Na 174° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ao no dia 09 de maio de 2010, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 KHZ AM, dia das mães refletimos sobre o movimento das mães da praça de maio na Argentina.
Na Argentina dia das Mães é em Outubro. Neste dia das mães (adotado do calendário norte americano) vale reflexionar sobre as mães da praça de maio na argentina. Imagina o que é perder um filho em qualquer acidente e mesmo olhando para o corpo não aceitar a morte. Agora imagina perder todos os filhos para a ditadura militar e nem sequer ver os corpos. Ficar na esperança por mais de 30 anos? Foi o que fez a Hebe de Bonafini, naquele 30 de abril de 1977 isso era puro atrevimento. A Argentina vivia sob a ditadura militar (1976-1983) de Jorge Videla. No inicio ninguém deu bola. Eram apenas 14 mães com cartazes e fotos dos filhos que desapareceram por se opor ao regime. Antes do final dos anos 70 mulheres já pressionavam o governo a assumir a responsabilidade pelos desaparecidos. Abraçando a causa dos filhos passaram a ser recebidas a golpes de cassetete em suas manifestações. Era proibido se reunir em praça. Então as mães para despistar resolveram circular o dia todo pela praça para fugir das bordoadas. Por este período, dezembro de 1977, Azucena Villaflor de Vicenti, a primeira líder das mães foi raptada e morta. Ameaças a outras não intimidaram o movimento. Foram chamadas de loucas por que insistiam em ir a praça mesmo sabendo que seriam presas. O lenço branco que serve de símbolo internacional de sua resistência pacifica, a principio foi a fralda do filho guardada como lembrança. Mais de 30 anos passaram e estas mães agora avós continuam indo toda quinta feira a praça. Estrategicamente se aglomeram em frente a casa rosada, sede do governo argentino. As 3 e meia da tarde em ponto dão inicio a um ritual que se repente por mais de 30 anos. Caminham em volta da praça por 30 minutos no mais absoluto silencio para, em seguida pronunciar ao microfone um discurso inflamado e cheio de denuncias de violações dos direitos humanos. Quando vão a praça crêem entrar em contato espiritual com os filhos. Mesmo sabendo que a maior parte dos opositores eram arremessados de um vôo no Rio da Prata.. Mesmo assim elas continuam á procura. Também buscam seus netos, os filhos dos desaparecidos, a quem a ditadura deu nova identidade e uma nova família. O governo argentino já lhes ofereceu uma indenização de 250 mil dólares por desaparecido mais elas recusam. Negam a reconhecer a morte dos filhos. “Um revolucionário permanece vivo dentro de nós” dizem. Preocupadas em deixar um legado para a nova geração fundaram uma universidade: A universidade popular das mães. Tem 5 cursos, um deles sobre a historia da associação. A associação conta com mais de 2 mil mães e além da busca pelos filhos desaparecidos a associação trabalha para a formação política dos jovens para que amem o saber, para que se comprometam e juntos fazer um mundo melhor. Até 1999, 24 crianças (digo adultos)foram localizados. Há mais de 30 mil desaparecidos, mais de 15 mil fuzilados, 1,5 milhões de pessoas no exílio. Neste dia das mães que possam pensar sobre este fato e o amor das mães por seus filhos.
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