Deu-se que Mãe Catirina teve desses desejos estranhos que toda grávida tem. O seu foi de comer língua. E tanto infernizou Pai Francisco, seu bom (e paciente) marido, que este acabou tendo que sair de casa para encontrar a bendita língua. Mas, por lhe faltar recursos e disposição para ir mais longe, acabou matando o primeiro boi que encontrou – logo um de estimação de seu patrão. Descoberto o sumiço do animal, este ficou furioso. Tanto que, esclarecida a autoria de tão ignóbil afronta, obrigou o dito Pai Francisco a trazê-lo de volta. Pajés são chamados para ressuscitar o animal. E, depois de muita reza, o boi acabou mesmo levantando e, em pé, passando a dançar, alegremente, a dança da vida. Assim nasceu o “Bumba-meu-boi”, nos engenhos de açúcar do Nordeste, num tempo em que ainda não havia televisão. Resultado das influências das culturas de nossas três raças – o índio, o negro e o branco. Aos poucos, foi ganhando força nos agrestes e nos sertões do Brasil todo. “Bumba!” é interjeição onomatopaica que indica batida, pancada, queda – “bate (chifra) meu boi!”, assim dizia-se naqueles primeiros tempos – Bumba!, meu boi.
Un poema de Alina Diaconú
Há 5 dias
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