ORAR POR ELE. POIS A NATU REZA POR NÓS. E NÓS POR ELA.
quarta-feira, 30 de março de 2011
Hora do Planeta de Nicolas Behr
ORAR POR ELE. POIS A NATU REZA POR NÓS. E NÓS POR ELA.
terça-feira, 29 de março de 2011
Abraços Dobrados, Tereza Yamashita
Oi, Celeste.
21 horas e 30 minutos
Mãe, fala “boa noite, Grace”.
Boa noite, Grace.
Boa noite.
Sempre que sinto medo minha mãe me recita uma poesia.
Hoje estou com muito medo. Acabo de perder um amigo.
Estamos no hospital, estou com leucemia. Aqui todos têm câncer.
Minha mãe disse que viemos só para uma consulta de rotina, coisa boba, e acabei sendo internada. Meu nariz estava sangrando.
Tenho nove anos e um irmão de cinco. Ele é muito traquina. Hoje ele pegou o triciclo e percorreu toda a ala pediátrica. Atropelou enfermeiros, pacientes e arrancou olhares curiosos de todos.
Meninos sempre são mais levados que as meninas, eu acho.
A minha médica é superlegal e carinhosa. Ela tem uma pulseira linda, com um coração e muitos pingentes, ela diz que ganhou de um velho amigo. Acho que foi do seu ex-marido, ela estava triste.
Estou sentindo muitos calafrios e estou chamando o Hugo a toda hora. As crianças dizem assim, aqui, quando vomitam muito, é divertida a expressão. É a quimioterapia. Vou ficar careca. Eu sei onde comprar uma peruca.
A doutora diz que sou muito corajosa.
Minha mãe foi levar o meu irmão pra ficar alguns dias com a minha tia, em outra cidade, ele está muito gripado.
Ela sempre se despede de mim com um selinho. Te amo mãe!
Meu nariz está sangrando, chamei o Hugo outra vez, e outra, e outra.
Uma hora e meia de choques e mais choques. O meu coração parou, a médica inconformada foi obrigada a marcar o horário do meu óbito.
Mãe, você recita lindamente as poesias, mesmo de longe, escutei sua voz e o medo passou.
Mãe, fala “Boa noite, Grace”.
Boa noite, Grace.
Boa noite.
Obs: O poema já foi publicado em: Escritoras Suicidas e Um Olhar.
Curiosidade: A História de Sadako Sazaki
Quando a bomba de Hiroshima foi lançada, Sadako Sasaki estava prestes a completar dois anos. Apesar de se encontrar apenas a três kms do “ground zero” (ponto de impacto), escapou aparentemente ilesa. Na fuga com a mãe e o irmão, foi encharcada pela chuva radioativa que caiu ao longo do dia.
Até aos doze anos, Sadako parecia uma criança saudável. Estudava e brincava como outras crianças e uma das coisas de que mais gostava era de correr. Um dia, durante uma corrida na escola sentiu-se mal e caiu, ficando estendida no chão. Sadako estava com leucemia. Muitas outras crianças de Hiroshima começaram a apresentar os mesmos sintomas decorrentes da radiação provocada pela bomba. Quase todas morriam e Sadako ficou assustada, pois não queria morrer.
Ouvindo falar na lenda dos pássaros, segundo a qual aquele que dobrar mil aves de origami será curado das suas doenças, Sadako resolveu tentar. Enfraquecida, não teve força para dobrar os mil pássaros, e em 25 de outubro de 1955 faleceu rodeada pela família.
Seus amigos dobraram os tsurus restantes a tempo para seu enterro. Mas eles queriam mais, desejaram pedir por todas as crianças que estavam morrendo em conseqüência da explosão da Bomba Atômica. Então formaram um clube e começaram a pedir dinheiro para um monumento.
Estudantes de mais de três mil escolas no Japão e de nove outros países contribuíram, e em cinco de maio de 1958, o Monumento da Paz das Crianças foi inaugurado no parque da Paz de Hiroshima. Todos os anos no Dia da Paz (06/08) pessoas do mundo inteiro enviam tsurus de papel para o Parque. As crianças desejam espalhar ao mundo a mensagem esculpida à base do monumento de Sadako:
Este é nosso grito
Esta é nossa oração:
Paz no mundo
Dessa forma a sua mensagem de Paz está sendo transmitida ao mundo todo.
Rapness, de Angela Lago
Celeste, que maravilha! E na Bahia! Escolhi um que chamo Rapness. Lá vai, mais um abraço muito apertado e agradecido:
mas gambá cheira gambá.
Apressado come cru.
Come frio, o devagar.
Quem cochicha, rabo espicha,
quem escuta, rabo encurta,
mentira tem perna curta,
mas como corre depressa,
vamos já ao que interessa:
resumindo muito, é pouco.
É de criança e de louco
que se escuta a verdade.
Antes tarde que mais tarde.
segunda-feira, 28 de março de 2011
A vida, de Valdelice Barreto
A vida é linda
A vida é bela,
A vida é para ser aberta
Como se abre uma janela.
A vida é para ser vivida
Assim como Deus deixou
Tudo na natureza
É obra do criador.
Tudo na vida tem
Alegria, tristeza
Felicidade e amor
Mas devemos aproveitar
Aquilo que Jesus ensinou.
Devemos nos amar
Como Jesus nos amou
Viver com alegria
paz e amor.
sexta-feira, 25 de março de 2011
Na 211° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER
O que esperamos na ágora reunidos?
É que os bárbaros chegam hoje.
Por que tanta apatia no senado?
Os senadores não legislam mais?
É que os bárbaros chegam hoje.
Que leis hão de fazer os senadores?
Os bárbaros que chegam as farão.
Por que o imperador se ergueu tão cedo
e de coroa solene se assentou
em seu trono, à porta magna da cidade?
É que os bárbaros chegam hoje.
O nosso imperador conta saudar
o chefe deles. Tem pronto para dar-lhe
um pergaminho no qual estão escritos
muitos nomes e títulos.
Por que os diis cônsules e os pretores
usam togas de púrpura, bordadas,
e pulseiras com grandes ametistas
e anéis com tais brilhantes e esmeraldas?
Por que hoje empunham bastões tão preciosos
de ouro e prata finamente cravejados?
É que os bárbaros chegam hoje,
ais coisas os deslumbram.
Por que não vêm os dignos oradores
derramar o seu verbo como sempre?
É que os bárbaros chegam hoje
e aborrecem arengas, eloquências.
Por que subitamente esta inquietude?
(Que seriedade nas fisionomias")
Por que tão rápido as ruas se esvaziam
e todos voltam para casa preocupados?
´Por que é já noite, os bárbaros não vêm
e gente récem-chegada das fronteiras
diz que não há mais bárbaros.
Sem bárbaros o que será de nós?
Ah! eles eram uma solução.
quarta-feira, 23 de março de 2011
Fábula: O carvalho e o Caniço
Vendo que o caniço se inclinava todo quando o vento passava, o carvalho lhe disse:
-Não se curve, fique firme, como eu faço.
O caniço respondeu:
-Você é forte, pode ficar firme. Eu, que sou fraco, não consigo.
Veio então um pé-de-vento. O carvalho, que resistiu ao vento, foi arrancado com raízas e tudo. Já o caniço dobrou-se todo, não opôs resistência ao vento e ficou de pé.
terça-feira, 22 de março de 2011
Angela Lago
Na 211° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 20 de março de 2011, transmissão pela Rio Una FM 87,9 apreciamos o poema da Angela Lago.
Tenho um amor insuficiente
Que sopra frio. Não agasalha.
Melhor não guarde o seu retrato. Nenhum recuerdo. Ele se cale.
Melhor esqueça seu nome próprio. Seu nome impróprio já desmanchado.
Melhor acolha o seu silêncio com o telefone já desligado.
Quem sabe então, principe tardio, o belo, venha depressa em seu cavalo alado e o sol se esbanje e esbanje praia e abrace o tal, abraço aquático.
Damário Dacruz
um touro me matar,
não me socorram,
pois ninguém socorre o touro quando o mato.
segunda-feira, 21 de março de 2011
domingo, 20 de março de 2011
POESIA DE CELESTE MARTINEZ
quando naquela tarde
de uma estação desconhecida
aproximar-te.
se caminho ou atalho
acaso ou providência
em NÓS nos ataram.
na sala de minha vontade
e ali permaneceste
como gotas de silêncio
na PAZ da PAZ.
noite de lua cheia...
a maior, dos últimos tempos...
nada consta da tua presença.
Nem uma vaga lembrança daquela tarde
em que tardei os passos,
por que aproximar-te clandestinamente,
trazendo na bagagem do teu corpo
a madrugada.
se caminho ou atalho
acaso ou providência
em NÓS que se desataram.
Celeste Martinez- Escritora. Idealizadora, Produtora e Apresentadora do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, que é reconhecido pelo Governo Federal como PONTO DE LEITURA no Brasil.
Paulo Leminski
AMEIXAS.
AME-AS OU DEIXE-AS.
Razão de Ser
ESCREVO. E PRONTO.
ESCREVO PORQUE PRECISO
PRECISO POR QUE ESTOU TONTO.
NINGUÉM TEM NADA COM ISSO.
ESCREVO POR QUE AMANHECE
E AS ESTRELAS LÁ NO CÉU
LEMBRAM LETRAS NO PAPEL,
QUANDO O POEMA ME ANOITECE.
A ARANHA TECE TEIAS.
O PEIXE BEIJA E MORDE O QUE VÊ.
EU ESCREVO APENAS.
TEM QUE TER PORQUÊ?
sexta-feira, 18 de março de 2011
Na 210° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER
O galo e as galinhas viram de longe uma raposa que chegava.
Empoleiraram-se na árvore mais próxima para escapar da inimiga.
Usando de esperteza, a raposa chegou perto da árvore e dirigiu-se a eles:
- Ora, meus amigos, podem descer daí. Não sabem que foi decretada a paz entre os animais? Desçam e vamos festejar este dia tão feliz.
Mas o galo, que também não era tolo, respondeu:
-Que boas notícias! Mas estou vendo daqui de cima alguns cães que estão chegando. Decerto eles também vão querer festejar...
A raposa mais que depressa foi saíndo:
- Olha, é melhor que eu vá andando... Os cães podem não saber da novidade e me matar...
quarta-feira, 16 de março de 2011
Uma Grande Mulher
CELESTIAL!
É ela que lá vem !
Não sei...Sei que vem ... e vê !
Vê tudo com olhos aguçados,
Olhos que espreitam,descobrem coisas...
Coisas que,normalmente, não se vê,pois...
Estão escondidas nos horizontes humanos.
Mas,ela sabe ! descobre mesmo !
E cutuca e futuca... Pronto !...
Diante dela estamos denudos de nós mesmos.
Ela já nos conhece por dentro
Que Figura !!! Figuraça !!!...Psicóloga itinerante.
Chapéu quase não dispensa,roupas simples, também
Cabelos anelados,combinando perfeitamente com o seu todo...
Com o seu jeito infantil,
Com o seu pensar de artista
Com a sua própria e incansável luta
De ser correta,ímpar sem ser imperiosa.
De ser meiga, educada delicada...
Artista que, a cada passo apressado,
Cria,sonha,alcança metas!...
Do mundo conhece muito
Terras distantes andou e andará,
Pois uma encantadora VIOLETA
De longe a requisita...
Encanto de um argentino,também,artista
Orgulho de amigos que reconhecem o seu valor
Abençoada é a cidade que a recebe como filha...
Ela é tesouro valenciano !
Celeste Martinez
Você é CELESTIAL !
Vera Trócoli ( 1999) Palavras para uma pessoa muito especial
O Cão e a Carne, Fábulas de Esopo
Na 210° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 13 de março de 2011, transmissão pela Rio Una Fm 87,9, cujo tema: Fábulas de Esopo, adaptação de Ruth Rocha, apreciamos a seguinte fábula:
Um cão vinha caminhando com um pedaço de carne na boca.
Quando passou ao lado do rio, viu sua própria imagem na água.
Pensando que havia na água um novo pedaço de carne, soltou o que carregava para apanhar o outro.
O pedaço de carne caiu na água e se foi, assim como a sua imagem.
E o cão, que queria os dois, ficou sem nenhum.
Retirado do livro: Fábulas de Esopo, de Ruth Rocha, Ilustração de Adalberto Cornavaca.
Este livro pertence ao Kit Pontos de Leitura do ALACAZUM conquistado no ano de 2008, no I CONCURSO PONTOS DE LEITURA , HOMENAGEM A MACHADO DE ASSIS DO GOVERNO FEDERAL
terça-feira, 15 de março de 2011
Livro por R$10 é um dos projetos do novo presidente da Biblioteca Nacional
A Biblioteca Nacional tem mais de nove milhões de livros e muitos destes exemplares estão sendo digitalizados.
Galeno Amorim, jornalista e escritor, acaba de tomar posse, assumindo também o posto de homem forte do Ministério da Cultura para o setor de livro e leitura no país. Além da Biblioteca Nacional, o órgão no qual Amorim atuará vai incentivar a produção de livros mais baratos.
Visite o Blog do Galeno:http://www.blogdogaleno.com.br/
segunda-feira, 14 de março de 2011
Ouvinte-leitora ALACAZUM visita a Pizzaria Os Martinez
E quando as palavras para entreter não entram mais na casa das pessoas por algum motivo?
O que fazer?
É o caso da Nilda Santos Barbosa, que vive na zona rural da cidade de Valença e que por motivos de abrangência das ondas eletromagnéticas já não usufrue mais dos textos, da música, da interação com outras pessoas de outras localidade...
O que fazer?
A Nilda fez que nem o provérbio: Se Maomé não vai a montanha... Ela planejou um tempo e foi até a Pizzaria Os Martinez me visitar e degustar a deliciosa pizza com a família.
O esposo, simples e tímido (principalmente) preferiu não participar da fotografia. Disse que não gosta. Sente vergonha. Respeitei a decisão dele e fiz questão de registrar este momento tão singular com a fantástica fotografia, acima representada (Nilda, Eu e Alexandro, seu filho). Muitas imagens tenho guardado ao longo deste caminho feito de PALAVRAS PARA ENTRETE e uma delas é a coleção de amizades, tal rosário de pequenas contas de sentimentos reservados que se refletem em alguns momentos quando um escuta o outro.
Recordando
http://yamashitatereza.wordpress.com
Da: Celeste Martinez (www.alacazum.blogspot.com)
Olá, Tereza Yamashita. Visite o meu blog. Escrevi um texto sobre o dia Internacional da Mulher e contextualizei com tua poesia.
Eu já não me lembrava mais. Celeste, obrigada pela recordação e parabéns pelo seu trabalho na rádio. A crônica foi publicada no site das Escritoras Suicidas.
[mulheres criam sapos e sonham com príncipes]
(pequena crônica tipo conto de fadas)
domingo, 13 de março de 2011
ALACAZUM PARA VOCÊ!
Você é obrigado a prosseguir.
Não há outro meio.
A engrenagem da máquina está coordenada apenas para movimentos progressivos.
Se você se deixar levar pelo desanimo... se você se deixar levar pelo medo... você ficará para trás. " O tempo não para".
Sim, envelhecemos fisicamente, é a lei da física, mais equivale dizer que neste amadurecimento você tenha aprendido a ser mais tolerante com as pessoas, escutar mais que falar... ponderar suas palavras antes de proferi-las (lembra? a palavra é que nem a flecha uma vez lançada não volta).
O ALACAZUM não é mais de Celeste Martinez.
O ALACAZUM é do povo da cidade de Valença-Bahia.
Por que assim decidiram.
As ligações de hoje, dia 13 de março são evidências do carinho, do respeito, do reconhecimento pelo trabalho que desenvolvemos a quase 5 anos interuptos.
E por que o ALACAZUM ainda resiste?
E por que o ALACAZUM ainda é sucesso apesar de toda dificuldade de apoio cultural em uma cidade com quase 90 mil habitantes ?
Por que existe acima do dinheiro a necessidade de humanização.
Entre outras palavras: AMOR.
O ALACAZUM é realizado por uma familia de artistas: OS MARTINEZ que busca melhorias de vida para a nossa cidade (por isso continuamos aqui). E o que temos a oferecer é a ARTE.
Obrigada a todos vocês que escutam o ALACAZUM, que ligam, participam, que contribuem com a caixa de chocolate, que enviam mensagens... que mesmo calados continuam torcendo por esta causa. E tenham paciência comigo. Eu estou aprendendo a operar a máquina.
sábado, 12 de março de 2011
Na 209° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER
Na 209° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 06 de março de 2011, transmissão pela Rio Una FM 87,9 cujo tema: Carnaval e Poesia apreciamos na abertura o poema: Evocação do Recife de Manuel Bandeira.
Recife
Não a Veneza americana
Não a Mauritssatd dos amadores das Índias Ocidentais
Não o Recife dos Mascates
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois -
Recife das revoluções libertárias
Mas o Recife sem história nem literatura
Recife sem mais nada
Recife da minha infância
A Rua da União onde eu brincava de chicote-queimado e partia as vidraças
[da casa de Dona Aninha Viegas
Totônio Rodrigues era muito velho e botava o pincenê na ponta do nariz
Depois do Jantar as famílias tomavam a calçada com cadeiras, mexericos,
[namoros, risadas
A gente brincava no meio da rua
Os meninos gritavam:
Coelho sai!
Não sai!
A distância as vozes macias das meninas politonavam:
Roseira dá-me uma rosa
Craveiro dá-me um botão
(Dessas rosas muita rosa
Terá morrido em botão...)
De repente
nos longes da noite
um sino
Uma pessoa grande dizia:
Fogo em Santo Antônio!
Outra contrariava: São José!
Totônio Rodrigues achava sempre que era São José.
Os homens punham o chapéu saíam fumando
E eu tinha raiva de ser menino porque não podia ir ver o fogo
Rua da União...
Como eram lindos os nomes das ruas da minha infância
Rua do Sol
(Tenho medo que hoje se chame do Dr. Fulano de Tal)
Atrás de casa ficava a Rua da Saudade...
...onde se ia fumar escondido
Do lado de lá era o cais da Rua da Aurora...
...onde se ia pescar escondido
Capibaribe
- Capibaribe
Lá longe o sertãozinho de Caxangá
Banheiros de palha
Um dia eu vi uma moça nuinha no banho
Fiquei parado o coração batendo
Ela se riu
Foi o meu primeiro alumbramento
Cheia! As cheias! Barro boi morto árvores destroços redomoinho sumiu
E nos pegões da ponte do trem de ferro os cablocos destemidos em jangadas
[de bananeiras
Novenas
Cavalhadas
Eu me deitei no colo da menina e ela começou a passar a mão nos meus
[cabelos
Capibaribe
- Capibaribe
Rua da União onde todas as tardes passava a preta das bananas com o xale
[vistoso de pano da Costa
E o vendedor de roletes de cana
O de amendoim
que se chamava midubim e não era torrado era cozido
Me lembro de todos os pregões:
Ovos frescos e baratos
Dez ovos por uma pataca
Foi há muito tempo...
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errado do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada
A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem
Terras que não sabia onde ficavam
Recife...
Rua da União...
A casa de meu avô...
Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de eternidade
Recife...
Meu avô morto.
Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro como a casa de meu avô
Rio, 1925
Manuel Bandeira
Origem do Carnaval
sexta-feira, 11 de março de 2011
Dica de Leitura: Bandeira de Bolso- uma antologia Poética
Bacanal, de Manuel Bandeira
Quero beber! cantar asneiras
No esto brutal das bebedeiras
Que tudo emborca e faz em caco...
Evoé Baco!
Lá se me parte alma levada
No torvelim da mascarada,
A gargalhada em doudo assomo...
Evoé Momo!
Lacem-na toda, multicores,
As serpentinas dos amores,
Cobras de lívidos venenos...
Evoé Vênus!
Se perguntarem: Que mais queres,
Além de versos e mulheres?
-Vinhos!... o vinho que é o meu fraco!
Evoé Baco!
O alfanje rútilo da lua,
Por degolar a nuca nua
Que me alucina e que eu não domo...
Evoé Momo!
A lira etérea, a grande lira!...
Por que eu extático dessfira
Em seu louvor versos obscenos,
Evoé Vênus!
Manuel Bandeira
BG: CARNAVAL COM O TRIO TAPAJÓS
quinta-feira, 10 de março de 2011
Evocação n° 01 com Quinteto Violado e Zélia Barbosa
Na 209° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 06 de março de 2011, transmissão pela Rio Una FM 87,9, cujo tema: Carnaval e poesia, escutamos Evocação n° 01 com o Quinteto Violado e Zélia Barbosa, contido no disco: MP 12 -Quintento Violado & Banda Municipal do Recife/ Música Popular do Nordeste 1 (1973)
Discos Marcus Pereira – MPA 9317 – Tracks: 11 Playing time: 30:05
1 Recife – Quinteto Violado & Zélia Barbosa – (Antônio Maria) (2:05)
2 De Chapéu De Sol Aberto – Quinteto Violado & Zélia Barbosa – (Capiba) (2:15)
3 Um Sonho Que Durou Três Dias – Quinteto Violado & Zélia Barbosa – (Irmãos Valença) (2:14)
4 Saudade – Quinteto Violado & Zélia Barbosa – (Luís Bandeira) (3:02)
5 Trio Elétrico – Trio Tapajós – (Trio Elétrico Tapajós) (6:06)
6 Tubarão Na Onda – Banda Municipal Do Recife – (Luiz Gonzaga De Figueiredo) (1:57)
7 Aí Vem Os Palhaços – Banda Municipal Do Recife – (Ademir Araújo) (2:40)
8 Batendo Biela – Banda Municipal Do Recife – (Geraldo Santos) (2:28)
9 Evocação No 1 – Quinteto Violado & Zélia Barbosa – (Nelson Ferreira) (2:20)
10 Hino De Batutas De São José – Quinteto Violado & Zélia Barbosa – (João Santiago) (2:31)
11 Valores Do Passado – Quinteto Violado & Zélia Barbosa – (Edgar Morais) (2:27)
.
Este disco faz parte da Série Musica Popular, publicada pelo Marcus Pereira, cujo conjunto foi considerado " um dos 300 discos impostantes".
Fonte:http://300discos.wordpress.com/2010/11/
quarta-feira, 9 de março de 2011
Cotovia, de Manuel Bandeira
Cotovia
Aonde voaste,
Por onde andaste,
Que tantas saudades me deixaste?
-Andei onde deu o vento.
Onde foi meu pensamento.
Em sítios, que nunca viste,
De um país que não existe...
Voltei, te trouxe alegria.
-Muito contas, cotovia!
E que outras terras distantes
Visitaste? Dize ao triste.
-Líbia ardente, Cítia fria,
Europa, França, Bahia...
- E esqueceste Pernambuco,
Distraida?
-Voei ao Recife, no Caís
Pousei na Rua da Aurora.
-Aurora da minha vida,
Que os anos não trazem mais!
-Os anos não, nem os dias,
Que isso cave às cotovias.
Meu bico é bem pequenino
Para o bem que é deste mundo:
Se enche com uma gota de água.
Mas sei torcer o destino,
Sei no espaço de um segundo
Limpar o pesar mais fundo.
Voei ao Recife e dos longes
Das distâncias, aonde alcança
Só a asa da cotovia,
-Do mais remoto e perempto
Dos teus dias de criança
Te trouxe a extinta esperança
Trouxe a perdida alegria.
Manuel Bandeira
Por onde anda o Renato Batista dos Santos?
Após contato via Facbook, o amigo Renato envia a seguinte mensagem:
terça-feira, 8 de março de 2011
Hoje, DIA INTERNACIONAL DA MULHER!
Hoje também o noticiário, informa que a Suprema Corte da índia nega eutanásia a mulher em estado vegetativo desde 1973 enquanto outras mulheres ceivam a vida inconscientemente pelas pressões sociais e desequilibrios emocionais, esta mulher aparentemente morta é mantida sob aparelhos e custódia da Justiça. E outras mortas vivas mulheres seguem errantes pela estrada da vida, arrastando na barra da saia crias desnutridas, analfabetas e alienadas aguardando oportunidade para subir na escala das estatisticas, que poderiam um dia, divulgar as seguintes notícias:
"Desde o ano de 2012 já não se relata mais a violência física e psicologica contra a mulher por que agora todos os homens devido as experiências cientificas realizadas começaram a ingerir cápsulas que elevam a porção mulher que eles guardavam em si (segudo a canção: Super-homem do Gil).
Será que seria necessário a ingestão de cápsulas para se obter uma paz, uma igualdade, uma cumplicidade entre os seres humanos já que eles são detentores da razão, da eloquência, do discurso premeditado e o único que sabe exatamente por que trabalha?
Apresentadora do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER
que vai ao ar aos domingos das 8 às 9 da manhã pela Rio Una Fm 87,9
Acesse: www.riounafm.com
P.S. O texto da Tereza Yamashita "mulheres criam sapos e sonham com príncipes (pequena crônica tipo conto de fadas) você encontra no site:http://www.escritorassuicidas.com.br/edicao8_4.htm#terezayamashita8
MANIFESTO UNIVERSAL POETAS DEL MUNDO
Una-se a esta batalha pela existência humana!
Pela continuidade da VIDA!
CONSULESA DA CIDADE DE GUAÍBA RS
MOVIMENTO POETAS DEL MUNDO
Luis A. Manzo
Secretario General Poetas Del Mundo
http://www.poetasdelmundo.com/verInfo_america.asp?ID=2339
Código do texto: T568565
O Beco, de Manuel Bandeira
QUE IMPORTA A PAISAGEM,
A GLÓRIA,
A BAÍA,
A LINHA DO HORIZONTE?
- O QUE EU VEJO, É O BECO.
Manuel Bandeira
Retirado do livro: Bandeira de bolso- uma antologia poética
pela L& Pm Pocket
Marchinhas
A marchinha é produto da mistura de ritmos da polca ao one-step e rag-time norte-americano e aparece no carnaval carioca no ano de 1920. A marchinha caracteriza-se por ser de modalidade de fundo brejeiro, fácil de reter e dançar e por prestar-se a crítica e a sátira. Ao lado do samba a marchinha passou a formar a dupla principal dos ritmos da grande festa do povo.
O Ô ABRE ALAS é a primeira marcha registrada na história do carnaval brasileiro; composto por Chiquinha Gonzaga no ano de 1899.
segunda-feira, 7 de março de 2011
O Bicho, de Manuel Bandeira
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um ção,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Rio, 27 de dezembro de 1947
Pilhas usadas, o que fazer?
Na cidade de Valença, Bahia já existe um local para recolhimento das pilhas usadas: Repartiçaõ do Jornal Valença Agora. Praça da Independência.
domingo, 6 de março de 2011
Trucidaram o rio, de Manuel Bandeira
Trucidaram o rio
Prendei o rio
Maltratai o rio
Trucidai o rio
A água não morre
A água que é feita
De gotas inermes
Que um dia serão
Maiores que o rio
Grandes como o oceano
Fortes como os gelos
Os gelos polares
Que tudo arrebentam.
Manuel Bandeira
sábado, 5 de março de 2011
Na 208° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER
SENHORA DA LUZ
Ela! Só Ela!
Majestosa, majestosíssima
Em seu andor-trono
Em amarelo e branco
Mais amarelo...mais branco
Já não sei quem mais... Se branco, se amarelo
Só sei que são lindas aquelas flores!...
Ela passeia nas ruas estreitas da vila.
Ela e seus fiéis a segui-la.
O sol tímido, a chuva também.
Sol e chuva chamam as nuvens,
As brisas, os ventos e todos conversam entre si,
Agitando as flores, os cabelos e...
Até as saias das mulheres.
Todos querem, ao mesmo tempo,
Homenageá-la, até a natureza.
Só os homens daqueles recintos,
Não entendem,... só eles...
Homens tão sós, não tão sóbrios
Tão cercados de aparatos materiais... Tão sem fé...
Eles não param, não vêem, não sentem o instante belo.
Pior! Não fazem silêncio, não escutam as batidas do seu coração
Não oram... certamente não sentem a bênção
Do Deus nosso de cada dia, de cada segundo
Maria... a Mãe de Jesus passa...
Eles não vêem.
Eu vejo, sinto aquele momento
E... espero poder sempre assim viver
Com meus andores e altares
Maria, Mãe Imaculada e Carinhosa
Majestosa em seu altar! ...
De flores amarelas e brancas
Nossa Senhora da Luz
Em branco, amarelo
FLORES,
BRANCAS,
AMARELAS...
Dai-nos LUZ.
Visite o blog da Vera Trocoli: http://www.verapoema.blogspot.com
BG: SMILE COM A BANDA OLODUM
Na 208° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 27 de fevereiro de 2011, transmissão pela Rio Una FM 87,9 apreciamos como BG principal a música Smile com a banda Olodum. Apreciamos também uma outra versão cantada por Djavan. Segue a letra original da canção autoria de Charles Chaplin.
Smile, though your heart is aching
Smile, even though it's breaking
When there are clouds in the sky
You'll get by...
If you smile
With your fear and sorrow
Smile and maybe tomorrow
You'll find that life is still worthwhile if you'll just...
Light up your face with gladness
Hide every trace of sadness
Although a tear may be ever so near
That's the time you must keep on trying
Smile, what's the use of crying?
You'll find that life is still worthwhile
If you'll just...
If you smile
With your fear and sorrow
Smile and maybe tomorrow
You'll find that life is still worthwhile
If you'll just Smile...
That's the time you must keep on trying
Smile, what's the use of crying
You'll find that life is still worthwhile
If you'll just Smile.
Apelo aos meus dessemelhantes em favor da paz de Carlos Drummond de Andrade
Na 208° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 27 de fevereiro de 2011, transmissão pela Rio Una FM 87,9 apreciamos o poema abaixo descrito.
Apelo aos meus dessemelhantes em favor da paz
Ah, não me tragam originais
para ler, para corrigir, para louvar
sobretudo, para louvar.
Não sou leitor do mundo nem espelho
de figuras que amam refletir-se
no outro à falta de retrato interior.
Sou o Velho Cansado
que adora o seu cansaço e não o quer
submisso ao vão comércio da palavra.
Poupem-me, por favor ou por desprezo,
se não querem poupar-me por amor.
Não leio mais, não posso, que este tempo
a mim distribuído
cai do ramo e azuleja o chão varrido,
chão tão limpo de ambição
que minha só leitura é ler o chão.
Nem sequer li os textos das pirâmides
os textos dos sarcófagos,
estou atrasadíssimo nos gregos,
não conheço os Anais de Assurbanipal,
como é que vou -
mancebos,
senhoritas,
-chegar à poesia de vanguarda
e às glórias do 2.000, que telefonam?
Passam gênios talvez entre as acácias,
sinto estátuas futuras se moldando
sem precisão de mim
que quando jovem (fui-o a.C., believe or not)
nunca pulei muro de jardim
para exigir do morador tranqüilo
a canonização do meu estilo.
Sirvam-se de exonerar este macróbio
do penoso exercício literário.
Não exijam prefácios e posfácios
ao ancião que mais fala quando cala.
Brotos de coxa flava e verso manco,
poetas de barba-colar e velutínea
calça puída, verde: tá!
Outoniços, crepusculinos, matronas, contumazes:
tá!
O senhor saiu. Hora que volta? Nunca.
Nunca de corvo, nunca de São-Nunca.
Saiu pra não voltar.
Tudo esqueceu: responder
cartas; sorrir
cumplicemente; agradecer
dedicatórias; retribuir
boas-festas; ir ao coquetel e à noite
de autógrafos-com-pastorinhas.
Ficou assim: o cacto de Manuel
é uma suavidade perto dele.
Respeitem a fera. Triste, sem presas, é fera.
Na jaula do mundo passeia a pata aplastante,
cuidado com ela!
Vocês, garotos de colégio, não perguntem ao poeta
quando ele nasceu.
Ele não nasceu.
Não vai nascer mais.
Desistiu de nascer quando viu que o esperavam garotos de colégio de lápis em punho
com professores na retaguarda comandando: Cacem o urso-polar,
tragam-no vivo para fazer uma conferência.
Repórteres de vespertinos, não tentem entrevistá-lo.
Não lhe, não me peçam opinião
que é impublicável qualquer que seja o fato do dia
e contraditória e louca antes de formulada.
Fotógrafos: não adianta
pedir pose junto ao oratório de Cocais
nem folheando o álbum de Portinari
nem tomando banho de chuveiro.
Sou contra Niepce, Daguerre, contra principalmente minha imagem.
Não quero oferecer minha cara como verônica nas revistas.
Quero a paz das estepes
a paz dos descampados
a paz do Pico de Itabira quando havia Pico de Itabira
a paz de cima das Agulhas Negras
a paz de muito abaixo da mina mais funda e esboroada
de Morro Velho
a paz
da
paz