quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

108° ediçaõ do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER

Na 108° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, privilegiamos o tema relacionado com a terra brasilis, por isso selecionamos textos do João Ubaldo Ribeiro, Casimiro de Abreu, Tratado descritivo do Brasil em 1587 entre outros. Contamos com as presenças de Gabriel Santos, Ana Rita Magalhães, Daisy Carmem Pinheiro , Alana Magalhães e Dinalva Guimarães. Contamos com a participação do ouvinte-leitor ALACAZUM e público internauta, a exemplo de Cecilo Ricardo, estudante de Jornalismo em Juazeiro Bahia, Fábio Costa de Amargosa, Erik Martinez da Argentina e Etevaldo da cidade de Valença, Bahia. A audiência do programa tem aumentado a cada domingo o que credita ainda mais a permanência do ALACAZUM como proposta cultural de incentivo a prática leitora na cidade de Valença, Bahia, região do Baixo Sul e Brasil como um todo.
ALACAZUM PARA VOCÊ!

Nando Reis

Para finalizar a programação do dia 28 de dezembro de 2008 do ALACAZUM produção do Gugui Martinez, escutamos a música:Luz dos Olhos na interpretação de Nando Reis.


Mariene de Castro



Na 108° edição do ALACAZUM após leitura do texto: A Raíz da mandioca da Viúva Monção de João Ubaldo Ribeiro, escutamos a música: Ilha de Maré na interpretação de Mariene de Castro.


João Ubaldo Osório Pimentel Ribeiro nasceu na Ilha de Itaparica, Bahia, em 23 de janeiro de 1941, na casa de seu avô materno, à Rua do Canal, número um, filho primogênito de Maria Felipa Osório Pimentel e Manoel Ribeiro.

Outras informações, visite:

http://www.releituras.com/joaoubaldo_bio.asp



Foto de Paulo A. A.Teixeira
Flor do Leblon - Rio/2002

Ilha de Itaparica


A Raiz de Mandioca da Viúva Monção

João Ubaldo Ribeiro

Todo mundo sabe que a terra aqui em Itaparica é fertilíssima, uma coisa que só vendo para acreditar. Bem verdade que costumava ser ainda mais fértil, mas isso era no tempo em que não havia televisão, de maneira que o pessoal contava histórias sobre proezas agrícolas e a coisa aumentava um pouco. Quase não temos mais bons mentirosos em Itaparica, a não ser do tipo desagradável existente em toda parte, o mentiroso político, o fariseu, essas personagens de rotina mesmo. Os outros, os bons, foram liquidados pela concorrência da tevê: hoje o pessoal fica em casa e, mentira por mentira, as dos comerciais do governo já satisfazem a quem quer dar umas risadinhas.

Lembro bem dos coentros de Lamartine. Isso foi no tempo em que Lamartine era rapazinho - e já estava velho quando o conheci, há mais de trinta e cinco anos, por aí vocês vêem quanto tempo que não faz. Os coentros de Lamartine, ele exagerou na adubagem, foi isso. Naquele tempo, não se podia exagerar na adubagem, porque a terra ainda estava muito impetuosa, muito moça, quase virgem, negócio mesmo de o sujeito se arriscar a ver raiz crescer no dedo, se enfiasse o dedo nela um tempinho. Mas ele exagerou no Salitre do Chile Especial e foi o que se viu: cada pé de coentro que dava para um homem se esconder atrás. Coisa que, aliás, ele chegou a fazer, numa certa oportunidade. Estava fugindo de dona Naninha, então noiva dele, por causa de uma transgressão da mocidade qualquer, e aí se escondeu dela atrás do pé de coentro. E ela não viu nada, sendo bem possível que tivesse pensado que errara de caminho e, em vez de à horta do noivo, tivesse chegado a um bananal.

Esse Salitre do Chile Especial, por sinal, nunca mais ele usou, porque as plantas ítaparicanas tratadas com ele eram um transtorno. Quem quer que já tenha tentado vender um molho de coentro com as folhas do tamanho de palhas de coqueiro compreenderá bem o problema de Lamartine. Se a natureza fez as folhas de coentro daquele tamaninho, é porque quis que elas fossem assim. Que fez então Lamartine? Pegou o resto do saco do salitre e jogou nos fundos de um quarto do quintal, cômodo abandonado que ele só usava para depositar umas tralhas velhas mesmo.

Mal lembrava ele que, neste nosso clima, as plantas muitas vezes crescem sem ajuda de ninguém. Há casos e mais casos de gente que enricou vendendo melancia do quintal sem nunca ter plantado melancia. Assim também são a abóbora, a flor que se chama boa-noite, a mamona, os capins e assim por diante. Pois muito bem, um belo dia Lamartine vai passando pelo quintal e nota que as paredes daquele quarto estão como que rachando, mostrando fendas para além do reboco. Que diabo seria aquilo?

A porta era dessas que abrem para dentro. Ele foi buscar a chave, girou-a, empurrou a porta e nada. Forçou com o ombro, deu pontapé e nada. Mandou chamar um caboclo forte que trabalhava com ele, o caboclo veio, meteu também o ombro na porta, a porta nada. Assim já era demais. Lamartine se aborreceu, mandou buscar um machado, tacou o machado no meio da porta. Uma machadada,duas machadadas, três machadadas e — zás! - sai uma lasca de madeira da porta, acompanhada de — adivinhem o quê? — Exatamente. De uma talhada de abóbora. A desgraçada da aboboreira que estava nascendo, toda encorucujadinha no canto do quarto, se cevou no adubo e aí deu uma abóbora que cresceu, cresceu, cresceu, até chegar àquele despropósito, quase destruindo o quarto todo e dando um prejuízo enorme.

Hoje em dia, não estamos mais como no tempo de Lamartine, mas a terra ainda é bastante fértil. E, felizmente, os praticantes da agricultura e do criatório, embora em pequeníssimo número, se comparado à pujança de outrora, de vez em quando nos surpreendem com novos feitos. Meu primo Zé de Neco mesmo, que não fuma, não bebe e só diz palavrão em último caso, pai de família apontado como exemplo em toda a cidade, merecia uma reportagem. Se o Nordeste não fosse discriminado, meu primo Zé de Neco teria uma bela reportagem. Uma não, duas pelo menos, pelo menos uns dois fantásticos da televisão. Como disse Armando de Lalá, num repentismo desses que vêm à cabeça dos poetas sem mais nem mais:

Fica os fantásticos filmando americano

E ninguém mais não admira o itaparicano!"

Zé cria galo de briga e não poupa sacrifícios para o aprimoramento genético de seu plantel. Para que o galo de briga tenha os baixos instintos indispensáveis ao exercício de sua profissão, é necessário que venha de linhagens inaceitáveis em qualquer família decente. Como, por exemplo, ser raceado com urubu. Pois Zé vai atrás do urubu, pega o urubu e força o casamento com as galinhas de briga dele. Como também força casamentos com mutuns, gaviões, o que pintar - o que interessa é um galo bom. Objetarão os que acham isto impossível, pelas leis da biologia. Respondo que tentem objetar a Zé pessoalmente, para ver se, apesar de já estar chegando aos 60, ele ainda não é bom de capoeira. Ele não aprecia ser chamado de mentiroso.

Tanto assim que lhes passo como verdade verdadeira o conselho que ele deu a todo proprietário de jardim ou areazinha onde possa plantar. O conselho é o seguinte: arranje uma manaíba, enfie lá e esqueça. Manaíba é o nome dado a uma raiz de mandioca que se usa para reprodução, uma espécie de muda, ou semente.

— Mas pra que é que eu quero um pé de mandioca no quintal, Zé?

— O que é que eu falei? Eu disse "plante uma manaíba e esqueça".

É pra esquecer.

— Mas, se é pra esquecer, pior ainda.

— É porque você não sabe do caso da Viúva Monção.

— A Viúva Monção?

— Você não conheceu, não foi de seu tempo aqui. Mas a Viúva Monção plantou uma manaíba de aipim na horta dela, esqueceu e, quando foi limpar o terreno, tirou uma macaxera de sessenta e quatro quilos!

— Como é que foi, Zé?

— Um aipim de sessenta e quatro quilos! Sessenta e quatro quilos! Agora, imagine isso aí, jardim por jardim, quintal por quintal. Não havia mais o problema da fome.

— Não sei não, Zé. Se tirassem a patente dessa manaíba da Viúva Monção, iam fundar a Mandiocabrás, criar o imposto sobre produtos da manaíba e exportar a manaíba toda.

— Isso é verdade. E, porque gringo não come aipim, iam acabar não deixando ninguém plantar aipim. Não, esqueça. Nunca houve esse aipim de sessenta e quatro quilos, da Viúva Monção.

— Mas você falou...

— Isso é porque a pessoa esquece que existe governo e aí vai fantasiando umas bobagens. Mas depois lembra que existe governo e aí lembra que uma mandioca dessas havia de ser ilegal, visto a falta de comida até hoje ter sido o programa de governo do governo.

— Zé — disse eu —, você devia ser ministro.

— Deus me livre — disse ele. — Eu sou contra a fome.


Texto extraído do livro "Arte e Ciência de Roubar Galinhas", Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1998, pág. 63.

Minha Terra

"Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá".
Gonçalves Dias
Todos cantam sua terra,
Também vou cantar a minha,
Nas débeis cordas da lira
Hei de fazê-la rainha;
— Hei de dar-lhe a realeza
Nesse trono de beleza
Em que a mão da natureza
Esmerou-se em quanto tinha.
Correi pr'as bandas do sul:
Debaixo dum céu de anil
Encontrareis o gigante
Santa Cruz, hoje Brasil;
— É uma terra de amores
Alcatifada de flores,
Onde a brisa fala amores
Nas belas tardes de abril.
(...)
É um país majestoso
Essa terra de Tupá,
Desd'o Amazonas ao Prata,
Do Rio Grande ao Pará!
— Tem serranias gigantes
E tem bosques verdejantes
Que repetem incessantes
Os cantos do sabiá.
Quando nasci, esse brado
Já não soava na serra
Nem os ecos da montanha
Ao longe diziam — guerra!
Mas não sei o que sentia
Quando, a sós, eu repetia
Cheio de nobre ousadia
O nome da minha terra!
Casimiro de Abreu

Banda Black Rio



Na 108° edição do ALACAZUM, produção do Gugui Martinez, escutamos como BG a música: Maria Fumaça da Banda Black Rio. Outras informações, visite o site:

www.bandablackrio

Na 108° edição do ALACAZUM

Na 108° edição do ALACAZUM contamos com a participação da poetiza valenciana Alana Magalhães que nos brindou com belos poemas de sua autoria e de outro poeta, contamos ainda com as presenças de Gabrie Santos, Ana Rita Magalhães e Daisy Carmem Pinheiro, estes atuantes na área cênica. Além do descontraido bate papo abordando do teatro a pequenas curiosidades do cotidiano, apreciamos fragmentos de textos que foram previamente planejados pelo Gabriel Santos sem esquecer a participação do público, tão importante para o sucesso do ALACAZUM.

Riachão



Na 108° edição do ALACAZUM após leitura do texto contido no livro: Tratado Descritivo do Brasil em 1587 do escritor português Gabriel Soares escutamos a música: Retrato da Bahia na interpretação do Clementino Rodrigues o popularmente conhecido "Riachão" que nasceu na Língua de Vaca, no bairro do Gracia, em Salvador, a 14 de novembro de 1921 e até hoje mora no mesmo bairro.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Baía de Todos os Santos


Tratado Descritivo do Brasil em 1587

Capítulo XXVIII


Em que se declara como Francisco Pereira Coutinho foi povoar a Bahia de Todos os Santos e os trabalhos que nisso teve.

Quem quiser saber quem foi Francisco Pereira Coutinho, leia os livros da Índia, e sabe-lo-á: e verão seu grande valor e heróicos feitos, dignos de diferente descanso do que teve na conquista do Brasil, onde lhe coube por sorte a capitania da Bahia de Todos os Santos, de que lhe fez mercê El-rei D. João III, de gloriosa memória, pela primeira vez, da terra que há de ponta do Padrão até o rio de São Francisco, ao longo do mar; e, para o sertão, de toda a terra que couber na demarcação deste Estado, e lhe fez mercê da terra da Bahia com seus recôncavos. E como este esforçado capitão tinha ânimo incansável, não receou de ir povoar a sua capitania em pessoa, e fez-se prestes com muitos moradores casados e outros solteiros, que embarcou em uma armada, que fez à sua custa, com a qual partiu do porto de Lisboa. E com bom vento fez a sua viagem até entrar na Bahia e desembarcou na ponta do Padrão dela para dentro e fortificou-se, onde agora chamam a Vila Velha, no qual sítio fez uma povoação e fortaleza sobre o mar, onde esteve de paz com o gentio os primeiros anos, no qual tempo os moradores fizeram suas roças e lavouras. Desta povoação para dentro fizeram uns homens poderosos, que com ele foram, dois engenhos de açúcar, que depois foram queimados pelo gentio, que se alevantou e destruiu todas as roças e fazendas, pelas quais mataram muitos homens, e nos engenhos, quando deram neles. Pôs este alevantamento a Francisco Pereira em grande aperto; porque lhe cercaram a vila e fortaleza, tomando-lhe a água e mais mantimentos, os quais neste tempo lhe vinham por mar da capitania dos Ilhéus, os quais iam buscar da vila as embarcações, com grande risco dos cercados, que estiveram nestes trabalhos, ora cercados, ora com tréguas, sete ou oito anos, nos quais passaram grandes fomes, doenças e mil infortúnios, a quem este gentio tupinambá matava gente cada dia, com o que se ia apouquentando muito; onde mataram um seu filho bastardo e alguns parentes e outros homens de nome, com o que a gente, que estava com Francisco Pereira desesperadas de poder resistir tantos anos a tamanha e tão apertada guerra, se determinou com ele apertando-o que ordenasse de os pôr em salvo, antes que se acabasse de consumir em poder de inimigos tão cruéis, que ainda não acabavam de matar um homem, quando o espedaçavam e comiam. E vendo este capitão sua gente, que já era mui pouca, tão determinada, ordenou de a pôr em salvo e passou-se por mar com ela nuns caravelões que tinha, para a capitania dos Ilhéus; do que se espantou o gentio muito, e arrependido da ruim vizinhança que lhe tinha feito, movido também de seu interesse, vendo que como se foram os portugueses, lhe ia faltando os resgates que eles davam a troco de mantimentos, ordenaram de mandar chamar Francisco Pereira, mandando-lhes prometer toda a paz e boa amizade, o qual recado foi dele festejado, e embarcou-se logo com alguma gente em um caravelão que tinha, e outro em que vinha Diogo Álvares, de alcunha “o Caramuru”, grande língua do gentio, e partiu-se para a Bahia, e querendo entrar pela barra adentro, lhe sobreveio muito vento e tormentoso, que o lançou sobre os baixos da ilha de Itaparica onde deu à costa; salvou-se a gente toda deste naufrágio, mas não das mãos dos tupinambás, que viviam nesta ilha, os quais se ajuntaram, e á traição mataram a Francisco Pereira e à gente do seu caravelão, do que escapou Diogo Álvares com os seus com boa linguagem. Desta maneira acabou às mãos dos tupinambás o esforçado cavaleiro Francisco Pereira Coutinho, cujo esforço não puderam render os rumes e malabares da Índia, e foi rendido destes bárbaros, o qual não somente gastou a vida nesta pretensão, mas quanto em muitos anos ganhou na Índia com tantas lançadas e espingargadadas, e os que tinha em Portugal, com o que deixou sua mulher e filhos postos no hospital.


Livro: Tratado Descritivo do Brasil em 1587 de Gabriel Soares de Sousa

O Teatro Mágico





O Teatro Mágico é um grupo musical brasileiro formado em 2003 na cidade de Osasco, São Paulo. O TM é um projeto que reúne elementos do circo, do teatro, da poesia, da música, da literatura e do cancioneiro popular tornando possível a junção de diferentes segmentos artísticos num mesmo espetáculo.

Amadurência

A poesia prevalece!!!
O primeiro senso é a fuga.
Bom...
Na verdade é o medo.
Daí então a fuga.
Evoca-se na sombra uma inquietude
uma alteridade disfarçada...
Inquilina de todos nossos riscos...
A juventude plena e sem planos... se esvai
O parto ocorre.
Parto-me.
Aborto certas convicções.
Abordo demônios e manias
Flagelo-me
Exponho cicatrizes
E acordo os meus, com muito mais cuidado.
Muito mais atenção!
E a tensão que parecia não passar,
“O ser vil que passou pra servir...
Pra discernir...
”Pra pontuar o tom.
Movimento, som
Toda terra que devo doar!
Todo voto que devo parir
Não dever ao devir
Não deixar escoar a dor!
Nunca deixar de ouvir...com outros olhos!
O Teatro Mágico
Composição: Fernando Anitelli


segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Broto Legal



Na 108° edição do ALACAZUM após leitura da crônica: Ser Brotinho do escritor Paulo Mendes Campos escutamos a música: Broto Legal com Celly Campello.

Paulo Mendes Campos



Paulo Mendes Campos nasceu a 28 de fevereiro de 1922, em Belo Horizonte - MG, filho do médico e escritor Mário Mendes Campos e de D. Maria José de Lima Campos. Começou seus estudos na capital mineira, prosseguiu em Cachoeira do Campo (onde o padre professor de Português lhe vaticinou: "Você ainda será escritor") e terminou em São João del Rei.

http://www.releituras.com/pmcampos_bio.asp

Ser Brotinho - Paulo Mendes Campos

Ser brotinho não é viver em um píncaro azulado: é muito mais! Ser brotinho é sorrir bastante dos homens e rir interminavelmente das mulheres, rir como se o ridículo, visível ou invisível, provocasse uma tosse de riso irresistível.


Ser brotinho é não usar pintura alguma, às vezes, e ficar de cara lambida, os cabelos desarrumados como se ventasse forte, o corpo todo apagado dentro de um vestido tão de propósito sem graça, mas lançando fogo pelos olhos. Ser brotinho é lançar fogo pelos olhos.

É viver a tarde inteira, em uma atitude esquemática, a contemplar o teto, só para poder contar depois que ficou a tarde inteira olhando para cima, sem pensar em nada. É passar um dia todo descalça no apartamento da amiga comendo comida de lata e cortar o dedo. Ser brotinho é ainda possuir vitrola própria e perambular pelas ruas do bairro com um ar sonso-vagaroso, abraçada a uma porção de elepês coloridos. É dizer a palavra feia precisamente no instante em que essa palavra se faz imprescindível e tão inteligente e natural. É também falar legal e bárbaro com um timbre tão por cima das vãs agitações humanas, uma inflexão tão certa de que tudo neste mundo passa depressa e não tem a menor importância.


Ser brotinho é poder usar óculos como se fosse enfeite, como um adjetivo para o rosto e para o espírito. É esvaziar o sentido das coisas que transbordam de sentido, mas é também dar sentido de repente ao vácuo absoluto. É aguardar com paciência e frieza o momento exato de vingar-se da má amiga. É ter a bolsa cheia de pedacinhos de papel, recados que os anacolutos tornam misteriosos, anotações criptográficas sobre o tributo da natureza feminina, uma cédula de dois cruzeiros com uma sentença hermética escrita a batom, toda uma biografia esparsa que pode ser atirada de súbito ao vento que passa. Ser brotinho é a inclinação do momento.


É telefonar muito, estendida no chão. É querer ser rapaz de vez em quando só para vaguear sozinha de madrugada pelas ruas da cidade. Achar muito bonito um homem muito feio; achar tão simpática uma senhora tão antipática. É fumar quase um maço de cigarros na sacada do apartamento, pensando coisas brancas, pretas, vermelhas, amarelas.


Ser brotinho é comparar o amigo do pai a um pincel de barba, e a gente vai ver está certo: o amigo do pai parece um pincel de barba. É sentir uma vontade doida de tomar banho de mar de noite e sem roupa, completamente. É ficar eufórica à vista de uma cascata. Falar inglês sem saber verbos irregulares. É ter comprado na feira um vestidinho gozado e bacanérrimo.


É ainda ser brotinho chegar em casa ensopada de chuva, úmida camélia, e dizer para a mãe que veio andando devagar para molhar-se mais. É ter saído um dia com uma rosa vermelha na mão, e todo mundo pensou com piedade que ela era uma louca varrida. É ir sempre ao cinema mas com um jeito de quem não espera mais nada desta vida. É ter uma vez bebido dois gins, quatro uísques, cinco taças de champanha e uma de cinzano sem sentir nada, mas ter outra vez bebido só um cálice de vinho do Porto e ter dado um vexame modelo grande. É o dom de falar sobre futebol e política como se o presente fosse passado, e vice-versa.


Ser brotinho é atravessar de ponta a ponta o salão da festa com uma indiferença mortal pelas mulheres presentes e ausentes. Ter estudado ballet e desistido, apesar de tantos telefonemas de Madame Saint-Quentin. Ter trazido para casa um gatinho magro que miava de fome e ter aberto uma lata de salmão para o coitado. Mas o bichinho comeu o salmão e morreu. É ficar pasmada no escuro da varanda sem contar para ninguém a miserável traição. Amanhecer chorando, anoitecer dançando. É manter o ritmo na melodia dissonante. Usar o mais caro perfume de blusa grossa e blue-jeans. Ter horror de gente morta, ladrão dentro de casa, fantasmas e baratas. Ter compaixão de um só mendigo entre todos os outros mendigos da Terra. Permanecer apaixonada a eternidade de um mês por um violinista estrangeiro de quinta ordem. Eventualmente, ser brotinho é como se não fosse, sentindo-se quase a cair do galho, de tão amadurecida em todo o seu ser. É fazer marcação cerrada sobre a presunção incomensurável dos homens. Tomar uma pose, ora de soneto moderno, ora de minueto, sem que se dissipe a unidade essencial. É policiar parentes, amigos, mestres e mestras com um ar songamonga de quem nada vê, nada ouve, nada fala.

Ser brotinho é adorar. Adorar o impossível. Ser brotinho é detestar. Detestar o possível. É acordar ao meio-dia com uma cara horrível, comer somente e lentamente uma fruta meio verde, e ficar de pijama telefonando até a hora do jantar, e não jantar, e ir devorar um sanduíche americano na esquina, tão estranha é a vida sobre a Terra.


Texto extraído do livro “O Cego de Ipanema”, Editora do Autor – Rio de Janeiro, 1960, pág. 15.

O que você precisa saber para fazer um planeta melhor

Entenda porque é tão importante reduzir o consumo de três itens imprescindíveis nos dias de hoje: água, energia elétrica e combustíveis.



ÁGUA: Ela até cai do céu, mas é um recurso esgotável e raro em muitos lugares do mundo. Se, em apenas cinco minutos, você escovar os dentes com a torneira escancarada, 12 litros de água potável serão desperdiçados.

ENERGIA ELÉTRICA: O consumo cada vez maior requer a construção de mais usinas hidrelétricas e mais florestas vão desaparecer para dar lugar a elas. O simples gesto de desligar as luzes dos ambientes, quando estiverem vazios, pode ajudar a evitar isso.

COMBUSTÍVEIS: A queima dos fósseis, como o diesel e a gasolina, é a maior responsável pela emissão de gases do aquecimento global. Segundo o urbanista e ex-prefeito de Curitiba Jaime Lerner, “nas grandes cidades são produzidos 75% de todo o CO2 jogado na atmosfera”. Pense nisso antes de entrar no carro só para ir à padaria da esquina.

Lampirônicos



Na 108° edição do ALACAZUM após falarmos sobre as propriedades nutricionais do fruto carambola e fazermos a leitura do texto: Chapeuzinho Amarelo do Chico Buarque, escutamos Lampirônicos.

Chapeuzinho Amarelo


Na 108° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, contamos a história infantil: Chapeuzinho Amarelo do Chico Buarque em homenagem a Benicio Echazareta Martinez que vive na cidade de Campana- Argentina e que cumpriu aniversário no dia 26 de dezembro de 2008.

Averrhoa carambola


A carambola, ou star fruit (Averrhoa carambola ; Oxalidaceae) é o fruto da caramboleira, uma árvore ornamental de pequeno porte, de flores brancas e purpúreas, largamente usada como planta de arborização de jardins e quintais. Originária da Índia, e muito conhecida na China, foi introduzida no Brasil em 1817. Plantada em quase todo o território nacional, começa a produzir frutos em torno de quatro anos de existência, dando em média duzentos frutos, podendo durar de cinquenta a setenta anos. A fruta parece uma estrela quando cortada e tem cinco gomos.
De sabor agridoce, cor variando do verde ao amarelo, dependendo do grau de maturação, rica em sais minerais (cálcio, fósforo e ferro) e contendo vitaminas A, C e do complexo B, a carambola é considerada uma fruta febrífuga (que serve para combater a febre), antiescorbútica (que serve para curar a doença escorbuto - carência de vitamina C, e que se caracteriza pela tendência a hemorragias) e, devido a grande quantidade de ácido oxálico, estimulador do apetite, sendo ainda usada pela medicina popular no tratamento de afecções renais. Seu suco pode ser usado para tirar manchas de ferro, de tintas e ainda limpar metais. Sua casca é utilizada como antidesintérico, por possuir alto teor de tanino - cujo poder adstringente pode prender o intestino.
Fonte: Wikipédia

sábado, 27 de dezembro de 2008

ALACAZUM PREMIADO NO CONCURSO PONTOS DE LEITURA 2008

O Diário Oficial da União desta segunda-feira, dia 22 de dezembro, publicou a lista com os nomes das 516 iniciativas de todo o país selecionadas no Concurso Pontos de Leitura 2008 - Edição Machado de Assis, desenvolvido pelo Ministério da Cultura (MinC), por meio da Coordenação Geral de Livro e Leitura (CGLL). A relação dos nomes está contida na Portaria nº 92, assinada pelo ministro Juca Ferreira (Seção 1, páginas 105 a 110 do DOU). Do total de projetos aprovados, 300 são de Pessoas Jurídicas e 216 de Pessoas Físicas.


Os estados que tiveram o maior número de iniciativas classificadas foram: São Paulo (84 iniciativas), Minas Gerais (59), Rio de Janeiro (47), Ceará (43), Bahia (40), Pernambuco (31), Rio Grande do Sul (29), Rio Grande do Norte (19), Espírito Santo (17), Alagoas (16), Paraíba (16), Pará (14), Maranhão (12) e Paraná (11). O Distrito Federal apresentou 15 iniciativas, das quais 11 foram selecionadas.

Nesta primeira edição do Concurso, foram inscritos 702 projetos de fortalecimento, fomento e estímulo à leitura, desenvolvidos em diferentes comunidades do Brasil. Do total de inscrições, 472 originaram-se de Pessoas Jurídicas e 230 de Pessoas Físicas.

Os 26 estados da federação, além do Distrito Federal, participaram do edital do MinC e todos eles tiveram trabalhos selecionados. O concurso foi instituído no âmbito do Programa Mais Cultura, por meio de portaria assinada pelo ministro Juca Ferreira (Portaria n° 60, de 23/9/2008), publicada no Diário Oficial do dia 25 de setembro.

A lista com os nomes dos selecionados se apresenta no Diário Oficial da União em ordem decrescente de classificação. A análise e a seleção dos projetos aconteceram nos dias 4 e 5 de dezembro, em Brasília, na CGLL.


Inscrições e Critérios

O maior número de trabalhos inscritos veio da região Sudeste (39% - 274 inscrições), seguindo-se o Nordeste (35% - 245), Sul (12% - 81), Norte (7% - 50) e Centro-Oeste (7% - 49). São Paulo teve 119 inscrições efetivadas; Minas Gerais, 81; Rio de Janeiro, 57; Bahia, 55; Ceará, 50; Rio Grande do Sul, 44; Pernambuco, 42; Espírito Santo, 24; Paraíba, 23; Alagoas, 19; Rio Grande do Norte, 19; Santa Catarina, 17; Paraná, 17; Pará, 17; e Maranhão, 14.


Em 2009, cada um dos responsáveis pelas iniciativas vencedoras receberá um kit formado por 500 livros, mobiliário básico e computador, no valor unitário de R$ 20 mil.


Foram vários os critérios observados para a escolha das iniciativas, como, por exemplo, os locais de realização das ações, que prioritariamente deveriam ocorrer nos municípios atendidos pelo Programa Territórios da Cidadania, nas áreas do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) e outros lugares prioritários do Programa Mais Cultura. Ações que democratizam o acesso ao livro também fizeram parte da lista dos critérios de avaliação.


Os trabalhos selecionados incentivam a prática da leitura em locais como Pontos de Cultura, hospitais, presídios, associações comunitárias, residências e outros lugares, conforme mencionado em um dos itens da portaria que o instituiu.


Veja a relação das iniciativas aprovadas no Concurso Pontos de Leitura 2008 - Edição Machado de Assis.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

CONCURSO PONTOS DE LEITURA 2008



107° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER

Celeste Martínez e Solange Lacerda

Na 107° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, cujo tema foi o Natal, contamos com a presença do prefeito Ramiro José Campelo de Queiroz, Coral Cantores de Cristo da Paroquia do Sagrado Coração de Jesus da cidade de Valença-Bahia, Rozinete Negrão e Solange Lacerda que finalizou a 107° edição do ALACAZUM com a leitura de um belíssimo texto, logo em seguida apreciamos a divina música: Jesus Alegria dos Homens de J.S. Bach. O ALACAZUM agradece a todos que participaram desta programação, inclusive o Gilson Cícero, técnico em gravação da Rádio Clube de Valença AM, professor Dário Guimarães e Luciano Nogueira por acreditarem na proposta do ALACAZUM. A todos os nossos ouvintes-leitores e internautas. ALACAZUM PARA VOCÊ!


107° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER

Na 107° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, revivemos algumas informações sobre o Natal ofertadas na edição do ano anterior do ALACAZUM. Confira:

http://alacazum.blogspot.com/search?updated-min=2007-01-01T00%3A00%3A00-03%3A00&updated-max=2008-01-01T00%3A00%3A00-03%3A00&max-results=50

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

"Quem canta, louva duas vezes!!!"

Coral Cantores de Cristo da Paroquia do Sagrado Coração de Jesus da cidade de Valença-Bahia, em visita ao programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER do dia 21 de dezembro de 2008

Quadro: Nomes das Ruas da Cidade de Valença-Bahia

Sr.Ramiro José Campelo de Queiroz no programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER

Foi com a visita do senhor Ramiro José Campelo de Queiroz, parceiro cultural do ALACAZUM e candidato a prefeito eleito nestas eleições 2008 na cidade de Valença-Bahia, que se iniciou o quadro: Nomes das ruas da cidade de Valença-Bahia. O senhor Ramiro Campelo que nos contagia com seu entusiasmo nestas manhãs dominicais ALACAZUM, no dia 21 de dezembro de 2008, brindou o ouvinte-leitor ALACAZUM com calendários e réguas através de um belo desafio: Quem acertasse os nomes oficiais das seguintes ruas da cidade de Valença. Foram estas as ruas com seus nomes tradicionais: Calçadão, Rua da Cadeia e Rua do Hospital. Segue pelo resumo sobre a história de cada uma delas.


O Nome das Ruas

(...) "As ruas é que punham outrora a si próprias os seus nomes. Via Sacra era onde estavam os santuários, onde desfilavam os cortejos triunfais, Main Street é a rua principal; como a avenida Central ou avenida Beira-Mar já dizem logo o que são... Broadway é rua larga... e nós crismamos nossas ruas largas... rua Direita, não reta, como querem os levianos, dizendo que são tortas, mas ruas diretas... Às vezes explicitamente. Na Bahia havia rua Direita do Palácio, rua Direita do Colégio isto é, rua direta ao Palácio do governo, rua direta ao Colégio dos Padres Jesuítas. No rio a rua Direita é torta, mas é direta à Sé, que era a matriz, no Castelo, e a Misericórdia, de um lado, do outro a São Bento, no outro extremo."

Rua de Valença-Bahia: Rua do Hospital


Rua de Valença-Bahia: Rua da Cadeia


Rua de Valença-Bahia: Calçadão


terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Siderações


Para as Estrelas de cristais gelados
As ânsias e os desejos vão subindo,
Galgando azuis e siderais noivados,
De nuvens brancas a amplidão vestindo.



Num cortejo de cânticos alados
Os arcanjos, as cítaras ferindo,
Passam, das vestes nos troféus prateados,
As asas de ouro finamente abrindo...



Dos étereos turíbulos de neve
Claro incenso aromal, límpido e leve,
Ondas nevoentas de Visões levanta...
E as ânsias e os desejos infinitos
Vão com os arcanjos formulando ritos
De Eternidade que nos Astros canta...



Cruz e Sousa




Solaris

Na 107° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, após leitura de alguns textos, escutamos a banda estadunidense de metal progressivo,Canvas Solaris.

‘Don Casmurro’ em espanhol

O livro de Machado de Assis Dom Casmurro teve nova versão em espanhol lançada durante a Cúpula Social do Mercosul no dia 14 de dezembro, em Salvador. A versão, que integra o marco do centenário da morte do escritor brasileiro, foi iniciativa do Ministério da Cultura, Academia Brasileira de Letras, Fundação Alexandre de Gusmão, Ministério das Relações Exteriores e Secretaria-Geral da Presidência da República.

Fonte:http://www.cultura.gov.br/site/2008/12/15/don-casmurro-em-espanhol/

Boletim PNLL - Edição nº 134 – 15 a 21/12/2008‏

Dica de Leitura

O Alienista, de Machado de Assis

“As crônicas da vila de Itaguaí dizem que em tempos remotos vivera ali um certo médico, o Dr.Simão Bacamarte, filho da nobreza da terra e o maior dos médicos do Brasil, de Portugal e das Espanhas. Estudara em Coimbra e Pádua. Aos trinta e quatro anos regressou ao Brasil, não podendo el-rei alcançar dele que ficasse em Coimbra, regendo a universidade, ou em Lisboa, expedindo os negócios da monarquia.—A ciência, disse ele a Sua Majestade, é o meu emprego único; Itaguaí é o meu universo.Dito isso, meteu-se em Itaguaí, e entregou-se de corpo e alma ao estudo da ciência, alternando as curas com as leituras, e demonstrando os teoremas com cataplasmas. Aos quarenta anos casou com D.Evarista da Costa e Mascarenhas, senhora de vinte e cinco anos, viúva de um juiz de fora, e não bonita nem simpática. Um dos tios dele, caçador de pacas perante o Eterno, e não menos franco, admirou-se de semelhante escolha e disse-lho. Simão Bacamarte explicou-lhe que D. Evarista reunia condições fisiológicas e anatômicas de primeira ordem, digeria com facilidade, dormia regularmente, tinha bom pulso, e excelente vista; estava assim apta para dar-lhe filhos robustos, sãos e inteligentes. Se além dessas prendas,—únicas dignas da preocupação de um sábio, D. Evarista era mal composta de feições, longe de lastimá-lo,agradecia-o a Deus, porquanto não corria o risco de preterir os interesses da ciência na contemplação exclusiva, miúda e vulgar da consorte.”


Leia o texto na íntegra

Britânicos mentem sobre livros que leram

Como parte da programação pelo ano nacional da leitura na Grã-Bretanha, foi realizada uma pesquisa com 1.543 britânicos onde se revela que 46% dos homens e 33% das mulheres mentem sobre os livros que haviam lido para “impressionar amigos e parceiros em potencial”. Um número ainda maior quando se considera apenas os adolescentes entrevistados: 74% admitiram ter fingido ler algo para impressionar o grupo ou como uma arma na conquista. A reportagem da BBC Brasil sobre o estudo informa também, segundo os participantes, quais as leituras que mais atrairiam homens e mulheres. Os mais indicados para impressionar uma mulher seriam a autobiografia de Nelson Mandela, Long Walk to Freedom; Shakespeare; livros de receitas; poesia e letras de música. Já os homens se interessariam por mulheres que lêem sites de notícias; Shakespeare; letras de música; livros de receitas e poesia.

Projeto utiliza triciclos para fomentar a leitura

O projeto Tricicloteca: uma viagem de leitura do povo ribeirinho às margens do rio Amazonas é formado por bibliotecas circulantes com o uso de triciclos, um meio de transporte muito conhecido pela comunidade ribeirinha de Parintins (AM). Integrante do Eixo 1 do PNLL (Democratização do Acesso), a iniciativa coloca aproximadamente 20 triciclos às margens do rio Amazonas à espera dos passageiros dos barcos, com moradores da zona rural e de outras comunidades. Os passageiros que se utilizam do triciclo para continuar viagem têm acesso à leitura durante o trajeto pela cidade.

A ENERGIA QUE VEM DA CHUVA:

Quando se fala de novas alternativas de energia sempre surgem na cabeça a eólica e a solar. Existem várias outras, mas alguém já pensou na chuva como fonte de energia? E ainda para carregar lâmpadas dentro de um guarda-chuva?


O designer Sang-Kyun Park desenvolveu um guarda-chuva com lâmpadas LED que são abastecidas pela energia que as gotas provocam quando atingem o tecido do produto. Park usou uma membrana feita de poli(fluoreto de vinilideno) (PDVF, na sigla em inglês), que produz energia cinética provocada pelo choque das gotas. Quanto mais forte a chuva, mais energia se terá e mais clara as lâmpadas ficarão.

O site Inhabitat ainda foi mais longe e lembrou de uma pesquisa realizada pelo Georgia Institute of Technology

Georgia Institute of Technology que desenvolveu um tecido que gerava energia apenas pelo movimento ou pelo contato com uma brisa ou vento. O grande problema, porém, era que o tecido se degradava quando em contato com a água (se você pegasse uma chuva, por exemplo, sua camiseta perdia toda a força).


Para ver mais imagens da descoberta, confira a página da Yanko Design. Está aí mais uma fonte de energia renovável para se pesquisar!

RADIONOVELA - EMISSÃO DO DIA 14 DE DEZEMBRO‏

O comunicador Sérgio Teixeira, do programa radiofônico Radionovela direto de Lisboa-Portugal envia a seguinte mensagem eletrônica:

Na emissão do passado Domingo, dia 14 de Dezembro, continuámos com o passatempo que irá oferecer no dia 21 de Dezembro um pacote de dez CDs com dez emissões diferentes do Radionovela. Apurámos assim, mais um finalista. Recordámos ainda as novelas O Rei do Gado, Tu e Eu, Mulheres de Areia, Todo o Tempo do Mondo, entre outras.


Ouve aqui a emissão do dia 14 de Novembro de 2008. http://www.zshare.net/audio/529138068f9d820b/

Para fazer o download do ficheiro mp3 carrega aqui.http://www.zshare.net/download/529138068f9d820b/

Radionovela: http://www.radionovela.com.pt/
Aos domingos das 20 às 21 horas (hora de Portugal)
Popular Fm 90.9MHZ ou em http://www.popularfm.com/

domingo, 21 de dezembro de 2008

Coral Cantores de Cristo

Senhor Ramiro José Campelo de Queiroz , Celeste Martinez e o Coral Cantores de Cristo da Paroquia do Sagrado Coração de Jesus- Valença-Bahia

























Mensagens da Rozinete Negrão

Rozinete Negrão em visita ao programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER

Na 107° edição do ALACAZUM Palavras para entreter, que foi ao ar no dia 21 de dezembro de 2008, contamos com a honrosa presença da Rozinete Negrão, presidenta do Clube AABB da cidade de Valença Bahia, que nos brindou com belas mensagens. "Árvores de Amigos" e "A lição da Borboleta". Leia a seguir. Valeu Rozinete!

ALACAZUM PARA VOCÊ!


Árvores de Amigos

Airam-Xu


Existem pessoas em nossas vidas que nos deixam felizes pelo simples fato de terem cruzado o nosso caminho.
Algumas percorrem ao nosso lado, vendo muitas luas passarem, mas outras apenas vemos entre um passo e outro.
A todas elas chamamosde amigo.
Há muitos tipos de amigos.
Talvez cada folha de uma árvore caracterizeum deles.
O primeiro que nasce do broto é o amigo pai e o amigo mãe.
Mostram o que é ter vida.
Depois vem o amigo irmão, com quem dividimos o nosso espaço para que ele floresça como nós.
Passamos a conhecer toda a família de folhas, a qual respeitamos e desejamos o bem.
Mas o destino nos apresenta outros amigos, os quais não sabíamos que iam cruzar o nosso caminho.
Muitos desses denominados amigos do peito, do coração.
São sinceros, são verdadeiros.
Sabem quando não estamos bem, sabem o que nos faz felizes...
Às vezes um desses amigos do peito estala o nosso coração e então é chamado de amigo namorado.
Esse dá brilho aos nossos olhos, música aos nossos lábios, pulos aos nossos pés.
Mas tambémhá aqueles amigos por um tempo, talvez umas férias, ou mesmo um dia ou uma hora.
Esses costumam colocar muitos sorrisos na nossa face, durante o tempo em que estamos por perto.
Falando em perto, não podemos esquecer dos amigos distantes.
Aqueles que ficam nas pontas dos galhos, mas que quando o vento sopra, sempre aparecem novamente, entre uma folha e outra.
O tempo passa, o verão se vai, o outono se aproxima, e perdemos algumas de nossas folhas.
Algumas nascem num outro verão e outras permanecem por muitas estações.
Mas o que nos deixa mais felizes, é que as que caíram continuam por perto, continuam alimentando a nossa raiz com alegria.
Lembranças de momentos maravilhosos enquanto cruzavam o nosso caminho.

Desejo a você, folha da minha árvore, Paz, Amor, Luz, Sucesso, Saúde, Prosperidade...
Hoje e sempre... simplesmente porque: cada pessoa que passa em nossa vida é única.
Sempre deixa um pouco de si e leva um pouco de nós.
Há os que levaram muito. Há os que não deixaram nada.
Esta é a maior responsabilidade de nossa vida e a prova evidente de que duas
almas não se encontram por acaso.

A Lição da Borboleta

Papilio Paris
  • "Um dia, uma pequena abertura apareceu numcasulo;
  • um homem sentou e observou a borboletapor várias horas,
  • conforme ela se esforçavapara fazer com que seu corpo passasse atravésdaquele pequeno buraco.
  • Então pareceu que ela havia parado de fazerqualquer progresso.
  • Parecia que ela tinha ido o mais longe que podia,
  • e não conseguia ir mais.
  • Então o homem decidiu ajudar a borboleta:
  • ele pegou uma tesoura e cortou o restante do casulo.
  • A borboleta então saiu facilmente.

  • Mas seu corpo estava murcho, era pequeno e tinha as asas amassadas.
  • O homem continuou a observá-la,
  • porque ele esperava que, a qualquer momento, as asas dela se abrissem e se esticassem para serem capazes de suportar o corpo que iria se afirmar a tempo.

  • Nada aconteceu!
  • Na verdade, a borboleta passou o resto de sua vidarastejando com um corpo murcho e asas encolhidas.
  • Ela nunca foi capaz de voar!
  • O que o homem, em sua gentileza e vontade de ajudar não compreendia,
  • era que o casulo apertado e o esforço necessário à borboleta para passar através da pequena abertura era o modo pelo qual Deus fazia com que o fluído do corpo da borboleta fosse para as suas asas, de forma que ela estaria pronta para voar uma vez que estivesse livre do casulo.
  • Algumas vezes, o esforço é justamente o que precisamos em nossa vida.
  • Se Deus nos permitisse passar através de nossas vidas sem quaisquer obstáculos,
  • ele nos deixaria aleijados.
  • Nós não iríamos ser tão fortes como poderíamos ter sido.
  • Nós nunca poderíamos voar.
  • Eu pedi forças...e Deus deu-me dificuldades para fazer-me forte.
  • Eu pedi sabedoria...e Deus deu-me problemas para resolver
  • Eu pedi prosperidade...e Deus deu-me cérebro e músculos para trabalhar.
  • Eu pedi coragem...e Deus deu-me obstáculos para superar.
  • Eu pedi amor...e Deus deu-me pessoas com problemas para ajudar.
  • Eu pedi favores...e Deus deu-me oportunidades.

"Eu não recebi nada do que pedi...mas eu recebi tudo de que precisava".

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

106° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER

Na 106° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 14 de dezembro de 2008, contamos com a presença mais uma vez do senhor Ramiro José Campelo de Queiroz, parceiro cultural do ALACAZUM e candidato a prefeito eleito nestas eleições 2008 na cidade de Valença-Bahia e também a presença do futuro secretário de Saúde o senhor Alexandre Aquino que nos brindou com importantes informações na área da saúde e projetos que serão desenvolvidos no município de Valença que beneficiarão toda região do Baixo Sul. Além de celebres presenças, escutamos as entrevistas do Padre Josival da Paroquia do Sagrado Coração de Jesus, Kleber Rozenberg do Núcleo Espírita Razão e Consciência- NERC, Mãe Bárbara do terreiro Caxuté em Cajaiba, falando sobre este momento do Natal. Homenageamos a professora Ricardina Conceição Viana, pessoa da cidade de Valença-Bahia que cultiva a arte de armar presépios a muitos anos. Desfrutamos da boa música, belos textos e declamações poéticas na interpretação de Celeste Martinez. A produção do programa radiofônico ALACAZUM e ediçaõ das matérias, fica a cargo do Gugui Martinez. A participação do público têm aumentado a cada programa o que demonstra a importância do projeto cultural ALACAZUM para a cidade e região, sem esquecer o público internacional. Obrigada pelo carinho e até o próximo domingo com mais palavras para entreter.


ALACAZUM PARA VOCÊ!!!!!!!!!

João da Cruz e Sousa



João da Cruz e Sousa, considerado o mestre do simbolismo brasileiro, nasceu em Desterro, hoje cidade de Florianópolis - SC, no dia 24 de novembro de 1861. Desde pequenino foi protegido pelo Marechal Guilherme Xavier de Sousa e sua esposa, que o acolheram como o filho que não conseguiram ter. O referido marechal havia alforriado os pais do escritor, negros escravos. Educado na melhor escola secundária da região, teve que abandonar os estudos e ir trabalhar, face ao falecimento de seus protetores. Vítima de perseguições raciais, foi duramente discriminado, inclusive quando foi proibido de assumir o cargo de promotor público em Laguna - SC. Em 1890 transferiu-se para o Rio de Janeiro, ocasião em que entrou em contato com a poesia simbolista francesa e seus admiradores cariocas. Vivia de suas colaborações em jornais e, mesmo já bastante conhecido após a publicação de "Missal" e "Broquéis" (1893), só conseguiu se empregar na Estrada de Ferro Central do Brasil, no cargo de praticante de arquivista. Casou-se com Gavita Gonçalves, também negra, em 09 de novembro de 1893. O poeta contraiu tuberculose e mudou-se para a cidade de Sítio - MG, a procura de bom clima para se tratar. Faleceu em 19 de março de 1898, aos 36 anos de idade, vítima da tuberculose, da pobreza e, principalmente, do racismo e da incompreensão. Sua obra só foi reconhecida anos depois de sua partida. Gavita, que ficou viúva, grávida, e com três filhos para criar. Após o a morte do escritor perdeu dois filhos, vitimados também pela tuberculose. Com problemas mentais, passou vários períodos em hospitais psiquiátricos, vindo a falecer. O terceiro filho, com a mesma doença, faleceu logo em seguida. O único filho que sobreviveu, que tinha o nome do pai, também faleceu vitima dessa doença aos dezessete anos de idade.

O que escutamos?




Nesta 106° edição do ALACAZUM após leitura de alguns textos, apreciamos a banda Lampirônicos e Tambor de Criola de Mestre Felipe.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Violões que Choram...


Ah! plangentes violões dormentes, mornos,
soluços ao luar, choros ao vento...
Tristes perfis, os mais vagos contornos,
bocas murmurejantes de lamento.



Noites de além, remotas, que eu recordo,
noites de solidão, noites remotas
que nos azuis das Fantasias bordo,
vou constelando de visões ignotas.



Sutis palpitações à luz da lua
anseio dos momentos mais saudosos,
quando lá choram na deserta rua
as cordas vivas dos violões chorosos.


Cruz e Sousa

Pé de Biribiri


Saiba mais sobre o biribiri seguindo este link.

RECEITA DE MOQUECA COM BiRIBiRI

Na 106° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER contamos com a presença do senhor Ramiro José Campelo de Queiroz, parceiro cultural do ALACAZUM e candidato a prefeito eleito nestas eleições 2008 na cidade de Valença- Bahia. A presença do senhor Ramiro nas manhãs do ALACAZUM são repletas de novidades. Desta vez como contribuição da culinária regional, ensinou como fazer uma moqueca utilizando o fruto do biribiri. Segue receita:

Dê preferência a uma panela de barro. Cubra-a com folhas de coentro largo, folhas de tomate ou de cacau, as mais verdinhas que encontrar. As folhas de tomante dão um aroma especial a comida. Eleja o marisco de seu gosto: camarão, siri, lagosta, sururu, carangueijo, etc. Disponha sobre a panela e temperando a gosto. Utilize leite de coco. O toque do biribiri está justamente para substituir o limão. Disponha rodelas de tomates e também rodelas de biribiri sobre o marisco. Leve ao fogo brando. Após cozimento sirva com arroz, banana da prata, feijão, uma cervejinha bem gelada... A pimenta não pode faltar e a farinha que é tradição de todo Nordestino. Bom Apetite!

Boletim PNLL - Edição nº 133 – 08 a 14/12/2008‏ / Dicas de leitura


A Normalista, de Adolfo Ferreira Caminha


"João Maciel da Mata Gadelha, conhecido em Fortaleza por João da Mata, habitava, há anos, no Trilho, uma casinhola de porta e janela, cor de açafrão, com a frente encardida pela fuligem das locomotivas que diariamente cruzavam defronte, e de onde se avistava a Estação da linha férrea de Baturité. Era amanuense, amigado, e gostava de jogar víspora em família aos domingos.Nessa noite estavam reunidas as pessoas do costume. Ao centro da sala, em torno de uma mesa coberta com um pano xadrez, à luz parca de um candeeiro de louça esfumado, em forma de abajur, corriam os olhos sobre as velhas coleções desbotadas, enquanto uma voz fina de mulher flauteava arrastando as sílabas numa cadência morosa: — Vin...te e quatro! Sessen...ta e nove!... Cinqüen...ta e seis!...Havia um silêncio morno e concentrado em que destacava o rolar abafado das pedras no saquinho da baeta verde.A sala era estreita, sem teto, chão de tijolo, com duas portas para o interior da casa, paredes escorridas pedindo uma caiação geral. À direita, defronte da janela, dormia um velho piano de aspecto pobre, encimado por um espelho não menos gasto. O resto da mobília compunha-se de algumas cadeiras, um sofá entre as duas portas do fundo, a mesa do centro, e uma espécie de console, colocada à esquerda, onde pousavam dois jarros com flores artificiais."Leia o texto na íntegra


Carrilhões, de Murilo Araújo

"Ora afinal que vale a vida?... o mundo?— Quando, com riso desdenhoso e largo,combateste e venceste, o riso, ao fundoera talvez... era decerto amargo!
Forte! Agora sorri no teu letargofinal, com um riso plácido e profundomelhor que o riso desdenhoso e largo!Pois afinal que vale a vida?... o mundo?
Tão nobre, não sofreste entre mesquinhos?Não tinha abrolhos numa grande partedas palmas que colheste nos caminhos?
As rosas do triunfo na tua artesó agora são limpas dos espinhospara forrar-te o sono e coroar-te!"Leia o texto na íntegra

Artigo discute a cultura lúdica na biblioteca

Um artigo de Flávio Paiva, publicado no Diário do Nordeste no último dia 27 de novembro, discute a questão da cultura lúdica nas bibliotecas e o espaço do livro na educação. O autor defende a dinamização de acervos com a literatura infantil, onde "a biblioteca precisa significar espaço de tempo livre onde a criança possa exercitar a imaginação". No decorrer do artigo, Paiva ainda relata que a promoção da leitura e a democratização do livro é um dos focos do governo do Ceará, que recentemente desenvolveu a Bienal Internacional do Livro.

Brasil e Argentina firmam parceria na área cultural


Buscando um maior intercâmbio cultural, Brasil e Argentina aprovaram no último dia 2 o Programa Executivo Cultural, que apresenta as diretrizes de ambos os governos e temas dos Ministérios da Cultura. Segundo registra o site do MinC, o "governo argentino também demonstrou interesse em conhecer melhor as experiências brasileiras nas áreas de fomento e incentivo à cultura, museus, livro, leitura e bibliotecas". O Programa Executivo divide-se em 68 artigos, organizados nas seções: Preâmbulo; Disposições Gerais; Artes Visuais; Música; Artes Cênicas e Performáticas; Audiovisual; Livro, Leitura e Literatura; Cooperação entre Bibliotecas, Arquivos e Pesquisadores da Área Cultural; Capacitação de Agentes Públicos; Mecanismos de Incentivo à Cultura; Diversidade Cultural; Direitos Autorais e Direitos Conexos; Preservação e Salvaguarda de Bens Culturais e Cooperação na Área de Museus; Esforços Conjuntos no Âmbito do Mercosul Cultural; e Disposições Finais.

O que escutamos?



Na 106° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, após a leitura de alguns textos, escutamos o grupo musical Comadre Florzinha.

Dinah Silveira de Queiroz


Dinah Silveira de Queiroz, nasceu na cidade de São Paulo no dia 9 de novembro de 1911 e faleceu no Rio de Janeiro em 27 de novembro de 1982, filha de Alarico Silveira e Dinorah Ribeiro Silveira e descende de uma linhagem que conta com muitos nomes ilustres nos meios intelectuais brasileiros, tais como: o escritor regionalista Valdomiro Silveira e o poeta e filólogo Agenor Silveira (ambos tios de Dinah), o contista e teatrólogo Miroel Silveira, a novelista Isa Silveira Leal, o poeta Cid Silveira, o tradutor Breno Silveira e o editor Ênio Silveira (todos primos dela). A escritora, muito jovem ainda, ficou órfã de mãe, indo morar com a tia-avó Zelinda. Dinah e a irmã, Helena Silveira, estudaram no Colégio Les Oiseaux, onde ambas iniciaram suas atividades como escritoras. Aos dezenove anos, casou-se com o advogado e literato Narcélio de Queiroz, com quem teve duas filhas: Zelinda e Léa.
Sua estréia em livro se deu em 1939 com o premiado romance Floradas na Serra, que teve enorme êxito entre os leitores. Em comemoração aos 400 anos da fundação de São Paulo, Dinah publicou em 1954 o romance A Muralha. Este e Floradas na Serra tornaram-se seus trabalhos mais conhecidos e são, até hoje, reeditados. A escritora foi uma das pioneiras no gênero de ficção científica no Brasil e fez incursões também pelo gênero fantástico.
Em 1961, ficou viúva de seu primeiro marido. Em 1962, foi nomeada Adido Cultural da Embaixada do Brasil em Madri, na Espanha; pouco tempo depois, casou-se com o diplomata Dário Moreira de Castro Alves e partiu com o marido para Moscou, na, então, União Soviética. Nesse período, escrevia crônicas que foram, posteriormente, publicadas no volume Café da Manhã, de 1969. Em 1964 retorna ao Brasil, mas parte de novo para a Europa em 1966, fixando residência na Itália.
Fonte: Wikipédia

O GATO QUE NÃO SONHA MAIS


Li uma excelente reportagem sobre sonhos, onde conheci a história do gato que não sonhava. Ele houvera sido estudado; um eletroencefalograma, atado à cabeça, havia demonstrado que os gatos sonham como qualquer um de nós. Aliás, muita vez vi cachorros sonharem rosnando, grunhindo ou simplesmente levando sustos, como se atravessassem pesadelos. Mas jamais vi um gato sonhador. Este, todavia, sonhava e muito. Então, foi-lhe feita uma experiência neste mundo dos homens que se crêem, mesmo, os reis da criação, bem se alimentam de seres vivos e, quando querem fazer experimentos, lançam mãos de vidas pequeninas com se fossem deuses.
O cientista pegou o gato sonhador, fez “queimar” a zona cerebral, onde deveria estar a sede dos sonhos do bichano. E o gato curou-se da pequena intervenção. Não sonhou mais nunca, mas ficou um tanto perturbado, embora dormisse normalmente. Caçava acordado borboletas invisíveis, ou então tinha olhos bem abertos, e fantasiava ratos impossíveis. Absolutamente acordado parecia normal, sob outros aspectos, pois atendia pelo nome e continuava a ser um bichano afetivo e sensível. Três meses depois, o gato morreu. Os cientistas falaram em lesões nas glândulas supra-renais. E aí se propunha a questão: existe um elemento “físico” de depuração do organismo no sonho? Muitos médicos asseguram que sim. Que o sonho normal se torna necessário para que desatem todas estas vivências guardadas e sofridas num rebentar de aventuras que são o recado de nosso subconsciente à nossa consciência adormecida. Talvez sonhe a cronista, de menos. E por isso faça seus romances, exatamente como o gato que caçava borboletas invisíveis. Talvez a ficção seja mesmo, como querem o nosso sonho acordado e aquele gatinho patético, sacrificado pela ciência, fique um símbolo dos doidos mansos que sonham acordados e passam adiante as suas histórias... Ou crônicas.

Dinah Silveira de Queiroz


terça-feira, 16 de dezembro de 2008

POR QUÊ PAPAI NOEL VESTE VERMELHO E BRANCO?



Estudiosos afirmam que a figura do “bom velhinho” foi inspirado num Bispo chamado Nicolau que nasceu na Turquia em 280 D.C. O bispo, homem de bom coração costumava ajudar as pessoas pobres. Quando certa vez após sua morte começou-se a relatar milagres atribuídos a ele. Não deu outra: Foi transformado em santo (São Nicolau) pela Igreja Católica. Quanto ao Papai Noel vestir vermelho e branco, isto são outros quinhentos. O Papai Noel era representando com roupa de inverno na cor marrom. Porém no ano de 1881, a Coca-Cola se apropriou da imagem do “bom velhinho” para uma de suas campanhas publicitárias, vestindo-o nas cores vermelho e branco (as cores da publicidade) acrescentando um gorro vermelho com pompom branco. Emplacou até hoje, evidente que fez um enorme sucesso de vendas, espalhando-se rapidamente por todos os continentes.

O que escutamos?



Após algumas leituras intercalamos com a música : "Da janela pro terreiro" com a banda baiana A Volante do Sargento Bezerra.

Uma Religião da Natureza

As religiões afro-brasileiras, à semelhança das culturas tradicionais africanas que lhes deram origem, giram em torno da noção de natureza, vista não como algo romântico, mas como uma coisa concreta. Isso transparece através da idéia de que todos os seres vivos são constituídos de terra, terra que se desdobra em vários momentos: no chão que pisamos, na pele que reveste os ossos, enfim, em tudo que cobre, contorna e modela. A terra é o princípio, tudo se começa com ela e termina também, razão pela qual os ancestrais são identificados com ela.Os orixás dos nagôs, os nikise dos bantus e os voduns dos daomeanos ao lado de ancestrais indígenas têem a terra como uma grande referência. Acredita-se que os ancestrais moram na terra ao lado de outros que são a própria terra, como o vodun Ajunsum, o nikise Kavungo e o orixá Obaluaiyê.


(...) Ao ladoda terra, as árvores possuem significado especial. A expressão: No tempo em que o mundo era habitado pelas árvores, aparece em alguns mitos ilustrando o período primordial. Alguns orixás e nkises são cultuados em árvores. Elas são, todavia lugar por excelência dos voduns. Há voduns que são cultuados sob determinadas árvores e há também aqueles que são representados por elas próprias. Algumas casas de tradição jeje contam o seguinte mito: No princípio, o céou e a terra entraram numa disputa sem fim. A terra passou a zombar do céu e vice-versa. A primeira gabava-se que lhe sustentava, era a superfície onde se erguiam as cidades, o local da ida e vinda das pessoas e por fim, morada dos ancestrais. Por sua vez, o céu não deixava por menos. Urdia que era a garantia da vida; era nele que passeava os astros, moravam as estrelas, planavam as aves, controlava as estações e era através dele que a humanidade se guiava. Um dia, o céu muito aborrecido resolveu dá um castigo a terra. Assim, durante um longo período, a chuva não caiu mais sobre a terra. A terra seca, não pode mais garantir o sustento das plantas, os rios começaram a secar, os animais com o passar dos dias foram morrendo de sede, as doenças passaram a assolar o mundo, tudo passou a perecer. Restou apenas uma árvore LOKO. LOKO era um vodun muito antigo. É uma árvore (Ficus anthelmintica, Pharmacosycea anthelmintica) que desde cedo com sua copa ampla aprendeu a respeitar o céu e com suas raízes profundas, amar a terra. Durante um longo período, muitos animais e até mesmo as pessoas se protegerama sob a copa de LOKO. Na falta d´água e de vento, loko garantia o frescor, as vezes a própria alimentação. O céu também ficou triste, a humanidade nem sequer mais olhava para ele. Antes que tudo fosse destruído LOKO mostrou ao céu e a terra que ambos possuíam a mesma importância e salvou a humanidade da extinção.

Extraído do Livro: Nossa Raízes Africanas - Organização Vilson Caetano de Sousa Júnior

Este fragmento: As religiões de matrizes africanas no Brasil Vilson Caetano de Sousa Júnior- Antropólogo, Doutor em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Professor da Universidade do Estado da Bahia onde é lider do Grupo de Pesquisa Gestão da Informação, Memória e História.