sábado, 5 de outubro de 2013

Na 320° edição do Alacazum palavras para entreter

Na 320º edição do Alacazum palavras para entreter que foi ao ar no dia 29 de setembro de 2013, das 8 às 9 h da manhã de domingo, edição especialmente gravada e transmitida pela Rio Una FM 87,9 , prestigiamos o poeta Cruz e Sousa, representante do Simbolismo no Brasil. Para este programa foram consultados os livros: Broquéis,  Faróis  e Antologia Poética de Cruz e Sousa.


Filho de Carolina, alforriada e do escravo Guilherme, João da Cruz nasceu no dia 24 de novembro de 1861, em Nossa Senhora do Desterro, hoje Florianópolis (Santa Catarina).No entanto um proverbial acontecimento desde o berço resguardou a obra futura do  poeta, pois nasceu no lar de senhores brancos sem progênie e de coração generoso. O coronel Guilherme Xavier de Sousa e sua esposa D. Clarinda Fagundes de Sousa, dedicaram à tarefa de educar o garoto negro segundo normas, preceitos e instrumentos da cultura branca. É provavelmente aos poucos que João da Cruz começa a ser conhecido como João da Cruz e Sousa. Aos 8 anos recita poemas de sua autoria em salões, concertos e sociedades teatrais na província acanhada.  Apesar das dificuldades de 1871 a 1875 estuda no Ateneu Provincial Catarinense e tem acesso à cultura humanística, com o estudo do latim, grego, cultura moderna, literatura francesa e inglesa e ciências naturais.Em 1877 tem seus primeiros poemas publicados nos jornais da província. De passagem pela corte conhece a obra de vários franceses entre as quais a de Charles Baudelaire. Alvo de preconceito devido a cor da pele, um pequeno setor da elite de Desterro ajuda o jovem a se instalar no Rio de Janeiro. Em 1890, aos 28 anos de idade, o jovem Cruz e Sousa ainda imagina que na capital da Republica estará a salvo do preconceito. Afinal a abolição garantira o direito legal do negro à cidadania. Já instalado definitivamente no Rio de Janeiro, Cruz e Sousa publica seus versos em periódicos de pouco prestigio. A época os parnasianos, com seu culto à arte pela arte começavam a se impor e obtinham as vantagens da aceitação do publico que ansiava por uma arte aparentemente complexa, bem comportada. Nesse ambiente cultural, o chamado grupo dos novos – de que o poeta era líder – professava outras convições. O grupo dos novos avançando na direção do Simbolismo, aspirava a uma poética que pretendia a expressão indireta da emoção o que exigia procedimentos artísticos também novos: a acumulação de metáforas e de imagens que aludiam a um estado de espírito da subjetividade visionaria. Tratava-se de dar representação ao que só o poeta poderia ver. Em 1893, um editor lança as duas únicas obras que Cruz e Sousa viu editadas em vida: Missal, publicada em fevereiro e Broqueis em agosto. . Missal – palavra do vocabulário religioso indica o pequeno livro que contem as principais orações proferidas durante a missa e que o católico leva consigo para acompanhar a cerimônia litúrgica. Ao escolher como titulo de sua obra o termo missal, Cruz e Sousa já sinaliza que a arte é sua religião.

Nenhum comentário: