João da Cruz e Sousa
Sonata
Do
imenso Mar maravilhoso, amargos,
Marulhosos
murmurem compungentes
Cânticos
virgens de emoções latentes,
Do
sol nos mornos, mórbidos letargos...
Canções,
leves canções de gondoleiros,
Canções
do Amor, nostálgicas baladas,
Cantai
com o Mar, com as ondas esverdeadas,
De
lânguidos e trêmulos nevoeiros!
Tritões
marinhos, belos deuses rudes,
Divindades
dos tártaros abismos,
Vibrai,
com os verdes e acres electrismos
Das
vagas, flautas e harpas e alaúdes!
Ó
Mar supremo, de fragrância crua,
De
pomposas e de ásperas realezas,
Cantai,
cantai os tédios e as tristezas
Que
erram nas frias solidões da Lua...
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