Para a amiga, Amalia Grimaldi, que vive em Melbourne, Austrália.
Quarta-feira, dezessete de maio do ano de dois mil e dezessete foi um dia incomum em minha vida. Antes porém, a madrugada, que o antecedeu, havia um sintoma de conjunção no universo como um emaranhado de naúsea e delírio. Eu, não conseguir finalizar nenhum dos meus escritos. Fui dormir mais cedo por que no outro dia, teria que viajar. Na manhã, do dezessete, todos os meus passos foram sincronizados para a execução de acontecimentos. Eu apenas tinha um roteiro.
A caminhada desde a minha casa até a rodoviária, foi suficiente para que todas as informações absorvidas pelos meus sentidos, servissem para a elaboração mental de um texto. Nos quarenta e cinco minutos de espera para embarcar, construir uma crônica. O espaço de tempo transcorridos da viagem, até chegar ao meu destino e o retorno, todos, foram como laços. Começava um, terminava outro. Cheguei a ouvir diversas vezes:
- A senhora, está com sorte, hoje.
Eu, que não acredito na sorte, perguntava-me por que o universo tinha sido tão generoso comigo.
Já a noite, na Pizzaria, assim que chego, a primeira coisa que enxergo sobre a mesa é o Jornal Valença Agora Semanal.
Sento imediato para lê-lo. E quando abro a página de número dezoito, lá estava a Prosa Semanal da amiga Amália Grimaldi, cujo título: “A paixão da revolta pelo que se acredita”.
Assim que termino de ler esta frase, sou tomada de intensa emoção. Nem acreditei no que estava escrito logo abaixo. Meu coração palpitou mais intensamente. A mim estava endereçado. Dizia: Para Celeste Martinez. Quanta honra, receber de tão longe, direto de Melbourne, Austrália, uma garrafa de sobrevivência.
Pensei imediato, antes de pousar os passos por tão sagrado ambiente que teria que seguir bem devagar. Lembrei então da série de televisão Kung Fu, estrelado por David Carradine, onde o protagonista monge Shaolin Kwai Chang Caine, como prova de conhecimento, tem que pisar em papel de arroz sem machucá-lo.
Sabia, que Amália, quando escreve, diz mais do que palavras. Ela sopra o imaginado. O que vai brotar. A espontaneidade. A verdade. A clarividência. O estado.
Ela falava de Camus, no livro “ O Estrangeiro”, que eu nunca tinha lido.
E agora?
Nesta hora, os meus pés, haviam machucado o papel de arroz.
Retornei para a casa inicial: “ A paixão da revolta pelo que se acredita”. Para Celeste Martinez.
Ah! amiga, Amália Grimaldi, que percepção extrassensorial, que você tem! Obrigada. Por mais que você resumisse a obra de Camus, eu ainda me sinto aquém, de tua vivência e experiência.
Por enquanto, vale a sensação de tuas palavras-mãos, como acalento, no relento em que vivo.
Este teu alfarrábio contemporâneo, impresso na gráfica Prisma, emoldurarei como conquista. Na próxima estação, visitarei Camus.
Valença, Bahia, 23 de maio de 2017 Celeste Martinez
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