segunda-feira, 9 de março de 2009

mulheres criam sapos e sonham com príncipes(pequena crônica tipo conto de fadas)




Mulher é um bicho esquisito, disso já estamos cansadas de saber. Sabemos que príncipes não existem, mas poderiam existir. Loucura? Devaneio? Não. Simplesmente criamos sapos e nem nos damos conta disso. Somos todas responsáveis. Do que estou falando? Não somos simplesmente mães, irmãs, amigas ou amantes. Somos formadoras de seres humanos. Gestação? Um bom pré-natal resolve. Estou falando do dia-a-dia, do tête-à-tête. Acham loucura? Talvez, mas ultimamente estive matutando e descobri que as mulheres são machistas, mais do que os homens. Como? Vocês não estão entendendo nada? Século vinte e um, o machismo já foi extinto? Não. Creio que apenas disfarçado e maquiado. Mulheres criam sapos e sonham com príncipes. Quer um exemplo?! Revistas femininas, quer algo mais machista e decadente? Lá só se fala de homens, como agradar os homens, como enlouquecer um homem, como laçar um príncipe. Novela, nem se fala. Tudo gira em torno de um grande amor, a mulher gostosa, nua, seminua, e tudo isso pra agradar quem? Pra conseguir o quê? Um bom casamento! Vejam só, as mães sonham com o marido ideal pra sua filha, mas em casa tratam o filho homem como um rei. Elas esquecem que um dia ele, o seu filho queridinho, será um marido também. E coitada da nora! Creio que cheguei ao ponto principal. É pura vingança, o inconsciente age naturalmente. O filho é tratado como rei, ele ganha o tão sonhado carro aos quinze anos, ele pode perder a virgindade aos dez, ele não precisa arrumar o quarto, ele é tão inteligente, pra que aprender a cozinhar e a limpar, coisas do lar? Tarefas caseiras são pras meninas, que um dia vão se casar. A mãe ensina ao filho como enfrentar o mundo, a lutar e bater, e ensina à filha que não se bate, não se luta, que ela é a mais fraca. Uma delicadeza de flor. A filha ganha Barbies e bichinhos de pelúcia, o menino ganha videogames, Lego e jogos de estratégia. O menino vai a campeonatos de judô, de natação e de xadrez. A menina vai ao shopping, conferir a última moda e as promoções das lojas de departamento. O menino ganha revistas masculinas, de esportes, de carros, a menina ganha revistas de horóscopo, da Bruxinha e de artesanato. Alhos pra meninos e bugalhos pras meninas, mas quem instituiu isso? Como um bebê sabe a diferença? A mãe, a mulher! Ela institui a diferença já nos primeiros anos. O pai cuida do menino e a mãe cuida da menina. Se a menina é inteligente, isso é herança do pai. Se o menino é bonito, isso é herança da mãe. Conclusão: criamos sapos e sonhamos com príncipes. Agora vocês entenderam por que somos machistas? Nós, mulheres, somos as formadoras de homens, concordam? Algumas dirão que estou exagerando. Somos modernas e os tempos são outros. Tá certo, vocês são um por cento das milhares de mães-mulheres do mundo, só vocês pensam e agem assim. E os outros noventa e nove por cento das mulheres machistas? Só pra relembrar, vocês já ouviram da boca das próprias mulheres essa frase, aposto: "Prefiro homem, em mulher não dá pra confiar" (no consultório, na oficina mecânica, no trânsito). E essa outra: "Atrás de um grande homem, sempre há uma mulher de fibra". Atentou para o "atrás"? Se você faz dupla com um homem, em qualquer área, o homem é sempre mais valorizado. E sempre por outra mulher, já reparou? Medo da concorrência? Se a mulher ganha mais do que o homem, ela vai confessar que o marido ganha menos? O que as amigas dirão? Que o seu marido é sustentado por você? Que você casou com um fracassado? E o marido, então? Preciso dizer mais? Assim, lanço a tese: mulheres criam sapos e sonham com príncipes japoneses, árabes, judeus, italianos, africanos, ingleses, brasileiros.

Tereza Yamashita

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