Publicado no Facebook dia 17 de maio de 2017
No dia justo em que escolhi para escrever o tema: delicadezas e
indelicadezas, acontece no local de trabalho da Pizzaria Os Martinez, um
fato interessante que contextualizou perfeitamente os temas.
Eram
seis pessoas que chegavam. Um casal, duas moças, um rapaz e uma criança.
Aparentemente, membros de uma mesma família. Pela maneira como se
comportavam, sem entrosamento com o ambiente, avaliei que fosse a
primeira vez que nos visitavam. Aproximei-me para recebê-los.
Mostro-lhes, as cadeiras, para que se acomodem.
- Não paga nada para sentar e ler o cardápio!
Eles aceitaram a sugestão.
- Qualquer dúvida, pode perguntar!
Afasto-me, sem contudo, deixar de observá-los. Olhares de curiosidade
pelo ambiente, um tempinho maior sobre os quadros distribuidos nas
paredes. Riem ao mesmo tempo que cochicham. O homem mais velho, acena
para mim. Vou atendê-lo.
- Quantos pedaços tem a pizza família?
- Doze fatias! Respondo.
Confirmam que querem uma pizza deste tamanho e escolhem os sabores.
Enquanto escrevo, observo que uma das moças, olha fixamente para mim. É
uma mocinha, franzina, rosto alongado, olhos redondos e negros, cabelos
crespos. Estava muito bem maquiada, vestido de festa e tacos altos. Os
demais também me olhavam com curiosidade mais esquivavam os olhos quando
eu os encarava. Peço licença, para ir a cozinha levar o pedido. Quando
retorno ao meu posto, percebo que a mulher mais velha, acenava para mim.
- Posso fazer uma pergunta a senhora?
- Sim. Diga.
- A senhora é gringa?
- Não. Sou brasileira, baiana, valenciana. Respondi
- Parece uma artista! Complementou o homem mais velho.
- E esses quadros parece japonês! Disse o rapazinho.
Referia-se aos trabalhos de pintura de Horacio Martinez. A conversa
estava tão interessante, que pedir licença para sentar no banco junto
com eles e pus-me a observar mais amiúde o rosto de cada um, até
alcançar a moça, muito elegante que continuava a me encarar com
curiosidade. Pela insistência do olhar, pareceu-me familiar o rosto.
- Eu te conheço de algum lugar?
- Do Supermercado xis. Trabalho lá. A senhora, sempre que vai, me dá bom dia!
Realmente, tenho costume de saudar as atendentes dos caixas quando vou
a qualquer supermercado. Sempre pratico gentilezas quando posso.
- Foi por isso, que você veio?
A adolescente, balançou a cabeça afirmativamente Pensei nas
delicadezas e indelicadezas que escrevi na noite passada e que se
confirmava com esta cena.
Enquanto distribuia os pratos na mesa, conversavamos. Agora, mais descontraídos e confiantes, se atreviam a fazer gracejos.
- Como é mesmo o nome da senhora? Indagou o homem.
- Celeste Martinez. Respondi.
- Eu te vi no Jornal. Disse um.
- Não, foi na televisão! Retrucou o outro.
- Ela é a mulher do rádio. Complementou a senhora, sorridente.
Nada acrescentei ou corrigi. Deixei que pensassem o que quissessem.
Após servir a pizza, perguntei se permitiam que eu fizesse um registro fotográfico. Disseram que sim.
Quando perguntados o que queriam que eu escrevesse na legenda, a
mocinha, pediu o celular e escreveu: A Família Sousa, visita a Pizzaria
Os Martinez.
Ficaram satisfeitos com a pizza, com o atendimento e
com a conversa. Na hora de ir embora, fizeram questão de abraçar-me. Foi
quando eu socializei sobre as delicadezas e indelicadezas que escrevi e
falei do profeta Gentileza.
-Quem? Perguntou a mocinha, curiosa.
E eu: da próxima vez, eu conto a história.
Sairam. Foram. Partiram para dentro da cidade, onde pessoas são
conhecidas por seus afazeres e não por sua sensibilidade em acolher
delicadezas.
Valença, Bahia, 8 de maio de 2017
Un poema de Alina Diaconú
Há 5 dias
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