Na 165° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 07 de fevereiro de 2010, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 KHZ AM apreciamos a crônica:Ciúme de Humberto de Campos.
Certo, a lógica dos homens é o que há de mais penoso e inconseqüente.
Quando João, que amava madame Paula, verificou que era correspondido, pediu-lhe a mão, e casou-se. E foi-lhe logo, dizendo:
— Minha querida, os maridos que amam verdadeiramente são ciumentos. E
eu te amo verdadeiramente.
— E eu te dei motivo para ciúmes?
— Não; mas todas as vezes que eu examino que és bela, fico a pensar que
outros podem te achar bela, como eu te acho.
— Está bem, — disse ela.
E, para que o marido vivesse tranqüilo, deixou que a maternidade gastasse o
seu corpo maravilhoso.
— E agora, ainda tens ciúmes?
— Oh, sim; os teus cabelos são longos, finos, sedosos e ondulados, e outros
te podem amar só por causa deles.
— Está bem, — disse ela.
E para que o marido não vivesse em sobressalto, cortou, quase rente, os
seus lindos cabelos sedosos.
— E agora, ainda tens ciúmes?
— Minha querida, os teus dentes são admiráveis, e, quando sorris, é tal o
milagre da frescura, que eu temo que outro queira, também, comigo, partilhar a
delícia do teu beijo.
— Está bem, disse a esposa.
E, para que ele não vivesse preocupado por sua causa, ela esqueceu os
dentes, que se estragaram; e deixou de sorrir.
— E, agora, ainda tens ciúmes?
João tinha, porém, ciúmes dos seus lábios, dos seus olhos, das suas mãos
delicadas; e quando, para que o esposo não vivesse em cuidados por sua causa, ela se despojou de toda beleza, ele ficou sossegado, e agradeceu:
— Afinal, não tenho mais ciúmes!
Dias depois, entretanto, comunicou-lhe:
— Sabes, minha querida, que estás, de certo tempo a esta parte,
horrivelmente feia?
E tomou uma amante.
Quando João, que amava madame Paula, verificou que era correspondido, pediu-lhe a mão, e casou-se. E foi-lhe logo, dizendo:
— Minha querida, os maridos que amam verdadeiramente são ciumentos. E
eu te amo verdadeiramente.
— E eu te dei motivo para ciúmes?
— Não; mas todas as vezes que eu examino que és bela, fico a pensar que
outros podem te achar bela, como eu te acho.
— Está bem, — disse ela.
E, para que o marido vivesse tranqüilo, deixou que a maternidade gastasse o
seu corpo maravilhoso.
— E agora, ainda tens ciúmes?
— Oh, sim; os teus cabelos são longos, finos, sedosos e ondulados, e outros
te podem amar só por causa deles.
— Está bem, — disse ela.
E para que o marido não vivesse em sobressalto, cortou, quase rente, os
seus lindos cabelos sedosos.
— E agora, ainda tens ciúmes?
— Minha querida, os teus dentes são admiráveis, e, quando sorris, é tal o
milagre da frescura, que eu temo que outro queira, também, comigo, partilhar a
delícia do teu beijo.
— Está bem, disse a esposa.
E, para que ele não vivesse preocupado por sua causa, ela esqueceu os
dentes, que se estragaram; e deixou de sorrir.
— E, agora, ainda tens ciúmes?
João tinha, porém, ciúmes dos seus lábios, dos seus olhos, das suas mãos
delicadas; e quando, para que o esposo não vivesse em cuidados por sua causa, ela se despojou de toda beleza, ele ficou sossegado, e agradeceu:
— Afinal, não tenho mais ciúmes!
Dias depois, entretanto, comunicou-lhe:
— Sabes, minha querida, que estás, de certo tempo a esta parte,
horrivelmente feia?
E tomou uma amante.
Fonte: www.dominiopublico.org
2 comentários:
Este programa nos mostra e resgata muitas vezes coisas antigas da Cidade de Valença. arabens pelo progra Alacazum um programa ideal de Cultura
Olá, trágico e irônico texto. Muito bom. "(...) — Afinal, não tenho mais ciúmes!E tomou uma amante."
Qto ao selo, está nas imagens laterais do blog. Grato pelo retorno, reitero a admiração pelo trabalho. Até.
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