segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Cem anos de perdão, de Clarice Lispector

Na 370° edição do Alacazum Palavras Para Entreter, apresentação da escritora e locutora Celeste Martinez, que foi ao ar no dia 28 de setembro de 2014, das 8 às 9 h transmissão ao vivo 87,9 Rio Una FM, apreciamos a leitura do texto: Cem anos de perdão de Clarice Lispector.

Cem anos de Perdão

Quem nunca roubou não vai me entender. E quem nunca roubou rosas, então é que jamais poderá me entender. Eu, em pequena, roubava rosas.

Havia em Recife inúmeras ruas, as ruas dos ricos, ladeadas por palacetes que ficavam no centro de grandes jardins. Eu e uma amiguinha brinávamos muito de decidir a quem pertenciam os palacetes. “Aquele branco é meu”. “Não, eu já disse que os brancos são meus”. “Mas esse não é totalmente branco, tem janelas verdes.” Parávamos às vezes longo tempo, a cara imprensada nas grades, olhando.

Começou assim. Numa das brincadeiras de “essa casa é minha”, paramos diante de uma que parecia umm pequeno castelo. No fundo via-se o imenso pomar. E, à frente, em canteiros bem ajardinados, estavam plantadas as flores.

Bem, mas isolada no seu canteiro estava uma rosa apenas entreaberta cor-de-rosa-vivo. Fiquei feito boba, olhando com admiração aquela rosa altaneira que nem mulher feita ainda não era. E então aconteceu: do fundo de meu coração, eu queria aquela rosa para mim. Eu queria, ah como eu queria. E não havia jeito de obtê-la. Se o jardineiro estivesse por ali, pediria a rosa, mesmo sabendo que ele nos expulsaria como se expulsam moleques. Não havia jardineiro à vista, ninguém. E as janelas, por causa do sol, estavam de venezianas fechadas. Era uma rua onde não passavam bondes e raro era o carro que aparecia. No meio do meu silêncio e do silêncio da rosa, havia o meu desejo de possuí-la como coisa só minha. Eu queria poder pegar nela. Queria cheirá-la até sentir a vista escura de tanta tonteira de perfume.

Então não pude mais. O plano se formou em mim instantaneamente, cheio de paixão. Mas, como boa realizadora que eu era, raciocinei friamente com minha amiguinha, explicando-lhe qual seria o seu papel: vigiar as janelas da casa e a aproximação ainda possível do jardineiro, vigiar os transeuntes raros na rua. Enquanto isso, entreabri lentamente o portão de grades um pouco enferrujadas, contando já com o leve rangido. Entreabri somente o bastante para que meu esguio corpo de menina pudesse passar. E, pé ante pé, mas veloz, andava pelos pedregulhos que rodeavam os canteiros. Até chegar à rosa foi um século de coração batendo.

Eis-me afinal diante dela. Paro um instante, perigosamente, porque de perto ela ainda é mais linda. Finalmente começo a lhe quebrar o talo, arranhando-me com os espinhos, e chupando o sangue dos dedos.

E, de repente – ei-la toda na minha mão. A corrida de volta ao portão tinha também de ser sem barulho. Pelo portão que deixara entreaberto, passei segurando a rosa. E então nós duas pálidas, eu e a rosa, corremos literalmente para longe da casa.

O que é que fazia eu com a rosa? Fazia isso: ela era minha.

Levei-a para casa, coloquei-a num copo d´agua, onde ficou soberana, de pétalas grossas e aveludadas, com vários entretons de ros-chá. No centro dela a cor se concentrava mais e seu coração quase parecia vermelho.

Foi tão bom.

Foi tão bom que simplesmente passei a roubar rosas. O processo era sempre o mesmo: a menina vigiando, eu entrando, eu quebrando o talo e fugindo com a rosa na mão. Sempre com o coração batendo e sempre com aquela glória que ninguém me tirava.

Também roubava pitangas. Havia uma igreja presbiteriana perto da casa, rodeada por uma sebe verde, alta e tão densa que impossibilitava a visão da igreja. Nunca cheguei a vê-la, além de uma ponta de telhado. A sebe era de pitangueira. Mas pitangas são frutas que se escondem: eu não via nenhuma. Então, olhando antes para os lados para ver se ninguém vinha, eu metia a mão por entre as grades, mergulhava-a dentro da sebe e começava a apalpar até meus dedos sentirem o úmido da frutinha. Muitas vezes na minha pressa, eu esmagava uma pitanga madura demais com os dedos que ficavam como ensanguentadas. Colhia várias que ia comendo ali mesmo, umas até verdes demais, que eu jogava fora.

Nunca ninguém soube. Não me arrependo: ladrão de rosas e de pitangas tem 100 anos de perdão. As pitangas, por exemplo, são elas mesmas que pedem para se colhidas, em vez de amadurecer e morrer no galho, virgens.


Clarice Lispector, em Felicidade Clandestina




Na 369° edição do Alacazum Palavras Para Entreter



Na 369° edição do Alacazum palavras para entreter, Larissa Vitória, socializou a poesia feita especialmente para brindar os 8 anos de existência do Alacazum na cidade de Valença Bahia.

Poesia de Júlia Café ( 8 anos ) para Celeste Martinez


Mágica as palavras escritas pela garota Júlia Café ( 8 anos ) em homenagem a Celeste Martinez

Declaração de amor para Larissa Vitória enviada pelos pais


Celeste Martinez, foi encarregada de ler o texto enviado pelos pais da adolescente Lara Vitória ao vivo na 369° edição do Alacazum quando da presença desta acompanhada de outras crianças. Emocionante surpressa para Lara. Apreciem o vídeo.

Poesia de Andréa Vivian



Maravilhoso, a manhã de domingo, dia 21 de setembro de 2014, 369° edição do Alacazum Palavras Para Entreter quando desfrutamos do encanto de crianças talentosas, a exemplo de Andréa Vivian que vemos neste vídeo socializando texto de sua autoria. Parabéns!

Poesia de Júlia Café ( 8 anos de idade )


Espetacular a habilidade escrita e expressiva da garota Júlia Café, 8 anos, que nos brindou com a poesia escrita por ela em homenagem a prima Larissa Vitória, também escritora. O Alacazum agradece o belo presente.

Larissa Vitória e a sua poesia


Larissa Vitória e o texto escrito por ela intitulado: Sonho de Menina, ganhador do I Concurso Literário Alacazum, gênero poesia, ano de 2010

Sonhos de Menina, de Larissa Vitória


Na 369° edição do Alacazum Palavras Para Entreter, apresentação da escritora e locutora Celeste Martinez, que foi ao ar no dia 21 de setembro de 2014, das 8 às 9 h transmissão ao vivo 87,9 Rio Una FM, contamos com a presença da adolescente Lara Vitória que realizou a leitura de sua poesia ganhadora do I Concurso Literário Alacazum 2010, quando ela tinha 12 anos de idade.


Sonhos de Menina

A poesia que vos trago
Não fala de amor
De paixões traiçoeiras
Ou se quer de dor

Fala do sonho que tinha
Uma garota de humilde cidadezinha
Que tinha um desejo profundo
Bem maior que o mundo

Não sabe como tal sonho nasceu
Mas o dia pra a noite ele cresceu
Quando numa bema tarde estava a brincar
Com suas priminhas “ do que vou trabalhar”.


Nisso ficou a pensar a jovem menininha
Em levar a sério o sonho de ser bióloga marinha
Mas tinha que ter um dinheirão
Para fazer faculdade no maranhão

Essa menina 13 anos já vai fazer
Mas não tira da cabeça o sonho de bióloga ser
Essa menina não desiste porque tem muit fé
Em seu coração há esperança de conseguir o que quer.

Larissa Vitória – 12 anos
Primeiro lugar no I Concurso Literário Alacazum 2010, categoria criança

Vídeo sobre o texto: Declaração de Amor de Clarice Lispector


Na 369° edição do Alacazum Palavras Para Entreter apreciamos a leitura do texto: Declaração de Amor de Clarice Lispector

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Declaração de Amor, de Clarice Lispector

Na 369° edição do Alacazum Palavras Para Entreter, apresentação da escritora e locutora Celeste Martinez, que foi ao ar no dia 21 de setembro de 2014, das 8 às 9 h de domingo, transmissão ao vivo 87,9 Rio Una FM, apreciamos a leitura do texto: Declaração de Amor, de Clarice Lispector, no livro: A descoberta do mundo.

Declaração de Amor

Esta é uma confissão de amor: amo a língua portuguesa. Ela não é fácil. Não é maleável. E, como não foi profundamente trabalhada pelo pensamento, a sua tendência é a de não ter sutilezas e de reagir às vezes com um verdadeiro pontapé contra os que temeriamente ousam transformá-la numa lunguagem de sentimento e de alerteza. E de amor. A língua portuguesa é um verdadeiro desafio para quem escreve. Sobretudo para quem escreve tirando das coisas e das pessoas a primeira capa de superficialismo.

Ás vezes ela reage diante de um pensamento mais complicado. Às vezes se assusta com o imprevisível de uma frase. Eu gosto de manejá-la – como gostava de estar montada num cavalo e guiá-lo pelas rédeas, às vezes lentalmente, às vezes a galope.

Eu queria que a língua portuguesa chegasse ao máximo nas minhas mãos. E este desejo todos os que escrevem têm. Um Camões e outros iguais não bastaram para nos dar para sempre uma herança de línguas já feita. Todos nós que escrevemos estamos fazendo do túmulo do pensamento alguma coisa que lhe dê vida.

Essas dificuldades, nós a temos. Mas não falei do encantamento de lidar com uma língua que não foi aprofundada. O que recebi de herança não me chega.

Se eu fosse muda, e também não pudesse escrever, e me perguntassem a que língua eu queria pertencer, eu diria: inglês, que é preciso e belo. Mas como não nasci muda e pude escrever, tornou-se absolutamente claro para mim que eu queria mesmo era escrever em português. Eu até queria não ter aprendido outras línguas: só para que a minha abordagem do português fosse virgem e límpida.

Clarice Lispector

Crianças no Alacazum, véspera de primavera


Da esquerda para direita: Júlia Café ( 8 anos ), Andréa Vivian, Lara Vitória ( 17 anos ), Janaina e Celeste Martinez, na 369° edição do dia 21 de setembro de 2014.

Lara Vitória e a poesia para o Alacazum


Lara Vitória, vencedora do I Concurso Literário Alacazum 2010, gênero poesia, atualmente com 17 anos, retorna ao programa, desta vez com outra poesia em homenagem aos 8 anos de sucesso do único programa cultural da cidade de Valença, Bahia. Reconhecido pelo Governo Federal como Ponto de Leitura no Brasil, conforme publicação em Diário Oficial n° 92 de 18 de dezembro de 2008.

Na 368° edição do Alacazum Palavras Para Entreter


Vídeo produzido pelo Alacazum Palavras Para Entreter, através de Horacio Martinez, na 368° edição, que foi ao ar no dia 14 de setembro de 2014, transmissão ao vivo 87,9 Rio Una FM. A poesia foi criada pelo poeta Adriano Pereira, em homenagem aos 8 anos do Alacazum.

O Lírio, o Alacazum II de Celeste Martinez


Vídeo, produzido pelo Alacazum Palavras Para Entreter, através de Horacio Martinez, no dia 14 de setembro de 2014, na  368° edição. O Lírio. O Alacazum II, é a crônica, escrita pela escritora e apresentadora Celeste Martinez e interpretada por ela para homenagear a professora Aleísa Magalhães, que ofertou Lírios ( mais uma vez ) para homenagear os 8 anos de vida do Alacazum.

Homenagem do Educandário Almir Moraes



A turma do 9° ano do Educandário Almir Moraes, instituição de ensino privado da cidade de Valença, Bahia, elegeu para tema: Escritores Valencianos. Entre os homenageados, Celeste Martinez. Na particularidade da fotografia, bem no centro, minha caricatura. Obrigada!

Eu prestigiei a Feira dos Saberes do Educandário Almir Moraes


Gratificante quando somos reconhecidos pelo que fazemos. O programa radiofõnico Alacazum Palavras Para Entreter nestes 8 anos de atividade têm motivado crianças e adolescentes para a prática da leitura e escrita.

Feira dos Saberes do Almir Moraes

Eu, Celeste Martinez ao lado da jovem Andressa Luz e Filipe, estudantes do Colégio Particular Almir Moraes, na cidade de Valença Bahia. Fui convidada para apreciar a Feira dos Saberes, onde foi escolhido para estudo, a vida de escritores Valencianos, entre eles, eu. O garoto Filipe foi  o encarregado de informar a breve biografia da escritora Celeste Martinez. Quando passeava entre as diversas salas com seus diferentes temas, uma conhecida, me parabenizou por ter sido uma das escolhidas pelos alunos. E frizou: homenagem ainda em vida. Sim, realmente, é motivo de felicidade, saber que jovens reconhecem o trabalho literário de pessoas que vivem na cidade. Obrigada, ao Colégio Almir Moraes e aos dinâmicos jovens que integram a equipe.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Escutamos Vicente Celestino

Na 368° edição do Alacazum Palavras Para Entreter que foi ao ar no dia 14 de setembro de 2014 apresentação da escritora e locutora Celeste Martinez, transmissão ao vivo 87,9 Rio Una FM no horário das 8 às 9 h apreciamos a música: Patativa, autoria de Vicente Celestino, cantada por ele. Lançamos como desafio musical e o ouvinte-leitor identificou facilmente.
Crédito da imagem: http://www.tvsinopse.kinghost.net/art/v/vicente-celestino.htm





Patativa

Acorda, Patativa, vem cantar
Relembras as madrugas que lá vão
E faz de tua janela o meu altar
Escuta a minha eterna oração
Eu vivo inultilmente a procurar
Alguém que compreende o meu amor
E vejo que é destino meu sofrer
E padecer não encontrar
Quem compreenda o trovador
Eu tenho n'alma um vendaval sem fim
E uma esperança que hás de ter por mim
O mesmo afeto que juravas ter
Para que acabe este meu sofrer
Eu sei que juras cruelmente em vão
Eu sei que preso tens o coração...

Video da poesia: O beijo e o vento de Jucilene C. Muniz


Celeste Martinez, interpreta o poema: O beijo e o vento da escritora e professora Jucilene C. Muniz, de Presidente Tancredo Neves

Poesia: O beijo e o vento de Jucilene C. Muniz

Na 368° edição do Alacazum Palavras Para Entreter, apresentação da escritora e locutora Celeste Martinez e que foi ao ar no dia 14 de setembro de 2014, das 8 às 9 h transmissão ao vivo 87,9 Rio Una FM, apreciamos a poesia: O beijo e o vento da escritora e professora Jucilene C. Muniz, de Presidente Tancredo Neves.

 O beijo e o vento

Beijos que se perderam no vento!
Inocente pensamento que deseja encontrar
Em algum momento! Beijos! Abraços e sentimentos!

Sinceros pensamentos que com a certeza do tempo
Acredita que foram beijos e abraços nunca experimentado
Quanta ilusão cabe dentro de um pensamento!

Nada de beijos e abraços perdidos no tempo
Sabe-se que jamais foram dados!
Talvez em alguns momentos foram roubados
De tais pensamentos que enganaram os sentimentos!

Jucilene C. Muniz
Escritora/ Professora

Vídeo da poesia: Supremacia do Amor de Jéssica Bellém, de Igrapiúna



Celeste Martinez, declama a poesia: Supremacia do Amor, de Jéssica Bellém, de Igrapiúna, Bahia, na 368° edição do dia 14 de setembro de 2014

Supremacia do Amor de Jéssica Bellém de Igrapiúna

Na 368° edição do Alacazum Palavras Para Entreter, apresentação da escritora e locutora Celeste Martinez e que foi ao ar no dia 14 de setembro de 2014, das 8 às 9 h transmissão ao vivo 87,9 Rio Una FM, apreciamos a poesia: Supremacia do Amor, de Jéssica Bellém, que vive em Igrapiúna.

Supremacia do Amor


Rosas vermelhas sobre o nosso leito de amar,
Lençois brancos que exalam o cheiro roubado,
Ardente amor desperta loucos desejos
Atrai a minha boca para ficar unida a sua.

Flutuando nos teus braços, sentindo o teu calor
Tentando controlar o que porfia dentro de mim.
Ès tão lindo meu amado, meu bem-querer
E assim te contemplando, fecho os olhos e te beijo.

Não resisto a esse seu jeito de me olhar,
Sua voz tão meiga me faz carinho com palavras
Sua boca é um convite tentador, eu aceito.
Queres o mesmo que eu, então me consome.

Dono do meu coração, estou aqui, sou sua,
Me toca, me beija, me conduz onde eu devo ir,
Seguirei em ritmo quente e incansável.
Te deixarei sem fôlego, mas tu pedirás mais.

Calarei a sua voz com um longo beijo,
Nesse instante ficarei apenas te apreciando
Ao som dos teus gemidos não cabe mais movimento,
Apenas se deliciar com a supremacia do amor.

( Poetisa Bellém ) Igrapiúna, Bahia

Na 367° edição do Alacazum Palavras Para Entreter


Vídeo produzido pelo Alacazum Palavras Para Entreter em sua 367° edição comemoração dos 8 anos de aniversário do programa. Como convidado Marcos Restini.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Acácio Luz, convidado para os 8 anos de sucesso do Alacazum


Acácio Luz, amigo, ouvinte-leitor, Alacazum, convidado especial para participar da 367° edição do 7 de setembro de 2014, quando se comemorou os 8 anos de sucesso, do único programa cultural da cidade de Valença, Bahia.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Festa de comemoração dos 8 anos de Alacazum por Jamile Guerra






Comemoração do aniversário de 8 anos de sucesso do Alacazum Palavras Para Entreter, em família, organizado pela irmã, professora Jamile Guerra. Bolo feito especialmente por ela para este momento. Muito gratificante, poder contar com a nossa família e comemorar juntos, este festivo dia.

Presente da professora Aleísa Magalhães nos 8 anos de sucesso do Alacazum!

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Cartão, acompanhado de um belíssimo jarro de Lírios, ofertado pela amiga, professora, Aleísa Magalhães (segundo ano que envia flores ) em comemoração aos 8 anos de sucesso, do único programa cultural da cidade de Valença, Bahia.


8 anos de sucesso do Alacazum Palavras Para Entreter



Celeste Martinez, escritora, idealizadora e apresentadora do programa radiofônico Alacazum Palavras Para Entreter - único programa de cultural da cidade de Valença, Bahia - entre os convidados na 367° edição do dia 7 de setembro de 2014.


Convidados especiais nos 8 anos de sucesso do Alacazum Palavras Para Entreter


Esta fotografia, retrata a manhã de 7 de setembro de 2014, na emissora de rádio Rio Una FM 87,9 quando na 367° edição, comemorou-se o dia 3 de setembro, data comemorativa dos 8 anos de Alacazum como programa radiofônico de incentivo à pratica da leitura, na cidade de Valença Bahia.

Da esquerda para direita: Flávio Restini ( Engenheiro Quimico ), Adilson Pereira ( Empresário ), Lara Vitória ( Estudante e poetiza );  Horacio Martinez ( Artista Visual e Empresário- agachado ); Acácio Luz ( Empresário e Artista ), Carlos Maia ( Defensor Público ) Marcos Restini ( Estudante ) e Igor ( Estudante).

A casa do tento, de Adriana Pereira Santos


Adilson Pereira, ouvinte-leitor Alacazum, convidado especial na 367° edição, quando comemoramos o aniversário de 8 anos do Alacazum Palavras Para Entreter. Adilson, nos presenteou com poesia, escrito por sua irmã Adriana Pereira, que vive no estado de São Paulo. Foi a mais bela interpretação dos belos momentos vividos por uma família que eu já escutei.

Na 366° edição do Alacazum Palavras Para Entreter



Celeste Martinez - escritora, idealizadora e apresentadora do programa radiofônico Alacazum Palavras Para Entreter, interpretando a crônica: Um homem feliz, da Clarice Lispector, no livro: A descoberta do mundo.

Um homem feliz, de Clarice Lispector



Na 366° edição do Alacazum Palavras Para Entreter, apresentado pela escritora e locutora Celeste Martinez e que foi ao ar no dia 31 de agosto de 2014 das 8 às 9 h, transmissão ao vivo Rio Una FM 87,9 apreciamos, novamente, outra crônica da Clarice Lispector, intitulada: Um homem feliz, retirado do livro: A descoberta do mundo.

Um homem feliz


Um dia desses tomei um táxi e acendi um cigarro. Ao primeiro sinal de parada de luz vermelha, o chofer me disse:

- A senhora quer ter a gentileza de me emprestar seus fósforos?

Estendi-lhe a caixa, e quando a devolveu, antes que ele disesse alguma coisa, falei distraidamente por hábito:

- De nada.

E ele:

- Eu ainda não tinha agradecido. Por que é que a senhora disse " de nada " ?

- Ah, não tem importância.

- Me desculpe, mas tem importância. A senhora devia ter esperado que eu dissesse " muito obrigado " e depois é que a senhora ia responder " de nada ".


- Não importa, disse eu um pouco surpreendida.

Mas importava sim. Seu tom, ao ter falado, era o de um homem que defende leis que foram violadas. Era como se ele tivesse caído em terreno perigoso. Olhei-o melhor: e vi quanto aquele homem era pouco livre e como ele precisava sentir-se preso, e aos outros também. Tentei então uma doçura que o suavizasse, e, mais pela entonação da voz que por meio das palavras, eu lhe disse:

- De verdade, moço, não tem mesmo importância...

Mas ele insistiu duro:

- De outra vez a senhora espere que lhe agradeçam.

Nada mais havia a fazer, além do que eu também estava um pouco irritada. Até o fim da corrida não dissemos mais nada. E se há um silêncio mudo era aquele.


Clarice Lispecto, em A descoberta do mundo

O que significa a palavra: Apapachar?


Na 366° edição do Alacazum Palavras Para Entreter, apresentado pela escritora e locutora Celeste Martinez e que foi ao ar no dia 31 de agosto de 2014 das 8 às 9 h, transmissão ao vivo Rio Una FM 87,9, socializamos o significado da palavra: Apapachar.

Enigma, de Clarice Lispector


Na 366° edição do Alacazum Palavras Para Entreter, apresentado pela escritora e locutora Celeste Martinez e que foi ao ar no dia 31 de agosto de 2014 das 8 às 9 h, transmissão ao vivo Rio Una FM 87,9 apreciamos a crônica: Enigma, de Clarice Lispector, no livro: A descoberta do mundo.


Enigma

Ela estava vestida de uniforme listrado de empregada, mas falava como dona-de-casa. Viu-me subir as escadas cheia de embrulhos e parando para sentar nos degraus – os dois elevadores estavam enguiçados. Ela morava no quinto andar, eu no sétimo. Subiu comigo segurando alguns de meus embrulhos numa das mãos, e na outra o leite que comprara. Quando chegou ao quinto andar, botou o leite em casa dela entrando pela porta de serviço, depois fez questão de segurar meus embrulhos e de subir comigo até o sétimo.
Que mistério era esse: falava como dona-de-casa, seu rosto era o de dona-de-casa, e no entanto estava uniformizada. Sabia do incêndio que eu sofrera, imaginava a dor que eu sentira, e disse: mais vale a pena sentir dor do que não sentir nada.
- Tem pessoas – acrescentou – que nunca ficam nem deprimidas, e não sabem o que perdem.
Explicou-me, logo a mim, que a depressão ensina muito.
E – juro- acrescentou o seguinte: “ A vida tem que ter um aguilhão, senão a pessoa não vive”. E ela usou a palavra aguilhão, de que eu gosto.

Clarice Lispector, em A descoberta do mundo

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Vídeo do relato: História de uma Pianista, de Regina Célia Queiroz Alves

Celeste Martinez, escritora e apresentadora do Alacazum Palavras Para Entreter, interpreta o texto, escrito pela Dona Regian Alves, na 366° edição do Alacazum.

História de uma Pianista, de Regina Célia Queiroz Alves





Na 366° edição do Alacazum Palavras Para Entreter, apresentado pela escritora e locutora Celeste Martinez e que foi ao ar no dia 31 de agosto de 2014 das 8 às 9 h, transmissão ao vivo Rio Una FM 87,9 apreciamos o relato: História de uma pianista, escrito pela dona Regina Célia Queiroz Alves, que vive na cidade de Valença, detentora de um piano que foi doado ao Memorial da Câmara de Vereadores de Valença, Bahia.

História de uma Pianista

Quero falar um pouco, a todos que visitarem esse “Memorial” da História de uma mulher que dedicou toda sua vida à música, em especial ao “ Piano”. Trata-se de D. Maria Herminia Vasconcelos de Queiroz conhecida por muitos de Marêta Queiroz e mui carinhosamente por seus familiares “ Tiêta”. Seu prazer maior era ensinar. Dedicou todo o seu tempo aos serviços da Igreja, como catequista, tocando Harmônio, formando grupo de cantos, etc, etc. Era também poliglota, falava línguas como: Francês, Latim, Castelhano, Espanhol, etc. Era uma poetisa, escritora, emfim foi uma pessoa de grandes conhecimentos e que nos deixou verdadeiro exemplo.
Aprenderem com ela, alguns valencianos que também foram importantes, como: Dr. Rafael Isauro Dantas, Sr. Gentil Paraiso Martins e muito mais. Era professora de Português e de música. Como alunos de piano: Marcos Galvão de Queiroz ( seu sobrinho querido ), Luzia, Manoel Lobão, Diana, Sr. Viriato, por fim, foi minha mestra maior, passando-me seus ensinamentos e seus valores na música, em especial o piano, do quel eu fui escolhida para ser herdeira do mesmo, por ser aluna dedicada.
Hoje o tempo me fez lembrar e agradecer por ter encontrado essa pessoa maravilhosa na minha vida, que me fez experimentar o sentimento musical, tocando na Igreja e também em nosso convívio familiar, alegrando a todos que me ouviam. Obrigada, Tiêta!!!
Mas... a vida vai passando! Ela já passou e tantos outros também, ficando apenas as saudades e as lembranças! Eu também passarei!!! Fica aqui pois, esse relato para quem conhecer este piano saber a história de D. Mariêta Queiroz ou nossa querida Tiêta que fez parte da história de Valença, direta ou indiretamente, principalmente como educadora. Mais uma vez, sinto-me feliz e privilegiada por ter participado dos seus ensinamentos e conhecimentos que me tornaram sua discipula e admiradora! Esse piano foi doado por mim a este Memorial e aqui deixo um pouco da história de minha mestra e da minha também.

Regina Célia Queiroz Alves, Valença, 2014