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segunda-feira, 15 de junho de 2015

Na 405° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER


Na 405° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER apresentado pela escritora Celeste Martinez no dia 31 de maio de 2015 das 8 às 9 h transmissão ao vivo Rio Una FM 87,9 prosseguimos com o tema: Jovem Guarda, frizando a linguagem ou seja as girias que foram criadas para identificar este período.Apreciamos a leitura do poema: Agosto 1964 de Ferreira Gullar.


Agosto 1964

Entre lojas de flores e de sapatos, bares,
mercados, butiques,
viajo
num ônibus Estrada de Ferro-Leblon
Volto do trabalho, a noite em meio,
fatigado de mentiras.

O ônibus sacoleja. Adeus, Rimbaud,
relógio de lilases, concretismo,
neoconcretismo, ficções da juventude, adeus
que a vida
eu a compro à vista aos donos do mundo.
Ao peso dos impostos, o verso sufoca,
a poesia agora responde a inquérito policial-militar,

Digo adeus à ilusão
mas não ao mundo. Mas não à vida,
meu reduto e meu reino.
Do salário injusto,
da punição injusta,
da humilhação, da tortura,
do terror,
retiramos algo e com ele construímos um artefato
um poema
uma bandeira,


Ferreira Gullar

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Agosto 1964 de Ferreira Gullar

Na 335º edição do Alacazum palavras para entreter que foi ao ar no dia 12 de janeiro de 2014, das 8 às 9 h da manhã de domingo, transmissão ao vivo 87,9 Rio Uma FM, revivemos a abertura do programa de rádio do radialista baiano, Nilton Moura Costa, na década de 1970 e apreciamos a leitura do poema: Agosto de 1964 de Ferreira Gullar.

Entre lojas de flores e de sapatos, bares,
 mercados, butiques,
viajo
num õnibus Estrada de Ferro-Leblon.
Volto do trabalho, a noite em meio,
fatigado de mentiras.

O ônibus sacoleja. Adeus, Rimbaud,
relógios de liláses, concretismo,
neoconcretismo, ficções da juventude, adeus,
que a vida
eu a compro à vista aos donos do mundo.
Ao peso dos impostos, o verso sufoca,
a poesia agora responde a inquérito policial-militar.

Digo adeus à ilusão
mas não ao  mundo. Mas não à vida,
meu reduto e meu reino.
Do salário injusto,

da punição injusta,
da humilhação, da tortura,
do terror,
retiramos algo e com ele construímos um artefato
um poema
uma bandeira.

Ferreira Gullar