www.capitaodomingos.com/page_1142545470232.htmlA primeira tentativa para se implantar uma estrada de ferro no país, ocorreu no ano de 1835, quando o regente Diogo Antonio Feijó, promulgou uma lei concedendo favores a quem quisesse construir e explorar uma estrada de ferro ligando Rio de Janeiro às capitais de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia. Não houve interesse na ocasião, em tão arriscada empreitada. Contudo em 1852, surgiu a figura de Irineu Evangelista de Sousa, mais tarde, Barão de Mauá, que subscreveu a quase totalidade do capital necessário para construir a ligação entre a praia da estrela (no fundo da baía de Guanabara) e raiz da serra.
Assim em 30 de abril de 1854, foi inaugurada a primeira estrada de ferro do Brasil – a estrada de ferro Petropolis, ou estrada de ferro Mauá- percorrendo o trecho em apenas 23 minutos e reduzindo o tempo de viagem em 4 horas. Portanto, a viagem a Petropolis, começava por via marítima, até porto Mauá, em Mapé, depois por trem até raiz da serra e seguia por diligencia, na estrada normal da serra da estrela. Esse trem inaugural composto por 3 carros de passageiros e um de bagagem foi rebocado por uma locomotiva fabricada na Inglaterra e batizada com o nome de “Baronesa”, cujo nome foi em homenagem feita à esposa do barão de Mauá.
A estrada de ferro Petropolis ou Mauá, foi portanto, a primeira estrada de ferro a ser implantada no Brasil, a terceira na America Latina.No local onde funcionou a sua sede, ainda é possível encontrar a velha estação, a casa do vigia e seu píer, aonde chegava a família real seguindo em direção a Petropolis e ao interior do Brasil.
Acontece que a linha férrea não tinha cerca de arame ao longo de seu leito porque os engenheiros que a projetaram provavelmente acharam que isso não seria necessário, e diante dessa facilidade os bovinos criados nas fazendas existentes ao longo do percurso não encontravam qualquer dificuldade para deitar-se entre os trilhos, a fim de ruminarem em paz. Resultado: durante o trajeto até a Raiz da Serra, ou vice-versa, a composição ferroviária era forçada a parar toda vez que encontrava algum, ou alguns bois na linha, e diante desse impasse funcionários da empresa ferroviária se viam forçados a descer do comboio e agir para que o animal e seus companheiros de rebanho fossem enxotados de onde estavam e liberassem o caminho, permitindo ao trem o prosseguimento da viagem interrompida.
Essa situação despropositada inspirou a composição musical de Djavan, Aldir Blanc e Paulo Emilio. Intitulada Tem Boi na Linha, seus versos dizem o seguinte: Café com pão no vera cruz / jejum limão em japeri / a bolsa e a vida dançam nesse trem / te cuida! / Sacola, cabaço, futuro, tutu / tem boi na linha, seu honório gurgel / lá vai barão pras filipetas / comendador entrou no pau / turiaçu sem gororoba / fez desse trem cabriolé / negão quebrou a gabiroba O mar bateu, você me pegou / pra confirmar o sol desmaiou / a onda vai, meu coração carrega / eh, eh cordovil / cavalo de ferro, tchhhh... / cavalo de ferro, tchhhh... / cavalo de ferro, tchhhh... / Udp-um, udp-dois, udp-três, udp-mil e udputisgrila udfêdapê / cascudo, pedrada, cuspida, pisada / vai pra anchieta, seu vigario geral / engavetou, descarrilou / descarrilei, quebrei também / ai, santa cruz, não sou jesus / não sou jesus em santa cruz / somos zumbis / todos os santos / meu vai-e-vem / parece o vaivém do trem / parece o vaivém do trem / parece o vaivém do trem Foi a ocorrência desse fato curioso que deu origem à expressão popular “tem boi na linha”, através da qual o povo explica aquelas situações esquisitas em que não se consegue avançar no pretendido em virtude de alguma coisa que esteja impedindo sua realização.
FERNANDO KITZINGER DANNEMANN