sexta-feira, 10 de março de 2017

Texto I autoria de Celeste Martinez




Texto I

Desde muito cedo somos educados a distinguir padrões de beleza, cor, dimensão. Esta subjugação de paredes que compõem a dita “pirâmide” das classes sociais, é herança desde os tempos das conquistas.
Os nomes considerados como grandes conquistadores, tipo Ptolomeu, Alexandre III da Macedônia, Napoleão Bonaparte, Júlio César, Gengis Kan, etc. Detiveram o poder econômico por que investiram no conhecimento. Necessário foi a escravidão para que estes alcançassem seus objetivos. A ganância também estava atrelada ao poder como única forma de preservação da eternidade. Reconhecemos, atualmente ( 2017 ) que isso não garantiu a perpetualidade. A terra foi desgastada e encontra-se imprestável para a sobrevivência das espécies vivas. Por isso, esta mesma ganância que traduz a aspereza do egoismo e egocentrismo planeja o povoamento do planeta marte. Nesta distinção do poder há os que mandam e os mandados. Os primeiros em menor número entretanto são capazes de destruir em segundos uma massa tectónica de placas , formado a mais de 6 bilhões de anos. “ Assim caminha a humanidade” e aí de nós pobres mortais, que habitam à base da pirâmide.
Preconceito é esta estratégia em premeditar através do olhar, frisando o comportamento, quem se ajusta ou não aos padrões desta sociedade eurocentrica, que ousou singrar os mares e invadir a casa dos “adormecidos em berço esplendido” que pisavam minas de diamantes e ouro e não faziam distinção com a palmeira ou a esplendorosa arara azul. É essa ingenuidade do amerindeo que se iguala a pureza das crianças.
Preconceito é isso: por intenções onde vale o viver. Assim, após a invasão e demarcação das terras o mundo passou a ser substantivo masculino por que Aristóteles classificou os seres vivos e muito depois com o advento da imprensa com Gutemberg, as gramáticas fizeram este favor em explicitar ainda mais os preconceitos. Lá, encontramos definições para tudo. Vide o que se classifica como branco e preto. Até as indefesas aves foram vítimas deste olhar deturpado. Urubus, corvos, porcos, aranhas, lagartixas, cobras, lagartos, etc são alvos perfeitos para aflorar preconceitos. Nos provérbios populares encontramos muitos. Exemplo de alguns deles: Negro, quando não suja na entrada, suja na saída; Fala mais que o negro do leite; Negro nasceu para ser espoleta de branco; Negro em pé é um toco, deitado é um porco; Quem nasceu pra dez réis, não chega a vintém; Quem nasce para cachorro, morre latindo; Rico ri atoa; Pau que nasce torto, não tem jeito, morre torto, etc.
Falando com alguém sobre o programa televisivo “Amor e sexo” apresentado por Fernanda Lima, que considero relevante quando traz à tona a diversidade, esta pessoa, concordou comigo divergindo apenas que a apresentadora deveria ser uma afrodescendente ou alguém bem mais próxima ao mundo dos temas abordados. Imediato disse, que a isso, chama-se “preconceito”. Quando se pensa desta maneira inconscientemente se está perpetuando os dogmas e tabus. A Fernanda Lima, exerce uma profissão e desenvolve com habilidade. Temos que aplaudir e respeitar e não acuar o outro por que não pertece àquela étnia ou gueto.
Inicie este texto para falar das lagartixas, as Hemidactylus mabouia ou lagartixa-doméstica-tropical, enquanto lavava o banheiro de casa. Lá estava uma delas, pequenina atrás do vaso sanitário. Quando joguei a água, saiu correndo, assustada.
Quantas vezes repudiamos a sua presença dentro de nossas casas?
Eu, que venho de uma geração que morou em casas com telhados de cerâmicas era comum vê-las passeando pelas paredes. A aspereza do ser humano com estes seres indefesos mais de grande importância para o equilibrio do ecossistema, fez com que desaparecessem por um período, passando a habitar o solo e na área externa das casas. Creio que muito contribuiu as pulverizações contra o mosquito da dengue por aqueles carros fumacê. Agora, vendo-as transitando em minha morada e reconhecendo a importância destas para a limpeza da casa, deixo-as transitar livremente. Principalmente agora com o surto da febre amarela.
Você sabia que estes animaizinhos, comem insetos, baratas, mosquitos, aranhas e pequenos escorpiões?
Exatamente. Vamos lapidar a nossa visão quanto às massas que se deslocam de um lado para outro diante de nós, voluntárias ou involuntariamente. Pois afinal entre a indefesa lagartixa que nos causa asco por sua aparência natural e a nossa, que nos permite apenas mirar no espelho, onde nos consideramos belos e formosos diante da pesada maquiagem que nos abastece, esquivamo-nos facilmente do tête-à-tête com medo da penetrabilidade dos olhos do outro, o nosso semelhante, que jocosamente nos diz nas entrelinhas do olhar, a verdade que guarda o espelho da madastra má da Branca de Neve e que evitamos escutar.

Valença, Bahia, 10 de março de 2017 Celeste Martinez

Imagens que falam


A neta Dindi






                                                                                  Eu, em atividade no Alacazum

Reiniciando atividades no blog

Desde o dia 29 de janeiro de 2017 quando do último programa radiofônico Alacazum palavras para entreter transmissão ao vivo pela emissora de rádio comunitária Rio Una FM 87,9 fiquei matutando o que fazer para não "perder o embalo" das atividades de pesquisa, já que não mais farei os programa de rádio e para mim é tedioso não "fazer nada".
Hoje, 10 de março de 2017, tive a ideia de manter este blog com minhas produções literárias. Forma de exercitar a escrita.