sábado, 30 de maio de 2009

129° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER

Na 129° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 24 de maio de 2009, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz Am, homenageamos o escritor uruguaio Mário Benedetti, falecido neste mês de maio; oferecemos a expressão popular: “Pé-rapado”; finalizamos o conto:"Sarapalha” de João Guimarães Rosa; finalizamos o primeiro capítulo do livro: Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll; informações ecológicas; poema de Cecília Meireles; poema do poeta e cantor estadunidense, Harry Kennedy; o quadro:" A nossa saúde" com informações a respeito da necessidade de consumo de água e sua importância na vida dos seres vivos; seleção musical e produção a cargo de Gugui Martinez e no quadro: "Desafio” com direito a conquista da tradicional caixa de chocolate, muitos desafios abordando várias áreas do conhecimento humano, acompanhado da seguinte indagação: O que interfere no gosto pela leitura? Contamos com a participação ativa do ouvinte-leitor ALACAZUM que opinou e debateu sobre esta questão. Agradecemos a todos e aguardamos você no próximo domingo com mais palavras para entreter.



ALACAZUM PARA VOCÊ!

Não me digas adeus!

Não me digas “adeus”... mas sim, dize: “Até breve”
Quem parte, sempre deixa a esperança fugaz,
Se o passado se foi, e retornar não deve,
O futuro há de vir, bem ditoso e vivaz.
Lê-se no ignoto livro em que o destino escreveu
A inexorável lei de todos os mortais,
Este axioma que a mágoa abranda, e torna-a
Breve: “Quem vence a própria morte, é o
Amo; nada mais”.
Não me digas: “Adeus” – que a saudade tortura;
Vais partir, eu bem sei; mas eu te amo ainda,
Hei de rever-te um dia, o coração murmura.
Até breve” – eu direi.
A esperança é um fanal;
Suaviza a sua luz nossa tristeza infinda;
A vida é um sonho, sim; mas o amor é imortal.

Harry Kennedy- poeta e cantor popular dos Estados Unidos da América do Norte. Morreu muito moço. O soneto: “Não me digas adeus” foi composto pouco antes da sua morte. E foram cantados por amigos no momento do seu sepultamento em um cemitério de Brooklyn pele célebre cantora Helen Mora, acompanhada por todos os artistas. A tradução deste soneto é de J.B. Mello e Souza.

Expressã popular: Pé-rapado


Os dicionários esclarecem que o substantivo pé-rapado se trata de um brasileirismo cujo significado é o de indivíduo pobretão, de condição humilde, mas também dão a ele, por extensão, o sentido de pessoa sem caráter, de más qualidades, crápula e vagabundo. No entanto, a origem dessa expressão pode ser explicada de algumas formas diferentes: na primeira, a suposição é de que tenha sido criada na segunda metade do século 17 porque o poeta baiano Gregório de Matos Guerra (1633-1696) a utilizou em versos dirigidos a Anica, mulata por quem ele se interessava para determinados fins, e que lhe pedira dinheiro para comprar sapatos:

Um cruzado pede o homem, / Anica, pelos sapatos, / mas eu ponho isso à viola / na postura do cruzado. / Diz que são de sete pontos, / mas como eu tanjo rasgado, / nem nesses pontos me meto, / nem me tiro desses trastos. / Inda assim se eu não soubera / o como tens trastejado / na banza dos meus sentidos, / pondo-me a viola em cacos, / o cruzado pagaria, / já que fui tão desgraçado / que buli co'a escaravelha / e toquei sobre o buraco. / Porém como já conheço / que o teu instrumento é baixo, / e são tão falsas as cordas / que quebram a cada passo, / não te rasgo, nem ponteio, / não te ato nem desato, / que pelo tom que me tanges, / pelo mesmo tom te danço. / Busca a outros temperilhos, / que eu já estou destemperado, / estou para me rasgar / minhas cousas cachimbando. / Se tens o cruzado, Anica, / manda tirar os sapatos, / e se não, lembre-te o tempo, / que andaste de pé rapado. / E andarás mais bem segura, / que isto de pisar em saltos / é susto para quem pisa, / e ao que paga, é sobressalto. / Quem te curte o cordovão, / por que te não dá sapatos? / mas eu, que te rôo o osso, / é que hei de pagar o pato? / Que diria quem te visse / no meu dinheiro pisando? / Diria que quem to deu, / ou era bosta, ou cavalo. / Pois porque não digam isso, / leve-me a mim São Fernando, / se os der, e se tu os calçares, / leve-te logo o diabo.

Gregório de Matos, poeta satírico, tanto fustigou com seus versos os vícios da sociedade colonial, não poupando os poderosos do dia, que acabou provocando a ira do governador da Bahia e por isso foi deportado para Angola, na África. Regressando ao Brasil alguns anos depois, velho, alquebrado e na mais profunda miséria, fixou residência em Pernambuco, onde continuou a viver na boêmia. Sua mordacidade lhe rendeu o apelido de Boca do Inferno, mas ainda assim exerceu grande influência na sociedade brasileira de seu tempo, sendo considerado o iniciador da literatura brasileira porquanto foi o primeiro escritor nascido no Brasil a utilizar temas brasileiros num estilo pessoal que refletia o linguajar da colônia.

A segunda versão está ligada à Guerra dos Mascates, conflito surgido entre as vilas de Olinda e Recife, em Pernambuco, nos começos do século 18 (1710), provocado pelas desavenças e divergências de opiniões e interesses entre a aristocracia pernambucana que demonstrava aversão aos estrangeiros (nativismo), e os portugueses, na sua maioria comerciantes, aos quais os primeiros chamavam desdenhosamente de mascates. O conflito começou quando Recife foi elevada a vila, e o governador da colônia pernambucana, Sebastião de Castro Caldas, que se posicionara ao lado dos comerciantes, começou a proceder as delimitações com Olinda. Houve protestos que redundaram em prisões, o governador acabou sendo ferido por disparo de arma de fogo e por isso proibiu o seu uso pela população, e a conseqüência desse desencontro foi o início do motim em 5 de novembro daquele ano, cujo final só viria a acontecer em 1714. Durante o transcurso dessa revolta, os portugueses passaram a tratar seus adversários pelo apelido de pé-rapado porque, segundo o folclorista Luis da Câmara Cascudo, "os que compunham as tropas da aristocracia rural combatiam sem sapatos, ao contrário da cavalaria, arma nobre de gente de botas".

Já o professor Deonísio da Silva, em “De Onde Vem as Palavras II”, opina que “no Brasil colonial, pés-rapados eram os trabalhadores que produziam riqueza nas lavouras e nas minas. Com seu trabalho, o rei português dom João V (1689-1750) enchia as burras monárquicas de ouro e diamantes vindos do Brasil. Gastou fortunas em doações a ordens religiosas e foi gigantesco o esbanjamento que garantiu a vida luxuosa da corte, a ponto de o seu reino tornar-se a maior nação importadora européia. Mas erigiu também museus, hospitais e a Casa da Moeda, além de providenciar a canalização do rio Tejo. Tudo pago pelos pés-rapados brasileiros”.

Já Reinaldo Pimenta, em “A Casa da Mãe Joana”, explica que “pé-rapado é o João Ninguém que nem sapato tem. Depois de muito caminhar descalço, ele rapa (ra-par, no caso, é o mesmo que raspar) o pé com uma faca para retirar o grosso da sujeira, já que de nada adianta lavar o que, em seguida, vai se sujar. É mais ou menos o argumento da criança para fugir do banho”. Essas são as versões que procuram explicar a origem da expressão pé-rapado, que é usada nos dias de hoje como referência ao indivíduo desprovido de tudo aquilo que a sociedade considera imprescindível nas pessoas de quem valha a pena se aproximar, como dinheiro, prestígio, posição social, educação, etc., etc., etc..


FERNANDO KITZINGER DANNEMANN

Israel vai importar água da Turquia


Um pequeno território com uma grande população, situado em uma região de poucas chuvas e cercado de vizinhos não muito dispostos a compartilhar rios, lagos e nascentes. Se o futuro da humanidade pode depender de sua relação com a água, no Estado de Israel essa questão há muito tempo é encarada como vital. Localizado em uma área onde predominam os climas árido e semi-árido - 60% do território israelense estão sujeitos a esses padrões climáticos - o país desenvolve um amplo programa de utilização racional dos recursos hídricos. Apesar disso, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores de Israel, o problema é encarado como crônico, principalmente porque a população deve aumentar em mais de um terço (de seis milhões para 8,5 milhões) até 2020. O déficit atual já chega a dois bilhões de metros cúbicos, o equivalente a um ano de consumo de todo o país. Em outras palavras: as principais fontes locais (o chamado "Aqüífero Costeiro", o Mar da Galiléia e o rio Jordão) não estão dando conta de atender a toda a demanda.

Soluções

Para tentar resolver o problema, o governo israelense vem investindo em algumas linhas de ação. Entre elas estão a reciclagem de águas servidas, a produção artificial de chuva e a importação de água.


Um dos primeiros esforços desenvolvidos pelo governo, há 58 anos, foi o de dotar seu território de uma rede de irrigação que transformasse as áreas secas do país (localizadas principalmente na região sul) em um oásis capaz de produzir os alimentos necessários à sobrevivência da população. De fato, hoje Israel produz frutas, cereais, flores e aves em quantidade suficiente para alimentar seus cerca de seis milhões de habitantes. O custo desse sucesso, porém, é alto: nada menos que 60% de toda a água é destinada à agricultura. Para tentar manter e até reduzir esse percentual, o governo vem investindo em vários projetos: o maior deles é o do reaproveitamento dos efluentes de esgoto, que são reciclados e utilizados na agricultura de produtos destinados à alimentação de animais e à indústria. De acordo com dados do Ministério Israelense de Infra-estrutura, metade de todos os efluentes é utilizada na agricultura; atualmente, a água reciclada responde por 25% de toda a demanda de irrigação.


A produção de chuva por meios artificiais foi outra saída encontrada pelo governo. Os primeiros bombardeamentos de nuvens com cristais de iodeto de prata foram realizados há trinta anos e, desde então, os recursos "chama-chuva" (aviões e bases terrestres de bombardeamento) são utilizados para garantir a umidade do solo. Hoje, cerca de 15% das chuvas que ocorrem no norte de Israel -onde a presença de nuvens é maior - são produzidas artificialmente.


ImportaçãoCom os limitados estoques locais de água, a saída mais "radical" adotada pelos israelenses foi, sem dúvida, a da importação de água. Em 2002, Israel e Turquia firmaram um acordo de intenções que previu a venda de nada menos de 50 bilhões de litros d'água por ano... durante vinte anos! O plano foi aprovado pelo gabinete israelense em janeiro de 2004 e começa a sair do papel - atualmente, as autoridades estudam formas viáveis para o transporte da água entre o rio Manavgat, no sul da Turquia, e o porto de Ashkelon (a distância é de 600 quilômetros). Entre as alternativas estão o uso de um aqueduto, o transporte por navios-tanque com capacidade para o armazenamento de 250 milhões de litros cada ou por gigantescos sacos flutuantes. Com a compra, Israel pretende suprir algo entre 2,5% e 3% de sua demanda. O preço de toda essa água, porém, será "salgado": especialistas estimam que ele chegue a US$ 40 milhões por ano!


Fontes:
Ministérios da Infra-estrutura e de Relações Exteriores de IsraelJerusalem PostAgência Nacional de Águas (ANA)

Retirado do site: http://www.cienciaefe.org.br/jornal/e70/mt06.htm

Recordação

Agora, o cheiro áspero das flores
Leva-me os olhos por dentro de suas pétalas.
Eram assim teus cabelos;
Tuas pestanas eram assim, finas e curvas.
As pedras limosas, por onde a tarde ia aderindo,
Tinham a mesma exalação de água secreta,
De talos molhados de pólen,
De sepulcro e de ressurreição.
E as borboletas sem voz
Dançavam assim veludosamente.
Restitui-te na minha memória, por dentro das flores.
Deixa virem teus olhos, como besouro de Ônix,
Tua boca de malmequer orvalhado.
E aquelas tuas mãos dos inconsoláveis mistérios
Com suas estrelas e cruzes,
E muitas coisas tão estranhamente escritas
Nas suas nervuras nítidas de folha,
- e incompreensíveis, incompreensíveis.

Cecília Meireles

Pescados em alerta

Realmente é preocupante a quantidade de espécies marinhas em extinção. Com base nestes dados, foi criado por especialistas da Unimonte, em Santos, São Paulo, o Guia de consumo sustentável de pescado. Imagine, uma cartilha que classifica mais de 120 tipos de peixes e frutos do mar em quatro categorias:

BOM APETITE- isso significa que o consumidor pode comprar a vontade espécies como dourado, garoupa, robalo e camarão rosa entre outras espécies.

COMA COM MODERAÇÃO- isso significa que o consumidor pode comprar com moderação a pescada, anchova, lagosta e mexilhão, entre outras espécies.

EVITE- atum, badejo e cação entre outra espécies.

NÃO OBRIGADO- especifica as espécies em gritante risco de extinção. São eles: mero, cação-anj0 e raia viola entre outras espécies.


Fonte_ Planeta Sustentável

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Boletim PNLL nº 156 - 18 a 24/05/2009‏



Morre Mario Benedetti (1920 - 2009)

O romancista, contista e poeta uruguaio Mario Benedetti morreu neste mês de maio aos 88 anos, em Montevidéu. Ele esteve internado várias vezes nos últimos meses devidos a vários problemas físicos.


Biografia

Página sobre Mario Benedetti na Biblioteca Cervantes
Site especial do jornal Clarín em homenagem aos 80 anos de Mario Benedetti
Entrevista para o jornal La Jornada





Multimídia
Palabras Verdaderas, documentário de Ricardo Casas sobre Mario Benedetti.
Dramatização do poema Rostro de vos no filme argentino El lado oscuro del corazón
Entrevista para a rede Telesur





Mario Benedetti homenageia as mães da Plaza de Mayo

Letra de Viceversa de Mario Benedetti


Tengo miedo de verte
necesidad de verte
esperanza de verte
desazones de verte
tengo ganas de hallarte
preocupación de hallarte
certidumbre de hallarte
pobres dudas de hallarte
tengo urgencia de oírte
alegría de oírte
buena suerte de oírte
y temores de oírte
o sea
resumiendo
estoy jodido
y radiante
quizá más lo primero
que lo segundo
y también
viceversa.

Poeta Mario Benedetti - Poema Viceversa de Mario Benedetti

AMOR DE TARDE

Poema lido na 129° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 24 de maio de 2009, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 KHZ AM.


É uma pena você não estar comigo
quando olho o relógio e já são quatro
e termino a planilha e penso dez minutos
e estico as pernas como todas as tardes
e faço assim com os ombros para relaxar as costas
e estalo os dedos e arranco mentiras.
É uma pena você não estar comigo
quando olho o relógio e já são cinco
e eu sou uma manivela que calcula juros
ou duas mãos que pulam sobre quarenta teclas
ou um ouvido que escuta como ladra o telefone
ou um tipo que faz números e lhes arranca verdades.
É uma pena você não estar comigo
quando olho o relógio e já são seis.
Você podia chegar de repentee dizer "e aí?" e ficaríamos
eu com a mancha vermelha dos seus lábios
você com o risco azul do meu carbono.
Esse poema do Benedetti está no livro Antologia Poética, editado no Brasil pela Record em 1988. A tradução é de Julio Luís Gehlen. Foi extraído de um livro escrito entre 1953 e 1956, Poemas de la oficina, de Benedetti.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Mostra Fotográfica "Bicho de Rua" em Florianópolis (SC)‏


Florianópolis receberá a partir do dia 6 de junho a nova edição da Mostra Fotográfica “Bicho de Rua”. O evento, que já percorreu diversas cidades do Rio Grande do Sul, ocorrerá no Angeloni Beira Mar até o dia 30 como parte das comemorações pelo terceiro aniversário do jornal Notícias do Dia e pelo primeiro aniversário da coluna Mãe de Cachorro.


Com o objetivo de conscientizar adultos e crianças, a Mostra procura mostrar um lado de nossas cidades a que geralmente não damos atenção: animais que vivem nas ruas, ou mesmo em casas, mas que não são tratados com o devido respeito e dignidade.

Longe de ser apenas uma exposição fotográfica, "Bicho de Rua" é uma campanha de cidadania que procura mostrar às pessoas a importância da adoção de um bicho de rua e o quanto este ato requer responsabilidade, amor e consciência. Ao sair de uma situação de abandono e desprezo para o convívio e aceitação em um lar, os animais conseguem demonstrar, tanto quanto os seres humanos, a felicidade, gratidão e paz de um relacionamento respeitoso.


Nesta edição do evento, estréia o projeto de castração animal. Tendo em vista que a dupla esterilização-educação, é a maior solução a médio e longo prazo para a resolução do problema da superpopulação de cães e gatos, a Mostra Fotográfica “Bicho de Rua” propõe em paralelo à conscientização proporcionada pelas fotos, um projeto efetivo de castração para contribuir de maneira significativa na mudança da realidade dos animais que vivem nas ruas das cidades onde a exposição chegar.


Na Grande Florianópolis, 50% da renda total das camisetas, sacolas e fotografias serão destinados ao projeto, que será feito em parceria com veterinários conveniados à APRAP – Amigos e Protetores dos Animais de Palhoça.


A Mostra conta com fotografias de Carolina Leipnitz, Fernanda Melonio, Ivânia Trento, Eduardo Costa, Aline Gobbi, Heinz Schnack e Daniele Spohr


Alice no País das Maravilhas

Leitura final do primeiro capítulo do livro: “Alice no país das maravilha” de Lewis Carrol, feita na 129° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 24 de maio de 2009, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650Khz AM.

Era muito simples dizer: BEBA-ME. Mas Alice era muito inteligente para fazer isso sem refletir.
-Não, vou primeiro ver se estar escrito veneno em algum lugar.
É que Alice tinha lido diversas historinhas bonitas sobre crianças que se tinham queimado, ou tinham sido devoradas por animais ferozes, ou a quem tinham acontecido mil coisas desagradáveis, simplesmente porque não prestavam atenção a algumas regras bem simples, que seus amigos lhes tinham ensinado. Por exemplo, quem segura um ferro em brasa queima-se; quem corta o dedo com uma faca, o dedo sangra. Ela não tinha esquecido, também, que quem bebe de uma garrafa onde está escrito veneno, pode estar certo que ficará muito doente, mais cedo ou mais tarde.
Mas não estava escrito veneno, então Alice arriscou-se a provar um bocadinho. Achou muito gostoso. (Tinha gosto de torta de cerejas, de peru assado, de creme de leite, de abacaxi, de caramelo e de torradas amanteigadas) Num instante Alice esvaziou a garrafa.
-Que efeito engraçado!- disse Alice- estou achando que aconteceu o que eu queria: encurtei como um telescópio.
E, meu Deus, era verdade: agora ela não tinha mais que vinte e cinco centímetros de altura. Sorriu de contentamento, pois estava com o tamanho certo para passar pela portinha e chegar ao jardim. Mas achou melhor esperar alguns minutos, para ver se ia diminuir mais ainda. Estava um pouco aflita sobre esse ponto:
-Isso poderia acabar me gastando completamente, como uma vela. O que acontece com a chama de uma vela, quando a vela acaba? O que aconteceria comigo, num caso assim?
Alice não sabia as respostas para essas perguntas.
No fim de algum tempo, vendo que não acontecia nada de novo, resolveu ir para o jardim sem esperar mais. Pobre Alice! Quando chegou à portinha, percebeu que tinha esquecido a pequena chave de ouro. E quando voltou à mesa para pegar a chave, viu que não tinha altura para alcançá-la: via perfeitamente a chave através do cristal e fez tudo o que pôde para subir por um dos pés da mesa, mas era muito escorregadio. Quando afinal ficou exausta de tanto esforço sem resultado, a pobre menina sentou-se no chão e começou a chorar.
- Vamos, chorar não serve de nada! – ralhou consigo mesma, severamente.
-Eu te aconselho a parar já, já!
Ela se dava, em geral, ótimos conselhos ( é verdade que os seguia bem raramente) e às vezes se ralhava com tanta severidade que chegava a ficar com lágrimas nos olhos. Uma vez chegou mesmo a tentar se dar duas palmadas, por roubar numa partida de croqué que estava jogando consigo mesma. Essa interessante menina gostava muito de fingir que era duas pessoas ao mesmo tempo.
- Não adianta nada no caso, agora, tentar ser duas pessoas – pensou a pobre Alice. – Já me darei por muito feliz se sobrar bastante de mim para fazer uma só pessoa respeitável.
Nesse momento seu olhar caiu sobre uma pequena caixa de vidro, que estava embaixo da mesa. Abriu-a e encontrou um doce muito pequenino, com esta inscrição, muito bem desenhada com passas: COMA-ME.
-Bem, vou comê-lo – decidiu Alice. – Se esse doce me fizer ficar maior, poderei atingir a chave. Se me fizer ficar menor, poderei, talvez, passar por baixo da porta. Assim, de uma maneira ou de outra, entrarei no jardim. Pouco me importa de que modo chegarei lá.
Comeu um pedacinho e se perguntou com ansiedade:
- E agora? Vou crescer ou encolher?
Pousou a mão no alto da cabeça para verificar se estava esticando ou encurtando. E teve a maior surpresa do mundo ao descobrir que continuava do mesmo tamanho. Normalmente é isso que acontece quando se come um doce. Mas Alice estava ficando tão habituada a só esperar coisas extraordinárias que agora achava absolutamente estúpido ver a vida acontecer de uma maneira comum.
Então pegou de novo o doce e acabou de comê-lo rapidamente.


Calafeto

Poema da escritora Amália Grimaldi, lido na 129° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 24 de maio de 2009, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM.
Fumaça negra... betume...
Calafeto...
Lama negra...
Margem do Uma.
Paisagem concreta...
-Amanhã o homem paga...
Conjectura...
-Falta madeira
Lamenta...
-É o tal do “ibama”...
Negócio desfeito...
-O que digo para o homem?
-Betume está caro...
-Tenho vergonha na cara...
Fiado crescendo...
Sem afeto vou vivendo,
Pois nos dias de hoje
Barco já não faço mais...
-Pois, do Uma a Igrapiúna,
madeira já não tem mais...
-Vivo de calafeto...
-Pois barco- já não faço mais...

Valença, dezembro de 1991 – Amália Grimaldi

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Sarapalha



Leitura final do conto: “Sarapalha” de João Guimarães Rosa, feita no programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 24 de maio de 2009, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM.


- Espera, primo, elas estão passando... Vão umas atrás das outras... Cada qual mais bonita... Mas eu não quero, nenhuma! Quero só ela.... Luisa...
-Prima Luiza....
-Espera um pouco, deixa ver se eu vejo.... Me ajuda, Primo! Me ajuda a ver....
- Não é nada, Primo Ribeiro.... Deixa disso!
-Não é mesmo não...
-Pois então?!
- Conta o resto da estória!
- ... “Então, a moça, que não sabia que o moço-bonito era o capeta, ajuntou suas roupinhas melhores numa trouxa, e foi com ele na canoa, descendo o rio...”
- A moça que eu estou vendo agora é uma só, Primo... Olha!.... É bonita, muito bonita. É a sezão. Mas não quero... Bem que o doutor, quando pegou a febre e estava variando, disse... você lembra? .... disse que a maleita era uma mulher de muita lindeza que morava de-noite nesses brejos, e na hora da gente tremer era quem vinha... e ninguém não via que era ela quem estava mesmo beijando a gente... Mas, acaba de contar a estória Primo...
-É tão triste...
-Não faz mal, conta!
- .... “Então, quando os dois estavam fugindo na canoa, o moço-bonito, que era o capeta, pegou a viola, tirou uma toada e começou a cantar:



- “Eu vou rodando
rio-abaixo, Sinhá...
Eu vou rodando
Rio-abaixo, Sinhá”


- E ai?...
- O senhor está cansado de saber... “Aí a canoinha sumiu na volta do rio... E ninguém não pôde saber p’ra onde foi que eles foram, nem se a moça, quando viu que o moço-bonito era o diabo, se ela pegou a chorar... ou se morreu de medo... ou fez o sinal-da-cruz... ou se abraçou com ele assim mesmo, porque já tinha criado amor.... E, cá de riba, o povo escutou a voz dele, lá longe, muito longe....”

-Canta como foi Primo...
-É a mesma cantiga...
-Mas canta!


- “Eu vou rodando
rio-abaixo, Sinhá...
Eu vou rodando
Rio-abaixo, Sinhá”


-Aí, Primo Argemiro, está passando... Já estou meio melhor... Será que eu variei? Falei alguma bobagem?
-Falou, não, Primo... D’aqui a pouco é a minha vez... Não dilata p’ra chegar....
Sim, d’aqui a pouco vai ser a sua hora. Aqui a febre serve de relógio. Ele já está ficnado mais amolecido. Também deve ser de ter pensado muito. Antes o outro não tivesse querido falar em nome guardado... Foi dar outra força à saudade... E ele, que nem tem com quem desabafar, não tem a quem contar o seu sofrimento!... Lá, onde está o cruzeiro, morreu um trabalhador de roça, um velho. Foi de repente, do coração... Será que a gente ainda tem de viver muito?!
-Primo Argemiro?!
-Que é, Primo Ribeiro?
-Estou com uma sede... Estou me queimando por dentro... Me faz a caridade de dar um eco na preta...
- A negra não escuta... Eu vou buscar a água, Primo Ribeiro.
-Deus lhe pague Primo.
Primo Ribeiro respira a custo. Está remexendo com os dedos e falando sozinho outra vez.
Lá vem o outro com a caneca. Desce a escadinha, muito devagar. É magro, magríssimo. Chega trôpedo, bambo meio curvante.
-Ai Primo Argemiro, nem sei o que seria de mim, se não fosse o seu adjutório! Nem um irmão, nem um filho não podia ser tão bom... não podia ser tão caridoso p’ra mim!
-Bobagem Primo. Aproveita e toma o remédio também, tudo junto de uma vez.
-Não quero, já falei! Quero mas é ajudar este corpo a se acabar...
...(- ‘Nem um irmão, nem um filho”....) ele está mas é enganado o companheiro! Há quantos anos que esconde aquilo... Não! É hoje! Não está direito... Tem de confessar...
- Primo Ribeiro... eu nunca tive coragem p’ra lhe contar uma coisa... Vou lhe contar uma coisa... O senhor me perdoa?!
-Chega aqui mais p’ra perto e fala mais alto, Primo, que essa zoeira nos ouvidos quase que não deixa a gente escutar...
-Não foi culpa minha... Foi um castigo de Deus, por causa de meus pecados... O senhor me perdoa, não perdoa?
-Que foi isso Primo? Fala de uma vez!
-Eu... eu também gostei dela, Primo.... Mas respeitei sempre.... respeitei o senhor.... sua casa.... Nós somos parentes.... Espera, Primo! Não foi minha culpa, foi má-sorte minha...
Primo Ribeiro arregalou os olhos. Calcou a mão na madeira do cocho. Faz força para se levantar.
-Não teve nada, Primo! ... Juro!.... Por essa luz!.... Nem ela nunca ficou sabendo.... Por alma de minha mãe!
As pernas de Primo Ribeiro se recusam a agüentar-le o corpo. Primo Argemiro se levantou também. Quer ajudar o outro a se suster.
-Me larga! Me larga e fala como homem!
-Já falei, Primo. Me perdoa...
-Você veio morar aqui com a gente, foi por causa dela, foi?...
-Foi primo. Mas nunca...
- E foi por isso que você não quis ir-s’embora...depois?... Esperando para ver se algum dia ela voltava, foi?
-Não primo... isso não!... Não foi nada por causa... Eu também sofri muito... Não queria mais nada no mundo... E foi por conta do senhor também... Quando ela deixou de estar aqui, eu fiquei querendo um bem enorme ao senhor... a esta cada de fazenda... aos trens todos daqui.... Até a maleita!
-Fui picado de cobra... Fui picado de cobra..... Ô mundo!
-Mas sossega Primo Ribeiro... Já lhe jurei que não faltei nunca ao respeito a ela... Nem eu não era capaz de cair num pecado desses.
-Fui picado de cobra...
- O senhor está variando.... Escuta! Me escuta, pelo amor de Deus...
- Não estou variando, não, mas em-antes estivesse! Some daqui, homem! Vai p’ras suas terras... Vai p’ra bem longe de mim! Mas vai logo de uma vez!
-Quero morrer nesta hora, se algum dia eu pensei em fazer a sua desonra, Primo!
-Anda, por caridade! Vai embora!
-Pensa até mais logo, Primo... até hoje de-tarde...
-Este caco de fazenda ainda bem que é meu... É meu!... Anda! Anda!... Não quero ver você mais...
-Me dá um prazo, Primo. Até o senhor melhorar.
-Vai!
-Estou pagando o que não fiz!
-Vai!
- O senhor ainda pode precisar de mim, Primo, que sou o único amigo que o senhor tem.
-Então, vai Primo!... Você não tem pena de mim, que não tenho arma nenhuma aqui comigo, e, nem que tivesse, não rejo mais nem força p’ra lhe matar?!
E primo Ribeiro, branco, encaveirado, soprando, e levantando o queixo a cada ofego, caiu sentado no casco do cocho outra vez.
- Pois então adeus, Primo! Me perdoa e não guarda ódio de mim, que eu lhe quero muito bem..
- Ajunta suas coisas e vai...
-Não tenho nada.... Não careço mais de nada... O que é meu vai aqui comigo... Adeus!
Primo Argemiro reúne suas forças. E anda. Transpõe o curral, por entre os pés de milho. Os passopretos, ao verem um espantalho caminhando, debandam, bulhentos. O perdigueiro de focinho grosso vem correndo também. Vem, mas diz que não vem: vira a cabeça, olha para Primo Ribeiro, que lá está sentado ainda, curvado para o chão. O cachorro está desatinado. Pára. Vai, volta, olha, desolha... Não entende. Mas sabe que está acontecendo alguma coisa. Latindo, choramingando, chorando, quase uivando. Por que tem ordem de ser sempre fiel, e não sabe mais, não se recorda mais qual dos dois homens será o seu dono verdadeiro.
Quando o outro passou a tranqueira, Primo Ribeiro levantou a cabeça, e espiou. Sua, sua: assim corpo e roupa; e a testa que é só um escorrer. Fecha os olhos, parecendo que nem pode morrer direito.
Mas Primo Argemiro anda sem se volta. Agora atravessa o matinho.
- I-v-v-v-v.... O primeiro calafrio... A maleita já chegou...
O cachorro ainda pulou-lhe adiante, ganindo, pedindo... Depois, parou. Não quer ir mais longe.
-Adeus Jiló!
Fica. Ninguém não mandou que ele fosse embora... Ele pode ficar...
Outro grande arrepio. Que frio!.... E, no entanto, as árvores estão agora sem sombra, e o sol, se caísse, se espetaria no estipe verde do coqueiro.
A erva-mãe-boa derrama cachos floridos, no meio das folhas em corações. Muitas flores. Azuis... Foi num vestido azul que ele a viu pela segunda vez, no terço de São Sebastião... Tantos anos! Quando a verá ainda? No céu, talvez... Mas, ele Argemiro, terá de respeitar Primo Ribeiro, que é o marido em nome de Deus..
... Mas, quando a viu, acompanhando o terço, já gostava dela, já lhe tinha amor... Desde de-manhã... na porta da casa, saindo para a missa, ela com a mãe e as irmãs... Já estava de casamento tratado com Primo Ribeiro... Talvez que ela não fosse a moça mais bonita do arraial... E não era mesmo. Mas o amor é assim...
Nunca mais? Nunca mais... Ai, meu Deus! Por mim era muito melhor não ter céu nenhum...
...Por aquele tempo, Argemiro dos Anjos era um moço bem-aparecido, de figura, e com oitenta alquires de terras de cultura,afora algum dinheiro de parte...
Ai! Que o frio cai entre os ombros, e vai pelas costas, e escorre das costas para o corpo todo, como fios de água fria. Zoa nos ouvidos confuso sussuro, e para diante dos olhos vêm coisinhas, querendo dançar.
Ir, para onde?
.... A primeira vez que Argemiro dos Anjos viu Luisinha, foi numa manhã de dia-de-festa-de-santo, quando o arraial se adornava com arcos de bambu e bandeirolas, e povo se espalhava contente, calçado e no trinque, vestido cada um com a sua roupa melhor...
Ir para onde?... Não importa, para a frente é que a gente vai! Mas, depois. Agora é sentar nas folhas secas, e agüentar. O começo do acesso é bom, é gostoso: é a única coisa boa que a vida ainda tem. Pára, para tremer. E para pensar. Também.
Estremecem, amarelas, as flores da aroeira. Há um frêmito nos caules rosados da erva-de-sapo. A erva-de-anúm crispa as folhas, longas, como folhas de mangueira. Trepidam, sacudindo as usa estrelinhas alaranjadas, os ramos da vassourinha. Tirita a mamona, de folhas peludas, como o corselete de um cassununga, brilhando em verde-azul. A pitangueira se abala, do jarrete à garimpa. E o açoita-cavalos derruba frutinhas fendilhadas, entrando em convulsões.
-Mas meu Deus, como isto é bonito! Que lugar bonito p’ra gente deitar no chão e se acabar.
É o mato, todo enfeitado, tremendo também, com a sezão.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Na 128° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER

Na 128° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, que foi ao ar no dia 17 de maio de 2009, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Hkz AM, por ser o ano nacional de morte de Euclides da Cunha (15 de agosto) fizemos a leitura de um fragmento da obra: "Os Sertões", e aproveitamos como dica de leitura a mesma obra. Escutamos Tom Zé, Pífaros de Bendecó, BG Maricá, Bachianas Brasileiras com Iamandú Costa, numa seleção e produção do Gugui Martinez. Fizemos a leitura do poema: "Partilha" de Nalú Nogueira, leitura de fragmento do soneto: " Via Lactéa" de Olavo Bilac, leitura da crônica: Futebol de veteranos" expressão popular: Cheio de nove horas. Neste domingo, 17 de maio de 2009, foi explendorosa a participação do público, pois foi refletido a influência dos desenhos animados de televisão no comportamento das crianças, além do resgate à memória local da cidade de Valença-Bahia, quando revivemos um produto: "Taboca", confeccionado na cidade dando origem a nome de rua (Duque de Caxias- oficialmente). Agradecemos o respeito e confiança na proposta cultural do ALACAZUM e aguardamos você no próximo domingo com mais PALAVRAS PARA ENTRETER.

Via Láctea

Ora (direis) ouvir estrelas!
CertoPerdeste o senso"
E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila.
E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora!
"Tresloucado amigo!
Que conversas com elas?
Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?
"E eu vos direi:
"Amai para entendê-las:
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".
Olavo Bilac

Sensitiva: Mimosa pudica


Na 128° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER citamos a flor sensitiva, como um dos desafios, contamos com a participação da ouvinte-leitora Shirley, que vive na avenida Dendezeiro, que contribuiu com a informação de que a sensitiva servia como chá no combate a insônia. A pergunta foi a seguinte: Na infância, ao encontrar uma dessas plantas o que se dizia ao tocá-la? Resposta:" Fecha a porta Maria que vem o boi". Isto pode variar de região para região. Segue mais informações:


Por que as plantas sensitivas costumam se fechar ao serem tocadas?



As células das hastes que sustentam a folha das plantas chamadas sensitivas, unindo-as ao ramo, têm paredes pouco espessas e armazenam água. A um leve estimulo, como um toque, por exemplo, o equilíbrio da água se rompe e a planta se fecha. Se o estímulo for mais forte e atingir as bases das hastes, chamadas pecíolos, elas se inclinam como se estivessem murchas.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Você sabia que...




Você sabia que o Canadá continua estabelecendo oficialmente a temporada de caça as focas? Se estenderá pela costa leste na primavera canadense e ao final terá exterminado a pauladas em questão de semanas, sabe quanto? 338.200 animais. O teto estabelecido pelo Ministério da Pesca é 55.000 a mais que no ano passado. Sob o olhar horrorizado do mundo todo, o Canadá insiste em repetir a prática anual, que diz ser essencial para a manutenção da população de focas (hoje em 5,6 milhões) sob controle e para a existência de comunidades isoladas (cerca de 10.000 individuos) que vivem disso. A caça consiste no abate das focas para retirar a pele. A carcaça ensangüentada é abandonada no gelo.

Futebol de veteranos

Texto lido na 128° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 17 de maio de 2009, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM.

O espetáculo começa quando eles chegam, aí por volta de duas e meia das tardes de sábado. O campo tem pouco menos de 50 metros de comprimento, cabendo seis de cada lado, um louco no gol, dois zagueiros, dois na frente e um armando pelo meio. Olhos luzindo, eles calçam os sapatos de tênis ou basquete. Três ou quatro senhores, sempre suspeitos, confabulam a um canto, escalando, conforme a freqüência, três ou quatro times para o torneio vesperal.


- O meu está um droga.


- O seu, perto do meu, é um escrete.


- E o meu!Nelson e Mauricinho juntos! Essa não!


- O meu está mais ou menos, mas só tem jogador de defesa!


Logo depois do par-ou-ímpar é preciso recondicionar os times. Todos estão descontentes ou fingem descontentamento, até que um deles se abraça com a bola e, gesticulando com o outro braço, brada:


-Vamos começar, gente! Anda escurecendo cedo.


Todos resmungam, mas acabam concordando, e há uma aparência de calma. Antes que se dê a saída, são indispensáveis mais duas brigas: a primeira, dentro de cada time, pois ninguém quer começar no gol; a segunda, envolvendo todos, é sobre o juiz.


- Se o Zé Catimba apitar, eu não jogo.


- Por quê?


-Porque ele tem cisma comigo.


- O Lúcio não veio hoje?


- Está em casa tocando trombone.


- Apita você, Armandinho.


- Nem por vinte mil cruzeiros.


- E você Tavares?


- Só apito se ninguém reclamar.


-Promento que do meu lado ninguém reclama.

Eu nunca reclamo mesmo.


Prometem, mas não cumprem. Todos reclamam de tudo e de todos, do juiz que não viu mão, do adversário que cometeu obstrução, você que me trancou pelas costas, do companheiro que não passou, essa nem o Garrincha tenta fazer, do goleiro que papou um frango.


-Você não viu que eu não consegui matar a bola?


-Vi: você está sem revólver.


As partidas se sucedem, a gana de vencer é feroz, o suor escorre, os corações disparam, há cruentos suspiros de fadiga, as mãos esfregam os rins quando a bola vai fora, as botinadas vão e vêm, recíprocas. Mas não esmorecem, é preciso não esmorecer, pois ninguém mais é criança.


Mas aqui somos todos umas crianças, crianças de 30 e poucos, de 30 e muitos, de 40, os dois mais velhos aí pelos 50. Crianças numa pelada crepuscular, que pode ser a última de nossa vida, o cemitério, a orfandade de nossos filhos. Mas é por isso mesmo que não podemos perder, é por isso mesmo que fazemos das tripas coração, é atrás duma nesga da infância que andamos a correr, é a maturidade irremediável que estamos tentando driblar, é contra o tempo que perseguimos o gol.

Visto de fora, sobretudo por uma pessoa que já arqueja ao correr para pegar o ônibus, nosso espetáculo pode ser triste e ridículo. De dentro, dou minha palavra de honra, trata-se duma vivência bonita e alegre. Um viciado em leituras psicanalíticas diria que estamos querendo provar a nós mesmos que... ainda não ficaremos velhos. E diria a verdade. Ignorando no entanto que , de antemão, já nos sabemos derrotados; aí reside uma rejubilação de músculos e espírito, uma poesia que vai tangenciar a própria dramaticidade do tempo e a incapacidade humana de revertê-lo.


Mais tarde, tomando uma cerveja, os cavalões estão vermelhos por fora e purificados por dentro. Pudicamente, um dirá que a pelada ajuda a manter a forma; outro alega que deseja perder um pouco de peso; outro cinicamente acha que não há nada como esse exercício para fazer boca para uma cervejinha estupidamente gelada.


Mas no fundo, em segredo, sabem todos que a pelada é boa porque dar um chute bonito faz um bem extraordinário à alma do homem. Sobretudo se o homem é brasileiro.



Paulo Mendes Campos

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Partilha


Poema lido na 128° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 17 de maio de 2009, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM.

Fica com a cama.
Nela estão todos os meus perfumes e também os meus melhores sorrisos.
(sob o travesseiro do lado direito talvez ainda o som daquela gargalhada).
Fica com os lençóis das nossas madrugadas os cartões de crédito e todos os poemas.
O cobertor azul eu deixo porque ainda é inverno (e eu estava acostumada a te aquecer).
As fotos também eu cedo, não as quero.
Não refletem os medos que tive, são apenas momentos
(congelados feito os projetos que adiamos)
As chaves do apartamento deixo sob o tapete.
O amor e os sonhos eu levo junto com o meu olhar encantado.
A dor está na caixa pesada que ficou no banheiro.
Não se preocupe, é minha prometo vir buscar no feriado
(eu levaria hoje, se pudesse, mas no carro não cabia o mundo inteiro).

Nalú Nogueira

Expressão popular: Cheio de nove horas

O escritor Malba Tahan explica em seu livro Os Números Governam o Mundo, que antigamente nove horas era frase familiar de despedida, porque assinalava o termo de uma visita ou de uma prosa. Com a frase "São nove horas e não chove", o visitante revelava ao visitado o seu desejo de partir, enquanto outras pessoas, nas ruas, avisavam em voz alta: "Nove horas! Nove horas! Quem é de dentro, dentro, quem é de fora, fora...". Mas quando a visita era importante, ou interessava de modo especial ao dono da casa, este ponderava amigavelmente: "Ora, não esteja, desde já, com nove-horas", ou ainda, "O senhor está cheio de nove-horas".

Em sua obra aqui mencionada, o celebrado professor de matemática e escritor também informa que o poeta mineiro chamado Ataliba Lago dava outra explicação curiosa para a origem da expressão. Dizia ele em um de seus trabalhos: "Existe uma planta, a sensitiva, ou maria-fecha-a-porta, que é pelo nosso sertanejo denominada nove-horas. Ao menor toque essa planta 'se encolhe' toda, pois é muito sensível e delicada. A pessoa cheia de luxos e melindres, é por isso denominada 'cheia de nove-horas ".

São numerosos os registros onde está presente a anotação de que nos tempos passados as pessoas se recolhiam às suas casas, costumeiramente, às nove horas da noite. Por isso, quando os ponteiros dos relógios se aproximavam desse horário limite, a praxe era de que as visitas chegassem ao fim, os jogos ou qualquer outro tipo de divertimento terminassem, e homens e mulheres tomassem o caminho de suas respectivas residências. Esse costume europeu chegou ao Brasil ainda nos tempos coloniais, sabendo-se que por volta do século dezenove os policiais do Rio de Janeiro e de algumas outras cidades brasileiras obedeciam ao pé da letra um dispositivo do seu regulamento onde ficava explícito que depois das nove horas da noite, "ninguém será isento de ser apalpado e revistado".


Daí que essa expressão foi-se tornando popular, embora o seu sentido original tenha sofrido modificação, e agora é usada sempre que se deseja insinuar que algum sujeito é cheio de etiquetas e manias, transbordante de melindres, ou absolutamente chato em suas exigências e censuras. Diz-se, então, que essa peça rara é "cheia de nove-horas".


FERNANDO KITZINGER DANNEMANN

segunda-feira, 18 de maio de 2009

2009: Ano Nacional Euclides da Cunha


Depois de Machado de Assis, 2009 será o ano para o Brasil lembrar os 100 anos da morte de
Euclides da Cunha(15 de agosto de 1909). Projeto de lei apresentado na Câmara Federal institui o ano de 2009 como "Ano Nacional Euclides da Cunha", em celebração ao centenário de morte. O projeto determina que a coordenação das atividades relacionadas às comemorações ficará a cargo do Ministério da Cultura e autoriza à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos a emitir selo comemorativo em homenagem à data.

Euclides da Cunha



Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha, nasceu a 20 de janeiro de 1866, na fazenda Saudade, em Santa Rita do Rio Negro, Município de Cantagalo, no Estado do Rio de Janeiro. Seu pai, Manuel Rodrigues Pimenta da Cunha era guarda-livros e sua mãe Dona Eudóxia Moreira, era filha de um pequeno proprietário de terras. Aos três anos de idade, Euclides da Cunha ficou órfão de mãe e, juntamente com a irmã Adélia, passou aos cuidados da tia Rosinha Gouveia, em Teresópolis. Em 1885, presta exames na escola Politécnica com intuito de seguir o curso de engenharia civil. Colabora com o jornal “Família acadêmica” com poesias e alguns artigos. Publica: “Questões sociais”; ‘A Pátria”, “Dinastia” e “Revolucionários”. Em fevereiro 1890, conclui o curso de artilharia e a seguir, é promovido a segundo-tenente. Em agosto de 1890, após curto noivado, casa-se com Ana Ribeiro, filha do major Sólon Ribeiro, oficial que tinha sido designado para entregar a D.Pedro II o decreto de banimento da família imperial. Não sabia ele que 19 anos depois, a 15 de agosto de 1909, seria assassinado pelo amante de sus esposa. Em 1893 é nomeado para o cargo de engenheiro-praticante na estrada de ferro central do Brasil. Também ocupa a diretoria geral de obras militares por designação do Marechal Floriano Peixoto. Em 1894 estabelece polemica com o senador João Cordeiro. Floriano Peixoto intervêm designando Euclides da Cunha para servir em outra cidade. Em 1896, ocasião da Guerra de Canudos, Euclides escreve dois artigos sobre o fato e é publicado em “O Estado de São Paulo”. Em agosto de 1897 a pedido de José de Mesquita parte para Canudos como correspondente. È ai que começa a elaboração dos primeiros escritos que resultaria na bela obra: "Os sertões".


As prédicas



Fragmento da obra: "Os sertões" de Euclides da Cunha, lido na 128° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER.

Ele ali subia e pregava. Era assombroso, afirmam testemunhas existentes. Uma oratória bárbara e arrepiadora, feita de excertos truncados das Horas Marianas, desconexa, abstrusa, agravada, ás vezes, pela ousadia extrema das citações latinas; transcorrendo em frases sacudidas; misto inextricável e confuso de conselhos dogmáticos, preceitos vulgares da moral cristã e de profecias esdrúxulas.
Era truanesco e era pavoroso.
Imagine-se um bufão arrebatado numa visão do Apocalipse...
Parco de gestos, falava largo tempo, olhos na terra, sem encarar a multidão abatida sob a algaravia, que derivava demoradamente, ao arrepio do bom senso, em melopéia fatigante.
Tinha, entretanto, ao que parece, a preocupação do efeito produzido por uma ou outra frase mais decisiva. Enunciava-a e emudecia; alevantava a cabeça, descerrava de golpes as pálpebras; viam-se-lhe então os olhos extremamente negros e vivos, e o olhar – uma cintilação ofuscante.... Ninguém ousava contemplá-lo. A multidão sucumbida abaixava, por sua vez, as vistas, fascinada, sob o estranho hipnotismo daquela insânia formidável.
E o grande desventurado realizava, nesta ocasião o seu único milagre: conseguia não se tornar ridículo.

Fragmento da obra: “Os Sertões” de Euclides da Cunha

Dica de Leitura


Escrita entre 1902 e 1909. De tudo que Euclides escreveu em sua curta vida literária, “Os sertões” é considerado sua obra máxima. Os sertões é um ensaio histórico e sociológico em que Euclides da Cunha denuncia a existência no Brasil da época, de um litoral civilizado e de um sertão bravio em plena fase colonial, ambos em conflito. O assunto do livro gira em torno da campanha militar movida pelas tropas do governo republicano (representando o Brasil litorâneo) contra os fanáticos seguidores de Antonio Conselheiro (representando o brasil dos sertões) O local dos acontecimentos é Canudos, na Bahia. Euclides interpreta cientificamente um acontecimento da sua época e procura explicar e demonstrar que os adeptos de Antonio Conselheiro não eram culpados de crime, mas sim produto de fatores históricos, geográficos e raciais. Essa visão determinista do autor está também evidenciada na própria divisão que ele faz da obra: A terra, o homem e a luta. Com o objetivo de escrever: ‘Os Sertões” Euclides da Cunha, além da pesquisa de campo e nos arquivos da Bahia, serviu-se da colaboração do geógrafo e historiador Teodoro Sampaio; do geólogo Orvile Derby e do antropólogo Nina Rodrigues. Vale visitar a obra: ‘Os Sertões” de Euclides da Cunha, belíssima obra que pode ser considerada um verdadeiro poema épico em prosa, não só por seu estilo mas também pela movimentação das massas e pelo” sentido heróico da luta dos jagunços contra os fatores adversos, o fanatismo mesológico e a injustiça social’

Agenda Internacional ALACAZUM

Recebemos correspondência eletrônica do comunicador Sérgio Teixeira que faz o programa radiofônico RADIONOVELA - www.radionovela.com.pt
Aos Domingos das 20h às 21h POPULAR FM 90.9MHz (Lisboa) ou em www.popularfm.comem Lisboa-Portugal:

Na emissão do passado Domingo, dia 10 de Maio, a segunda parte foi inteiramente dedicada a músicas da telenovela “Feitiço de Amor”, que terminaria no dia seguinte na TVI.

Na primeira parte, ouvimos José Augusto, Edson Cordeiro com os Klazz Brothers e a nova versão do conhecido tema “Um dia de Domingo” interpretado por Ana Carolina e Celso Fonseca; outros temas tiveram ainda lugar no programa...

Ouve aqui a emissão do dia 10 de Maio de 2009.
http://www.zshare.net/audio/6012789167a9d913/

Para fazer o download do ficheiro mp3 carrega aqui.
http://www.zshare.net/download/6012789167a9d913/

sexta-feira, 15 de maio de 2009

127° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER

Na 127° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, que foi ao ar no dia 10 de maio de 2009, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Hkz AM, fizemos uma singela homenagem ao dia das Mães, declamando o poema: Minha Mãe de Casimiro de Abreu, ainda privilegiamos a professora Rosângela de Figueiredo que vive na cidade de Valença-Bahia, com o Poema: À complexa simplicidade das Mães; criamos o quadro: Bailando juntinho” onde oferecemos a música: Ternura, interpretação da Wanderleia para que as mães pudessem bailar com seus companheiros; relembramos os Bee Gees; falamos sobre a importância da água, leitura de fábula do Monteiro Lobato, continuamos o primeiro capítulo de Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll; expressão popular, origem do dia das mães; contamos com a participação de várias pessoas que declamaram poemas e cantaram em homenagem as mães. A produção musical a cargo de Gugui Martinez. Agradecemos o respeito e confiança na proposta cultural do ALACAZUM e aguardamos você no próximo domingo com mais PALAVRAS PARA ENTRETER.

Minha Mãe

Da pátria formosa distante e saudoso,
Chorando e gemendo meus cantos de dor,
Eu guardo no peito a imagem querida
Do mais verdadeiro, do mais santo amor:
- Minha mãe!-

Nas horas caladas das noites de estio
Sentado sozinho com a face na mão,
Eu choro e soluço por quem me chamava
- Ó filho querido do meu coração!-
- Minha Mãe!-

No berço, pendente dos ramos floridos,
Em que eu pequenino feliz dormitava:
Quem é que esse berço com todo o cuidado
Cantando cantigas alegre embalava?
-Minha Mãe!-

De noite, alta noite, quando eu já dormia
Sonhando esses sonhos dos anjos dos céus
Quem é que meus lábios dormentes roçava
Qual anjo da guarda, qual sopro de Deus?
- Minha Mãe!-

Feliz o bom filho que pode contente
Na casa paterna de noite e de dia
Sentir as carícias do anjo de amores,
Da estrela brilhante que a vida nos guia!
-Minha Mãe!-

Por isso eu agora na terra do exílio,
Sentado sozinho com a face na mão,
Suspiro e soluço por quem me chamava:
- Ó filho querido do meu coração!-
-Minha Mãe!


Casimiro de Abreu

Quadro: Bailando juntinho!

Na 127° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 10 de maio de 2009, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM, oferecemos a música: ‘TERNURA’ na interpretação da cantora brasileira Wanderleia, como homenagem aos dias das mães promovendo uma integração com vários casais que escutam o ALACAZUM.

Quadro: A nossa saúde!

Na 127° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 10 de maio de 2009, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM, oferecemos as seguintes informações a respeito do uso da água:

Na declaração universal dos direitos da água, criada pela ONU- organização das Nações Unidas, no dia 22 de março 1992, em seu artigo 2° diz:
“A água é a seiva do nosso planeta. Ela é a condição essencial de vida de todo ser vegetal, animal ou humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura. O direito a água é um dos direitos fundamentais do ser humano: o direito à vida, tal qual é estipulado no artigo 3° da Declaração dos Direitos do homem.A água é um líquido essencial para todos os seres vivos, porém no ritmo em que ela vem sendo usada pelo ser humano, pode acabar faltando. Consuma consciência! E ajude a terra a continuar sendo o planeta cheio de água!

Dicas para quem tem bicicleta

1- Respeite as leis de trânsito
2- Pedale a direita da via
3- Nunca pedale na contramão
4- Sinale o que você pretende fazer com antecedência
5- Cuidado com as portas dos carros abrindo
6- Evite tocar Mp3. Fique com os ouvidos atentos, única e exclusivamente para o trânsito.

Quadro: Desafio

Na 127° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 10 de maio de 2009, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM, oferecemos como estímulos para pesquisa vários desafios contemplando muitas áreas do conhecimento humano (geografia, história, ecologia, história local, ditos populares, etc.) Contamos ainda neste quadro com a colaboração de muitos dos nossos ouvintes-leitores: Bela (ofereceu brincos e colar) Maria Emilia (6 meses de idade. Ofereceu uma belíssima blusa), D.Nini (ofereceu um guardanapo de pano pintado artesanalmente por ela) e outra ouvinte-leitora que não quis ser identificada (ofereceu quase 1 Kg de barras de chocolate). Novamente foi constatado a participação do público. O ALACAZUM agradece o carinho, o respeito e a consideração de todos que contribuem e privilegiam este momento dominical. ALACAZUM PARA VOCÊ!

O que escutamos?

Na 127° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 10 de maio de 2009, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM, escutamos as seguintes músicas:

1-Cantando na chuva
2-Ternura- Wanderleia
3-U2
4-Bob Marley
5-Bee Gee- Night fevereiro
6- Cria- Maria Rita
BG- Bachianas Brasileiras com Yamandú CostaBG- Kaino Hikari

Origem do dia das mães

O dia das mães também designado de "Dia da Mãe" teve a sua origem no princípio do século XX, quando uma jovem norte-americana, Anna Jarvis, perdeu sua mãe e entrou em completa depressão. Preocupadas com aquele sofrimento, algumas amigas tiveram a ideia de perpetuar a memória da mãe de Annie com uma festa. Annie quis que a homenagem fosse estendida a todas as mães, vivas ou mortas. Em pouco tempo, a comemoração e consequentemente o Dia das Mães se alastrou por todos os Estados Unidos e, em 1914, sua data foi oficializada pelo presidente Woodrow Wilson: dia 9 de Maio.Em Portugal, o Dia das Mães é celebrado no primeiro domingo de Maio. Já no Brasil, é celebrado no segundo domingo de Maio, conforme decreto assinado em 1932 pelo presidente Getúlio Vargas.

Fonte: Wikipédia

Expressão Popular: Mãe Coruja

O escritor, poeta e fabulista francês La Fontaine (1621-1695) deixou uma obra literária que inclui contos, novelas românticas e peças teatrais, além de versos místicos, poemas soltos e fábulas. Apesar de grande parte dos seus 240 apólogos ser baseada nos trabalhos de Esopo, Fedro e Babrio, ou em lendas francesas e orientais, ainda assim esses trabalhos são verdadeiras obras-primas que exerceram grande influência na cultura francesa.

La Fontaine humanizou os animais caracterizando-os com os costumes da sociedade do seu tempo, refletindo neles suas observações da natureza. Como na fábula “A águia e a coruja” , em que as duas aves decidem firmar entre elas um acordo de paz e não-agressão, no qual a águia promete não devorar os filhos da outra pactuante. Mas para poder cumprir fielmente o prometido ela então pede à coruja que lhe forneça uma descrição dos seus filhos, e esta esclarece: “Vai ser muito fácil reconhecê-los. Basta você prestar a-tenção na sua beleza, porque eles são os filhotes mais encanta-dores, mais elegantes e mais sedutores de todos os bichos de pena que possam existir na face da Terra. Por isso, não há como errar!”.
No dia seguinte, durante o vôo em que cuidava de encontrar o seu almoço, a águia avistou entre as ramagens da árvore mais alta daquela área que examinava, um ninho cheio de filhotes horrorosos de um pássaro que ela não identificou. E aí a caçadora não hesitou um segundo. Voou como uma flecha em direção ao ninho e fartou-se alegremente com a refeição que o acaso havia colocado à sua disposição. Pouco tempo depois, ao tomar conhecimento da desgraça que havia acontecido, a desconsolada coruja foi reclamar com a águia, e esta respondeu que a culpa não era dela, mas sim da mãe que não soubera explicar corretamente a verdadeira aparência dos seus filhos.
Assim é a vida, e por isso a expressão “mãe coruja” tornou-se símbolo de uma situação que retrata com fidelidade o verdadeiro amor maternal: a incapacidade da mãe em reconhecer a feiúra ou deficiência física e moral de seus filhos, apesar de todas as comprovações que possam ser apresentadas pelos outros. Tal como a coruja presente na fábula de La Fontaine, a mãe, de forma geral, é a confirmação da veracidade presente no velho ditado popular que diz: para quem ama, o feio bonito lhe parece.


FERNANDO KITZINGER DANNEMANN

quinta-feira, 14 de maio de 2009

O velho, o menino e a mulinha

O velho, o menino e a mulinha

Lido na 127° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 10 de maio de 2009, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM.

O velho chamou o filho e disse:


- Vá ao pasto, pegue a bestinha ruana e apronte-se para irmos á cidade, que quero vendê-la.


O menino foi e trouxe a mula. Passou-lhe a raspadeira, escovou-a e partiram os dois a pé, puxando-a pelo cabresto. Queriam que ela chegasse descansada para melhor impresionar os compradores.


De repente:


-Esta é boa! – exclamou um viajante ao avistá-los. O animal vazio e o pobre velho a pé! Que despropósito! Será promessa, penitencia ou caduqueice?


E lá se foi, a rir.


O velho achou que o viajante tinha razão e ordenou ao menino:


-Puxa a mula, meu filho. Eu vou montado e assim tapo a boca do mundo.


Tapar a boca do mundo, que bobagem! O velho compreendeu isso logo adiante, ao passar por um bando de lavadeiras ocupadas em bater roupa num córrego.


- Que braça! – exclamaram elas. O marmanjão montado com todo o sossego e o pobre menino a pé... Há cada pai malvado por este mundo de Cristo... Credo!


O velho danou e, sem dizer palavras, fez sinal ao filho para que subisse à garupa.


-Quero só ver o que dizem agora...


Viu logo. O Izé Biriba, estafeta do correio, cruzou com eles e exclamou:


-Que idiotas! Querem vender o animal e montam os dois de uma vez... Assim, meu velho, o que chega à cidade não é mais a mulinha, é a sombra da mulinha.


-Ele tem razão, meu filho, precisamos não judiar do animal. Eu apeio e você, que é levinho, vai montado.


Assim fizeram, e caminharam em paz um quilômetro, até o encontro dum sujeito que tirou o chapéu e saudou o pequeno respeitosamente.


- Bom dia, príncipe!


-Principe?- indagou o menino.


- É boa! Porque só príncipes andam assim de lacaio à rédea...


-Lácaio, eu? – esbravejou o velho. Que desaforo! Desce, desce, meu filho e carreguemos o burro às costas. Talvez isto contente o mundo.


Nem assim. Um grupo de rapazes, vendo a estranha cavalgada, acudiu em tumulto, com vaia.
- hu, HU! Olha a trempe de três burros, dois de dois pés e um de quatro! Resta saber qual dos três é o mais burro...


-Sou eu! – replicou o velho, arriando a carga. Sou eu, porque venho há uma hora fazendo não o que quero mais o que quer o mundo. Daqui em diante, porém, farei o que me manda a consciência, pouco me importando que o mundo concorde ou não. Já vi que morre doido quem procura contentar toda gente.


Monteiro Lobato- Retirado do livro: Sítio do Picapau Amarelo

À complexa simplicidade das mães

Na 127° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 10 de maio de 2009, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM, ofertamos o poema: À complexa simplicidade das Mães, da professora Rosângela Góes de Figueiredo que reside na cidade de Valença Bahia.

Mães se traduzem para alem das razões cotidianas.
Talvez se encontrem num último ponto de reflexo:
O refluxo instante à divina parte
Que a arte revela no materno olhar.

Dos olhos das mães jorra o fio, trivial e complexo
Em que a vital consistência se sustenta
Nessa trama delicada e tão sofisticada
Tecida entre a pedra do corpo e o raio da alma.

Por ela, alta nos fala a natureza dos céus.
E se, mães, de Deus uma palavra imitam
É porque de intérpretes lhes servem
Com sua expressão macia.

Sementes do sonho, estrelas-guia.
Transcendem, com seu olhar de fonte imperecível
Todas as idas sem retorno, todos os becos sem saída...

Do vôo de braços amplos para o abraço
Tornado possível em cruz abertos,
A noite dura em que principia o de-carne-ser
Se precipita nelas...

Inscritas no tempo viajante entre o céu e a terra
Seguem o percurso do fio.
Costurado à barriga, carregam o universo
- Mãe-ligação entre a emoção que sobra
E à obra reduzida à finita razão.

No coração de maio
Mães se reconhecem para além dos incêndios
Das cidades iluminadas com seus anúncios
E seus crimes...
Acesas em sua flama destemida
Sustentam a palavra solidária com mãos
Inesperadamente firmes e sempre abertas.
Caminham. E sobre seus passos indeléveis
Refazem o roteiro dos caminhantes incertos,
Perdidos na mortal dispersão
Da humanidade de seus filhos...

Os filhos são pequenos, frágeis guerreiros.
Vivem da crua disputa entre a razão e o seu contrário
Para não falar das outras muitas lutas e faltas
Do amor e do salário.

O colo das mães é sempre vasto amplexo.
Busca repouso ali o gigante-menino cansado
De um ter que ser no dia-a-dia consumido na mais-valia
As palavras são bonitas, benditas, mas finitas...
Nem mesmo as da poesia – velejantes no seu mar fônico de
Mil sentidos,
Conseguem traduzir em tal beleza a natureza
De um olhar de mãe.

Só essas criaturas- fiéis à gênese primordial divina-
Embalam entre dores e esperanças
A linguagem do gênio criador.
E elas, pulsantes fontes estelares do amor absoluto,
São o fruto eterno, seiva vital e mais original
Até hoje sem explicação.

Mas, se lhes explicar não podem os cânones ou dicionários,
Podem todos os cursos lacrimais fluírem
Todas as portas celestiais se abrirem
Pelo olhos das mães.


Professora Rosângela Góes de Queiroz Figueiredo.
Retirado do livro: Valenciando- poesia e prosa: antologia de escritores de Valença- Salvador: Secretaria da Cultura e Turismo, 2005.

9 de maio de 1605: publicação da 1° parte do D.Quixote de Cervantes

Tela: D.Quixote de Henrique Nande



Na 127° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 10 de maio de 2009, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM, informamos sobre o dia 9 de maio de 1605, publicação da primera parte de Dom Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes.

Fonte: Wikipédia

quarta-feira, 13 de maio de 2009

10 de maio de 1899: data de nascimento do ator e dançarino Fred Astaire



  • Na 127° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 10 de maio de 2009, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM, informamos sobre a data de nascimento de Fred Astaire.


    Fred Astaire, nome artístico de Frederick Austerlitz, nasceu na cidade de Omaha, no dia 10 de maio de 1899 e faleceu na cidade de Los Angeles, no dia 22 de junho de 1987. Foi um ator e dançarino estadounidense.

    Fonte: Wikipédia

10 de maio de 1960: data de nascimento de Bono Vox

Bono Vox

Na 127° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 10 de maio de 2009, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM, informamos sobre a data de nascimento de Bono Vox.

Paul David Hewson, popularmente conhecido como Bono Vox, nasceu na cidade de Dublin, no dia 10 de maio de 1960. É um cantor irlandês, líder do grupo musical U2 e activista pelos direitos humanos.


Fonte: Wikipédia


11 de maio de 1981: data de falecimento de Bob Marley




Na 127° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 10 de maio de 2009, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM, informamos sobre a data de falecimento de Bob Marley

Robert Nesta Marley, mais conhecido como Bob Marley, nasceu na cidade de Saint Ann, no dia 6 de fevereiro de 1945 e faleceu na cidade de Miami, no dia 11 de maio de 1981. Foi um cantor, guitarrista e compositor jamaicano, o mais conhecido músico de reggae de todos os tempos, famoso por popularizar o gênero. Grande parte do seu trabalho lidava com os problemas dos pobres e oprimidos. Ele foi chamado de “Charles Wesley” dos rastafáris pela maneira com que divulgava a religião através de suas músicas.



Fonte: Wikipédia

11 de maio de 1895: data de nascimento de Krishnamurti




Na 127° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 10 de maio de 2009, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM, informamos sobre a data de nascimento de Krishnamurti.

Jiddu Krishnamurti, nasceu na cidade de Madanapall, no dia 11 de maio de 1895 e faleceu na cidade de Ojai, no dia 17 de fevereiro de 1986. Foi filósofo e místico indiano.Entre seus temas estão incluídos revolução psicológica, meditação, conhecimento, relações humanas, a natureza da mente e a realização de mudanças positivas na sociedade global. Constantemente ressaltou a necessidade de uma revolução na psique de cada ser humano e enfatizou que tal revolução não poderia ser levada a cabo por nenhuma entidade externa seja religiosa, política ou social.


Fonte: Wikipédia

terça-feira, 12 de maio de 2009

Carta



Lido na 127° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 10 de maio de 2009, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM.




HÁ MUITO TEMPO, SIM, QUE NÃO TE ESCREVO.
FICARAM VELHAS TODAS AS NOTÍCIAS.
EU MESMO ENVELHECI: OLHA EM RELEVO,
ESTES SINAIS EM MIM NÃO DAS CARÍCIAS

(TÃO LEVES) QUE FAZIAS NO MEU ROSTO:
SÃO GOLPES, SÃO ESPINHOS; SÃO LEMBRANÇAS
DA VIDA, A TEU MENINO, QUE AO SOL-POSTO
PERDE A SABEDORIA DAS CRIANÇAS.

A FALTA QUE ME FAZES NÃO É TANTO
À HORA DE DORMIR, QUANDO DIZIAS
“DEUS TE ABENÇOE”, E A NOITE ABRIA EM SONHO.

É QUANDO, AO DESPERTAR, REVEJO A UM CANTO
A NOITE ACUMULADA DE MEUS DIAS,
E SINTO QUE ESTOU VIVO, E QUE NÃO SONHO.



Carlos Drummond de Andrade

Alice no País das Maravilhas



Continuamos a leitura do Capítulo I do livro: “ Alice no país das maravilhas” de Lewis Carroll, lido na 127° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 10 de maio de 2009, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM.

Sempre caindo e caindo e caindo... Não havia nada para fazer, a não ser falar.


-Diná vai sentir muito a minha falta, esta noite. (Diná era a gata de Alice.) Espero que não se esqueçam do seu pires de leite, na hora do chá! Diná, minha querida, eu queria bem que você estivesse aqui, caindo comigo!


Não há ratos no ar, creio. Mas você poderia pegar um morcego que é bem parecido com um verdadeiro rato. Mas, afinal de contas, os gatos comem morcegos?


Aqui, Alice começou a ter grande vontade de dormir e continuou a repetir, como num sonho:


-Os gatos comem morcegos? Os gatos comem morcegos?


Às vezes repetia errado:


-Os morcegos comem gatos?


Como não podia responder a nenhuma das duas perguntas, pouco importava a ordem em que pusesse as palavras. Sentiu que adormecia e começou a sonhar que passeava de mãos dadas com Diná e que falava com ela muito seriamente:


- Vamos, Diná, diga a verdade: você já comeu algum morcego?


De repente, bum! Caiu sobre um monte de folhas secas: a descida tinha terminado.


Alice não se machucou e ficou logo de pé. Olhou para o alto: em cima dela tudo estava preto. Diante dela abria-se um outro corredor comprido e lá estava o Coelho Branco, correndo a toda pressa. Não havia um minuto a perder. Alice saiu perseguindo o Coelho e chegou justo a tempo de ouvi-lo dizer, dobrando uma esquina:


- Oh! Pelas minhas orelhas e pelos meus bigodes! Como é tarde!


Ela estava logo atrás dele, quando também dobrou a esquina. Mas o Coelho Branco, tinha desaparecido; encontrou-se num vestíbulo comprido e baixo, iluminado por uma fileira de lâmpadas que pendiam do teto.


Havia uma porção de portas ao redor dessa sala, mas elas estavam todas fechadas a chave. Alice percorreu primeiro um dos lados, depois o outro, tentando abrir as portas. Depois caminhou, muito triste, para o meio do vestíbulo, perguntando-se como faria para sair dali.


De repente viu diante de si uma pequena mesa de três pés, inteiramente feita de cristal. Não havia nada em cima, senão uma delicada chave de ouro. A primeira idéia de Alice foi que deveria ser a chave de uma das portas do vestíbulo. Mas, que pena! Ou bem as fechaduras eram muito grandes, ou bem a chave era muito pequena: o fato é que essa chave não abria nenhuma das portas. Alice resolveu então dar uma segunda volta pelo vestíbulo.


Desta vez chegou a uma cortina, colocada muito baixo, em que não tinha reparado na primeira volta. Levantou-se e descobriu uma pequena porta que não tinha mais que trinta centímetros de altura. Experimentou a chavezinha na fechadura e, muito satisfeita, verificou que servia perfeitamente. Alice abriu então a porta e pôde ver que ela conduzia a um pequeno corredor, mais ou menos do tamanho de um buraco de rato. Ajoelhou-se e olhou pelo minúsculo corredor: ele ia dar no mais lindo jardim que já se viu no mundo. Como Alice estava ansiosa para sair deste vestíbulo escuro e para passear entre esses canteiros de belas flores e essas fontes de água fresca! Mas nem sua cabeça passava pela porta.


- E mesmo que minha cabeça passasse, não adiantaria grande coisa se meus ombros não passassem- pensava a pobre Alice. – Oh! Eu queria tanto poder encurtar como um telescópio! Estou certa de que poderia fazer isso, se soubesse como é que se faz.


Tantas coisas extraordinárias tinham acontecido nas últimas horas, que Alice estava começando a acreditar que bem poucas coisas eram verdadeiramente impossíveis.


Vendo que não adiantaria nada ficar esperando perto da portinha, voltou para a mesa. Talvez encontrasse lá outra chave, ou quem sabe um livro dando as regras para encurtar pessoas como se encurta um telescópio. Desta vez encontrou sobre a mesa uma pequena garrafa.


- Tenho certeza de que ela não estava aí ainda agora- disse Alice.


Pendurada no gargalo, havia uma etiqueta com estas palavras, em letras bem grandes: BEBA-ME!


Era muito simples dizer: BEBA-ME. Mas Alice era muito inteligente para fazer isso sem refletir.



Continuaremos no próximo domingo com mais palavras para entreter


quinta-feira, 7 de maio de 2009

126° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER

Na 126° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 3 de maio de 2009, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM, fizemos leitura de várias fábulas do Monteiro Lobato, iniciamos o capítulo I da história de Alice no país das maravilhas de Lewis Caroll, foi declamado os hinos do esporte clube Bahia e do esporte clube Vitória, informamos sobre a expressão popular: As paredes tem ouvidos, desfrutamos de música de altíssima qualidade uma seleção do produtor Gugui Martinez e iniciamos com um belo poema: Hino de consagração a EROS, de Hesíodo, que viveu no século VIII a.C. A cada domingo continua crescendo a audiência e os depoimentos do público ao vivo, neste domingo, uma criança de 3 anos de idade, incentivado por sua avó entrou no ar para falar que escutava o ALACAZUM. Obrigada a todos pelo carinho e respeito e até o próximo domingo com mais palavras para entreter. ALACAZUM é palavra mágica! Experimente dizer: ALACAZUM PARA VOCÊ!!!!

Hino de Consagração a Eros



A inteligência sem amor, te faz perverso.
A justiça sem amor, te faz implacável.
A diplomacia sem amor, te faz hipócrita.
O êxito sem amor, te faz arrogante.
A riqueza sem amor, te faz avaro.
A docilidade sem amor, te faz servil.
A pobreza sem amor, te faz orgulhoso.
A beleza sem amor, te faz ridículo.
A autoridade sem amor, te faz tirano.
O trabalho sem amor, te faz escravo.
A simplicidade sem amor, te deprecia.
A oração sem amor, te faz introvertido.
A lei sem amor, te escraviza.
A política sem amor, te deixa egoísta.
A fé sem amor, te deixa fanático.
A religião sem amor se converte em tortura.

Hesíodo, século VIII a.C.

Expressão Popular: As paredes têm ouvidos



Huguenote era o apelido que na Idade Média os católicos franceses davam aos protestantes, especialmente os calvinistas. A partir de 1561, e até 1598, esses dois grupos religiosos agitaram e incendiaram seu país com desavenças e conflitos provocados pela absoluta intransigência na aplicação dos diferentes princípios doutrinários que os dois lados tinham como verdadeiros, um defendendo a Santa Liga, entidade fundada com o propósito de preservar a religião católica contra os protestantes, e outro, apesar dos reiterados juramentos de fidelidade feitos ao rei, pretendendo estabelecer uma teocracia, sistema de governo em que os chefes do Estado, quando não sacerdotes, são considerados ministros de Deus, ou dos deuses.

Entre os líderes destes últimos estava Gaspar II de Coligny (1519-1572), um militar francês altamente considerado pelo rei Carlos IX (1550-1574). Mas Catarina de Médicis (1519-1589), mãe do rei, mostrava-se a cada dia mais receosa do poder crescente que Coligny, um homem extremamente severo e de hábitos austeros, tinha em suas mãos, e por isso mesmo, preocupada em conservar a sua própria força, começou a tramar contra o militar e seus companheiros de religião. Sendo assim, e para se inteirar das conversas que aconteciam nos cômodos do palácio, ela mandou preparar uma rede de escuta com furos feitos de forma disfarçada nas molduras dos quadros, nas paredes e nos tetos, o que fez nascer entre os freqüentadores da corte o aviso prudente de que “as paredes ouvem”, como forma de um alertar a outro sobre o cuidado que deveria ser tomado naquilo que poderia ser dito, para evitar qualquer tipo de comprometimento.

No final dessa história de intrigas a rainha-mãe acabou vencendo. Uma noite, o almirante Coligny foi ferido quando deixava o palácio, e dois dias depois, em 24 de agosto de 1572, acabou sendo assassinado em sua própria casa por um alemão chamado Besme, que atirou seu corpo pela janela e depois o dependurou na forca, para que ficasse exposto ao povo. Nessa mesma noite, véspera do dia de São Bartolomeu, os huguenotes foram caçados de casa em casa, não só em Paris como no resto da França, tendo 50.000 deles morrido nesse massacre. A perseguição promovida por Catarina de Médicis fez com que os huguenotes emigrassem em grande escala para diversos países, em busca de segurança. Por isso o almirante Nicolau Durand de Villegaignon (1510-1571), quando em 1555 alcançou a cidade do Rio de Janeiro com dois navios, e desembarcou seus homens na pequena ilha que até hoje conserva seu nome (ao lado do atual aeroporto Santos Dumont), aqui chegou com a intenção determinada de organizar um refúgio seguro que pudesse abrigar os protestantes perseguidos em sua terra.

Essa é a origem da expressão “as paredes têm ouvidos”, que serve para indicar a possibilidade da existência de ouvidos indiscretos prestando atenção no que se conversa. Principalmente nos dias de agora, quando sofisticados sistemas de escuta conseguem captar e registrar tudo o que as pessoas estão dizendo até mesmo em ambientes considerados seguros.


FERNANDO KITZINGER DANNEMANN