Quando no ano de 1896, teve que cuidar da esposa que
enlouquecera ele não desistiu de escrever. Mesmo com o golpe da morte do pai no
mesmo ano ele não desistiu da literatura. E quando faleceu no ano de 1898, nos deixou a belíssima obra Faróis, onde estão
guardadas os poemas que apreciamos na 320° do Alacazum palavras para entreter, especialmente gravado e transmitido pela Rio Una FM 87,9.
Mesmo
desfeitas as ilusões da fama, Cruz e Sousa persistia em sua arte. E os dilemas
pessoais se somavam: em 1896, sua esposa enlouquece e é o poeta que cuida dela.
No mesmo ano, morre o pai. Nos anos que se seguiam ate a sua morte – 1898, Cruz
e Sousa, produziu o melhor de sua obra: Farois entregue a Nestor Vitor com o
titulo definido e o conjunto dos poemas já organizados. Nos longos poemas e nos
sonetos de Farois, Cruz e Sousa já abandonou o pendor parnasiano e seu
simbolismo ganha feição muito particular. Permanecem as aliterações, as
assonâncias, as sinestesias, as associações de imagens em encadeamentos livres,
as repetições de palavras, os versos construídos apenas com advérbios ou
adjetivos, os deslocamentos rítmicos criados pelos prolongamentos sintáticos de
um verso ao verso seguinte, a recusa dos conteúdos referenciais.
Os
poemas aqui declamados fazem parte do livro Farois.
Siderações
Para
as estrelas de cristais gelados
As
ânsias e os desejos vão subindo,
Galgando
azuis e siderais noivados,
De
nuvens brancas a amplidão vestindo
Num
cortejo de cânticos alados
Os
arcanjos, as cítaras ferindo,
Passam,
das vestes nos troféus prateados,
As
asas de ouro finamente abrindo...
Dos
etéreos turíbulos de neve
Claro
incenso aromal, límpido e leve,
Ondas
nevoentas de visões levanta...
E
as ânsias e os desejos infinitos
Vão
com os arcanjos formulando ritos
De
eternidade que nos astros canta....
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