terça-feira, 30 de novembro de 2010

DESAFIO MUSICAL

Na 199° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 28 de novembro de 2010, transmissão pela Rádio CLube de Valença 650 Khz AM oferecemos como desafio musical a música: Toda uma vida, na voz de Ederly Borba, que foi tema da telenovela brasileira: Éramos seis.



Vem a tristeza me entristecer
Mas a lembrança, como a esperança
Me faz viver
Eu sou tão rica com tantos sonhos
Como esta casa me pertencendo
Toda em poente me vê
Me vê passando todos os dias
Mesmo nos dias que vão morrendo
Pois com certeza
Tem sempre um dia em nossa vida
Que vai nascendo...




segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Cordel de Maria de Naira Évine

Na 199° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 28 de novembro de 2010, transmissão pela Rádio CLube de Valença 650 KZH AM apreciamos a poesia da jovem Naira Évine que vive na cidade de Valença Bahia.


Cordel de Maria

Meu nome é Maria

Muié do Joaquim

Mãe de três fir

Vou contar minha história

Leia até o fim


Nasci na roça

chamada "Sono Bom"

Morava cum meus pais

Mais meus ôtio irmão

Meu sonho desde criança

Era ter um som


Quando tinha 5 anos

Já ajudava minha irmã

Trabaiava, Trabaiava

Nem sequer estudava

Para ser uma cidadã


Queria aprender a ler

Queria ter um som

Andava seis quilômetros

Para poder ouvir

E depois ter um sono bom


Meu pai sempre cantava

Antes de eu dormir

Aprendia as cantigas

cantava, cantava

Até minha voz falir


Meu pai se orguiava de mim

Dizia que eu tinha tom

Disse que eu merecia

Ganhar um lindo som


O ano começou

Ganhei o meu som

Escutava, escutava

Queria saber ler

Pois num bastava só o tom


Entrei para a escola

Amava o som do alfabeto

Aprendi a fazer música

Fazia Várias cantigas

A primeira se chamou

"Meu Pai Beto"


Ele chorou quando cantei

Disse que me amava

Meus irmão enciumados

Prometeram que me matava



Com medo, não cantei mais

Meu pai ficou tristinho

Pediu que eu cantasse

Disse que não

Ele ficou doentinho


Com isso fiquei muda

Meu pai triste, chorava

Ficou no leito da morte

Enquanto eu não cantava


Desesperado e adoecido

Fiquei triste demais

O médico pediu ajuda

Disse que sou capaz

Apenas se eu cantasse

Ele não morreria mais


Por amor a papai

Cheguei no ouvido dele

Cantei "Meu pai Beto"

E o sorriso obteve


Logo depois a febre foi simbora

Meu irmão pediu perdão

Mamãe me abraçou

E foi todo mundo comer pão



Fonte: www.naievine.blogspot.com




sábado, 27 de novembro de 2010

Os sentimentalismos virtuais

Na 198° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 21 de novembro de 2010, transmissão pela Rádio CLube de Valença 650 KHZ AM apreciamos no inicio da abertura do programa, a poesia de Samuel Cardim que vive na cidade de Valença, Bahia.

A onda agora é possuir o maior número de seguidores no Twitter, ou mais "amigos" no Orkut, Facebook, msn e tantas outras redes sociais. E é tão interessante a dinâmica desses veículos de comunicação que já não surpreende quando é daí que surgem as novas personalidades do país. Além dessa difusão rápida de informações as redes sociais trouxeram a intensificação das declarações sentimentais. Se fizermos uma pesquisa no orkut logo constataremos que 2 em 3 pessoas já disseram que ama outra. Ah e isso ñão é nada! Além de amar ainda dizem que a existência da outra pessoa é essencial em sua "vidinha". Assim caminhamos ao fundo do poço no que concerne a valorização de sentimentos tão fortes como o amor, o afeto, entre outros.
Um outro parâmetro para análise são os subnicks do MSN nos quais percebemos ainda mais a vulgarização dos sentimentos através de declarações ainda mais acaloradas de afeto entre pessoas. Em um dos subnicks tinha escrito "P.S AMOR ETERNO", e em outro "J.G apesar de ter te conhecido ontem já te adoro". E esse é um estágio inicial que promete ainda "avançar", então imaginemos quais serão os próximos subnicks, algo do tipo: "B.M já comprei a lua pra você", ou " T. L a minha pequeníssima vida só tem sentido com você". Devemos ainda salientar para o uso exagerado de diminutivos que inferioriza o próprio autor das frases. Ah, mas tudo isso é fruto da globalização. E que globalização pervesa como já dizia o geográfo Milton Santos. Tão pervesa que tranformou sentimentos inefáveis em materiais de relacionamento virtual.

Visite o blog: www.samuelcardim.blogspot.com



O HOMEM QUE CALCULAVA DE MALBA TAHAN

Na 198° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 21 de novembro de 2010, transmissão pela Rádio CLube de Valença 650 Khz AM, mais uma vez desfrutamos da leitura do livro: O homem que calculava de Malba Tahan.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O DIREITO DE NASCER (1978)

Na 198° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 21 de novembro de 2010, transmissão pela Rádio CLube de Valença 650 Khz AM comentamos sobre a telenovela brasileira O direito de nascer (1978). O direito de nascer é uma radionovela cubana escrita na década de 40 por Félix Calgnet. Apresentada no Brasil no rádio e na televisão, tendo recebido três versões em formato de telenovela. Esta, em adaptação de Teixeira Filho e Carmem Lídia e dirigida por Antonio Seabra, era a segunda. Produzida pela extinta TV Tupi e exibida de julho de 1978 a maio de 1979, às 19:30h.

DESAFIO MUSICAL: ACALANTO PARA MAMÃE DOLORES

Na 198° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 21 de novembro de 2010, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM oferecemos como desafio musical a música: Acalanto para mamãe Dolores na interpretação de Carlos Augusto Strazzer, tema da personagem Dolores (Cléa Simões) da telenovela brasileira O direito de Nascer.

Trilha Sonora Nacional

  1. Começaria Tudo Outra Vez- Maria Bethânia
  2. O Vagabundo- Altemar Dutra
  3. Sou Mais Um- Moacir Franco
  4. Aqueles Olhos Verdes (Aquellos Ojos Verdes) - Agostinho dos Santos
  5. Ave Ligeira - Guto
  6. A Noite Eterna (Canção Para Dilene) - Neuber
  7. Acalanto Para Dolores - Carlos Augusto Strazzer (tema de Mamãe Dolores)
  8. Dentro de Mim Mora Um Anjo- Fafá de Belém
  9. Santo Domingo - Wildner
  10. Por Dentro Estou Morrendo (Tu Carño Se Me Vai) - César Sampaio
  11. Amor Eterno (O Direito de Nascer)- Lolita Rodrigues
  12. Sorria (Smile) - João José

EQUADOR

Na 198° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 21 de novembro de 2010, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM oferecemos algumas informações a respeito do Equador como pretexto para apresentar o grupo musical: YAWAR HUAYQUI (irmão de sangue) oriundos do Equador, que visitou a cidade de Valença Bahia na segunda semana do mês de novembro numa belíssima apresentação nas principais praças de nossa cidade.

O Equador, oficialmente República do Equador. Em espanhol: República del Ecuador. É um país da América do Sul, limitado a norte pela Colômbia, a leste e sul pelo Peru e a oeste pelo Oceano Pacífico. É um dos dois países da América do Sul que não fazem fronteiras com o Brasil, além do Chile. Além do território continental, o Equador possui também as ilhas Galápagos, a cerca de 960 km do território continental, sendo o mais próximo daquelas ilhas. Seu território de 256 370 Km2 é cortado ao meio pela Linha do Equador. A sua capital é Quito, todavia a maior cidade e a mais importante economicamente é Guayaquil.


ETIMOLOGIA:

O nome Equador vem do substantivo comum equador, do espanhol ecuador, um dos círculos máximos da Terra, que atravessa o país em toda a sua extensão; daí a atribuição do nome ocorrida entre 1830 e 1832 quando o país se separou da Grande Colômbia, em espanhol Gran Colombia. O substantivo comum equador, em latim aequator " verificador,a feridor, é em latim medieval " o que iguala, aquele que nivela" em expressões como (circulus) aequator diei et noctis, ( círculo), igualador do dia e da noite, derivado do latim aequare" igualar" de aequus " igual".


Período pré-colombiano e colonização

Culturas indígenas avançadas floresceram no Equador mesmo antes de a região ser conquistada pelo Império Inca do século XV. Em 1534, chegaram os espanhóis que, derrotando os exércitos incas, iniciaram a colonização europeia. Nas primeiras décadas de dominação espanhola a população indígena foi dizimada pelo contágio de doenças às quais os nativos não eram imunes, tempo em que os nativos também foram forçados ao trabalho para os proprietários de terras espanhóis no sistema de trabalho de encomienda. Em 1563, a cidade de Quito foi elevada à categoria de distrito administrativo da monarquia.

GEOGRAFIA:

O Equador é um dos menores países da América do Sul e, com o Chile, o único que não partilha fronteira com o Brasil. A paisagem é dominada pelos Andes, que atravessam o centro do país no sentido norte-sul, com altitudes que chegam aos 6310 m no Chimborazo (praticamente no centro do país). A leste dos Andes, cerca de um quarto do território está integrado na bacia amazonica e a oeste estende-se uma das mais extensas planícies costeiras da costa sul-americana do Pacífico.

Poder Executivo

Regime: República Presidencialista
Chefe de estado e de governo: Presidente Rafael Correa (desde 15 de janeiro de 2007)

História monetária

O Equador adotou, quando de sua independência o real (designação de moeda adotada em várias nações sul-americanas). No século XX foi criado o sucre, que homenageava o libertador Antonio José de Sucre (1795-1830).

A grande inflação, o descrédito da moeda local decorrente de frequentes desvalorizações e medidas econômicas desencontradas por governos sucessivos, levou a população a adotar informalmente o dólar como forma de assegurar minimamente o poder de compra - e a substituição oficial pela moeda norte-americana finalmente ocorreu após a crise da década de 90, sendo o sucre apenas utilizado como unidade fracionada.


Fonte: Wikipédia




Dica de Cinema: Lucas, um intruso no formigueiro

Na 198° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 21 de novembro de 2010, transmissão pela Rádio CLube de Valença 650 KHZ AM recebemos contribuição da amiga e ouvinte-leitora do ALACAZUM, Miriam Passos a seguinte dica de cinema:


LUCAS, UM INTRUSO NO FORMIGUEIRO

88 minutos, colorido. O tema versa sobre um garoto que sofria agressões de um outro garoto bem mais forte que ele e resolve se vingar destruindo formigueiros existentes em seu jardim. Até que um dia a colônia arquiteta um plano para levar o garoto até o interior do formigueiro para que ele seja punido pelo mal que está fazendo. Criam uma formula mágica que é lançada no ouvido do garoto enquanto dormia e este fica do tamanho das formigas e então é arrastado para o interior do formigueiro onde é levado a presença da rainha cujo veredito não é a morte e sim a convivẽncia dentro da colônia. O garoto começa a viver uma série de aventuras em que põem em prática a camaradagem e companheirismo e paulatinamente percebe o mal que havia feito a todas as formigas. Retorna a sua vida normal desta vez melhorado. Quanto ao garoto que o agredia constantemente desta vez é submetido a força de todos os meninos menores que resolvem se juntar e lhe aplicar uma surra. Demonstrando assim que os pequenos unidos podem reverter ou aprimorar a força que um individualmente não conseguia para empreender alguma coisa.

eu.com.vocẽ de Lucas Santana

Na 198° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 21 de novembro de 2010, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 KHZ AM apreciamos a música: eu.com.você de Lucas Santana, soteropolitano. Começou sua carreira como flautista na escola de música da UFBA- universidade federal da Bahia. Já tocou instrumentos diversos com artistas dos mais variados gêneros. Desde flauta ao sax nas bandas de Gerônimo e Gilberto Gil (com quem gravou um albúm ) e no disco: Afrociberdelia, de Chico Science, até violão e a guitarra no disco: Memória, crônica e declarações de amor, de Marisa Monte. Como compositor Lucas, tem músicas gravadas por Daniele Mercury, Marisa Monte, Fernanda Abreu entre outros.
Parada do Lucas é um disco basicamente autoral em que se destacam as suingadas: Frequente, lycra-limão (incluida na trilha sonora do filme: Deus é brasileiro). No intuito e eu.com.você (cujo clip está na programação da MTV)
Lucas não se mostra preocupado em fazer sucesso imediato. Ele diz: quando você faz uma música misturada que não dá pra tocar em rádios segmentadas, você deve seguir até conseguir seu espaço. Lucas, tem um programa de rádio: Viva Rio AM que vai ao ar todas as sexta-feira das 14 ás 15 horas.
Nesta edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER escutamos: Eu.com.você que contextualizou a poesia do jovem Samuel Cardim, que vive na cidade de Valença Bahia.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

UM CASO DE VIAJANTE DE ROLANDO BOLDRIN

Na 198° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 21 de novembro de 2010, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM, apreciamos a leitura do causo: Um caso de viajante de Rolando Boldrin.

Ninguém conhece e conta mais piadas do que os chamados viajantes. Aqueles representantes de empresas, que saem pelo interior do Brasil, fazendo suas visitas aos clientes e renovando seus pedidos.
Como eles passam por muitos lugares e convivem com muita gente, é bem explicável o carroção de histórias engraçadas que eles passam a contar. Essa gente maravilhosa deixa suas famílias pra trabalhar viajando por este país grande e, pra empurrar a vida, tem que aprender histórias engraçadas para repassá-las pra adiante.
Conheci um viajante japonês que era um verdadeiro artista na arte de contar piadas e fazer imitações. Tem uma história dele que quero contar agora.
Um viajante, seguindo por uma estrada, tenta localizar uma pousada, pois já passava da meia-noite. Sem encontrar uma casa especializada arrisca pedir pouso numa casa de um caipira que já ia pra o quinto sono.
VIAJANTE: (bate na janela da casinha) - Õ de casa? O senhor poderia deixar eu dormir esta noite em sua casa? Eu pago bem. Não consigo nenhuma pensão por esta estrada.
CAIPIRA (de dentro da casa, meio sonolento) - O sinhô por acaso trouxe cobertô?
VIAJANTE: Não, senhor. Não tenho cobertor comigo, não.
CAIPIRA- O sinhô por acaso trouxe lençô?
VIAJANTE: Claro que não, meu amigo. Estou viajando apenas a trabalho.
CAIPIRA: O sinhô trouxe então trabicerô?
VIAJANTE: Meu senhor. Por favor. Eu preciso de uma noite de sono e não trouxe nada disso que o senhor está falando.
CAIPIRA: ( na bucha_ Qué dizê que de drumí, o sinhô só trouxe os óio, né?


Retirado do livro:Proseando causos do Brasil de Rolando Boldrin

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Seu coelho e seu Lobo- conto do Equador

Na 198° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 21 de novembro de 2010, transmissão pela Rádio CLube de Valença 650 Khz AM, ofertamos em homenagem a um grupo musical do Equador que visitou a cidade de Valença- Bahia, um conto deste país, contextualizando com música do mesmo país.

Depois de passar fome durante muito tempo, seu coelho botou a cabeça para fora da toca e olhou nervosamente para todos os lados. Seus olhinhos travessos brilharam ao enxergar muito perto dali uma bela horta de cenouras. Voou para lá e devorou quase toda a plantação.
O dono, ao encontrar a sua horta destruída, ficou desolado e decidiu cercá-la, a fim de protegê-la dos coelhos famintos. Seu Coelho olhou bem a cerca, deu um sorriso maroto e não fez o menor caso dela. Cavou um túnel por baixo e novamente devorou as hortaliças.
O dono da horto ficou louco da vida e fez todo tipo de ameaças contra o coelho. Semeou, então, outra vez e preparou uma armadilha para agarrar aquele safado.
Desta vez seu coelho caiu. O camponês trancou-o numa gaiola e passou a alimentá-lo com as melhores verduras.
Seu coelho se sentia muito feliz e a cada dia engordava mais e mais. Foi então que ficou sabendo que o dono da horta estava se preparando para comê-lo. Começou, então, a estudar uma forma de escapar da gaiola. Uma tarde, ao ver seu lobo rondando por ali à procura do que roubar, fez-lhe a seguinte proposta:
- Seu lobo, o senhor não gostaria de garantir a sua comida? Meu amo só me dá carne para comer e eu não gosto nem um pouco. Foi por isso que ele me trancou aqui.
Seu lobo respondeu:
- Obrigado, seu coelho! Eu vou entrar aí agora mesmo para comer toda essa carne.
Quando o dono da horta chegou para dar de comer ao coelho, encontrou o logo no lugar dele. Indignado, o homem deu-lhe uma sova de pau até não poder mais.
Todo estropiado e faminto, seu lobo saiu correndo pelo bosque, jurando vingar-se daquele coelho safado. Ainda não havia andado muito, quando o encontrou descansando numa moita.
- Te peguei, bandido!- exclamou seu lobo enquanto segurava seu coelho pelas orelhas.
-Não fique zangado, seu lobo. Para recompensá-lo da surra, vou lhe mandar uma ovelha muito gorda que tenho lá no alto do morro. Imagine só que banquete vai ter!
Seu Lobo, tentado pela ideia de comer a ovelha soltou seu coelho.
- Fique aqui esperando! Já já eu lhe mando a ovelha. Mas tome cuidado pra não deixá-la escapar, pois ela está muito gorda. Trate de segurá-la de qualquer jeito.
Seu lobo, por sua vez, escondeu-se no capinzal para esperar por sua presa.
Então seu coelho, muito malandro, pegou uma pedra bem grande, embrulhou-a numa pele de ovelha, amarrou bem e fez com que ela rolasse pelo morro abaixo, na direção em que seu lovo se encontrava.
Todo animado, seu lobo aprontou-se para recebê-la. Mas a falsa ovelha, que vinha rolando desde lá de cima, deu uma trombada com ele e arrastou-o para a planície, deixando-o meio morto.
Seu coelho contemplava a cena lá de cima e rolava de tanto rir, vendo seu lobo novamente logrado.
- Auuuuu, auuuu! Não é que esse em-vergonha conseguiu me enganar outra vez? Assim que encontrar esse safado, juro que acabo com ele! - esbravejava seu lobo.
Um belo dia, os dois voltaram a se encontrar. Seu coelho tocava alegremente um pífaro e seu lobo, com sempre muito curioso, aproximou-se e perguntou:
-Como vai, seu coelho?
-Muito bem, obrigado.
- Que instrumento é esse que tem um som tão bonito? Posso ficar escutando essa lindas músicas?- acrescentou seu lobo, que ainda guardava rancor de seu coelho, devido a tudo o que ele lhe havia feito.
Seu coelho,ciente de que seu lobo não tinha a menor ideia do que fosse um pífaro, respondeu-lhe:
- Veja, seu lobo, é assim que se toca. É assim que eu faço. E posso tocar qualquer coisa. Abra bem a boca e vai conseguir tocar tão bem quanto eu.
Então, quando seu lobo estava com a boca bem escancarada, seu coelho olhou lá para dentro e enfiou o pífaro bem no fundo da goela do coitado. E, com os olhos brilhando pela travessura feita, desatou a correr.
Assim, fosse onde fosse, seu coelho, graças à sua astúcia, sempre conseguia enganar seu lobo , sem se deixar agarrar.


Retirado do livro: Contos populares para crianças da América Latina

Enfim de Samuel Cardim

Na 198° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 21 de novembro de 2010, transmissão pela Rádio CLube de Valença 650 Khz AM, divulgamos a literatura do jovem Samuel Cardim que vive na cidade de Valença Bahia através do seguinte poema:

Mesmo que o que eu tenha feito afete a mim mesmo eu não ligarei para um destino resignado. A partir de hoje aprendi a entender verdadeiramente as pessoas, os desejos, as vontades e passarei também a escolher o que fazer. Não vou mais me submeter a sentimentos que mudem alguns comportamentos meus. Que seja feita a vontade comum. Eu sei que isso é pessimista ou até otimista a depender do ponto de vista, mas é essa a verdadeira confusão em que estou. Às vezes é tão difícil se relacionar com pessoas, é até complicado tentar fazer o bem ou esperar o melhor que chega a ser redundante. Mas não é necessário nos apegarmos. Não é mesmo? Para que se prender a sentimentos superficiais? Para que acreditar em mentiras sinceras ou em verdades não verdadeiras? E droga, que seja paradoxal tudo isso, mas chega num ponto em que tudo que devia ser feito foi feito, todas as forças foram gastas e... e devemos seguir em frente por que o tempo mesmo sendo cruel saberá dizer a verdade.

Site:http:www.samuelcardim.blogspot.com

sábado, 20 de novembro de 2010

Na 197° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER

Na 197° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 14 de novembro de 2010, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 KHZ AM apreciamos a poesia de Paulo Lemiski.

A lua foi ao cinema
passava um filme engraçado
a história de uma estrela
que não tinha namorado.
Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena
dessas que quando apagam
ninguem vai dizer que pena
Era uma estrela sozinha
ninguem olhava para ela
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela
a lua ficou tão triste
com aquela história de amor
que até hoje a lua insiste
_ amanheça por favor.

BAR RUIM É LINDO, BICHO de ANTONIO PRATA

Na 197° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 14 de novembro de 2010, transmissão pela Rádio CLube de Valença 650 Khz AM, apreciamos a crônica: Bar ruim é lindo, bicho de Antonio Prata, retirado do livro: As cem melhores crôncias brasileiras, organização e introdução de Joaquim Ferreira dos Santos.

Eu sou meio intelectual, meio de esquerda, por isso frequento bares meio ruins. Não sei se você, mas nós, meio intelectuais, meio de esquerda, nos julgamos a vanguarda do proletariado, há mais de cento e cinquenta anos. (Deve ter alguma coisa de errado com uma vanguarda de mais de cento e cinquenta anos, mas tudo bem.)
No bar ruim que ando frequentando ultimamente o proletariado atende por Betão- é o garçom, que cumprimento com um tapinha nas costas, acreditando resolver aí quinhentos anos de história.
Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos ficar "amigos" do garçom, com quem falamos sobre futebol enquanto nossos amigos não chegam para falarmos de literatura.
- Ô Betão, traz mais uma pra gente - eu digo, com os cotovelos apoiados na mesa bamba de lata, e me sinto parte dessa coisa linda que é o Brasil.
Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos fazer parte dessa coisa linda que é o Brasil, por isso vamos a bares ruins, que têm mais a cara do Brasil que os bares bons,, onde se serve petit gâteau e não tem frango à passarinho ou carne-de-sol com macaxeira, que são os pratos tradicionais de nossa cozinha. Se bem que nós, meio intelectuais, meio de esquerda, quando convidamos uma moça para sair pela primeira vez, atacamos mais de petit gâteau do que de frango à passarinho, porque a gente gosta do Brasil e tal, mas na hora do vamos ver uma europazinha bem que ajuda.
Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, gostamos do Brasil, mas muito bem diagramado. Não é qualquer Brasil. Assim como não é qualquer bar ruim. Tem que ser um bar ruim autêntico, um boteco, com mesa de lata, copo americano e, se tiver porção de carne-de-sol, uma lágrima imediatamente desponta em nossos olhos, meio de canto, meio escondida. Quando um de nós, meio intelectuais, meio de esquerda, descobre um novo bar ruim que nenhum outro meio intelectuais, meio de esquerda frequenta, não nos contemos: ligamos para turma inteira de meio intelectuais, meio de esquerda e decretamos que aquele lá é o nosso novo bar ruim.
O problema é que aos poucos o bar ruim vai se tornando cult, vai sendo frequentado por vários meio intelectuais, meio de esquerda e universitárias mais ou menos gostosas. Até que uma hora sai na Vejinha como ponto frequentado por artistas, cineastas e universitários e, um belo dia, a gente chega no bar ruim e tá cheio de gente que não é nem meio intelectual nem meio de esquerda e foi lá para ver se tem mesmo artistas, cineastas e, principalmente, universitárias mais ou menos gostosas. Aí a gente diz: eu gostava disso aqui antes, quando só vinha a minha turma de meio intelectuais, meio de esquerda, as universitárias mais ou menos gostosas e uns velhos bêbados que jogavam dominó. Porque nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos dizer que frequentávamos o bar antes de ele ficar famoso, íamos a tal praia antes de ela encher de gente, ouvíamos a banda antes, uns pobres que sabem subir em coqueiro e usam sandália de couro, isso a gente acha lindo, mas a gente detesta os pobres que chegam depois, de Chevette e chinelo Rider. Esse pobre não, a gente gosto do pobre autêntico, do Brasil autêntico. E a gente abomina a Vejinha, abomina mesmo, acima de tudo.
Os donos dos bares ruins que a gente frequenta se dividem em dois tipos: os que entendem a gente e os que não entendem. Os que entendem percebem qual é a nossa, mantêm o bar autenticamente ruim, chamam uns primos do cunhado para tocar samba de roda toda sexta-feira, introduzem bolinhos de bacalhau no cardápio e aumentam cinquenta por cento o preço de tudo. (Eles sacam que nós, meio intelectuais, meio de esquerda, somo meio bem de vida e nos dispomos a pagar caro por aquilo que tem cara de barato) Os donos que não entendem qual é a nossa, diante da invasão, trocam as mesas de lata por umas de fórmica imitando mármore, azulejam a parede e põem um som estéreo tocando reaggae. Aí eles se dão mal, porque a gente odeia isso, a gente gosta, como já disse algumas vezes, é daquela coisa autêntica, tão Brasil, tão raíz.
Não pense que é fácil ser meio intelectual, meio de esquerda em nosso país. A cada dia está mais difícil encontrar bares ruins do jeito que a gente gosta, os pobre estão todos de chinelo Rider e a Vejinha sempre alerta, pronta para encher nossos bares ruins de gente jovem e bonita e a difundir o petit gâteau pelos quatro cantos do globo. Para desespero dos meio intelectuais, meio de esquerda que, como eu, por questões ideológicas, preferem frango á passarinho e carne-de-sol com macaxeira (que é a mesma coisa que mandioca, mas é como se diz lá no Nordeste é muito mais autếntico que o Sudeste e preferimos esse termo, macaxeira, que é bem mais assim Câmara Cascudo, saca?)
- Ô Betão, vê uma cachaça aqui pra mim. De Salinas quais que tem?

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

NICOLAS BEHR


Na 197° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 14 de novembro de 2010, transmissão pela Rádio Clube deValença 650 KHZ AM apreciamos a poesia de Nicolas Behr.
Nicolas Behr nasceu em Cuiabá em 1958. Em 1977 lançou seu primeiro livro: Iogurte com farinha, em mimeógrafo (8 mil cópias vendidas de mão em mão). Ajudou a fundar o MOVE - Movimento Ecológico de Brasília- Vive em Brasilia onde e sócio-proprietário da Pau-Brasilia- viveiro Eco-loja.
Mais informações: www.nicolasbehr.com.br


NICOLAS BEHR- GERAÇÃO MIMEOGRAFO

Na 197° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 14 de novembro de 2010, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 KHZ AM apreciamos a poesia de Nicolas Behr.


prefiro a poesia que faz entrega

de pizza em domicílio

prefiro a poesia que pega fila em

banco e reclama da vida fudida

prefiro a poesia que a gente

entende ser fazer força

prefiro a poesia não-poesia

prefiro a poesia viva, ferida,

do deixa sangrar, que manda

à merda os literatos de versos

insossos, inodoros, insípidos,

incolores, inócuos

e inconseqüentes

sou mais eu e minha kombi





EDIFÍCIO JOELMA - TRAGÉDIA DE FEVEREIRO DE 1974

Na 197° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 14 de novembro de 2010, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 KHZ AM informamos sobre o incêndio do edifício Joelma ocorrido em fevereiro de 1974.

O edifício Joelma, atualmente denominado edifício Praça da Bandeira, é um prédio situado na cidade de São Paulo. Foi inaugurado e.

Com vinte e cinco andares, sendo dez de garagem, localiza-se no número 225 da Avenida nove de julho, com outras duas fachadas para a Praça da Bandeira (lateral) e para a rua Santo Antônio (fundos).

Tornou-se conhecido nacional e internacionalmente quando, em fevereiro de 1974, um incêndio provocou a morte de 188 pessoas.

O incêndio foi provocado por um curto-circuito em um aparelho de ar condicionado no 12° andar deu início a um incêndio que rapidamente se espalhou pelos demais pavimentos.


Fonte: Wikipédia

terça-feira, 16 de novembro de 2010

DESAFIO MUSICAL


Na 197° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 14 de novembro de 2010, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 KHZ AM oferecemos como desafio musical o tema: ROCK AND ROLL LULLABY de B. J. Thomas, que foi tema da novela Selva de Pedra da Rede Globo de televisão. Através deste pretexto, recordamos alguns fatos que marcaram o ano de 1972 no Brasil e no Mundo.

APESAR DE VOCÊ DE CHICO BUARQUE





Na 197° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 14 de novembro de 2010, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 KHZ AM apreciamos a música: Apesar de você de Chico Buarque e analisamos a crítica feita ao governo do Emilio G. Medici, na epoca, (1972) presidente da Répública.

Francisco Buarque de Hollanda nasceu no Rio de Janeiro em 19/06/1944, mas viveu sua infância, adolescência e juventude em São Paulo; teve ótima educação cultural de sua família, pois seu pai, o historiador Sérgio Buarque de Hollanda recebia inúmeros intelectuais em sua casa onde Chico pode conviver com tais pessoas; Chico também estudou no Colégio Santa Cruz de São Paulo, com forte influência para estudos sociais, assim como cursou a FAU Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, na época forte reduto de estudios voltados para os problemas sociais do Brasil.Na década de 70 as músicas de Chico passaram a ter cunho mais fortemente social, como "Apesar de você", "Cálice", "Bolsa de amores", "Tanto mar" todas censuradas pelo governo militar da época."Apesar de você" foi lançada em compacto chegando a vender 100 mil cópias, mas teve seus discos restantes apreendidos pela censura: era uma clara alusão ao governo militar que "apesar dele" o país continuaria a seguir seu destino; em 1973, no evento Phono 73 reunindo todo o elenco da gravadora Phonogram no Palácio das Convenções do Anhembi (SP), Chico ao apresentar com Gilberto Gil sua música "Cálice" teve o microfone desligado, o que causou grande tumulto.Chico compôs mais de duzentas músicas, só e com diversos parceiros sendo considerado um dos mais eruditos, profícuos e importantes compositores da MPB.Participou de inúmeros espetáculos teatrais, filmes e mais recentemente dedica-se à literatura tendo escrito várias obras de sucesso.



Apesar de Você
Samba (1972)
Autor - Chico Buarque de Hollanda
Amanhã vai ser outro dia
Amanhã vai ser outro dia
Amanhã vai ser outro dia
Hoje você é quem manda,
Falou, tá falado,
Não tem discussão,
A minha gente hoje anda,
Falando de lado,
E olhando pro chão, viu,
Você que inventou esse estado
Inventou de inventar,
Toda a escuridão,
Você que inventou o pecado,
Esqueceu-se de inventar,
O perdão.
Apesar de você,
Amanhã há de ser,
Outro dia,
Eu pergunto a você,
Onde vai se esconder,
Da enorme euforia,
Como vai proibir,
Quando o galo insistir
Em cantar,
Água nova brotando,
E a gente se amando,
Sem parar.
Quando chegar o momento,
Esse meu sofrimento,
Vou cobrar com juros, juro,
Todo esse amor reprimido,
Esse grito contido,
Este samba no escuro,
Você que inventou a tristeza,
Ora, tenha fineza,
De desinventar,
Você vai pagar e é dobrado,
Cada lágrima rolada,
Nesse meu penar.
Apesar de você,
Amanhã há de ser
Outro dia,
Inda pago pra ver,
O jardim florescer,
Qual você não queria,
Você vai se amargar,
Vendo o dia raiar,
Sem lhe pedir licença,
E eu vou morrer de rir,
Que esse dia há de vir,
Antes do que você pensa.


Fonte:paixãoeromance.com

domingo, 14 de novembro de 2010

Chico Buarque é o grande vencedor do Prêmio Jabuti

O mais importante prêmio literário do País, o Jabuti, organizado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), foi para “Leite Derramado”, de Chico Buarque. A obra também recebeu o troféu de Júri Popular, além de ter sido escolhida como segunda colocada na categoria Romance. É a primeira vez que o mesmo escritor vence três vezes na categoria Melhor Livro do Ano Ficção. Chico Buarque já havia recebido o prêmio máximo em 1992, com “Estorvo”, e depois em 2004, com “Budapeste”.

Apesar de o romance de Chico Buarque ter ficado em segundo lugar na sua categoria, foi o grande escolhido do júri formado por editores e do júri popular – uma novidade na edição deste ano, com mais de 5 mil votos efetuados pela internet.

Foram escolhidos como livros do ano também: “O tempo e o cão”, de Maria Rita Kehl (júri oficial) e “Linguagens formais: teoria, modelagem e implementação”, de Marcus Vinícius Medena Ramos, João José Neto e Ítalo Santiago Vega (júri popular), ambos na categoria não-ficção.


Fonte:http://www.cultura.gov.br/site/2010/11/05/chico-buarque-e-o-grande-vencedor-do-premio-jabuti/

sábado, 13 de novembro de 2010

Na 196° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER

Na 196° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 07 de novembro de 2010, transmissão pela Rádio CLube de Valença 650 KHZ AM apreciamos o poema de Fernando Pessoa.


À Memória do Presidente-Rei Sidónio Pais


LONGE DA FAMA e das espadas,
Alheio às turbas ele dorme.
Em torno há claustros ou arcadas?
Só a noite enorme.

Porque para ele, já virado
Para o lado onde está só Deus,
São mais que Sombra e que Passado
A terra e os céus.

Ali o gesto, a astúcia, a lida,
São já para ele, sem as ver,
Vácuo de ação, sombra perdida,
Sopro sem ser.

Só com sua alma e com a treva,
A alma gentil que nos amou
Inda esse amor e ardor conserva?
Tudo acabou?
No mistério onde a Morte some
Aquilo a que a alma chama a vida,
Que resta dele a nós - só o nome
E a fé perdida?

Se Deus o havia de levar,
Para que foi que no-lo trouxe -
Cavaleiro leal, do olhar
Altivo e doce?

Soldado-rei que oculta sorte
Como em braços da Pátria ergueu,
E passou como o vento norte
Sob o ermo céu.

Mas a alma acesa não aceita
Essa morte absoluta, o nada
De quem foi Pátria, e fé eleita,
E ungida espada.

Se o amor crê que a Morte mente
Quando a quem quer leva de novo
Quão mais crê o Rei ainda existente
O amor de um povo!
Quem ele foi sabe-o a Sorte,
Sabe-o o Mistério e a sua lei.
A Vida fê-lo herói, e a Morte
O sagrou Rei!

Não é com fé que nós não cremos
Que ele não morra inteiramente.
Ah, sobrevive! Inda o teremos
Em nossa frente.

No oculto para o nosso olhar,
No visível à nossa alma,
Inda sorri com o antigo ar
De foça calma.

Ainda de longe nos anima,
Inda na alma nos conduz -
Gládio de fé erguido acima
Da nossa cruz!

Nada sabemos do que oculta
O véu igual de noite e dia.
Mesmo ante a Morte a Fé exulta:
Chora e confia.
Apraz ao que em nós quer que seja
Qual Deus quis nosso querer tosco,
Crer que ele vela, benfazeja
Sombra conosco.

Não sai da nossa alma a fé
De que, alhures que o mundo e o fado,
Ele inda pensa em nós e é
O bem-amado.

Tenhamos fé, porque ele foi.
Deus não quer mal a quem o deu.
Não passa como o vento o herói
Sob o ermo céu.

E amanhã, quando queira a Sorte,
Quando findar a expiação,
Ressurecto da falsa morte,
Ele já não.

Mas a ânsia nossa que encarnara,
A alma de nós de que foi braço,
Tornará, nova forma clara,
Ao tempo e ao espaço.
Tornará feito qualquer outro,
Qualquer cousa de nós com ele;
Porque o nome do herói morto
Inda compele;

Inda comanda, e a armada ida
Para os campos da Redenção,
Às vezes leva à frente, erguida
'Spada, a Ilusão.

E um raio só do ardente amor,
Que emana só do nome seu,
Dê sangue a um braço vingador,
Se esmoreceu.

Com mais armas que com Verdade
Combate a alma por quem ama.
É lenha só a Realidade:
A fé é a chama.

Mas ai, que a fé já não tem forma
Na matéria e na cor da Vida,
E, pensada, em dor se transforma
E a fé perdida!
P'ra que deu Deus a confiança
A quem não ia dar o bem?
Morgado da nossa esperança,
A Morte o tem!

Mas basta o nome e basta a glória
Para ele estar conosco, e ser
Carnal presença de memória
A amanhecer;

'Spectro real feito de nós,
da nossa saudade e ânsia,
Que fala com oculta voz
Na alma, a distância;

E a nossa própria dor se torna
Uma vaga ânsia, 'sperar vago,
Como a erma brisa que transtorna
Um ermo lago.

Não mente a alma ao coração.
Se Deus o deu, Deus nos amou.
Porque ele pôde ser, Deus não
Nos desprezou.
Rei-nato, a sua realeza,
Por não podê-la herdar dos seus
Avós, com mística inteireza
A herdou de Deus;

E, por direta consonância
Com a divina intervenção,
Uma hora ergueu-nos alta a ânsia
De salvação.

Toldou-o a Sorte que o trouxera
Outra vez com noturno véu.
Deus pr'a que no-lo deu, se era
P'ra o tornar seu?

Ah, tenhamos mais fé que a esp'rança!
Mais vivo que nós somos, fita
Do Abismo onde não há mudança
A terra aflita.

E se assim é; se, desde o Assombro
Aonde a Morte as vidas leva,
Vê esta pátria, escombro a escombro,
Cair na treva;
Se algum poder do que tivera
Sua alma, que não vemos, tem,
De longe ou perto - por que espera?
Por que não vem?

Em nova forma ou novo alento,
Que alheio pulso ou alma tome,
Regresse como um pensamento,
Alma de um nome!

Regresse sem que a gente o veja,
Regresse só que a gente o sinta -
Impulso, luz, visão que reja
E a alma pressinta!

E qualquer gládio adormecido,
Servo do oculto impulso, acorde,
E um novo herói se sinta erguido
Porque o recorde!

Governa o servo e o jogral.
O que íamos a ser morreu.
Não teve aurora matinal
'Strela do céu.
Vivemos só de recordar.
Na nossa alma entristecida
Há um som de reza a invocar
A morta vida;

E um místico vislumbre chama
O que, no plaino trespassado,
Vive ainda em nós, longínqua chama -
O DESEJADO.

Sim, só há a esp'rança, como aquela
- E quem sabe se a mesma? - quando
Se foi de Aviz a última estrela
No campo infando.

Novo Alcacer-Kibir na noite!
Novo castigo e mal do Fado!
Por que pecado novo o açoite
Assim é dado?

Só resta a fé, que a sua memória
Nos nossos corações gravou,
Que Deus não dá paga ilusória
A quem amou.
Flor alta do paul da grei,
Antemanhã da Redenção,
Nele uma hora encarnou o el-rei
Dom Sebastião.

O sopro de ânsia que nos leva
A querer ser o que já fomos,
E em nós vem como em uma treva,
Em vãos assomos,

Bater à porta ao nosso gesto,
Fazer apelo ao nosso braço,
Lembrar ao sangue nosso o doesto
E o vil cansaço,

Nele um momento clareou,
A noite antiga se seguiu,
Mas que segredo é que ficou
No escuro frio?

Que memória, que luz passada
Projeta, sombra, no futuro,
Dá na alma? Que longínqua espada
Brilha no escuro?
Que nova luz virá raiar
Da noite em que jazemos vis?
Ó sombra amada, vem tornar
A ânsia feliz.

Quem quer que sejas, lá no abismo
Onde a morte vida conduz,
Sê para nós um misticismo
A vaga luz

Com que a noite erma inda vazia
No frio alvor da antemanhã
Sente, da esp'rança que há no dia,
Que não é vã.

E amanhã, quando houver Hora,
Sendo Deus pago, Deus dirá
Nova palavra redentora
Ao mal que há,

E um novo verbo ocidental
Encarnado em heroísmo e glória,
Traga por seu broquel real
Tua memória!
Precursor do que não sabemos,
Passado de um futuro abrir
No assombro de portais extremos
Por descobrir,

Sê estrada, gládio, fé, fanal,
Pendão de glória em glória erguido!
Tornas possível Portugal
Por teres sido!

Não era extinta a antiga chama
Se tu e o amor puderam ser.
Entre clarins te a glória aclama,
Morto a vencer!

E, porque foste, confiando
Em QUEM SERÁ porque tu foste,
Ergamos a alma, e com o infando
Sorrindo arroste,

Até que Deus o laço solte
Que prende à terra a asa que somos,
E a curva novamente volte
Ao que já fomos,
E no ar de bruma que estremece
(Clarim longínquo matinal!)
O DESEJADO enfim regresse
A Portugal!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A VIDA DE UMA CACHORINHA DE JÉSSICA - 4° SÉRIE-

Na edição de número 195 do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER realizamos a leitura do texto: A vida de uma cachorinha da aluna da escola pública municipal Eraldo Tinoco, localizado no bairro da Bolívia.



ERA UMA VEZ UMA CACHORINHA ABANDONADA QUE VIVIA SOZINHA E BEM DOENTE, ELA ERA LEPRENTA E COM MUITAS FERIDAS. UM DIA EU IA PASSANDO PELO LIXO E QUANDO A VI ME DEU UMA PENA E PEGUEI ELA PRA CRIAR. MINHA MÃE DISSE QUE ELA IA MORRER E EU LEVAVA ELA NO VETERINÁRIO TODA SEMANA. ELA ESTAVA FICANDO BOA, COMEÇOU APARECER OS PELOS QUE TINHA CAÍDO. ELA FICOU PELUDA E BOA DAS FERIDAS. FICOU BONITA! EU LHE DEI O NOME DE VENCEDORA.
UM DIA DE DOMINGO UMA MULHER CHEGOU NA MINHA CASA DIZENDO QUE ERA DONA DA CACHORINHA. EU DISSE QUE NÃO IA DAR, MAS ELA QUERIA A CACHORINHA. FINALMENTE, ELA LEVOU E EU FIQUEI TRISTE. PASSADO MESES, A MULHER VEIO COM A CACHORINHA PRA ME DAR, MAS A CACHORINHA ESTAVA COM A MESMA DOENÇA.
ELA DISSE: "A CACHORINHA É SUA". EU A QUIS DE NOVO. TRATEI DELA E ELA E EU VIVEMOS JUNTAS PARA SEMPRE.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Meu destino de Cora Coralina



Na 196° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 07 de novembro de 2010, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 KHZ AM, apreciamos o poema: Meu destino de Cora Coralina.


Nas palmas de tuas mãos
leio as linhas da minha vida.
Linhas cruzadas, sinuosas,
interferindo no teu destino.
Não te procurei, não me procurastes
– íamos sozinhos por estradas diferentes.
Indiferentes, cruzamos
Passavas com o fardo da vida...
Corri ao teu encontro.
Sorri.
Falamos.
Esse dia foi marcado com a pedra brancada cabeça de um peixe.
E, desde então, caminhamosjuntos pela vida...

O fio da meada de Betty Vidigal


Na 196°edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 07 de novembro de 2010, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 KHZ AM apreciamos o poema: O fio da meada de Betty Vidigal.

O FIO DA MEADA

Retomo o fio da meada
no ponto em que se partiu.
Foram doidices de fada,
pedras no fundo de um rio.
Retomo este pensamento
no ponto em que o abandonei.
Pedras no fundo do rio?
Foram loucuras do rei.
Reato o nó dos cabelos
no ponto em que se desata.
Eram pedras ou rubis?
Tonteiras de magnata.
Rubis, pérolas, safiras...
- e eram meros grãos de areia!
Quem se enganou a tal ponto?
Exageros de sereia.
Uns seixos tão pequeninos
nem riscam esta água inquieta.
Quem se empenha em recolhê-los?
Desatinos de poeta.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Congresso Nacional aprova diretrizes para política cultural

O Plano Nacional de Cultura (PNC) foi aprovado, por unanimidade, nesta terça-feira (9), na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal e segue agora para sanção presidencial. Depois de sua assinatura, o Ministério da Cultura terá 180 dias para definir metas a atingir na implementação do plano.

Demandado pela sociedade por meio da I e II Conferência Nacional de Cultura e em esforço conjunto entre o Ministério da Cultura e o Congresso Nacional, o PNC representa um avanço para a Cultura do país ao definir as diretrizes da política cultural pelos próximos 10 anos.

“A aprovação do Plano Nacional de Cultura é uma vitória muito grande, primeiro, porque institucionaliza os avanços obtidos nos últimos anos pelo governo federal na área da cultura e, depois, porque garante a continuidade das políticas culturais no Brasil”, comemorou o ministro da Cultura, Juca Ferreira.

A relatora do projeto, senadora Marisa Serrano, afirmou ser necessário ao Legislativo dar continuidade aos projetos em prol da cultura brasileira para que as diretrizes estabelecidas no Plano Nacional sejam eficazes ao marco regulatório do setor: “O PNC servirá como ponto de partida para um conjunto de políticas culturais a serem construídas”.

O que é o Plano Nacional de Cultura?

O Plano Nacional de Cultura (PNC) é o primeiro planejamento de longo prazo do Estado para a área cultural na história do país. Sua elaboração como projeto de lei é obrigatória por determinação da Constituição desde que o Congresso Nacional aprovou a Emenda Constitucional nº 48, em 2005.

As prioridades e os conceitos trazidos por ele constituem um referencial de compartilhamento de recursos coletivos que norteará as políticas públicas da área num horizonte de dez anos, inclusive com metas.

Seu texto foi aperfeiçoado pela realização de 27 seminários, em cada unidade da federação, resultantes de um acordo entre MinC e Comissão de Educação e Cultura da Câmara.

Os 13 princípios do PNC

- Liberdade de expressão, criação e fruição

- Diversidade cultural

- Respeito aos direitos humanos

- Direito de todos à arte e à cultura

- Direito à informação, à comunicação e à crítica cultural

- Direito à memória e às tradições

- Responsabilidade socioambiental

- Valorização da cultura como vetor do desenvolvimento sustentável

- Democratização das instâncias de formulação das políticas culturais

- Responsabilidade dos agentes públicos pela implementação das políticas culturais

- Colaboração entre agentes públicos e privados para o desenvolvimento da economia da cultura

- Participação e controle social na formulação e acompanhamento das políticas culturais

Pelo projeto, o governo federal terá 180 dias para definir metas para atingir esses objetivos, que serão medidas pelo Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais (SNIIC), já em implantação no Ministério da Cultura.

Os estados e municípios que quiserem aderir às diretrizes e metas do Plano Nacional de Cultura terão de elaboração seu respectivo plano decenal em até 180 dias. Para isso, contarão com assistência do MinC. O conteúdo será desdobrado, ainda, em planos setoriais.

Fonte:http://blogs.cultura.gov.br/livroeleitura/

LÁ NO MAR DE LYGIA BOJUNGA

Na 196° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 07 de novembro de 2010, transmissão pela Rádio CLube de Valença 650 KHZ AM apreciamos o texto: Lá no mar de Lygia Bojunga.

Foi o pescador mesmo que fez o barco que ele usava todo dia pra pescar; quando ele era garoto, tinha aprendido com o pai a fazer barco.
E o pai tinha aprendido com o avô.
E o avô tinha aprendido com o bisavô.
Mas o pescador não tinha filho pra ensinar como é que se fazia barco nem como é que se pegava peixe. Ele não tinha casado, não tinha se acertado com ninguém: se ele gostava de uma moça, a moça não gostava dele. E vice-versa. E com amigo, a mesma coisa. Então, assim, nesse nunca-se-acertando, o pescador se habituou a viver sozinho. Sozinho, não: ele e o barco; ele e o barco; ele e o barco lá no mar.
Eles engrenavam tão bem! o pescador e o barco. Um sabendo o jeito do outro. Os dois sentindo juntos a hora certa de esperar o peixe, de arrastar a rede.
E lá no mar alto, atravessando a noite, eles conversavam até não poder mais. Quer dizer, o pescador pensava em voz alta e o barco escutava: era assim o papo dos dois.
E o barco então ouviu muita história.
História de pescaria.
História de amor (desacerto com moça, essas coisas)
História de saudade. Saudade que o pescador sentia do pai e do avô ( os dois tinham morrido no mar); saudade do tempo que ele era criança e ficava sentado na praia consertando rede e escutando os casos que o pai e o avô iam contando e que agora ele contava pro barco.
O barco escutava. E tanto escutou e tanto ano passou, que ele foi tendo a impressão de que era com ele que tudo tinha acontecido; que era ele que contava aquilo tudo pro pescador. O pescador, a mesma coisa: se habituou a achar que o barco e ele eram um só.
Uma noite um temporal horrível pegou os dois no mar alto.
Quantas vezes eles já tinham aguentado temporal no mar. Mas nunca tinham sentido uma ventania assim tão forte; nunca tinham visto tanto raio estalando.
Deu medo.
E o mar também: o mar se apavorou: foi ficando todo arrepiado, todo encrespado.
Quando o temporal viu o medo que ele estava espalhando, se achou tão forte! quis dar ainda mais medo: fez o céu parecer pegando fogo de tanto estalo e clarão.
O mar nem quis mais ver; desatou a levantar onda. Uma atrás da outra. Uma mais alta que a outra. Pra ver se uma delas tapava o céu.
O barco subia na onda; o pescador pedia coragem; a onda largava eles de qualquer jeito; o barco tentava aguentar; e já o mar levantava outra onda; e o barco subia de novo; e o pescador pedindo coragem, coragem! E o barco tentando aguentar.
Os dois já estavam exaustos.
Em vez de se acalmar. o temporal piorava.
O pescador não tinha mais controle do leme.
E perdeu o controle dos nervos também: sentiu a sombra de um homem chegando; se virou; sentiu outro homem vindo. Iam tomar o barco dele?
- Eu não entrego! - ele gritou-, esse barco é meu. - E se agarrou alucinado no leme.
O barco ouviu o grito do companheiro; ficou atarantado: quem é que tinha chegado?


FRAGMENTO DO CONTO: LÁ NO MAR DE LYGIA BOJUNGA. Retirado do livro: TCHAU

terça-feira, 9 de novembro de 2010

LA GATA CONVERTIDA EN MUJER- FÁBULA DE ESOPO

Na 196° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 07 de novembro de 2010, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 KHZ AM apreciamos a fábula: A gata transformada em mulher de Esopo, tradução do espanhol para o português por Celeste Martinez.



Cierta vez, una gata muy bella se había enamorado de un joven y le pedió a Afrodita que la convirtiese en mujer. La diosa accedió y la gata fue transfigurada en uma hermosa docella. El macebo desposó a esta bella mujer, y para asegurarse la diosa de que sus antiguos hábitos, tal como era previsible, no deberían conservarse al haber mudado de forma, le envió un ratón al banquete de esponsales. Tan pronto como la bella mujer lo descubrió, saltó sobre él con todo el ímpetu de un cazador. La diosa, indignada, regresó a la mujer transformada a su forma primitiva.



Aunque se mude de estado y apariencia, los viejos hábitos se conservan.

A GATA TRANSFORMADA EM MULHER- FÁBULA DE ESOPO

Certa vez uma gata muito bela se apaixonou por um jovem e pediu a Afrodite que a transformasse em mulher. A deusa concedeu e a gata foi convertida em uma belíssima mulher. O rapaz desposou esta linda jovem e a deusa para assegurar-se de seus antigos hábitos, tal como era previsível não deveria conservar-se ao ter mudado de forma, enviou um rato ao banquete dos récem-casados. Tão logo a bela mulher o descobriu, saltou sobre o rato com todo o ímpeto de um caçador. A deusa, indignada, devolveu a mulher transformada a sua forma antiga.



Embora se mude de estado e aparência, os velhos hábitos se conservam.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O HOMEM QUE CALCULAVA DE MALBA TAHAN

Na 196° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 7 de novembro de 2010, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 KHZ AM apreciamos o capítulo XXX do livro: O homem que calculava de Malba Tahan.

Em nome de Allah, Clemente e Misericordioso!
O leão, o tigre e o chacal abandonaram, certa vez, a furna sombria em que viviam e saíram, em peregrinação amistosa, a jornadear pelo mundo, á procura de alguma região rica em rebanhos de tenras ovelhinhas.
Em meio de grande floresta o temível leão, que chefiava, naturalmente, o grupo, sentou-se, fatigado, sobre as patas traseiras, e erguendo a cabeça enorme soltou um rugido tão forte que fez tremer as árvores mais próximas.
O tigre e o chacal entreolharam-se assustados. Aquele rugido ameaçador com que o perigoso monarca, de juba escura e garras invencíveis, perturbava o silêncio da mata, traduzido para uma linguagem ao alcance dos outros animais, queria dizer, laconicamente, o seguinte: Estou com fome.
-A vossa impaciência é perfeitamente justificável! - observou o chacal dirigindo-se humildemente ao leão.- Asseguro-vos, entretanto, que conheço, nesta floresta, um atalho misterioso, do qual as brutas feras jamais tiveram notícia. Por ele poderíamos chegar, com facilidade, a um pequeno povoado, quase em ruínas, onde a caça é abundante, fácil, ao alcance das garras, e isenta de qualquer perigo!
- Vamos chacal! - acudiu, de pronto, o leão.- Quero conhecer e admirar esse recanto adorável!
Ao cair da tarde, guiados pelo chacal, chegaram os viajantes ao alto de um monte, não muito elevado, donde se descortinava uma pequena e verdejante planície.
No meio dessa planície achavam-se, descuidados, alheios ao perigo que os ameaçava, três pacíficos animais: uma ovelha, um porco e um coelho.
Ao avistar a presa fácil e certa, o leão sacudiu a juba abundante num movimento de incontida satisfação. E com os olhos brilhantes de gula, voltou-se para o tigre e rosnou, em tom possivelmente amistoso:
- Ó tigre admirável! Vejo ali três belos e saborosos petiscos: uma ovelha, um porco e um coelho! Tu, que és vivo e esperto, deves saber, com talento, dividir três por três. Faze, pois, com justiça e equidade essa operação fraternal: dividir três caças por três caçadores!
Lisonjeado com semelhante convite, o vaidoso tigre, depois de exprimir com uivos de falsa modéstia a sua incompetência e o seu desvalor, assim respondeu:
- A divisão que generosamente acabais de propor, ó rei, é muito simples e pode fazer-se com relativa facilidade. A ovelha, que é o maior dos três petiscos, o mais saboroso e, sem dúvida, capaz de saciar a fome de um bando de leões do deserto, cabe-vos, de pleno direito. A ovelha será vossa, exclusivamente vossa! Aquele porquinho magro, sujo e despiciendo, que não vale uma perna da bela ovelha, ficará para mim, que sou modesto e com bem pouco me contento. E, finalmente, aquele minúsculo e desprezível coelho, de reduzidas carnes, indigno do paladar apurado de um rei, tocará ao nosso companheiro chacal, como recompensa pela valiosa indicação que há pouco nos proporcionou.
- Estúpido! Egoista! - ruiu o pavoroso leão, tomado de fúria indescritivel! - Quem te ensinou a fazer divisões dessa maneira, imbecil? Onde já viste uma partilha de três por três ser resolvida desse modo?
E, erguendo a pesadíssima pata, descarregou na cabeça do desprevenido tigre tão violenta pancada que o atirou morto a alguns passos de distância.
Em seguida, voltando-se para o chacal, que assistira estarrecido àquele trágico desfecho da divisão de três por três, assim falou:
- Meu caro chacal! Sempre fiz da tua inteligência o mais elevado conceito. Sei que és o mais engenhoso e esclarecido dos animais da floresta, e outro não conheço que possa levar-te a melhor na habilidade com que sabes resolver os mais inextricáveis problemas. Encarrego-te, pois, de fazer essa divisão simples e banal, que o estúpido do tigre (como acabaste de ver) não soube efetuar satisfatoriamente. Estás vendo, amigo chacal, aqueles três apetitosos animais, a ovelha, o porco e o coelho? Somos dois e os animais apetitosos são três. Pois bem: vais dividir os três por dois! Vamos: faze logo os cálculos, pois preciso saber qual é o quociente exato que a mim cabe!
- Não passo de humilde e rude servo de Vossa Majestade - ganiu o chacal, em tom humílimo de respeito. Cumpre-me, pois, obedecer, cegamente à ordem que acabo de receber. Vou, como se fora um sábio geômetra, dividir aqueles três animais por nós dois. Trata-se de uma simples divisão de três por dois! A divisão matematicamente certa e justa é a seguinte: a admirável ovelha, manjar digno de um soberano, cabe aos vossos reais caninos, pois é indiscutível que sois o rei dos animais; o belo bacorinho, do qual estou ouvindo os harmoniosos grunhidos, deve caber também ao vosso real paladar, visto dizerem os entendidos que a carne de porco dá mais força e energia aos leões, e o saltitante coelho, com sua longas orelhas, deve ser, também, por vós saboreado a titulo de sobremesa, já que aos reis, por lei tradicional entre os povos, cabem sempre, como complemento dos opiparos banquetes, os manjares finos e delicados.
- Ó incomparável chacal! -exclamou o leão, encantado com a partilha que acabava de apreciar. - Como são harmoniosas e sábias as tuas palavras! Quem te ensinou esse artificio maravilhoso de dividir, com tanta perfeição e acerto, três por dois?
- A patada com que vossa justiça puniu, há pouco, o tigre arrogante e ambicioso, ensinou-me a dividir, com segurança, três por dois, quando desses dois, um é o leão, outro é chacal! Na matemática do mais forte, penso eu, o quociente é sempre exato e ao mais fraco depois da divisão nem o resto deve caber!
E desse dia em diante, inspiradas na mais torpe sabujice, julgou o astucioso chacal que poderia viver tranquilo a sua vida de bajulador a regalar-se com os sobejos que deixava o sanguinário leão.
Enganou-se.
Decorridas duas ou três semanas, o leão irritado, faminto, desconfiou do servilismo do chacal e deu-lhe violenta patada, matando-o cruelmente.
Cabe aqui advertir.
É que a verdade deve ser dita, redita, e quarenta vezes repetida:
- O castigo de Deus está mais perto do pecador, do que as pálpebras estão dos olhos!
- Eis aí, ó judicioso ulemá Nascif- concluiu Beremiz - eis ai, narrada com a maior simplicidade, uma fábula, na qual assinalamos duas divisões. A primeira foi uma divisão de três por três, que foi indicada, mas deixou de ser efetuada. A segunda foi uma divisão de três por dois, que foi efetuada sem deixar resto.
Ouvidas essas palavras do calculista, fez-se no divã do rei, profundo silêncio. Aguardavam todos, com vivo interesse, a apreciação ou melhor, a sentença do terrível arguidor:
O cheique Nascif Rahal, depois de ajeitar nervosamente o seu gorro verde e passar a mão pela barba, proferiu com certo azedume, o seu julgamento:
- A fábula narrada atendeu, perfeitamente ás exigências por mim formuladas. Confesso que não a conhecia. É, a meu ver, das mais felizes. O famoso Esopo, o grego, não faria melhor. É esse o meu parecer. Allah porém é mais sábio e mais justo.
A narrativa de Beremiz, aprovada pelo cheique do gorro verde, agradou a todos os vizires e nobres muçulmanos. O principe Cluzir Sschá, hóspede do rei, declarou em voz alta:
- Encerra essa fábula que acabamos de ouvir, profunda lição de moral. Os vis bajuladores que rastejam nas cortes, sobre os tapetes dos poderosos, podem, a principio, tirar algum proveito das subserviências, mas, no fim, são e serão sempre castigados, pois o castigo de Deus está sempre bem perto do pecador. Vou narrá-la aos meus amigos e auxiliares, logo que voltar para as terras de Lahore!
Do soberano árabe a narrativa de Beremiz mereceu o qualificativo de maravilhosa. Determinou ainda, o grande emir, que a singular divisão de três por três fosse conservada nos arquivos do Califado, pois a narrativa de Beremiz, por suas elevadas finalidades morais, merecia ser escrita com letras de ouro nas asas transparentes de uma borboleta branca do Cáucaso.

sábado, 6 de novembro de 2010

Na 195° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER



Na 195° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 31 de outubro de 2010, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 KHZ AM apreciamos a história: Por que a garça fica apoiada em uma perna só de Adilson Martins.


A grande garça vermelha africana fica sempre parada dentor da água, apoiada em uma perna só, e poucos sabem que existe um motivo para isso.

Certa vez, a garça vermelha, em busca de alimento, comeu o rei dos caranguejos.

O fato criou uma grande revolta e os caranguejos, muito zangados, juraram vingar a morte do seu rei.

Reunidos, resolveram que, quando achassem a garça, que sabiam possuir duas pernas vermelhas e brilhantes, morderiam-nas até arrancá-las, deixando a ave sem defesa e acabando com sua vida.

Acontece que o ratão-d´água ouviu a conversa dos caranguejos e foi contar a garça vermelha o plano de vingança dos malvados.

- O que fazer? - perguntou assustada a bela garça.

- Mais cedo ou mais tarde me encontrarão e, arrancando minhas pernas, irão me matar!

Desesperada, a garça pôs-se a chorar, o que deixou o ratão-d´água com muita pena.

- Calma! - pediu o ratão- Tenho uma ideia que poderá salvar a sua vida.

- Que ideia?- perguntou nervosa a bela garça.

- O que os caranguejos procuram é uma ave com duas pernas vermelhas e brilhantes. Basta que você fique sempre apoiada em uma só perna de cada vez"- respondeu o ratão.

E assim foi feito, já que não havia outra saída.

Quando os caranguejos chegaram, encontraram um bicho muito alta, com um grande bico e uma perna só.

Seguindo seu caminho, disseram entre si:

- Nosso inimigo possui duas pernas! Nenhum animal com uma perna só seria capaz de derrotar nosso rei!

É por isso que, a partir desse dia, para enganar os caranguejos, a garça vermelha passou a ficar sempre apoiada em cima de uma perna só.


Retirado do livro: O papagaio que não gostava de mentiras e outras fábulas africanas de Adilson Martins , Ilustrações de Luciana Justiniani Hees.

Garça Vermelha: Ardea purpurea


A garça vermelha é uma grande ave aquática, que se alimenta de peixes e outros animais que encontra nos rios. Ela é migratória: passa o verão na Europa e o inverno na África. É uma ave grande, que pode chegar a 1 metro de altura e 1,5 m entre as pontas das asas abertas. Segundo alguns pesquisadores, a garça vermelha foi a inspiração para a fênix, uma ave mítica que, segundo a lenda, quando chega ao fim de um ciclo de vida, faz um ninho com galhos de canela, entra nele e o incendeia. Ninho e ave se transformam em cinzas e delas surge uma nova fênix, que vai viver pelo mesmo tempo que a antiga viveu.

Retirado do livro: O papagaio que não gostava de Mentiras e outras fábulas africanas de Adilson Martins, ilustrações Luciana Justiniani Hees.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

LURA

LURA cantora portuguesa de ascendência cabo-verdiana.

Na 195° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 31 de outubro de 2010, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 KHZ AM apreciamos na abertura do programa a música: Na ri na na interpretação da cantora Lura.

NA RI NA
Composição de Orlando Pantera
Na ri na , oh na ri na
Na ri na , nu ta brinca só iá iá
Refrão
Eh mocinhos, eh ca nhôs flan nada
Oxi pelu menus mi`n kre brinka só iá iá, eh iá iá
Refrão
Mosinhos di Praia Baxu, eh eh ka nhos fla nada
Oh oh ka nhos buli`n, mi`n kre brinka so iá iá, oh iá iá
Refrão
A bo mosinhu di Praia Baxu, eh eh si bu da`n
Oh oh si bu da`n, n`ta brinka só iá iá
Refrão
A bo Bitori di Praia Baxu, eh eh ku bu kaxola
Oh oh ka da pa nada, nu ta brinka só iá iá
Refrão
Mosinhus ka nhos fla nada, eh eh
Codé di Dona
Oh oh ku si gaitona, nu ta brinca só iá iá, oh iá iá
Refrão
A bo mosinhu, mosinhu Praia, eh eh Praia é sabi
Eh eh Praia é prigo, bu ta brinca só iá iá
Refrão


Fonte da imagem:Lura@Magazzini Generali 01.jpg

O MENINO E O JACARÉ


Na 195° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 31 de outubro de 2010, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 KHZ AM, apreciamos a leitura do livro: O menino e o Jacaré de Maté.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

SOU UM GUARDADOR DE REBANHOS...


Na 195° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 31 de outubro de 2010, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 KHZ AM apreciamaos o poema o belíssimo poema de Fernando Pessoa.

Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto.
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade.
Sei a verdade e sou feliz.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

DESAFIO MUSICAL: ATIRASTE UMA PEDRA



Na 195° edição do programa radiofõnico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao no dia 30 outubro 2010, oferecemos como desafio musical a música: Atiraste uma pedra na interpretação do grupo MPB dos anos 70, Doces Bárbaros.

É isso ali

Na 195° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 30 de outubro de 2010, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 KHZ AM apreciamos os poemas de José Paulo Paes.

ALFABETO

O A é uma escada
bem aberta, pela qual
se sobe ou se desce.

As duas barrigas
do B nos ajudam
a escrever "Balofo".

O C é uma foice
sem cabo, mas corta. Aliás,
Não há "corte"sem C.

Embora princ[ipio
da palavra "Dedo", o D
parece uma unha.

Tem jeito de garfo
a letra E, assim no fim
da palavra "Fome".

O F deve ir
a um dentista, corrigir
os dentes de cima.

O G engoliu
a própria língua. Por isso
é a letra de "Gago".

O H, uma cama
de lado, mas sem nenhum
dorminHoco em cima.

Na orquestra das letras
o I, de tão fino, é flauta
ou então flautim.

Nessa mesma orquestra
do J um trombone, jorra
música tamb[em.

O L é a única
perna do saci peraLta:
eLe puLa que puLa.

No M, o caMelo
tem suas duas corcovas
já no próprio nome.

N numa porteira
de fazeNda, separando
a casa do pasto.

O O, numa bOca
que, num espanto redondo,
diz apenas: Ò!



Retirado do livro: É isso ali de José Paulo Paes. Ilustrados por Walter Vasconcelos