Este soneto do Carlos Pena Filho foi lido na 119° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER
Então, pintei de azul os meus sapatos
Por não poder de azul pintar as ruas,
Depois, vesti meus gestos insensatos
E colori as minhas mãos e as tuas.
Para extinguir em nós o azul ausente
E aprisionar no azul as coisas gratas,
Enfim, nós derramamos simplesmente
Azul sobre os vestidos e as gravatas.
E afogados em nós, nem nos lembramos
Que no excesso que havia em nosso espaço
Pudesse haver de azul também cansaço.
E perdidos de azul nos contemplamos
E vimos que entre nós nascia um sul
Vertiginosamente azul. Azul.
Carlos Pena Filho
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