Um pequeno território com uma grande população, situado em uma região de poucas chuvas e cercado de vizinhos não muito dispostos a compartilhar rios, lagos e nascentes. Se o futuro da humanidade pode depender de sua relação com a água, no Estado de Israel essa questão há muito tempo é encarada como vital. Localizado em uma área onde predominam os climas árido e semi-árido - 60% do território israelense estão sujeitos a esses padrões climáticos - o país desenvolve um amplo programa de utilização racional dos recursos hídricos. Apesar disso, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores de Israel, o problema é encarado como crônico, principalmente porque a população deve aumentar em mais de um terço (de seis milhões para 8,5 milhões) até 2020. O déficit atual já chega a dois bilhões de metros cúbicos, o equivalente a um ano de consumo de todo o país. Em outras palavras: as principais fontes locais (o chamado "Aqüífero Costeiro", o Mar da Galiléia e o rio Jordão) não estão dando conta de atender a toda a demanda.
Soluções
Para tentar resolver o problema, o governo israelense vem investindo em algumas linhas de ação. Entre elas estão a reciclagem de águas servidas, a produção artificial de chuva e a importação de água.
Um dos primeiros esforços desenvolvidos pelo governo, há 58 anos, foi o de dotar seu território de uma rede de irrigação que transformasse as áreas secas do país (localizadas principalmente na região sul) em um oásis capaz de produzir os alimentos necessários à sobrevivência da população. De fato, hoje Israel produz frutas, cereais, flores e aves em quantidade suficiente para alimentar seus cerca de seis milhões de habitantes. O custo desse sucesso, porém, é alto: nada menos que 60% de toda a água é destinada à agricultura. Para tentar manter e até reduzir esse percentual, o governo vem investindo em vários projetos: o maior deles é o do reaproveitamento dos efluentes de esgoto, que são reciclados e utilizados na agricultura de produtos destinados à alimentação de animais e à indústria. De acordo com dados do Ministério Israelense de Infra-estrutura, metade de todos os efluentes é utilizada na agricultura; atualmente, a água reciclada responde por 25% de toda a demanda de irrigação.
A produção de chuva por meios artificiais foi outra saída encontrada pelo governo. Os primeiros bombardeamentos de nuvens com cristais de iodeto de prata foram realizados há trinta anos e, desde então, os recursos "chama-chuva" (aviões e bases terrestres de bombardeamento) são utilizados para garantir a umidade do solo. Hoje, cerca de 15% das chuvas que ocorrem no norte de Israel -onde a presença de nuvens é maior - são produzidas artificialmente.
ImportaçãoCom os limitados estoques locais de água, a saída mais "radical" adotada pelos israelenses foi, sem dúvida, a da importação de água. Em 2002, Israel e Turquia firmaram um acordo de intenções que previu a venda de nada menos de 50 bilhões de litros d'água por ano... durante vinte anos! O plano foi aprovado pelo gabinete israelense em janeiro de 2004 e começa a sair do papel - atualmente, as autoridades estudam formas viáveis para o transporte da água entre o rio Manavgat, no sul da Turquia, e o porto de Ashkelon (a distância é de 600 quilômetros). Entre as alternativas estão o uso de um aqueduto, o transporte por navios-tanque com capacidade para o armazenamento de 250 milhões de litros cada ou por gigantescos sacos flutuantes. Com a compra, Israel pretende suprir algo entre 2,5% e 3% de sua demanda. O preço de toda essa água, porém, será "salgado": especialistas estimam que ele chegue a US$ 40 milhões por ano!
Fontes:
Ministérios da Infra-estrutura e de Relações Exteriores de IsraelJerusalem PostAgência Nacional de Águas (ANA)
Retirado do site: http://www.cienciaefe.org.br/jornal/e70/mt06.htm
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