, niacina e sais minerais como fósforo e ferro. As vitaminas do complexo B em geral ajudam a regular o sistema nervoso, o crescimento, evita problemas de pele, do aparelho digestivo e queda de cabelo. O fósforo contido na maçã previne a fadiga mental além de contribuir para a formação de ossos e dentes. O ferro é importante na formação do sangue. A maçã também é rica em quercetina substância que ajuda a evitar a formação de coágulos sanguíneos capazes de provocar derrames. A casca da maçã é empregada como chá para purificar o sangue e como diurético. Quando ingerida dê preferência a comê-la com casca pois é junto dela que estão a maior parte das suas vitaminas e sais minerais. Na hora de comprar maçãs prefira as de cor acentuada e brilhante, polpa firme, pesadas, sem partes moles, sem furos ou rachaduras. E você sabia que cada vez que morde uma maçã está ajudando os seus olhos a se proteger contra a catarata? Segundo a Universidade de Paris a quercetina encontrada na maçã mantém a lente do cristalino transparente. Mesmo quando submetida a raios solares e produtos químicos que costuma detonar a catarata.

Agenda Internacional ALACAZUM

Recebemos correspondência eletrônica do comunicador portugues Sérgio Teixeira:

Na emissão de Domingo, dia 15 de Março, passaram por lá as vozes de Caetano Veloso, Lenine, José Cid, Ana Moura ente outros. Tivemos os pedidos dos nossos ouvintes, muita música e as sugestões para os concertos da semana.

Ouve aqui a emissão do dia 15 de Março de 2009.
http://www.zshare.net/audio/57397114e0badf0a/

Para fazer o download do ficheiro mp3 carrega aqui.
http://www.zshare.net/download/57397114e0badf0a/

sábado, 21 de março de 2009

Na 119° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER

Na 119° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 15 de março de 2009, transmissão pela rádio clube de Valença AM 650 Khz, contamos com a presença da professora Perpétua que nos brindou com o poema: “Meu Sabiá” de sua autoria. Contamos também com a presença do Fábio Costa (Amargosa- Bahia); Violeta Martinez (Cachoeira- Bahia). Criamos um novo quadro: Interpretando o conto.Informamos sobre o holocausto animal, a hora do planeta, o dia mundial da água, fizemos a leitura do conto: Três cozinheiros e um ovo frito, do escritor argentino Macedonio Fernandez; um conto de Andersen: A pura verdade e uma crônica: Cercas elétricas da escritora Celeste Martinez. Apreciamos o poema: Traduzir-se do escritor maranhense Ferreira Gullar; Estâncias de Fagundes Varela; no quadro despertando os sentidos, oferecemos como estímulo sensorial o som de várias maçãs sendo mordidas; no quadro desafio musical, oferecemos a música: Debaixo dos caracóis dos teus cabelos” de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, em homenagem a Caetano Veloso. Contamos mais uma vez com a participação ativa do ouvinte-leitor, opinando, e contribuindo com a leitura de suas produções literárias, a exemplo neste domingo do produtor cultural Dalmo Reis, que vive na cidade de Valença-Bahia. A produção musical ficou a cargo de Gugui Martinez.

Carlos Pena Filho



Carlos Pena Filho, nasceu na cidade do Recife no dia 17 de maio de 1929 e faleceu na mesma cidade no dia 1 de ulho de 1960. Filho de pais portugueses, Carlos Souto Pena, comerciante, e Laurinda Souto Pena.


Fonte: Wikipédia

Soneto do Desmantelo Azul

Foto de Stock: Pintura Azul

Este soneto do Carlos Pena Filho foi lido na 119° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER

Então, pintei de azul os meus sapatos
Por não poder de azul pintar as ruas,
Depois, vesti meus gestos insensatos
E colori as minhas mãos e as tuas.

Para extinguir em nós o azul ausente
E aprisionar no azul as coisas gratas,
Enfim, nós derramamos simplesmente
Azul sobre os vestidos e as gravatas.

E afogados em nós, nem nos lembramos
Que no excesso que havia em nosso espaço
Pudesse haver de azul também cansaço.

E perdidos de azul nos contemplamos
E vimos que entre nós nascia um sul
Vertiginosamente azul. Azul.

Carlos Pena Filho


sexta-feira, 20 de março de 2009

Quadro: Despertando os sentidos

Na 119° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER oferecemos como estímulo sensorial, o som de maçãs sendo mordidas. Participaram deste quadro os jovens Fábio Costa ( Amargosa-Bahia); Violeta Martinez (Estudante de Cinema) e Gugui Martinez (produtor do ALACAZUM). Trabalhamos com conceitos e ação dos verbos: morder, mordiscar e degustar.




Quadro: Desafio Musical

Na 119° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 15 de março de 2009, transmissão pela Rádio Clube de Valença AM 650 Khz, oferecemos como desafio musical a música: Debaixo dos caracóis dos teus cabelos, canção composta por Roberto Carlos e Erasmo Carlos no ano de 1971.

Esta letra é uma homenagem a Caetano Veloso feita por Roberto Carlos e Erasmo Carlos, ela foi composta como uma forma de ser solidário ao Caetano que encontrava-se no exílio em Londres, para onde fora deportado em 1969 pela Ditadura Militar. Com o amigo em desgraça, resolveu fazer algo para homenagea-lo. Roberto nunca teve problemas com a censura muito menos com a repressão militar.

Então, como fazer um texto que fosse ao mesmo tempo engajado politicamente e romantico como sempre foram suas letras?

A saída encontrada foi em nenhum momento citar o nome de Caetano mas enfatizar sua marca registrada naquela época: seus enormes cabelos encaracolados. A letra é bem simples e não foge às suas caracteristicas. O legal está justamente no inusitado da coisa: o clima romantico da melodia nos faz imaginar que é a saudade de uma pessoa apaixonada pela ausência da outrea, e não o protesto de um amigo solitário. E na estrutura da letra o Roberto procurou colocar justamente aquilo que o Caetano possivelmente mais sentia saudade na fria Londres: o mar da Bahia o que só ajudou para fixar a marca dos famosos caracóis de Caetano.



Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos
Composição: Roberto Carlos

Um dia a areia branca
Teus pés irão tocar
E vai molhar seus cabelos
A água azul do mar
Janelas e portas vão se abrir
Pra ver você chegar
E ao se sentir em casa
Sorrindo vai chorar
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Uma história pra contar
De um mundo tão distante
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Um soluço e a vontade
De ficar mais um instante
As luzes e o colorido
Que você vê agora
Nas ruas por onde anda
Na casa onde mora
Você olha tudo e nada
Lhe faz ficar contente
Você só deseja agora
Voltar pra sua gente
Você anda pela tarde
E o seu olhar tristonho
Deixa sangrar no peito
Uma saudade, um sonho
Um dia vou ver você
Chegando num sorriso
Pisando a areia branca
Que é seu paraíso

Adélia Prado









  • Adélia Luzia Prado Freitas nasceu em Divinópolis, Minas Gerais, no dia 13 de dezembro de 1935, filha do ferroviário João do Prado Filho e de Ana Clotilde Corrêa.

Briga no Beco

Encontrei meu marido às três horas da tarde
com uma loura oxidada.
Tomavam guaraná e riam, os desavergonhados.
Ataquei-os por trás com mãos e palavras
que nunca suspeitei conhecer.
Voaram três dentes e gritei, esmurrei-os e gritei,
gritei meu urro, a torrente de impropérios.
Ajuntou gente, escureceu o sol,
a poeira adensou como cortina.
Ele me pegava nos braços, nas pernas, na cintura,
sem me reter, peixe-piranha, bicho pior,
fêmea-ofendida,
uivava.
Gritei, gritei, gritei, até a cratera exaurir-se.
Quando não pude mais fiquei rígida,
as mãos na garganta dele, nós dois petrificados,
eu sem tocar o chão.
Quando abri os olhos,
as mulheres abriam alas,
me tocando,
me pedindo graças.
Desde então faço milagres..

ADÉLIA PRADOBagagem (1976)

Casamento

Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como "este foi difícil"
"prateou no ar dando rabanadas"
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.

Texto extraído do livro "Adélia Prado - Poesia Reunida", Ed. Siciliano - São Paulo, 1991, pág.
252.

Violência simbólica e mídia

Na 119° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER também comentamos sobre a violência simbólica.

A violência simbólica de gênero pode se expressar nas formas físicas, psicológicas e simbólicas. Sem dúvida a mais conhecida é a violência física, caracterizada pela lesão corporal. Já a violência psicológica é definida pela humilhação geralmente expressada através de palavras e atitudes repreesivas, que necessariamente não acarretam em agressão física direta ou seja, o contato físicao do agressor para com o agredido ou agredida. Esse tipo de violência visa abalar a auto-estima da vítima mexendo com os seus valores que geralmente passam a ser subjugados pelo parceiro. Menos conhecida e nem por isso menos agressora, a violência simbólica está tão presentae no cotidiano, nas instituições e na cultura patriarcal quanto nas demais. Um exemplo é a violência simbólica de gênero através da propaganda de cerveja na mídia. A violência simbólica de gênero diz respeito aos constrangimento morais impostos pelas representações sociais de gênero- sobre o masculino e o feminino.

É válido ressaltar que a legislação que regula o sistema brasileiro de difusão dos meios de comunicação está desatualizado e ao mesmo tempo constata-se a ausência de um código de conduta. O Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária- CONAR, organização não governamental criada há quase duas décadas encarregada de regular as propagandas tem sido ausente nos diálogos e denúncias sobre a imagem da mulher na publicidade.

O movimento feminista junto com alguns setores da sociedade vem fazendo um trabalho de conscientização e crítica da forma como a imagem da mulher vem sendo abordada na mídia. Diversos estudos estão sendo publicados com o intuito de evidenciar essa problemática. Leis estão sendo implementadas para que se proiba a veiculação e a associação da mulher, e mais precisamente do seu corpo, como o consumo de cerveja.

Por exemplo, o projeto de lei da Deputada IARA BERNARDI (Pt-Sp) proibindo a veiculação de propagandas que utilizem imagens sensuais ou pornográficas em qualquer meio de comunicação do país.

O que é sexismo?

Na 119° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER finalizamos o tema sexismo que foi comentado na edição anterior. Sexismo é quando você discrimina ou seja trata diferente uma pessoa por que ela é de um sexo ou de outro. Exemplo de sexismo, é nos livros didáticos em que aparece imagens de garotos fazendo experiências científicas enquanto as meninas apenas observam. As mulheres são retratadas nos livros didáticos como dona-de-casa, mães ou professoras enquanto os homens são retratados como cientistas ou politicos importantes.

Algumas frases sexistas:

1- Por que a estátua da liberdade é mulher? Por que necessitava alguma com cabeça oca para fazer mirante.

2- Quando uma dama diz não; quer dizer talvez. Quando diz talvez; quer dizer sim. E se diz sim não é uma dama.

3- Qual a diferença entre homens e porcos? Porcos não viram homens quando bebem.

4- Quando procurar um homem, procure um homem jovem. Eles nunca amadurecem mesmo.

5- Qual é o dia da mulher? O dia menos pensado.

6- A mulher mais feliz do mundo é a namorada do saci pois sabe se levar um pé na bunda quem cai é ele.

Rio? Não ria. Estas são frases sexistas que contribuem para as diferenças de gêneros e desigualdades sociais.

Só a pura verdade



Este conto foi lido na 119° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER





-Que coisa horrível – disse uma galinha. No outro extremo da cidade, bem longe do bairro onde a história se passara. – É horrível o que houve no galinheiro! Nem arrisco a dormir sozinha esta noite. Ainda bem que somos muitas no poleiro.
E passou a contar o ocorrido, fazendo arrepiar as penas das outras galinhas e cair a crista do galo. E era tudo verdade, só a pura verdade.
Mas vamos começar do começo que ocorreu no extremo oposto da cidade. O sol desceu e as galinhas subiram. Uma delas, de penas brancas e pernas curtas, punha os ovos regularmente e, como galinha, era respeitável em todos os sentidos. Chegada ao poleiro, começou a catar-se com o bico. Caiu ao chão uma peninha.
- Lá se foi uma pena! – disse ela. – Parece que, quanto mais me cato, tanto mais bonita vou ficando – acrescentou, por brincadeira, pois era ela o espírito mais alegre da galinhada, embora fosse, conforme já foi dito criatura de todo o respeito. E logo adormeceu.
Era escuro ao redor. As galinhas estavam enfileiradas, lado a lado, e a que lhe estava mais próxima não dormia. Ela ouviu, e ao mesmo tempo não ouviu, como convém, para se viver em paz neste mundo. Mas teve, assim mesmo de confiar à vizinha o que ouvira.
- Ouviste o que foi dito aqui? – cochichou.- Não vou dizer o nome de ninguém, mas há aqui uma galinha que quer arrancar as próprias penas para ficar bonita. Se eu fosse o galo, a desprezaria.
Logo adiante, pouco acima das galinhas, estava pousada a Coruja, com o Corujão e as corujinhas. Naquela família, sim, todos tinham bons ouvidos. Ouviram cada palavra dita pela galinha. Viraram os olhos e Dona Coruja abanou as asas.
- É feio escutar o que dizem os outros! – comentou ela. – Mas, naturalmente, todos ouviram o que disse a galinha. Eu ouvi com os meus próprios ouvidos, e deve-se escutar, antes que caiam as orelhas. Uma das galinhas esqueceu a tal ponto a decência, que está tirando todas as penas e deixa o galo a ver tudo.
- Isso não é conversa para crianças ouvirem.- disse o papai Corujão.
- Preciso contar o caso à coruja vizinha, senhora séria e respeitável.
Dona coruja saiu voando.
- Hu- uh! Hu- uh- uh! – riram as duas, juntas, pouco depois.
Achavam-se um pouco acima do pombal do vizinho, e as pombas ouviram-nas comentar o caso:
- Ouviram esta? Ouçam, que esta é muito boa! Há aí uma galinha que arrancou todas as penas por causa do galo! Vai morrer de frio, se é que já não morreu. Huuu- humm!
- Onde? Onde? Onde? – arrulharam as pombas.
- No galinheiro do vizinho. É como se eu mesma o tivesse visto. É coisa que quase nem se devia contar, pois é um tanto indecente. Mas é a pura verdade!
- Ora, ora, ora! – arrulharam de novo as pombas.
E passaram a história adiante:
- Há uma galinha- há quem diga que são duas – que arrancou todas as penas par não ser igual às outras e chamar a atenção do galo. É uma brincadeira arriscada, pois apanhar um resfriado é o que há de mais fácil, e morrer de febre é o que menos custa. De fato, já morreram as duas...
- Acordem! Acordem! – cantou o galo, voando par ao alto do cercado.
O sono ainda lhe pesava nos olhos, mas apesar disso ele cantava.
-Morreram três galinhas, de infeliz paixão por um galo. Elas arrancaram todas as penas. É uma história muito feia, não quero guardá-la comigo. Que vá adiante!
- Deixa que vá adiante, piaram os morcegos.
-Deixa que vá! Deixa que vá! – cacarejaram as outras galinhas.
A história foi assim circulando, de galinheiro em galinheiro e, por fim, voltou ao lugar de onde viera,
- São cinco galinhas – contavam – Todas arrancaram as penas para mostrar qual delas tinha emagrecido mais de paixão pelo galo. Depois brigaram, de tirar sangue, e se mataram de bicadas. Ficaram mortas no terreiro. Foi uma ignomínia para a família delas, e um grande prejuízo para o dono do galinheiro.
Então, a galinha que perdera uma única peninha, ao catar-se não reconheceu a sua própria história, e como fosse uma galinha respeitável, disse lá com seus botões.
- Desprezo as galinhas como essas. Mas não serão as últimas. Há muitas mais dessa marca. Não se deve silenciar sobre tais coisas. Farei o que eu puder para que essa história saia nos jornais e corra o país todo. É o que merecem essas galinhas e também a família delas.
E a história saiu nos jornais, foi impressa, e uma coisa é verdadeira: uma única peninha pode facilmente transformar-se em cinco galinhas.



Hans Chistian Andersen. Contos de Andersen.


quarta-feira, 18 de março de 2009

Ferreira Gullar



Nasce o poeta Ferreira Gullar, em São Luís, Maranhão, no dia 10 de setembro de 1930. Seu nome, na verdade, é José Ribamar Ferreira, o quarto dos 11 filhos de Alzira Ribeiro Goulart e do comerciante Newton Ferreira.

Traduzir-se

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte, linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
_ que é uma questão
de vida ou morte _
será arte?

Poema lido na 119° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER

Ferreira Gullar


Macedonio Fernandez





Macedonio Fernández (Buenos Aires, 1 de junio 1874 - 10 de febrero de 1952). Escritor argentino, autor de una obra sumamente original y compleja, que incluye novelas, cuentos, poemas, artículos periodísticos y textos de naturaleza inclasificable. Ha ejercido una gran influencia sobre la literatura argentina posterior.

Macedonio Fernandez nasceu na cidade de Buenos Aires no dia 1 de junho de 1874 e faleceu no dia 10 de fevereiro de 1952. Escritor argentino, autor de uma obra sumamente original e completa que inclui novelas, contos, poemas, artigos jornalisticos e textos diversos. Exerceu grande influencia sobre a literatura argentina posterior.