quarta-feira, 31 de maio de 2017

Crônica cotidiana de Celeste Martinez

Publicado no Facebook dia 18 de maio de 2017


Manhã chuvosa de outono.
Quinta-feira, 18 de maio de 2017.
Saio de casa, motorizada.
Chegando no cruzamento da terceira travessa Oldack Nascimento com a rua vereador Marciano da Silva Menezes, a motocicleta, tosse. Esse sintoma, é familiar. Adverte-me que é preciso abastecer.
Visualizo o medidor embaçado. Reserva. Assinala.
Dobro a direita, sentido avenida Aurelino Novais ou avenida Dendezeiros, buscando o posto de abastecimento mais próximo.
Sou recepcionada por um amigo, que além de frentista, vende doces e salgados na praia. Comunicativo, alegre, festivo, otimista, trabalhador, empreendedor, pessoa do bem. Gosto de conversar com ele nas horas vagas. Aprendo sempre com suas histórias de vida. Além da saudação em forma de sorriso, ele foi logo dizendo assim que me viu:
- E Michel?
Para um bom entendedor um nome basta. Ele não me perguntava sobre o meu amigo advogado, nem sobre o documentário da Violeta Martinez, nem o amigo de infância dos meus filhos, quando viviam no bairro da graça.
Este cidadão, estava provocando o diálogo para as questões políticas do Brasil.
Foi aí que lembrei da quarta-feira.
Por incrível que pareça não assistir nenhum noticiário naquele dia. Precisei viajar. Fiquei, por assim dizer, desconectada.
O amigo, frentista estava preocupado, apreensivo. Creio que todos os brasileiros neste momento, estão tensos. Por que os tempos são outros quinhentos. Não existe mais os desinteressados por política ou que este assunto, é reservado aos políticos partidários.
Quando, naquele fatídico dia, o senado, abriu suas portas, para a transmissão televisiva, do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, naquele momento, desanuviou os olhos de todos os cidadão, para a questão da tremenda besteira que fizemos durante todos estes anos de eleições, sem acompanhar de perto as ações dos legalmente eleitos.
Enquanto aguardava o abastecimento da motocicleta, particularisamos informações, em pedaços. Eu e meu amigo. Alí não era hora para uma conversa tão delicada.
Sempre sorridente e educado, desejou-me bom dia. E na saída, despretenciosamente, eu disse:
- O que salva nisso tudo, são os seus sonhos! Referindo-me tanto aos doces que ele vende na praia quanto aos anseios de melhora de vida, investidos diariamente em seu trabalho.
Ele acenou para mim como entendendo. Seja qual for o sentido de compreensão absorvido por ele, o que importa é que sonhos, diferente de formas, sabores, interpretações, aspectos físicos, são sempre sonhos. 



Valença, Bahia, 18 de maio de 2017 Celeste Martinez

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