sábado, 30 de agosto de 2008

Novamente as palavras

Alguém me perguntou: Haverá uma palavra? Palavras existem infinitamente. Evidente que existem palavras mas em determinados momentos melhor que não existissem. E isto me fez lembrar um fragmento do livro: Viagens de Gulliver

Modificando a linguagem

No departamento da linguística [...] outra equipe, ainda mais avançada, queria simplesmente extinguir as palavras para aumentar a vida média do homem. Cada vez que proferimos uma palavra, afirmavam seus membros, o ar sai dos pulmões e a vida se encurta. Com a extinção dos vocábulos, o homem deixaria de falar e viveria muito mais tempo. Como as palavras servem apenas para representar objetos, as pessoas passariam a levar numa bolsa reduzidas miniaturas dos elementos indispensáveis à conversação e as mostrariam simplesmente aos amigos, em vez de pronunciar palavras inúteis e encurtar tolamente a vida.

Esse projeto, exaustivamente discutido, apresentava ligeiro inconveniente: as pessoas ricas, donas de muitos objetos, precisariam carregar um número exagerado de miniaturas quando fossem visitar os amigos. O departamento de linguística, depois de várias reuniões, encontrou brilhante alternativa para o problema: ou os ricos contratariam empregados para carregar as miniaturas - o que não representaria qualquer problema- ou deixariam várias sacolas nas residências dos amigos mais íntimos, frequentadas, naturalmente, com mais regularidade.

Na opinião dos seus inventores, o novo sistema linguístico já teria sido adotado no mundo inteiro se houvesse mais empenho dos governadores, pois os objetos indispensáveis à vida são mais ou menos o mesmo em toda parte, e o moderno idioma acabaria certamente servindo de língua universal.


Swift, Jonathan, Viagens de Gulliver.
Trad. de Octavio Mendes Cajado. Rio de Janeiro, Ediouro, 1970, págs. 106- 108

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

PALAVRAS



Muito além de um reino óptico onde as palavras são alimento para o sonho, existe alguém. E próximo a cada um de nós existe um desejo pronto a eclodir. Ponho-me frente ao reluzente vidro polido e ora é a mim que identifico noutras personagens indefinidos.



O mundo foi reduzido a uma janela que jamais se fechará e nem devolverá Alice de sua aventura.


Tentáculos de ilusão acaricia-nos por inteiro. Dia e noite. Noite e dia. E a primeira e única lição é não cerrar os olhos. Entregar-se!


Sim, muito além da relatividade - tempo e espaço - existe: " uma longa conversa sem fim, que deverá durar mil e uma noites".

Nesse idílio em que palavras tomam formas oníricas, em que palavras, são lavras do idelével após pronunciadas... Aí neste reduto, não-identificado, perceptível apenas aos imperativos, forjam-se ILÍADAS E ODISSÉIAS. Mata-se o Minotauro. Liberta-se Helena. E Ulisses mais uma vez retorna para sua Penélope.


Não conheço os teus olhos, nem qual cor eles reluzem ao fixar uma palavra minha em teu espelho de cristal. Ambos conhecemos a visualidade do sistema e sua maneira binária em decodificar palavras em signos.

Lá se vai um pensamento em busca de repouso. Pousa em tua lembrança e lá faz silenciosa morada por alguns segundos. Após voa. Junta-se a nuvens - inter-conexões-. Conexões e des-conexões. Entre uma conexão e outra.


E bebo o verbo que de tua boca transborda imperativamente: Faça! Vá! Fique! Prossiga! Deseje!

Deixo-os ficar por alguns segundos à margem de minha abstração. Dissolvo-os! Coagulo-os! Destilo-os pormenorizadamente através de minhas retinas e emfim deslumbro a figura paradísiaca do bem estar que só Sherazade é capaz de produzir em sua terapia da palavra.

Este é o espaço, além do reino óptico, onde me encontro. Janela escancarada para o INSTANTE.

Antes do antes. O Agora! O Já! A ação do verbo em transformar o beijo em mais uma palavra e a palavra em desejo.

Sim, muito além do reino da relatividade, existe " uma longa conversa sem fim que deverá durar mil e uma noites"



Celeste Martinez - escritora

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

SENHORA AVAREZA


Quando penso nas inúmeras atrocidades provocadas pela guerra e outras tantas barbaridades resultado do egoismo humano, só me resta elaborar o pensamentos em metáforas poéticas. E isto me fez lembrar um dos meus poemas, criado lá pela década de 1990, como um filme para repassar os perfis humanos e suas indumentárias. Fazendo-me crer insistentemente que a ÚNICA INSTITUIÇÃO DEMOCRÁTICA É A MORTE.

SENHORA AVAREZA
APRESENTO-TE A MAGRA
FAMINTA DE CORPOS
FAMINTA DE VIDAS.

SENHORA PREPOTÊNCIA
APRESENTO-TE A SERVA DE SI MESMA
A CEIFADORA DE CABEÇAS.


SENHORES MAGNATAS DA MULTIMÍDIA
APRESENTO-VOS A VIÚVA DA VIDA
A DAMA DAS MADRUGADAS
DAS RAJADAS DE SÓIS.


SENHORES DONOS DA IGNORÂNCIA
APRESENTO-VOS A FRIA HERDEIRA DO NADA
FILHA DO ABSURDO E DA COERÊNCIA
HERDEIRA DE TODAS AS CERTEZAS.


SENHORES ESCRAVOS DA VAIDADE
APRESENTO-VOS A ESTÁTUA DA LIBERDADE
PREDADORA DOS BONS E DOS MAUS.


SENHORES FASCISTAS
APRESENTO-VOS A MAIS CRUEL GUERREIRA DE TODOS OS TEMPOS
A ÚNICA QUE SABE DE TODOS OS PLANOS DO INIMIGO
AQUELA QUE SEMPRE ESTÁ A POSTOS NAS TRINCHEIRAS
A ÚNICA QUE NÃO PRECISA DE BOMBAS E DE MIGS
A ÚNICA QUE NÃO PRECISA DE ESTRATÉGIAS, DE ARTIFÍCIOS.


SENHORES AFANADORES DOS COFRES PÚBLICOS
APRESENTO-VOS A LADINA DO SILÊNCIO
CONDENSADORA DAS HORAS.


SENHORES REGULADORES DO FUTURO
MANIPULADORES DE MOLECULAS
JOGADORES FRENÉTICOS DA BIO-GÉNETICA
APRESENTO-VOS A MORTE.



Celeste Martinez - escritora
Retirado do livro: Valenciando- poesia e prosa: antologia de escritores de Valença- Salvador: Secretaria da Cultura e Turismo, 2005.

Gravura: Gustave Doré

Intercâmbio Cultural ALACAZUM

O artigo escrito por Celeste Martinez, intitulado: Fábio Luz, foi publicado no jornal Valença Agora da cidade de Valença, Bahia, http://www.valencaagora.com/x/b/bs.php?bl=1&menu=1924 e enviado para a Biblioteca Social Fábio Luz no Rio de Janeiro, obteve resposta de um dos seus membros. Transcrevo a correspondência enviada para o correio eletrônico do ALACAZUM, ontem dia 24 de agosto de 2008.

Celeste,

Gostei muito de seu texto sobre o grande médico anarquista Fábio Luz.

Sou membro da Federação Anarquista do Rio de Janeiro e um dos fundadores da Biblioteca Social Fábio Luz.

Esta última, fundada em 18/11/2001, funciona na sede da extinta Associação Bahiana Beneficente (da qual FábioLuz foi sócio por algum tempo), em Vila Isabel (Rua Torres Homem, 790) e conta com um acervo dedicado ao anarquismo, bem como outros temas políticos e literários.

Temos algum acervo do Fábio Luz, como livros e cópia digital do material disponível no Arquivo Nacional.

Faz alguns anos, conheci o filho mais novo de Fábio Luz, Dr. Braulio Luz, já muito idoso.

Ele me emprestou para copiar o volume do romance social"Ideólogo", com uma dedicatória do pai para ele. Há uma Tese de Mestrado sobre o Fábio Luz, escrita por Josely Tostes nos anos 90, pela PUC-SP. Temos em nosso acervo.

Há também um livro de Edgar Rodrigues chamado "Os Libertários", com um capítulo sobre Fábio Luz.

Podemos trocar informações sobre essa figura tão interessante.

Também temos aqui no Rio o Núcleo de Pesquisa Marques da Costa, dedicadoao resgate da história do anarquismo e do movimento operário aqui do RJ.

Me mande um endereço postal seu para que possa mandar algum material.

Um fraternal abraço,

Renato Ramos

domingo, 24 de agosto de 2008

93° edição ALACAZUM

Neste domingo, reprisamos a 92° edição: Especial poesia e música, do CD EU DESTILO LOUCURAS DOSADAS (poemas de Celeste Martinez). A difusão do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRER continua até o momento via internet. Breve retornaremo via rádio frequência. Pedimos a compreensão dos nossos ouvintes-leitores e dos nossos parceiros culturais. Grande abraço.
ALACAZUM PARA VOCÊ!

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

O que é o prazer?

"O único meio de fugir à tentação é ceder à tentação"
Oscar Wilde

Este conto é um brinde em louvor a uma espécie rara de borboleta, única no mundo: Jhozi Iphitas, da família Papiliomidae (Makina, 2008)

Certa vez, um Tietê-de-coroa*, que estava pousado à sombra de frondosa jaqueira, sentindo a carícia do vento em suas plumagens, questionou sobre o prazer. Perguntava a si mesmo se cada sensação provocada pelo vento desinteressadamente em seu pequeno corpo poderia ser considerado como elemento de satisfação. Estava tão envolvido em seus pensamentos que cogitou em voz alta:

- O que é o prazer?

Foi aí que uma folha caindo naquele instante à superfície de um rio que passava perto, interviu:

- O prazer é um bem dos ímpetos!

E o rio ao receber a folha que caiu em seu corpo silenciosamente, prosseguiu:

-É um bem do acaso!

E o vento que a todos visita, soprando à superfície do rio, disse:

- O prazer é um sopro sem destino!

- Pode acometer a todos indiscriminadamente... acrescentou a libélula.

-Prazer. Prazer. Prazer. Repetiu o papagaio pousando na jaqueira.

- O prazer é uma desgraça – refletiu a terra

- Uma pequena semente que cresce debaixo das sombras e nunca frutifica, retorquiu uma planta recém-nascida.

-Ah! Suspirou uma borboleta da família das Papiliomidae

E este suspirar que acumulava muito mais sensação que palavras, incomodou a terra.

- Você só sabe suspirar, caríssima borboleta?

-Não, senhora terra. Sei me embriagar da seiva e alimentar outras sementes. Ah! Voltou a suspirar a borboleta batendo suas coloridas asas.

- Você não passa de um inseto desatento. Pousa aqui e acolá. Estamos falando do prazer e você só sabe dizer: Ah! Ah!

- Quem aqui não entende de prazer é vossa senhoria, dizendo que o prazer é uma desgraça.

- E tenho razão com o que digo. O prazer não enxerga nada a sua volta. Invade os sentidos, sufoca a razão e quando menos se espera atraí todas as desgraças.

-Ha! ha! ha!, debochou o rio.

- De que rir, senhor dono das águas? Perguntou a terra.

- Rio de tua ingenuidade. O prazer assumi a si mesmo. Por isso é assim designado. E a senhora não me diga que não sente prazer ao receber a semente dentro do teu corpo?

- Ora, meu caro senhor dono das águas, estamos falando do prazer despretensioso. O que ocorre no interior do meu corpo são fenômenos naturais. O prazer é um estímulo externo.

-Provocado por outros estímulos externos a nós. A semente em tuas entranhas é um estimulo do prazer. Você não sente? Prosseguiu o rio.

-Sentir? Lógico que sinto mais isto não me desconcerta, não cria tumultos, não me desespera.

-Desesperar? Quem disse que o prazer desespera? Alguém aqui falou em desespero?

-Não! Não! Não! Repetiu em coro, a jaqueira, o Tietê-de-coroa, o vento, a folha, o papagaio, a borboleta e a libélula.

-Parem com esta algazarra, gritou a terra. Parece que todos estão contra mim.

-Que é isto senhora terra? Não é nada disto. Estamos espairecendo prazerosamente o prazer que sentimos. Relaxa!

-Relaxa. Relaxa. Relaxa. Repetiu insistentemente o papagaio e partiu.

-Ah! Ah! Ah! Suspirou a borboleta e vôo.

E enquanto o vento mais uma vez sacudia os galhos da frondosa jaqueira, colhendo-lhe algumas folhas... o que afugentou o pequeno Tietê-de-coroa, que ao fugir foi dizendo:

- O que é o prazer?

As folhas arrancadas da jaqueira ao caírem na superfície do rio repetiram:

- O prazer é um bem dos ímpetos!

E o rio para demonstrar essa sensação, criou muitos círculos que se agigantaram até sutilmente desaparecerem de sua superfície.

Foi-se o vento. Calou-se o rio. Desapareceu o Tietê-de-coroa, a libélula, o papagaio. Adormeceu a planta recém-nascida. E todas as prematuras folhas foram arrastadas pelas águas do rio. E a jaqueira, como sábia que é, para não alimentar o mau humor da terra, resolveu tirar uma soneca.

Ficou a terra solitária, refletindo as palavras do pequeno passarinho:

- O que é o prazer?

Foi aí, neste momento, que a terra sentiu a presença da garoa que começava a lhe salpicar o ventre, caindo lentamente entre a paz do entardecer e a presença de algumas estrelas pálidas que brilhavam longe. Se aquela sensação que circundava a escuridão tão próxima, poderia ser considerada prazer, então que permanecesse até quando durasse a noite. E se esse tal prazer que não anuncia a hora para instalar-se e que chega imperativamente fazendo-nos crer na eternidade... Então que seja! Que se revele! Que permaneça até o penúltimo sentir, revelado na pronuncia da última palavra.

*O Tietê-de-coroa ou Calyptura cristata (Vieillot, 1818), da Família Cotingidae, é uma espécie de pássaro, da fauna brasileira, provavelmente extinto.


Celeste Martinez- escritora

domingo, 17 de agosto de 2008

92° edição ALACAZUM

Na 92° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, que foi ao ar no dia 17 de agosto de 2008 (via on line), apreciamos poemas do CD: EU DESTILO LOUCURAS DOSADAS, da escritora Celeste Martinez, disponível para downloads no seguinte endereço eletrônico: http://www.alacazum.com/.


Cada poema foi acompanho das seguintes músicas:

1-Papoulas - The Smiths (música: The Boy with the thorn in his side)
2-Água, terra, fogo e ar - Pato Fu (música: Sobre o tempo)
3-Globo Mágico - Zeca Baleiro (música: O mundo)
4-Mulheres - Brazilian Girls (música: Mi gusta cuando callas)
5-Medo - Zé Ramalho (música: Chão de Giz)
6-Eles se vestem de negro -Johnny Cash (música: Man in Black)
7- Estrada Decolores - Chico Sciense (música: Um passeio no mundo livre)
8- Bato a minha porta e entro - Angra (música: Wuthering Height)
9-Eu destilo loucuras dosadas -Janis Joplin (música: Take another little piece of my heart)

A seleção musical e edição do programa ficou a cargo do Artista Poser Gugui Martinez - http://www.guguimartinez.blogspot.com/


Disponível para Download no seguinte endereço: http://www.alacazum.com/

Eu destilo loucuras dosadas

Um grito
rasgado
agudo
reto e ascendente corta o céu.

Abre com seu canto.
Desperta a neutralidade.


Um grito,
rasgado,
dolorido,
agudo e ascendente corta o céu.

Anuncia que é chegada a hora para o puro silêncio.

Ele vai,
Transcende.

Um grito,
Rasgado,
Dolorido,
Agudo,
Reto e ascendente
No escuro.

GRPÁGRETFKIUYTHKGH
VBDFRETADSQEWWJHKYU


EU DESTILO LOUCURAS DOSADAS
Tragam-me um verso
Tragam-me
Tragam-me
Tragam-me

EU DESTILO LOUCURAS DOSADAS.
Um pouco.

EU EXPULSO LOUCURAS DOSADAS.

O que vai além do frio?

A necessidade de aquecer-se.
Vejo o frio da insensibilidade
O frio da rotina
HÁBITOS
HÁBITOS
HÁBITOS
.

Vejo o frio da indiferença
E a diferença que faz com o cérebro e penso:
VOU PROCESSAR ESTES DETRITOS ATRAVÉS DAS MINHAS LENTES.

Petrifico minha alma
7532CR33457800
QWERTUIOP-ASDFGHJKLÇZXCVBNM,.;??

PETRIFICO MINHA ALMA E FICO SÓ.

Celeste Martinez – escritora
(retirado do livro: Valenciando – Antologia de escritores de Valença – Bahia – Brasil)



Mulheres


Todas as mulheres fogem
Ameaçadas entram na jaula.
Apagam a luz da realidade e rezam
Cantam hinos de misericórdia
Rogam milagres
Abortam paixões sonolentas
E sangram homens.

Todas pensam o “EU” livre
Mas todas têm úteros.

Todas têm mães e são madres
Face da mesma face
Todas as mulheres são pares.

Todas estão feridas
E aguardam a chance do grito
Do canto
Do riso
Mas todas voltam para o quarto e por três estações ficam preenchidas.

Todas são estátuas da liberdade
E calabouços de amor.

Todas as mulheres vestem luto
Todas choram
Fingem o gozo
Matam o macho
E fazem aborto.

Todas as mulheres mentem
E falam verdades.

Todas são cruéis quando traídas
Quando iludidas
Quando menosprezadas.

Todas as mulheres matam
Um dia
Uma vida
Um amor
Uma chance
Um segundo de paixão.

E todas as mulheres envelhecem
Perdem o sabor
Ficam estéreis
Ressecadas e frias.

Todas as mulheres morrem
Por um fio – FILHO
Por uma ponte – HOMEM
E todas ressuscitam quando querem
Mas só algumas são virgens
Mártires.

Todas as mulheres são universos
Em terra
Em água
Em si
No talvez
Na certeza
Em sonho.

(Todas) PECAM
PADECEM

(São) SUBVERSIVAS
SUBMERSAS
SUBALTERNAS (mulheres)

Mas só algumas são damas
Rainhas
Esfinges
Um jogo.

Mulheres são
Mulheres vão
Mulheres não – COMEÇO.

Só mulheres gozam
Só mulheres parem
Só esposas são obedientes
Só amantes são eternas
Só VÊNUS amor
Só HELENA guerra.
Só CIRCE veneno
Só MEDUSA tormento

Só mulheres parem HOMENS
E mulheres amam HOMENS
E mulheres
E mulheres...
E mulheres...
Celeste Martinez – escritora
(retirado do livro: Valenciando – Antologia de escritores de Valença – Bahia – Brasil)

Papoulas

Papoulas guardam o céu de HÓRUS
E no palco do TÁRTARO
A sede não é nada para TÂNTALUS.

Lanço discos de sol em minha boca e nasce ATON
E no ventre de ÍRIS
O filho de ORFEU
Traz poemas sacros
Oráculos.

Quero desvestir o leito negro ébano
Onde os TITÃS se escondem.

Quero miosótis azuis em GAIA
Quero úteros de flores
Palpitando um novo homem.

Quero no vinte e um
No sétimo mês
Do sétimo dia
À hora sétima
Sete vezes revelado nas estrelas
O sonho de uma nova primavera
DEUS
ZEUS
GAIA
TERRA
.
Celeste Martinez – escritora
(retirado do livro: Valenciando – Antologia de escritores de Valença – Bahia – Brasil)

Medo

Enfia teus dedos em hirto em minha garganta
E arranca o medo virulento
Que ameaça as minhas células
Se o MEDO
Mesmo assim
Insistir em não sair
ESMAGA-O
Com o martelo de THOR.

Celeste Martinez - escritora (retirado do livro: Valenciando- Antologia de escritores de Valença - Bahia - Brasil)

Eles se vestem de negro

Eles se vestem de negro
São abutres
E a terra fede
Comem de tudo
Até os versos de Augusto dos Anjos

Com passos lentos
Pacientes
Eles seguem

Vão além dos ares decapitar frias vítimas para os seus atos.

A terra clama
Mas o que se revela é a hecatombe apocalíptica do cordeiro que a pouco existia.

Torna-se um grande deserto
A terra “hominis”
E o assobio entrecortado do vento desarma a esperança primitiva do amanhã.

Mas eis que de repente
Ressurge o verbo outrora morto.

Um homem.

Não,
Uma ave sideral aporta à superfície desértica do tempo
E depõem embriões provenientes de sua essência.

O sol estoura o cérebro – semente adormecida.

E ergue-se o homem
Não tem sexo ainda
Todavia caminha.

E em seu trajeto
Delicadas pegadas
Cicatrizes do amanhã
Sementes novas que vão brotando
VIOLETAS

JASMINS

MARGARIDAS

ROSAS

ANGÉLICAS

HORTÊNCIAS
.


Celeste Martinez - escritora (retirado do livro: Valenciando- Antologia de escritores de Valença - Bahia - Brasil

Globo Mágico

Ontem,
visitei um mundo em que o céu era de um vermelho sangue.
Ontem,
visitei um mundo bem distante.
Visitei um céu en que o mundo era ilusão
em que homens, cuspiam magia em forma de fogo e mulheres prescreviam a fórmula da juventude
sendo belas com tão pouco.
Ontem,
um céu
sangue.
E estrelas emparelhadas de cor branco.

Celeste Martinez - escritora (retirado do livro: Valenciando- Antologia de escritores de Valença - Bahia - Brasil)

Água, terra, fogo e ar

Água
Terra
Fogo e ar
Conspiram ao meu favor.

Sinto
Aspiro
Vejo e toco
A sucessão do instante morto ao meus pés
RÉQUIEM PARA UM PARADIGMA.

Se todos os ápices
Se todos os vértices
Sedimentassem bases
O tempo desta espera expulsaria uma nova cria.

Provaria ao instante
Que a ARTE equivale a ARTE
O VAZIO ao VAZIO.


E QUE EU SOU A CLAVE!

Como submeter o futuro a esta conspiração?

Não podemos respirar dentro deste aquário.
A era está parindo um novo tempo e somos os TITÃS dentro de GAIA.

Celeste Martinez - escritora (retirado do livro: Valenciando- Antologia de escritores de Valença - Bahia - Brasil)



Estrada Decolores

Dálias brancas
Cacaus amarelos
E pimentas vermelhas
NA ESTRADA DECOLORES


Rosas rosas
Verdes mamões
E o vermelho do camarão
Que é fachada de um bar
NA ESTRADA DOS SABORES

Distantes craveiros
E palmeiras distantes
Num céu todo azul
Sensíveis opacas cores
De um verde amarelado das flores
De esguios quiabos


Violetas anêmonas
Entreabrem-se
São as flores dos saborosos maracujás.

Charmosíssimas noivas
São as flores dos laranjais
E um cheiro forte de café no ar

E os dendês
Dormentes
Dormem
Friamente no barro da estrada.

E os machados
Se aquecem com as carnes de envelhecidas jaqueiras
NA ESTRADA DAS DORES

Na estrada,
Terapia intensiva para a dor
Que traz a flor.

Celeste Martinez - escritora (retirado do livro: Valenciando- Antologia de escritores de Valença - Bahia - Brasil)


Bato a minha porta

Bato a minha porta e entro.
Recolho-me ao quarto.
Perco as chaves.
Acendo as luzes do pensamento e em suas paredes rabisco frases.
Dispo-me,
Visto-me,
De invisibilidade
e em suas entrelinhas traduzo-me.
Neste amplo e recolhido quarto
Existem ESPELHOS
E as únicas janelas existentes são meus olhos.
É noite nos poemas tristes
E frio em minha culpa por pensá-los.
Caem folhas,
Corre o vento,
Desce a chuva sobre as pedras das calçadas,
Discorre o sol nas cicatrizes dos corações,
Passam homens,
Super-homens.
Passam mulheres,
CUIDADO FRÁGEIS!
Passam querubins,
Passam sonhos transbordantes,
Cântaros,
Que se derramam dentro do quarto.

Celeste Martinez - escritora (retirado do livro: Valenciando- Antologia de escritores de Valença - Bahia - Brasil)


Neste domingo, 17 DE AGOSTO DE 2008, das 11 às 12 horas (hora de Brasília), aprecie alguns poemas do CD: "EU DESTILO LOUCURAS DOSADAS", especial poesia e música, no programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, com Celeste Martinez, pela Rádio Clube de Valença 650 KHZ AM direto de Bahia - Brasil
Acesse: http://www.radioclubedevalenca.com.br/


En neste domingo, 17 de agosto de 2008, a las 11 horas de la mañana (hora de Brasília), desfrute los poemas do CD: YO DESTILO LOUCURAS DOSADAS", especial de poesia y musica, en el programa radiofónico ALACAZUM PALABRAS PARA ENTRETENER con Celeste Martinez por la Rádio Clube de Valença 650 KHZ AM directo de Bahia - Brasil
Acesse: http://www.radioclubedevalenca.com.br/


In this Sunday, August 17, 2008, from 11 to 12 hours (hours of Brasilia), enjoy some poems on the CD: "EU DESTILO LOUCURAS DOSADAS," special poetry and music in radio programme ALACAZUM WORDS FOR ENTRETER, with Martinez by Celeste Radio Club of Valencia KHZ AM 650 Direct from Bahia - Brazil
Visit: http://www.radioclubedevalenca.com.br/

sábado, 16 de agosto de 2008

Veinticuatro horas

Veinticuatro horas son suficientes para vivir no más que esto.
Y cierro los ojos y el tiempo cambia su cronología.
Nuevamente abro las ventanas,
más veinticuatro horas de recomienzo
y más algunas horas para el sueño.
El principio y el fin.
Y nunca la muerte.
¿Dónde estará?
¿En qué bar deglute el aperitivo alentador para el trabajo duro pródigo de
embarque de fríos?
Sí, veinticuatro horas son suficientes para ver la aurora,
el atardecer,
la lluvia
la brisa,
el sol,
el mar,
el río.
Vomitar palabras sucias y corregirlas.
Pedir disculpas
volver a ser,
terminar el guión,
bailar con la vida.
Veinticuatro horas son necesarias para que el hombre viva en la ciudad
y vaya al
campo.
Veinticuatro horas para sentirse,
desvestirse,
observar el espejo, porque de él no podemos huir.
Y son veinticuatro horas corriendo, acomodando los sentidos a
las tristes figuras.
Oyendo reggae, axé music,
Jamás oyendo Bach
Veinticuatro horas para purificar los sentidos.
Beber agua.
Beber la risa y transformarla en lágrimas de lluvia que caen al
ritmo de los
veinticuatro tañidos de la campana.

Poema de Celeste Martinez
traduzido do português para o castellano pela escritora argentina Myriam Rozenberg

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Você já participou de uma relação COMENSAL?

Tubarão e Rêmora -relação ecológica (comensalismo)

Apesar do alto grau de organização expressa nas sociedades de insetos, a exemplo das abelhas, cupins e formigas, não podemos comparar com os mesmos mecanismos que regem as sociedades humanas.
Uma colméia de abelhas, chega a reunir mais de cinqüenta mil indivíduos, que não sobreviveriam senão em grupo, enquanto que nas sociedades humanas, os relacionamentos mínimos entre três membros ou entre dois, não conseguem ser gerenciados nos menores obstáculos, a ponto de em muitos casos usarem métodos violentos para extinguir uns aos outros.
Embora tanto em uma sociedade quanto em outra, possamos presenciar sinais parecidos: como a luta e competição; divisão de atividades e funções. Por mais que as lutas físicas por alimento, água, luz, território sejam expressos de forma diferentes. Principalmente as demarcações de territórios, principio de todas as guerras existentes no mundo.
É evidente que as rivalidades entre as espécies não são recentes, é de sempre a agitação, o reboliço, a comichão ocasionada pela vida em favor da vida. Desde o micro dos elementos ao macro, nos deparamos com conflitos em prol da preservação da espécie. Segundo Darwin que vença o mais forte.
Hoje, me proponho a refletir sobre as interações entre os seres de uma determinada comunidade e me basearei nas relações ecológicas. Foi aí, neste ponto de apreensão do raciocínio que a mente vislumbrou uma imagem fantástica: um hipopótamo com a boca escancarada tendo Tchiluandas pousadas em seu interior, realizando faxinas entre seus dentes.
Quantos casos não podem ser apontados nas sociedades humanas?
E aí me lembrei do caso de “fulano” que se dispunha a realizar favores a "sicrano" e não a "beltrano". A síntese de minha analise foi de que entre "fulano" e "sicrano" havia uma afinidade ou conveniência que justificava a atitude deste em relação ao outro.
Seria uma relação harmônica?
No reino animal sem dúvida, mais se transportamos para as relações humanas seria uma troca de interesses. Levando-se em conta o modelo operacional que vigora no mercado onde o capital humano é valorizado pelo peso, cor e principalmente pela embalagem. Muito raramente pelo líquido que contém.
Uma outra forma de relação ecológica é da rêmora (ou peixe-piolho) e o tubarão. Quando o pequeno peixe se agarra nas ventosas do tubarão viabilizando o transporte e possível obtenção de alimentos, a rêmora se beneficia com a associação, enquanto que o tubarão aparentemente não obtém nenhum beneficio, embora não sofra prejuízo. Novamente nos deparamos nas sociedades humanas casos parecidos. É neste “convidar à mesa”, significado do termo comensalismo que se desenrola as teias das relações humanas.

Você já participou de uma relação comensal*?
Quem fazia o papel da rêmora?
Quem fazia o papel do tubarão?
Penso que nas relações ecológicas entre as espécies, estes tipos de associações seriam denominadas harmônicas, por que, diferente dos seres humanos, estes não depõem intenções em suas atividades trabalhistas. Alias não existe nem a idéia do que seja trabalho. Só os seres humanos podem racionalizar as ações das suas atividades físicas e psíquicas.
Os Tchiluandas ao extrairem dos dentes dos hipopótamos as migalhas de alimentos para sua sobrevivência não estão recebendo remuneração por isso, simplesmente exercem a ação que lhes possibilita alimentar-se. O mesmo ocorre com a rêmora. Ela não paga taxa de locomoção ou ticket restaurante. As plantas epífitas, a exemplo das orquídeas, bromélias e samambaias que vivem sobre os troncos de árvores não pagam mensalidades pelo condomínio. É assim em todas as relações ecológicas. Porém quando direcionamos a reflexão para as relações humanas surgem às intenções e sem sombra de dúvida podemos identificar o comensalismo desarmônico, perverso, carregado de intenções e interesses.

Você já participou de uma relação comensal*?
Quem fazia o papel da rêmora?
Quem fazia o papel do tubarão?
Celeste Martinez - Escritora
*Comensalismo - É um tipo de relação ecológica entre duas espécies que vivem juntas. O termo comensal significa algo como "convidado à mesa".

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

MANIFESTO DA ARTE POSER

O Manifesto Poser foi escrito por Horacio Martinez e Gugui Martinez na cidade de Valença Bahia no dia 08 de Agosto de 2008.


MANIFESTO POSER


Baseado nos princípios de liberdade de expressão e completo descomprometimento com regras medíocres que permeiam os recintos decadentes de qualquer escola artística a partir desta data instala-se a ARTE POSER.
Para a ARTE POSER o que vale é a energia psíquica, o potencial artístico que libera o performático.
A ARTE POSER se apropria do instante para revelar-se. A obra esta no ser humano mais do que em qualquer material modelável ou qualquer objeto externo à condição humana.
Ao contrário do termo “Posar” que significa prostrar-se momentaneamente diante de uma câmara ou diante de alguém como modelo, na ARTE POSER, essa atitude é paradoxal por que ao mesmo tempo em que se demonstra como modelo em fase de transformação para a obra de arte, é a obra de arte em fase de transformação para um novo modelo. POSER é por isso a atitude performática de alguém diante de um público. A ARTE POSER se baseia nestas atitudes performáticas, criadas por um ou mais artistas para revelar exacerbadamente a energia psíquica que resulta no potencial artístico que libera o performático. Quem se propõe a isso, não é um modelo passivo, inerte. Não é uma peça modelável, um corpo sonolento, uma massa espojada aleatoriamente. Não é um quadro, uma escultura, um desenho, uma instalação. É um quadro, uma escultura, um desenho, uma instalação em uma ação performática. E por assim se revelar passa a chamar-se ARTISTA POSER todo aquele que se apropriando de uma idéia, de um tema, transforma o reservatório da energia psíquica, em uma ação capaz de provocar um constrangimento coletivo. Entenda-se por constrangimento coletivo a ação de provocar no público o sentimento de repulsão até a causa da polêmica. A ARTE POSER não pode ser separada do artista. O artista é a arte, a obra de arte, o veículo, a matéria prima, o expoente, o exposto, o exótico, o ótico, o obvio. O ARTISTA POSER, encerra uma originalidade quase ingênua embora debochante, uma fragilidade adocicada embora agressivamente agridoce.

1- A arte poser pode ser desenvolvida em qualquer espaço.
2- O artista Poser não se importa com elogios ou criticas. Ele é o centro das atenções. Ele é a própria obra.
3- Cada um pode usar a sua obra de arte interior.
4- Para o artista Poser todas as pessoas são obras de arte mais nem todas sabem utilizar seu potencial Poser.
5- O artista Poser pode ser natural ou artificial, o importante é o impacto de sua atitude.
6- O artista Poser independe de convites para participar de qualquer evento de arte.
7- O artista Poser nunca se irrita ante a ira do semelhante (que ainda não assumiu a arte Poser)
8- O artista Poser nunca paga para expor em nenhuma galeria, salão ou bienais de arte.
9- Na arte poser o que vale é o ser humano.
10- A ARTE POSER está em constante evolução apoiada por depoimentos e atitudes dos que ainda não assumiram a ARTE POSER mais que contribuem sensivelmente para sua manifestação enquanto ARTE. (redigido às 20:00 horas do dia 10 de agosto de 2008)


Valença, 08 de agosto de 2008

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

91° edição ALACAZUM

No dia 10 de agosto de 2008, foi retransmitido a 89° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, cujo tema foi música popular brasileira, a transmissão foi via on line através da Rádio Clube de Valença 650 KHZ AM.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Morro de São Paulo - Bahia - Brasil

O povoado de Morro de São Paulo, Bahia, Brasil é um dos tantos paraisos localizados na ilha de Tinharé, municipio de Cairu, onde você pode desfrutar da beleza até se extasiar. É neste belo lugar que se encontra a mais antiga casa de massas : a Strega Spaghetteria


Strega Spaghetteria

Cercas elétricas

Sabe uma dessas manhãs em que ao acordar, você se depara com algo inusitável em termos de deformação da paisagem?

Não foi o dendezeiro do quintal ao lado que arrancaram depois da nossa ousadia em defende-lo. Não foi também o restante dos manguezais que cercam a nossa casa. Pois é, foi em uma dessas manhãs aterrorizantes ao olhar, que meu ser ficou congestionado de impressões inusitáveis. Não inusitável em termos de euforia que dignifica a alma e sim o choque diante da angustia do cotidiano em que as surpresas são sempre na maioria das vezes malignas.

Abri a porta de casa e olho em frente. A casa do vizinho toda cercada por essa tal de cerca elétrica. Não ficou só nisso, dobro a esquina e outra e mais outra. De repente toda a vizinhança estava fantasiada com este apetrecho recente, criado como forma de afastar o perigo do intruso em sua residência. Mais um recurso dos engendrosos do comércio. E fiquei com aquela sensação de que estava fora do rol dos que se acautelam ante um perigo eminente.

Como ser cauteloso se a vida é um vendaval constante?

Sou artista. Não aquele do seriado norte-americano que nunca morre e que você sabe desde o começo do filme que ele é o “mocinho”. Não, não sou este tipo de artista comercial. Sou dos que carregam pedras, dos que sangram as mãos, dos que machucam os pés, dos que transpiram e gosta das gotículas que caem salgando a boca. Eu aprecio essa vida de ser artista.

Sim, voltemos as cercas elétricas. Naquele instante me senti fora do contexto. E pensei: algo está por vir. Não é possível que toda essa gente de repente se prepare com cercas elétricas por nada. E então me posicionei a pensar qual o perigo eminente.

Uma invasão por seres extra-terrestres?

Uma invasão do exército além do atlântico?

Uma invasão por supostos inimigos de todos os vizinhos do meu bairro?

Por que essas questões devem ser levadas em conta já que no cotidiano já está impresso a violência urbana, a marginalidade, os assaltos, as violações, arrombamentos, a fome, a diferença de classe, as injustiças, o despotismo, a falta de oportunidade e outros tantos efeitos e ações dos que regem o lugar em que vivemos. Isto eu já sei e todos vocês também. Obviamente voltei a refletir que não poderia ser uma invasão extra-terrestre, não creio que estes seres estejam tão atrasados e tão deseducados para invadir o planeta terra. Tão pouco além do atlântico ou entre os nossos vizinhos mais próximos. Agora se todos esses distúrbios da vida social mal gerenciado, nos afetam diariamente e não temos as vantagens ou o direito que prescreve a lei, que é a segurança, não creio que cercas elétricas vão inibir o “inimigo”, que é um ser humano, que não é privilegiado, que não é avantajado por falsos títulos, que não comanda nenhuma instituição, que não desfruta de uma residência no mínimo estruturada com saneamento básico, que não desfruta do lazer, etcetera e etcetera e tal.

Não creio que estas ditas cercas elétricas vão inibir o mal de não ser acometido pelo sobressalto. Sabe por quê? Por que simplesmente estamos vivos. Basta está vivo para ser suceptivel aos sobressaltos. Esta manhã, meus olhos ficaram embotados de cercas elétricas e senti um calafrio percorrendo todo o meu corpo, talvez o choque por tantas cercas elétricas, talvez por pensar que o pânico chegou ao meu bairro e se instalou na casa de todos os meus vizinhos que têm cercas elétricas e que eu acordei tarde e não vi a mensagem escrita nos jornais que dizia que devemos nos preparar para os próximos dias de inverno.


Celeste Martinez- escritora

terça-feira, 5 de agosto de 2008

90° edição do ALACAZUM

No dia 3 de agosto de 2008, foi retransmitido a 88° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, cujo tema foi música gótica, a transmissão foi via on line através da Rádio Clube de Valença 650 KHZ AM. Site: http://www.radioclubedevalenca.com.br/