Publicado no Facebook dia 16 de maio de 2017
Descia a ladeira do porto ou rua Governador Gonçalves, em Valença,
Bahia, quando bem em frente, vindo em minha direção, encontro amiga. Se
não fosse os anos de amizade eu certamente não a reconheceria. Antes,
vestia-se o mais simples possível. Posso dizer com toda certeza que ao
estilo minimalista. Sem vaidades excessivas. Agora, até o cabelo, é
notado por seu volume e brilho. No rosto, sobrancelhas feitas, batom
nos lábios, brincos nas orelhas. No
pescoço, correntes finas com pingentes. Inevitável não observar a
mudança. E para melhor. Notava-se em sua fisionomia a felicidade. E não
foi, com toda certeza uma mudança exigida, por outras pessoas que
implicam em querer modificar as outras ou modelar segundo os seus
anceios. Esta minha amiga, já tem uma certa idade e nunca ligou para o
que as pessoas falam.
- Como você está bonita! Disse-lhe.
- É ?
- Sim, completamente mudada.
- Todo mundo tá dizendo!
O “ todo mundo “ desta minha amiga, resume-se a sua família e a
Igreja. As amizades que fez durante os tempos na fábrica, ainda
conserva, mas depois da viúvez e da aposentadoria, o círculo se
restringiu. Todas as vezes, anteriores que nos encontravámos, o tema
girava em torno do único filho e do neto querido. Entretanto naquela
travessia da ladeira do porto, onde o vento, corre mais brincalhão,
despenteando os cabelos da gente e levantando as saias e vestidos das
mulheres, a amiga só tinha conteúdo para falar da vida. Eu que não
intensionava bisbilhotar a sua intimidade, contive-me em perguntar o que
tem feito ultimamente.
- Viajado. Foi a resposta.
Falava dela
e dos lugares que sempre almejava conhecer mais não se animava. Em suas
palavras havia uma emoção parecida a um contentamento que duraria a
vida inteira. Como a conquista de uma chave especial que abre todas as
portas e janelas e não dificulta o ir das pessoas, o caminhar por
terras, até pouco tempo distantes e inatíngiveis.
A amiga, falava
dessa tal felicidade. Era real. Estava diante de mim uma mulher , mais
de cinquenta, que trocara uma indumentária cinza por adereços e
cosméticos. Cuidava mais de si. Amava-se.
Que motivo faz uma pessoa solitária, despertar em desfrutar a vida novamente, como na fase áurea da mocidade?
Valença, 9 de maio de 2017 Celeste Martinez
Un poema de María Paula Alzugaray
Há 2 meses
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