Na
320º edição do Alacazum palavras para entreter que foi ao ar no dia 29 de
setembro de 2013, das 8 às 9 h da manhã de domingo, edição especialmente gravada
e transmitida pela Rio Una FM 87,9 , prestigiamos o poeta Cruz e Sousa,
representante do Simbolismo no Brasil. Para este programa foram consultados os
livros: Broquéis, Faróis e Antologia Poética de Cruz e Sousa.
Filho
de Carolina, alforriada e do escravo Guilherme, João da Cruz nasceu no dia 24
de novembro de 1861, em Nossa Senhora do Desterro, hoje Florianópolis (Santa
Catarina).No entanto um proverbial acontecimento desde o berço resguardou a
obra futura do poeta, pois nasceu no lar
de senhores brancos sem progênie e de coração generoso. O coronel Guilherme
Xavier de Sousa e sua esposa D. Clarinda Fagundes de Sousa, dedicaram à tarefa
de educar o garoto negro segundo normas, preceitos e instrumentos da cultura
branca. É provavelmente aos poucos que João da Cruz começa a ser conhecido como
João da Cruz e Sousa. Aos 8 anos recita poemas de sua autoria em salões,
concertos e sociedades teatrais na província acanhada. Apesar das dificuldades de 1871 a 1875 estuda
no Ateneu Provincial Catarinense e tem acesso à cultura humanística, com o
estudo do latim, grego, cultura moderna, literatura francesa e inglesa e
ciências naturais.Em 1877 tem seus primeiros poemas publicados nos jornais da
província. De passagem pela corte conhece a obra de vários franceses entre as
quais a de Charles Baudelaire. Alvo de preconceito devido a cor da pele, um
pequeno setor da elite de Desterro ajuda o jovem a se instalar no Rio de
Janeiro. Em 1890, aos 28 anos de idade, o jovem Cruz e Sousa ainda imagina que
na capital da Republica estará a salvo do preconceito. Afinal a abolição
garantira o direito legal do negro à cidadania. Já instalado definitivamente no
Rio de Janeiro, Cruz e Sousa publica seus versos em periódicos de pouco
prestigio. A época os parnasianos, com seu culto à arte pela arte começavam a
se impor e obtinham as vantagens da aceitação do publico que ansiava por uma
arte aparentemente complexa, bem comportada. Nesse ambiente cultural, o chamado
grupo dos novos – de que o poeta era líder – professava outras convições. O
grupo dos novos avançando na direção do Simbolismo, aspirava a uma poética que
pretendia a expressão indireta da emoção o que exigia procedimentos artísticos
também novos: a acumulação de metáforas e de imagens que aludiam a um estado de
espírito da subjetividade visionaria. Tratava-se de dar representação ao que só
o poeta poderia ver. Em 1893, um editor lança as duas únicas obras que Cruz e
Sousa viu editadas em vida: Missal, publicada em fevereiro e Broqueis em
agosto. . Missal – palavra do vocabulário religioso indica o pequeno livro que
contem as principais orações proferidas durante a missa e que o católico leva
consigo para acompanhar a cerimônia litúrgica. Ao escolher como titulo de sua
obra o termo missal, Cruz e Sousa já sinaliza que a arte é sua religião.
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