segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Inside Job (Trabalho interno ) ganhador do Oscar 2011, melhor documentário.


Infelizmente o documentário: 'lixo extraordinário" de Vik Muniz, direção de Lucy Walker, João Jardim e Karen Harley, não conquistou o Oscar 2011, na categoria melhor documentário, a estatueta ficou com " Trabalho interno".

"Trabalho Interno", de Charles Ferguson e Audrey Marrs, retrata os bastidores da crise econômica que explodiu no fim de 2008 nos Estados Unidos.

Para a comunidade de Jardim Gramacho aliás para os catadores de lixo do Jardim Gramacho, bairro do município fluminense participantes do documentário, eles não perderam, pois conseguiram chegar até a disputa final pela estatueta.


"Nos sentimos campeões", falou Glória Cristina dos Santos, irmã do catador de lixo Tião, em entrevista a O Globo. Mesmo com o anúncio do ganhador, no momento em que 2.500 pessoas estavam reunidas no local, a festa continuou. "Perdemos, mas ganhamos. (...) O que importa é que chegaram onde chegaram, já devem se sentir campeões", afirmou a moradora do Jardim Gramacho.

A enquete promovida pelo blog ALACAZUM, questionando quem merecia ganhar o Oscar 2011, na categoria melhor documentário, resultou no seguinte:
60% dos internautas escolheram "Lixo extraordinário"
30% "Exit through the gift shop", do artista plástico Banksy;
e 10% "Restrepo".



domingo, 27 de fevereiro de 2011

Canto Gregoriano

Papa Gregório I, o qual implementou o canto que leva seu nome no ritual cristão

Na 208° edição do programa radiofõnico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 27 de fevereiro de 2011, transmissão pela Rio Una FM 87,9 informamos sobre a origem do canto gregoriano.

O canto gregoriano é um genêro de música vocal monôfonica, monódica (uma só melodia). As características foram herdadas dos salmos judaicos assim como dos modos (ou escalas, mais modernamente ) gregos, que no século VI foram selecionados e adaptados por Gregório Magno para serem utilizados nas celebrações religiosas da Igreja Católica.

Desde seu surgimento que a música cristã foi uma oração cantada, que devia realizar-se não de forma puramente material, mas com devoção ou, como dizia o apóstolo Paulo: "cantando a Deus em vosso coração". O texto era, pois, a razão de ser do Canto Gregoriano. Na verdade, o canto do texto se baseia no princípio - segundo Santo Agostinho - de que "quem canta ora duas vezes".


Kyrie Eleison

Uma "partitura" do canto gregoriano


Na 208° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 27 de fevereiro de 2011, transmissão pela Rio Una FM 87,9 apreciamos a oração cantada: Kyrie Eleison.

Kyrie é o vocativo da palavra grega κύριος (transl. kyrios, "Senhor"), traduzido livremente como "ó, Senhor", enquanto eleison (ελεησον) é o imperativo ariosto do verbo eleéo (ελεεω; "ter piedade", "compadecer-se"). É originário do salmo penitencial 51 (50 na versão LXX), usado como começo de uma antiga oração cristã repetida nas liturgias de denominações católicas, luteranas, ortodoxos e anglicanas.

Κύριε ἐλέησον, Χριστὲ ἐλέησον, Κύριε ἐλέησον.

Kyrie eleison;
Christe eleison;
Kyrie eleison.
"Senhor, tende piedade (de nós);
Cristo, tende piedade (de nós);
Senhor, tende piedade (de nós)".

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Na 207° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER

Na 207° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 20 de fevereiro de 2011, transmissão pela Rio Una FM, 87,9 (programa de estréia nesta emissora) apreciamos os versos de Cruz e Sousa, poeta Simbolista.



AMOR

Nas largas mutações perpétuas do universo
O amor é sempre o vinho enérgico, irritante
Um lago de luar nervoso e palpitante
Um sol dentro de tudo altivamente imenso.

Não há para o amor rídiculos prêambulos,
Nem mesmo as convenções as mais superiores
E vamos pela vida assim como os noctâmbulos
Á fresca exalação salúbrica das flores.


E somos uns completos, célebres artistas
Na obra racional do amor - na heroicidade
Com essa intrepidez dos sábios transformistas

Cumprimos uma lei que a seiva nos dirige
E amamos com vigor e com vitalidade
A cor, os tons, a luz que a natureza exige.

Cruz e Sousa

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Documentário "Lixo Extraordinário" indicado ao Oscar 2011!

Clique aqui para apreciar o Trailer oficial


Coprodução brasileira mostra trabalho do artista plástico Vik Muniz no Rio de Janeiro. Com trilha sonora composta pelo músico estadonidense Moby.

Gravada ao longo de três anos, sua trama acompanha um projeto social do artista plástico brasileiro Vik Muniz com catadores do lixão de Gramacho, em Duque de Caxias (RJ)- considerado o maior da América Latina e cenário de outro documentário premiado "Estamira" (2004), de Marcos Prado.

"Lixo extraordinário" concorre pelo prêmio com os documentários "Exit through the gift shop", do artista plástico Banksy; "GasLand", de Josh Fox; "Trabalho interno", de Charles Ferguson; e "Restrepo", de Tim Hetherington e Sebastian Junger.


Vencedor de prêmios de público nos festivais de Sundance e Berlim em 2010, o filme foi dirigido por João Jardim, Lucy Walker e Karen Harley.


Fonte: G1

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

GRAMÁTICO, DE LAÍS ANDRADE

Crédito da imagem: http://emersonnrocha.blogspot.com/2010_07_01_archive.html

Na 207° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 20 de fevereiro, estréia pela Rio Una FM, 87,9 apresentamos o poema: Gramático da ouvinte-leitora Laís Andrade, que vive na cidade de Valença-Bahia. E que neste dia, aniversariou. Feliz Aniversário Laís Andrade!



Gramático


Espaço letra maiúscula, afastada da margem.

Ao te ver pelas costas largas, dadas a mim, sinto faltar-me os ares.

Ao sentir teu olhar distraído e escandaloso sobre as minhas costas dadas a ti , sinto tremas.

E quanto mais os teus olhos quando fronte aos meus, me conduzem a erros crases e pequenos devaneios.

Não sou capaz de reunir a terça metáfora das tuas virgulas, nem das que me tomam quimera mente a boca.

E a cada virgula que distribuis as outras moças...

Ah! Meu coração arde e sangra em frase-viva, como que perfurado por um travessão e me abre as aspas.

Aspas que se abrem e cicatrizam com tuas linhas e vindas.

Sarando quando chegas e abrindo quando partes.

Mas é a vida ortográfica que coloca-nos dois pontos: a mim tão subordinada e a ti o reger da oração.

Tua entrada predicada a todos os olhares, coloca em mim um ar circunflexo e toda a poesia recomeça e aqui estou eu te escrevendo em hífen e reticências.

E não creio ter chegado com isso a um ponto final.

Quarta-feira, 11 de agosto de 2010.

Retirado do blog:http://www.ooopsfoisemquerer.blogspot.com


domingo, 20 de fevereiro de 2011

SUCESSO, ESTRÉIA DO ALACAZUM NA RIO UNA FM, 87,9!

Celeste Martinez interpretando textos no programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER. Esta fotografia foi de uma edição do ano de 2008.

Neste domingo, dia 20 de fevereiro as 8 horas da manhã, estreiou o ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER através das ondas da Rio Una FM, 87,9. A participação do ouvinte-leitor nesta estréia foi importante pois demonstrou a importância do programa para a comunidade. O ALACAZUM agradece a todos que continuam escutando e os parceiros culturais que continuam apoiando este trabalho de incentivo a prática leitora utilizando a rádio como veículo de inclusão social para uma cidadania responsável. Te espero no próximo domingo, das 8 às 9 da manhã, aqui na Rio Una FM, 87,9.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

DIA 20 DE FEVEREIRO, ESTRÉIA DO ALACAZUM NA RIO UNA FM!




O programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER no próximo dia 20 de fevereiro de 2011 (domingo) com novos ares: RIO UNA FM, 87,9 !


Aguarde, muitas novidades com um som de alta qualidade.
Agende-se!

Dia 20 de fevereiro (domingo).

ALACAZUM PARA VOCÊ!


Na 206° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER

Na 206° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 06 de fevereiro de 2011, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM, cujo tema: Poemas que viraram música, apreciamos na abertura do programa um dos belos sonetos de Luis Vaz de Camões e logo em seguida desfrutamos da canção: Monte Castelo, baseado em soneto do mesmo autor e musicado pelo Legião Urbana.



Quem diz que amor é falso ou enganoso,
ligeiro, ingrato, vão desconhecido,
sem falta lhe terá bem merecido,
que lhe seja cruel ou rigoroso.


Amor é brando, é doce, e é piedoso.
Quem o contrário diz não seja crido
Seja por cego e apaixonado tido,
E aos homens, e inda aos deuses, odioso.

Se males faz amor em mim se vêem,
em mim mostrando todo o seu rigor
ao mundo quis mostrar quanto podia


Mas todas suas iras são de amor
todos os seus males são um bem
Que eu por todo outro bem não trocaria.

Camões

MONTE CASTELO COM LEGIÃO URBANA

Na 206° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 06 de fevereiro de 2011, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM, cujo tema: Poemas que viraram música, apreciamos a música Monte Castelo baseado no soneto de Camões e que foi musicado pelo Legião Urbana.


Monte Castelo



Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.

É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal.
Não sente inveja ou se envaidece.

O amor é o fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.

Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.

É um não querer mais que bem querer.
É solitário andar por entre a gente.
É um não contentar-se de contente.
É cuidar que se ganha em se perder.

É um estar-se preso por vontade.
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a lealdade.
Tão contrario a si é o mesmo amor.

Estou acordado e todos dormem todos dormem todos dormem.
Agora vejo em parte. Mas então veremos face a face.

É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.

Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.



ONTEM, DE OLAVO BILAC

Na 206° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 06 de fevereiro de 2011, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM, cujo tema: Poemas que viraram música, apreciamos o soneto: Ontem de Olavo Bilac, após desfrutamos de outro soneto do autor, musicado pela banda Kid Abelha, na belíssima voz da Paula Toller.


Ontem

Ontem - néscio que fui - maliciosa
disse uma estrela, a rir, na imensa
altura: Amigo, uma de nós, a mais
formosa,
de todas nós a mais formosa e pura,
faz anos amanhã.
Vamos, procura a rima de ouro
mais brilhante, a rosa de cor mais viva
e de maior frescura!
E eu murmurei comigo: mentirosa!
E segui. Pois tão cego fui por elas,
que, emfim, curado pelso seus enganos,
já não creio em nenhuma das estrelas.
E, mal de mim- eis-me, a teus pés,
em pranto...
Olha, se nada fiz para os teus anos,
culpa as tuas irmãs
que enganaram tanto.

Olavo Bilac

BG: OUVIR ESTRELAS COM KID ABELHA

Na 206° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 06 de fevereiro de 2011, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM, cujo tema: Poemas que viraram música, apreciamos como BG: Ouvir estrelas, soneto XIII de Olavo Bilac, extraido do poema "Via Láctea". Título de um conjunto de 35 sonetos de uma antologia do poeta parnasiano, publicado no livro: Poesias no ano de 1888- uma verdadeira obra prima. Inspirado nos versos de Bilac, a vocalista do Kid Abelha, Paula Toller e seu companheiro de grupo, o saxofonista George Israel, colocaram a música no soneto, também conhecido como "Ouvir Estrelas". A música foi gravada pelo conjunto musical Kid Abelha, no albúm intitulado: Autolove, no ano de 1998 portanto 11o anos após o grande momento de inspiração do poeta.


XIII

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."

Olavo Bilac



sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

NOTURNO, CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE


Na 206° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 06 de fevereiro de 2011, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM, cujo tema: Poemas que viraram música, apreciamos o poema: Noturno de Carlos Drummond de Andrade e logo em seguida escutamos: E agora José? poema do mesmo autor que foi musicado pelo cantor brasileiro Paulo Diniz.

Noturno

Abença papai, abença mamãe.
Deus te abençoe. Não vá se esquecer
de arear os dentes e lavar os pés
antes de deitar.
Sim senhora. E não vá dormir
sem rezar ulm padre-nosso, três aves-marias,
uma salve-rainha.
Rezo. Não vá se esquecer
de apagar a luz antes de dormir
Fogo pegou
no quarto de Juquinha de Sá Maria
porque ele dormiu de vela acessa. Apago.
Dorme bem, meu filho. Não fique pensando
bobagens no escuro. O mais é com Deus.
Mas fico.

Abença papai, abença mamãe.
Já te dei abença. Vai dormir. Não tenho
sono bastante para cochilar,
Espera quietinho que o resto vem.
Vou contar estrela. Não. Conto passarinho
que já tive ou tenho ou terei um dia.
Conto, reconto
vistas de cigarros, minha coleção
é fraca. Nomes de países. 27 só.
Aí, essa geografia.
Nomes de meninas. Todas são Lurdes,
Carmos, Rosários, faço confusão.

Abença papai. Vai dormir, já chega.
Estou sem sono. Pois dorme assim mesmo.
Como que posso, se não posso. Então
cale essa boca. Abença mamãe.
Deus te abençoe, obedece seu pai
Hora de dormir não é de caçoada.
Hora de dormir, todo menino dorme.
Mesmo sem sono? Dorme sem pensar.
Mas estou pensando. Penso mulher nua

Penso na morte. Se eu morrer agora?
Sem ver mulher nua, só imaginando?
Morro, vou pro inferno. Talvez não. Meu anjo
me puxa de lá, leva ao purgatório.
A cama rangendo. Abença papai.
Você não sossega? Pera ai que eu te ensino.

Mas eu não fiz nada. Só pedi abença.
Deus te abençoe, diabo, senão senão tu me paga.

Que noite mais comprida desde que nasci.
Viajando parado. O escuro me leva
sem nunca chegar. Sem pedir abença
como vou saber que não vou sozinho?
Que o mundo está vivo? Abença papai.
Abença mamãe. Mas falta coragem
e peço pra dentro. Dentro não responde.


Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

E AGORA JOSÉ?, PAULO DINIZ

Na 206° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 06 de fevereiro de 2011, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM, cujo tema: Poemas que viraram música, apreciamos: E agora José? , poema Carlos Drummond de Andrade, musicado por Paulo Diniz.



E agora, José?

A festa acabou,

a luz apagou,

o povo sumiu,

a noite esfriou,

e agora, José ?

e agora, você ?

você que é sem nome,

que zomba dos outros,

você que faz versos,

que ama protesta,

e agora, José ?

Está sem mulher,

está sem discurso,

está sem carinho,

já não pode beber,

já não pode fumar,

cuspir já não pode,

a noite esfriou,

o dia não veio,

o bonde não veio,

o riso não veio,

não veio a utopia

e tudo acabou

e tudo fugiu

e tudo mofou,

e agora, José ?

E agora, José ?

Sua doce palavra,

seu instante de febre,

sua gula e jejum,

sua biblioteca,

sua lavra de ouro,

seu terno de vidro,

sua incoerência,

seu ódio - e agora ?

Com a chave na mão

quer abrir a porta,

não existe porta;

quer morrer no mar,

mas o mar secou;

quer ir para Minas,

Minas não há mais.

José, e agora ?

Se você gritasse,

se você gemesse,

se você tocasse

a valsa vienense,

se você dormisse,

se você cansasse,

se você morresse…

Mas você não morre,

você é duro, José !

Sozinho no escuro

qual bicho-do-mato,

sem teogonia,

sem parede nua

para se encostar,

sem cavalo preto

que fuja a galope,

você marcha, José !

José, pra onde ?






Dois e Dois: Quatro, de Ferreira Gullar

Na 206° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 06 de fevereiro de 2011, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM, cujo tema: Poemas que viraram música, apreciamos o poema: Dois e dois: Quatro, de Ferreira Gullar, após escutamos Traduzir-se, um outro poema do autor, musicado por Fagner.



Dois e Dois: Quatro

Como dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena
embora o pão seja caro
e a liberdade pequena

Como teus olhos são claros
e a tua pele, morena


como é azul o oceano
e a lagoa, serena


como um tempo de alegria
por trás do terror me acena


e a noite carrega o dia
no seu colo de açucena

-sei que dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena

mesmo que o pão seja caro
e a liberdade, pequena.


Ferreira Gullar

Traduzir-se: Fagner

Na 206° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 06 de fevereiro de 2011, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM, cujo tema: Poemas que viraram música, apreciamos: Traduzir-se, poema de Ferreira Gullar, musicado por Fagner e que nesta edição escutamos na voz de Chico e Fagner.


Traduzir-se



Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.


Uma parte de mim
almiça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte-
será arte?


Ferreira Gullar

domingo, 6 de fevereiro de 2011

A minha dor, Florbela Espanca

Na 206° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 06 de fevereiro de 2011, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM, cujo tema: Poemas que viraram música, apreciamos o poema: A Minha dor de Florbela Espanca e logo em seguinda o poema Fanatismo da mesma autora, que foi musicado por Fagner.


A Minha Dor


A minha dor é um convento ideal
Cheio de claustros, sombras, arcarias,
Aonde a pedra em convulsões sombrias
Tem linhas dum requinte escultural.

Os sinos têm dobres d´agonias
Ao gemer, comovidos, o seu mal...
E todos têm sons de funeral.
Ao bater horas, no correr dos dias...

A minha dor é um convento. Há lírios
Dum roxo macerado de martírios,
Tão belos como nunca os viu alguém!

Nesse triste convento aonde eu morro,
Noites e dias rezo e grito e choro,
E ninguém ouve... ninguém vê... ninguém...


Florbela Espanca






Fagner: Fanatismo


Na 206° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 06 de fevereiro de 2011, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM, cujo tema: Poemas que viram música, apreciamos Fanatismo, poema de Florbela Espanca, musicado por Fagner.
Fanatismo
Minha alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!
"Tudo no mundo é frágil, tudo passa...."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
'Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Principio e fim!..."
Florbela Espanca

ANFIGURI, de VINICIUS DE MORAES


Na 206° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 06 de fevereiro de 2011, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM, cujo tema: Poemas que viram música, apreciamos o poema: Anfiguri de Vinicius de Moraes e logo após desfrutamos um outro poema do autor, na interpretação musical dos Secos e Molhados.

ANFIGURI

Aquilo que eu ouso
Não é o que quero
Eu quero o repouso
Do que não espero.


Não quero o que tenho
Pelo que custou
Não sei de onde venho
Sei para onde vou.

Homem, sou a fera
Poeta, sou um louco
Amante, sou pai.

Vida, quem me dera...
Amor, dura pouco...
Poesia, ai!...


Vinicius de Moraes

SECOS E MOLHADOS: ROSA DE HIROXIMA


Na 206° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 06 de fevereiro de 2011, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM, cujo tema: Os poemas que viram música, apreciamos a música: Rosa de Hiroxima, poema de Vinicius de Moraes, musicado por Gerson Conrad, integrante dos Secos e Molhados. O poema alude aos bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki da Segunda Guerra Mundial.
A rosa de Hiroxima
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
Vinicius de Moraes

sábado, 5 de fevereiro de 2011

SUCESSO, I MOSTRA DE CINEMA DA PIZZARIA OS MARTINEZ!

Murilo Deolino, nosso convidado desta I MOSTRA DE CINEMA, organizada pelo ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER e em parceria com a PIZZARIA OS MARTINEZ.

Contamos com o apoio da Professora Cláudia Tomé, diretora da Escola Estadual Gentil Paraiso Martins
Wesley, coordenador de Informática da UNEB, Campus XV VALENÇA- BAHIA
James- caracterizado de Chaplin
Horácio Martinez, Gugui Martinez e Violeta Martinez




Professora Antonia Assis e Professora Jacira, nossas primeiras convidadas a comparecerem.




Professora Antonia Assis e Celeste Martinez- idealizadora, produtora e apresentadora do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER e organizadora da I MOSTRA DE CINEMA






Violeta Martinez, estudante de Cinema pela UFRB -Universidade Federal do Reconcâvo Baiano, explanando sobre alguns filmes.

James, que nos brindou na personificação de Chaplin


Thayson do Amaral Pereira



Leandro Lacerda e Murilo Deolino - o convidado da I MOSTRA DE CINEMA

Tato Drummond e Jamile