domingo, 6 de outubro de 2013

Crônica de Celeste Martinez

Na 321º edição do Alacazum palavras para entreter que foi ao ar no dia 6 de outubro de 2013, das 8 às 9 h da manhã de domingo, transmissão ao vivo 87,9 Rio Uma FM, apreciamos a crônica: Cachoeira do Paraguassú da escritora Celeste Martinez 


Cachoeira do Paraguassú 


Foi assim minha chegada à Cachoeira, Recôncavo Baiano, naquela quase tarde anunciando 11 horas de um sábado dia 28 de setembro de 2013. Pronto desci da Topic, procurei acomodação. Fui à pousada D`Ajuda bem próximo onde seria realizado o evento. Definido o lugar, resolvi descer para o almoço. Antes, porém, decidir multiplicar algumas cópias do poema “mulheres” de minha autoria para o recital que aconteceria logo mais no Caruru dos sete poetas, quando ao público é permitido que declamem. Ingressei na lan house e um sujeito magro, dirigindo-se a mim, perguntou:

- É alguma coisa, professora?

Fiquei feliz em escutar esta denominação “professora” muito embora pudesse estar implícita, além da constatação geográfica de minha pessoa, uma estratégia de marketing. Disse que sim e lhe entreguei o poema. No espaço de tempo em que o moço dirigiu-se à máquina, uma mulher que estava no recinto, encostada à parede sem que percebesse vistoriou o papel para ver o que estava escrito. Foi quando, dirigindo-se a mim, falou:

− Gostei da poesia. E acrescentou:

− Todas as mulheres fogem. Era o fragmento inicial da minha poesia. E eu, impulsionada pela emoção, complementei:

− Ameaçadas, entram na jaula.

− Na jaula. Ela repetiu e reforçou: prisioneira de um homem.

− Vejo que compreendeu a poesia. Disse-lhe.

Ela sorriu e prontamente, tornou a falar:

- Quero comprar uma cópia.

- Oferto-lhe. Respondi.

O homem, encarregado de reproduzir o material, estendendo a mão, entregou-me o maço de folhas. Retirei uma e ofertei à mulher conforme prometido. Entreguei também a outra que ao meu lado aguardava atendimento. Paguei o serviço e sair. Quando nem bem alcanço à porta, às minhas costas, escuto uma terceira mulher que adentrava ao ambiente, perguntar:

- É poesia?


Não voltei a espalda para bisbilhotar as elaborações que foram traçadas entre elas. Caminhando pelas empedradas ruas de Cachoeira, levava comigo, aquela sensação boa de comungar com aquelas mulheres um momento de poesia. E se não conhecesse aquela cidade, poderia dizer que estava sonhando, que aquela cena foi surreal. Mais não,  sabia, que ali, naquele lugar, as ruas transpiram poesia e os seres humanos respiram o irmanar arte. E me encheu o coração de expectativa. Pensei: O que me aguardava logo mais?

Celeste Martinez - escritora, idealizadora, produtora e apresentadora do Alacazum palavras para entreter que vai ao ar aos domingos das 8 às 9 h da manhã, transmissão ao vivo 87,9 Rio Una FM

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